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03/09/2024

Não invejo os amantes que se abraçam
nas ruas, nas esquinas, nos mercados,
com seus hormônios livres, desenfreados.
Eu também bebi dessa néctar inesgotável

Hoje, os dias me trazem outro alento,
o silêncio cúmplice, o olhar que não cede.
Nas dobras do tempo, encontrei o sustento
que a juventude, em seu fulgor, não mede.

Agora, vejo a vida com mais calma,
sem o fervor que outrora me consumia.
No encontro sereno, repousa a minha alma,

onde o desejo se transforma em poesia.
Não lamento a chama que o tempo apagou,
pois é na brasa mansa que o amor se eternizou.

Por Evan do Carmo

02/09/2024

Guardai-me, Deus, da inveja traiçoeira,
Serpente fria que o coração envenena,
Livrai-me do manto de desdém que me tomba,
Na sombra oculta onde a alma se condena.

Concedei-me, Senhor, a vossa luz bendita,
Que afaste de mim o rancor e a amargura,
Para que em meu peito a paz habite,
E o amor floresça em sua forma pura.

Que eu possa enxergar com olhos de bondade,
E celebrar nos outros vossa graça e cor,
Livrai-me da inveja, fonte de maldade,

E enchei-me com vosso santo amor.
Guardai-me, Deus, em vosso caminho reto,
Para que eu viva em paz, com coração aberto.

Evan do Carmo

01/09/2024

O Valor Inestimável do Ser Humano aos Olhos de Deus

Vivemos em um mundo onde o valor do ser humano é constantemente questionado e subestimado. As pressões sociais, os desafios da vida moderna e as vozes incessantes da cultura dominante nos fazem acreditar que somos insignificantes, sem importância, meros grãos de poeira em um vasto universo. Essa visão, por vezes, leva muitos à depressão, ao desespero e à perda de esperança. No entanto, a verdade espiritual é muito diferente do que o mundo nos faz crer.

Um dos equívocos mais comuns é a frase popular "a voz do povo é a voz de Deus". Esse ditado, amplamente disseminado, carrega em si uma perigosa distorção da realidade divina. A Bíblia, em contraste, oferece uma perspectiva muito mais elevada e profunda sobre a voz e a vontade de Deus. Em Isaías 55:8-9, lemos que os pensamentos e caminhos de Jeová são infinitamente mais altos e elevados do que os nossos. Isso indica que a sabedoria divina transcende a compreensão humana, e a voz do povo, muitas vezes confusa e influenciada por interesses mundanos, não pode ser comparada à voz de Deus.

Jeová, o Criador de todas as coisas, demonstra um amor individual e imensurável por cada um de nós. Ao contrário do que o mundo prega, cada ser humano tem um valor inestimável aos olhos de Deus. Esse amor não é abstrato, mas concreto e sacrificial, como evidenciado no maior ato de amor já registrado: o sacrifício de Jesus Cristo para a salvação da humanidade. Em João 3:16, lemos: "Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Esse versículo revela a profundidade do amor de Deus por cada pessoa, independentemente de sua condição ou circunstância.

Além disso, Deus demonstra Seu amor de maneira generosa e universal, proporcionando as bênçãos da criação a todos os seres humanos, sem distinção. Jesus ensinou que Deus faz o sol nascer sobre bons e maus, e envia chuva sobre justos e injustos (Mateus 5:45). Essa realidade reflete um amor incondicional e imparcial, onde todos, independentemente de sua conduta, cultura ou condição moral, recebem as dádivas essenciais da vida. O provérbio "O sol nasce para todos" é, de fato, uma verdade que exemplifica a bondade divina. Deus criou este planeta de maneira magnífica, como o único no universo capaz de abrigar, acolher e sustentar a vida humana.

No entanto, há um aspecto ainda mais profundo nesse relacionamento. Tiago 4:8 nos diz: "Aproxime-se de Deus, e ele se aproximará de você." Aqueles que escolhem se achegar a Deus recebem um tratamento especial. Isso significa que, apesar do amor universal de Deus por todos, há uma proximidade e um cuidado especial para com aqueles que buscam sinceramente a Sua presença. Essa proximidade se traduz em proteção, como expressa o Salmo 34:7: "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra."

O apóstolo Paulo também oferece uma visão poderosa sobre o valor do ser humano quando ele diz que não vive mais para si, mas para Cristo, que morreu por ele (Gálatas 2:20). Essa declaração não apenas exalta o sacrifício de Jesus, mas também reforça a ideia de que nossa vida ganha um novo significado quando compreendemos nosso valor aos olhos de Deus. Vivemos não mais por e para nós mesmos, mas para Aquele que nos amou primeiro e que nos deu um propósito eterno.

