30/08/2024
Parabéns Conquista pelo seu 113° aniversário
Firmino Leal
Jornalista & escritor
Conquista é um dos mais felizes matrimônios da natureza com as obras dos homens. Do alto do Jardim Jatobá ou da escadaria do Cristo Redentor, a visão é de tirar o fôlego. Um espetáculo inesquecível, como me repetem todos àqueles que, em minha companhia, de lá correram os olhos sobre o casario entrecortado de árvores, ao correr à vista por suave colina onde se encontra encravada a cidade e, na outra margem do Rio Grande, as montanhas e os chapadões de São Paulo. Tampouco lhes sai da memória o passeio pelas ruas e avenidas largas e retilíneas, com suas casas novecentistas, algumas delas, representam o apogeu da cidade e traduções e estilos da belle époque. Outras, a nos mostrarem em sua simplicidade de linhas como pela via humilde se pode atingir a mais alta beleza.
Há poucos anos, exibe-se em Conquista vários “Curtas” para um público formado majoritariamente por escritores, artistas e amantes das letras e das artes. Nota-se pelos comentários que todos ficam primeiro surpreso, e, depois, deslumbrado com as imagens de Conquista. Não faltou quem me dissesse que não podia sequer imaginar que no Triângulo Mineiro, houvesse uma cidade tão linda e tão diferente como paisagem, e não foram poucos os que se prometeram cumprir o dever de visitá-la. A reação dos que viram os filmes confirmou em mim, ser Conquista um dos sítios com maior vocação turística da região e como diria o cineasta Cauê Angeli: Conquista ao lado de Havana são duas cidades cenográficas prontas para gravação.
Quem não cuida do que foi inventivo, afortunado, e harmonioso em seu passado, não merece o futuro. Por isso, estamos trazendo nesta edição foto ilustrativa sobre a “Estação” (Marco Zero da Cidade) sob o crivo e observação do Dr. José Mousinho França, neto do Coronel Tancredo França primeiro prefeito de Conquista e o principal responsável pela sua emancipação.
Conquista foi um dos mais importantes entrepostos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e Navegação, quando o trem era o caminho que ligava São Paulo ao sertão. Pelo plano inclinado da encosta que continua até a Rua Grande na parte antiga da cidade, desciam e subiam arrastadas ou sobre roletes, as mercadorias que lhe animavam o comércio, inclusive, automóveis que vinham dos Estados Unidos encaixotados em contêineres.
Nesse pano inclinado, nessa Praça, e também nas vizinhas. Foi a conviver com esse casario e com o fluir do burburinho reinante, que os primeiros conquistenses descobriram que sua terra natal era um céu, se havia um céu sobre a terra, "um céu sob outro céu tão límpido e tão brando / que eterno sonho azul parece estar sonhando".
Ao presenciar seu 113 aniversário, alegria e a emoção que me arrebata nesta hora, tornam-me impotente ao escolher as palavras finais. No entanto, quero evocar uma poesia neste momento: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”, como todos vocês que têm caminhado comigo nessa nossa Conquista.
Conquista: quem ama, cuida! E eu só sei cuidar assim, protegendo a coisa amada.