26/07/2022
ESTUDANTE BRASILEIRA DE BAIXA RENDA É APROVADA EM 32 UNIVERSIDADES AMERICANAS
Estudando por conta própria, a estudante de São João do Meriti, na Baixada Fluminense (RJ) — uma das regiões mais pobres e violentas do país —, Lorena Drumond Teles, 19 anos, foi aprovada em nada menos que 32 faculdades dos Estados Unidos. Ela optou por cursar ciências da saúde na Stetson University, na Flórida, mas precisa de dinheiro para pagar moradia e alimentação. Esta será sua primeira viagem internacional. A única experiência com avião foi aos 10 anos, quando veio a Brasília para visitar parentes.
A estudante é carioca e vive no Rio de Janeiro desde os 5 anos. Antes, sua família morou em Minas Gerais e Goiás. "Minha infância foi tranquila, sempre fui uma criança curiosa e com agitação para fazer as coisas da maneira que achasse mais efetiva ou que funcionasse melhor pra mim", diz.
Depois da morte do pai, o geólogo André Luiz Teles da Silva, em janeiro de 2019, a situação financeira da família ficou mais complicada. "Minha mãe se tornou pensionista do INSS e, apesar de receber um bom salário, por questões de saúde, nós temos certa dificuldade pra nos manter", diz.
Lorena lembra que, ao receber as cartas informando sobre sua aprovação, a primeira sensação foi de descrença. "O processo de aplicação é bem imprevisível. Por isso, fiquei surpresa por ter sido aprovada, mas, depois, me senti muito feliz", diz.
A trajetória da estudante rumo à vida acadêmica, no entanto, não foi nada fácil. Segundo ela, foi preciso se dedicar intensivamente ao processo, sempre estudando sozinha, pela internet. "Não fui aprovada fazendo nenhum curso preparatório e, por isso, tive que contar com o auxílio da internet e também de algumas amizades", conta.
Além da saúde mental comprometida, relata, veio junto as dificuldades financeiras, se vendo obrigada a abdicar de várias coisas para arcar com os altos custos dos te**es preparatórios para as universidades. Na Stetson University, na Flórida, a estudante obteve ela uma bolsa anual de US$ 45 mil, mas o dinheiro é repassado automaticamente à instituição e não cobre os custos de alimentação e moradia.
Para solucionar esse impasse, lançou a vaquinha virtual (por meio do pix [email protected]), com a campanha "Cada Real Conta". Com a ajuda recebida, a estudante conseguiu parcelar parte de uma das parcelas, mas ainda não chegou nem a 5% dos R$ 120 mil necessários para embarcar para os Estados Unidos em 7 de agosto.
Lorena mora, atualmente, com a mãe, que é fisioterapeuta ocupacional aposentada e a irmã de 13 anos, em Coelho da Rocha, distrito do município de São João de Meriti. "Coelho da Rocha é um bairro legal para viver, se ignorarmos a falta de acesso a saúde, um dos grandes problemas que enfrentamos", afirma. Depois do falecimento do pai, que era geólogo, ela afirma que a situação em casa ficou mais complicada.
Ela afirma que as expectativas para estudar nos EUA são as melhores e revela que, desde que soube da aprovação, há pouco mais de quatro meses, sua visão de mundo tem sido outra. "Essa conquista significa muito para mim. Mudou não só a minha vida, mas a de outros jovens que se sentiram inspirados", diz. Lorena espera ter, agora, outra visão da educação, estudando em um país que valorize os estudos e a ciência.
Fotos: Arquivo Pessoa
FONTE: Correio Brasiliense / Plantão Blog News Cn