Portanto, o valor que temos para Deus é inestimável e inegociável. Quando compreendemos essa verdade, somos capacitados a enfrentar as dificuldades e desafios da vida com alegria e esperança, sabendo que Deus está atento às nossas necessidades. Ele não apenas nos valoriza como indivíduos, mas também nos guarda, nos protege e nos guia. É essencial que acreditemos nisso, pois é essa convicção que dá sentido à nossa existência e nos permite encontrar alegria, mesmo em meio às adversidades.

Em última análise, a verdadeira voz de Deus é revelada em Sua Palavra, nas Escrituras Sagradas, e não nas opiniões volúveis e passageiras do mundo. E essa voz declara, sem sombra de dúvida, que você vale muito para Deus. Abraçar essa verdade é o primeiro passo para uma vida plena, rica em significado e preenchida pela presença amorosa de Jeová.

Por Evan do Carmo

31/08/2024

A Sabedoria do Questionamento e a Ignorância da Certeza

A vida, como afirmou Platão, não merece ser vivida se não for questionada. Este questionamento é o cerne da filosofia, da busca pelo entendimento profundo da existência e da nossa posição no mundo. Os grandes pensadores ao longo da história têm nos instigado a duvidar, refletir, e transcender as certezas confortáveis que frequentemente nos aprisionam na ignorância.

Aristóteles destacou que “o ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”. Nesta afirmação, encontramos a essência da busca pelo conhecimento: a dúvida. O sábio não se satisfaz com respostas superficiais ou dogmáticas; ele reconhece os limites de seu próprio entendimento, como Sócrates bem resumiu ao dizer: “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.

Entretanto, viver em constante dúvida e reflexão pode ser uma jornada solitária e angustiante. Schopenhauer observou que “a solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”. Isso porque a busca pela verdade e o reconhecimento das próprias limitações nos isolam da massa que vive satisfeita com certezas infundadas. Dostoiévski acrescenta que a maior felicidade é saber o motivo da própria infelicidade, um paradoxo que aponta para a complexidade de entender e aceitar a própria condição humana.

Nietzsche foi ainda mais longe ao afirmar que “as convicções são cárceres. Mais inimigas da verdade do que as próprias mentiras”. Quando nos apegamos cegamente às nossas convicções, fechamos as portas para a possibilidade de crescimento e evolução. A verdade é mutável, ela se molda às novas compreensões que adquirimos ao longo da vida, e é por isso que devemos estar dispostos a questionar até nossas crenças mais profundas.

Esse questionamento, no entanto, não é fácil. Sartre nos lembra que “um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo”. A liberdade de escolher quem ser e o que pensar é acompanhada pela responsabilidade de moldar nosso próprio destino. Camus, em seu pessimismo característico, sugere que o juízo final se realiza todos os dias, pois é nas escolhas cotidianas que definimos quem somos.

Oscar Wilde, com sua ironia afiada, conclui que “viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. Esse viver pleno, consciente, exige que abracemos tanto nossas limitações quanto nosso potencial. Para viver verdadeiramente, é preciso questionar, refletir, e acima de tudo, compreender que a busca pela sabedoria é interminável e frequentemente solitária.

Este artigo não seria completo sem considerar a perspectiva de Tolstói, que acreditava que “não é possível ser bom pela metade”. A bondade plena, assim como a justiça que Victor Hugo julgava difícil de alcançar, exige de nós um compromisso total com o que é certo e justo, mesmo quando isso contraria nossos desejos e interesses pessoais.

Por fim, a sabedoria do questionamento nos ensina que a vida é complexa e multifacetada, e que a verdadeira liberdade, como dizia Fernando Pessoa, é a possibilidade do isolamento. Se não conseguimos viver em harmonia com nossas próprias dúvidas e reflexões, talvez estejamos destinados a permanecer escravos das certezas que outros nos impõem.

Em uma era de informações infinitas e certezas fáceis, as palavras de Mark Twain ecoam com um aviso: “A civilização é uma ilimitada multiplicação de necessidades desnecessárias”. Precisamos, portanto, retornar ao essencial, ao questionamento, e reconhecer, como disse Charles Bukowski, que a vida está cheia de pequenas dificuldades que nos lembram constantemente da nossa humanidade.

O caminho para a sabedoria, então, é o da dúvida, da reflexão, e da busca incessante por um entendimento mais profundo da vida. Não existe uma fórmula simples, mas sim uma jornada contínua que cada um deve trilhar à sua maneira.

Por Evan do Carmo

31/08/2024

Deus me livre e me perdoe, se eu tiver
Inveja de alguém, sentimento vão,
Pois quem se deixa por ela envolver
Não enxerga em si mesmo o coração.

A inveja é sombra que o espírito corrompe,
Apaga a luz, destrói a paz da mente,
Enquanto o outro avança, firme e rompe
As barreiras com seu brilho resplandecente.

Por que, então, deixar-se consumir
Pela amargura que só traz pesar,
Se há em nós um potencial a descobrir,
E um poder divino a revelar?

Que cada um, no próprio caminhar,
Seja luz, e deixe a alma florescer,
E que o amor e a fé venham a triunfar,
Transformando o ser e o mundo a enriquecer.

Por Evan do Carmo

31/08/2024

A Bíblia na Literatura Universal: Pilar de Sabedoria, Inspiração e Desafio

A Bíblia, desde sua concepção, transcendeu as fronteiras do texto religioso, estabelecendo-se como um dos maiores monumentos literários da história humana. Sua influência na literatura universal é imensurável, oferecendo um manancial de temas, personagens, dilemas morais e reflexões filosóficas que permeiam as obras de escritores e pensadores de diversas épocas e culturas. Neste ensaio, buscamos explorar essa influência, destacando autores que, conscientes de sua riqueza, incorporaram suas lições e narrativas em suas criações, em contraste com aqueles que, ao desconsiderarem seu valor, produziram obras que, sob uma análise crítica, revelam-se superficiais ou mesmo desrespeitosas. Este ensaio pretende ser não apenas uma defesa da Bíblia como um pilar literário, mas também uma crítica fundamentada aos autores que a trataram com desdém ou ironia.

A Bíblia como Fundamento Literário e Filosófico

A Bíblia não é apenas um compêndio de preceitos religiosos, mas um texto que abarca uma vasta gama de estilos literários – desde poesia e narrativa até filosofia e profecia. Cada livro, dentro do Antigo e do Novo Testamento, traz consigo um estilo próprio, uma profundidade de pensamento e uma abordagem única às questões universais da existência humana. Esta versatilidade permitiu à Bíblia não apenas influenciar a literatura, mas também moldar o pensamento filosófico ocidental.

Nosso entendimento do bem e do mal, da vida e da morte, do amor e do ódio, e até mesmo da nossa relação com o divino, foi, em grande parte, moldado pelas narrativas bíblicas. Obras literárias que buscam explorar estas questões, mesmo que de forma secular, inevitavelmente recorrem aos temas e arquétipos que a Bíblia ajudou a cristalizar. Neste sentido, a Bíblia não é apenas um texto antigo de relevância histórica, mas uma fonte viva de inspiração e reflexão que continua a moldar o tecido da cultura literária e filosófica contemporânea.

A Influência da Bíblia em Grandes Obras Literárias

A literatura universal é repleta de obras que, de uma forma ou de outra, dialogam com a Bíblia. Seja através de referências diretas, seja por meio da adaptação de temas e personagens, muitos autores reconheceram na Bíblia um recurso inestimável para enriquecer suas criações.

**Johann Wolfgang von Goethe e *Fausto***

Em *Fausto*, Goethe constrói uma das mais complexas e fascinantes narrativas da literatura ocidental. O personagem principal, Fausto, é um homem em busca do conhecimento absoluto e da compreensão do divino, mas, ao invés de encontrar redenção, ele se vê envolvido em um pacto com Mefistófeles, o diabo. Essa luta entre o bem e o mal, a busca pela verdade e a tentação do poder, ecoa profundamente as narrativas bíblicas, especialmente a história de Jó, onde Deus e Satanás fazem uma espécie de aposta sobre a fidelidade do servo de Deus. O pacto faustiano pode ser visto como uma releitura da tentação original no Jardim do Éden, onde o desejo de conhecimento leva à queda. Assim, Goethe, ainda que não seja um autor estritamente religioso, utiliza os arquétipos bíblicos para explorar os limites do conhecimento humano e as consequências da ambição desmedida.

**George Byron e o Byronic Hero**

Lord Byron, um dos grandes expoentes do Romantismo, criou o arquétipo do "herói byroniano" – um personagem marcado por um profundo individualismo, um senso de melancolia e uma rebeldia que beira o niilismo. Este tipo de herói encontra seus paralelos em figuras bíblicas como Caim e Lúcifer, que representam a rejeição da autoridade divina e a busca pela autonomia a qualquer custo. Caim, em particular, é uma figura central no desenvolvimento do herói byroniano: condenado a vagar eternamente, marcado pelo pecado, ele personifica o outsider, o rebelde que vive à margem das normas estabelecidas. Byron, ao moldar seus personagens a partir dessas figuras bíblicas, demonstra como a Bíblia pode fornecer a base para uma exploração mais profunda das questões da identidade, do pecado e da redenção.

**William Shakespeare**

William Shakespeare é, talvez, o mais universal dos escritores, e sua obra é repleta de referências bíblicas. Seja em *Hamlet*, onde encontramos ecos do Eclesiastes na famosa meditação sobre a futilidade da existência – “ser ou não ser, eis a questão” – ou em *Macbeth*, onde a culpa e a redenção são exploradas em profundidade, Shakespeare recorre frequentemente à Bíblia como uma fonte de temas e imagens poderosas. Em *Rei Lear*, por exemplo, podemos identificar paralelos com as histórias de Davi e Absalão, onde a traição e a busca pelo poder levam à tragédia familiar. Shakespeare não apenas cita a Bíblia, mas a reinventa, incorporando suas narrativas em tramas que exploram a natureza humana em toda a sua complexidade. Esta habilidade de entrelaçar a sabedoria bíblica com a dramaturgia secular é um dos motivos pelos quais Shakespeare permanece um autor atemporal.

**Fiódor Dostoiévski**

A obra de Dostoiévski é, em muitos aspectos, uma meditação sobre os dilemas morais e espirituais que encontramos na Bíblia. Em *Os Irmãos Karamázov*, Dostoiévski coloca em cena debates sobre a existência de Deus, o problema do mal e a possibilidade de redenção – temas que são centrais no cristianismo. O personagem de Aliocha Karamázov, em particular, representa a fé cristã em sua forma mais pura, enquanto seu irmão Ivan luta com o problema do sofrimento humano, uma questão que ecoa o livro de Jó. *Crime e Castigo*, por sua vez, explora o tema da culpa e da expiação, com Raskólnikov sendo uma espécie de figura crística invertida, que deve passar por seu próprio inferno pessoal antes de alcançar a redenção. Dostoiévski, um cristão convicto, utiliza a Bíblia não apenas como fonte de inspiração, mas como uma lente através da qual ele examina a alma humana e suas contradições.

**Liev Tolstói**

Liev Tolstói, em *Guerra e Paz* e *Anna Karenina*, também se volta para a Bíblia em sua busca por entender o amor, a guerra e a redenção. Em *Guerra e Paz*, Tolstói faz uma meditação profunda sobre a natureza da guerra e a moralidade humana, temas que são abordados em grande parte do Antigo Testamento. Em *Anna Karenina*, a luta de Anna entre o desejo pessoal e as normas sociais pode ser vista como uma versão moderna das histórias bíblicas de adultério e julgamento. Tolstói, ao longo de sua vida, tornou-se cada vez mais religioso, e essa transformação é evidente em sua obra, onde a Bíblia se torna uma fonte de autoridade moral e espiritual.

A Filosofia Bíblica nas Obras Literárias

Além de ser uma fonte de narrativas, a Bíblia também oferece uma rica tradição filosófica que tem influenciado pensadores e escritores por séculos. Muitos dos conceitos filosóficos que hoje associamos a correntes como o niilismo, o existencialismo ou o estoicismo, encontram suas raízes em textos bíblicos.

**Eclesiastes e o Niilismo**

O livro de Eclesiastes é talvez a expressão mais clara do niilismo na Bíblia. O autor, tradicionalmente identificado como Salomão, medita sobre a futilidade das realizações humanas, a transitoriedade da vida e a inevitabilidade da morte. “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade”, declara o autor, expressando uma visão do mundo que antecipa o niilismo de Friedrich Nietzsche e outros pensadores modernos. No entanto, ao contrário do niilismo contemporâneo, que muitas vezes resulta em desespero ou cinismo, o Eclesiastes conclui com uma afirmação da fé: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos, porque isto é o dever de todo homem”. Este equilíbrio entre a desesperança e a fé é uma das contribuições mais profundas da Bíblia à filosofia e à literatura, oferecendo uma visão do mundo que é ao mesmo tempo realista e esperançosa.

**Provérbios como Fonte de Sabedoria Universal**

O livro de Provérbios é outra joia da tradição filosófica bíblica. Ele oferece conselhos práticos e espirituais que são aplicáveis em praticamente todas as culturas e épocas. Provérbios como “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” ou “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento” são expressões de uma sabedoria que transcende o tempo e o espaço, e que tem sido incorporada em muitas tradições filosóficas e literárias. A sabedoria dos Provérbios não é abstrata ou teórica; é uma sabedoria aplicada, que oferece orientação para a vida cotidiana, tornando-a uma fonte de inspiração para escritores e pensadores em todo o mundo.

Crítica aos Autores que Desconsideraram a Bíblia

Apesar da profunda influência da Bíblia na literatura, alguns autores escolheram desconsiderá-la ou tratá-la com ironia. Um exemplo notável é José Saramago, cujas obras *O Evangelho Segundo Jesus Cristo* e *Caim* oferecem uma visão cínica e satírica das narrativas bíblicas.

**José Saramago e a Sátira Bíblica**

José Saramago, laureado com o Prêmio Nobel de Literatura, é conhecido por sua prosa afiada e pelo uso de ironia e sátira para explorar temas religiosos. No entanto, suas obras *O Evangelho Segundo Jesus Cristo* e *Caim* destacam-se por sua abordagem crítica e muitas vezes cínica das narrativas bíblicas.

Em *O Evangelho Segundo Jesus Cristo*, Saramago reimagina a vida de Jesus de uma forma que desafia as tradições cristãs, apresentando uma visão humanista e, por vezes, blasfema da figura de Cristo. A obra, que mistura elementos históricos e fictícios, foi amplamente criticada por seu tratamento irreverente das escrituras sagradas. A controversa interpretação de Jesus como um personagem que duvida de sua própria missão divina e questiona a autoridade de Deus contrasta fortemente com a imagem tradicional de Jesus como Salvador, provocando reações negativas, incluindo a condenação da Igreja Católica e a censura em Portugal.

Em *Caim*, Saramago retoma o personagem bíblico de Caim, oferecendo uma releitura que questiona a justiça divina e retrata Deus como uma figura caprichosa e injusta. O livro é uma crítica mordaz não só da narrativa bíblica, mas também da própria ideia de divindade, sugerindo que as ações de Deus, tal como descritas na Bíblia, são moralmente questionáveis. Ao fazer isso, Saramago se distancia da rica tradição literária que vê na Bíblia uma fonte de sabedoria e reflexão, optando por uma abordagem que muitos consideram desrespeitosa e superficial.

A crítica a Saramago não é apenas religiosa, mas também literária. Ao tratar a Bíblia com desdém, ele perde a oportunidade de explorar as profundas questões filosóficas e morais que ela oferece. Em vez de dialogar com o texto bíblico, como fizeram autores como Dostoiévski, Tolstói e Shakespeare, Saramago opta por um confronto que, embora provoque reflexão, também pode ser visto como uma simplificação das complexidades inerentes às escrituras.

A Importância de Respeitar as Fontes Literárias e Filosóficas

A análise das obras de Saramago, em contraste com os grandes clássicos da literatura, nos leva a uma reflexão mais ampla sobre a importância de respeitar as fontes literárias e filosóficas, especialmente aquelas que moldaram a cultura e a moralidade ao longo dos séculos. A Bíblia, independentemente de sua natureza religiosa, é um desses textos fundacionais. Trata-se de uma obra que transcende seu contexto histórico e religioso para se tornar uma parte integral do patrimônio cultural da humanidade.

Autores que desprezam ou ridicularizam a Bíblia perdem não apenas a oportunidade de enriquecer suas próprias obras, mas também a chance de se engajar em um diálogo com uma tradição literária que atravessa milênios. A literatura, em sua forma mais elevada, é uma conversação entre diferentes épocas, culturas e perspectivas. Quando um autor ignora ou rejeita uma fonte tão rica como a Bíblia, ele interrompe essa conversa, privando-se e a seus leitores de uma compreensão mais profunda da condição humana.

Conclusão: A Bíblia como Pilar da Literatura e da Filosofia

Este ensaio procurou demonstrar que a Bíblia, longe de ser apenas um texto religioso, é uma fonte inesgotável de inspiração literária e filosófica. Autores como Goethe, Byron, Shakespeare, Dostoiévski e Tolstói compreenderam isso e, ao incorporarem as narrativas e os temas bíblicos em suas obras, enriqueceram a literatura universal.

Por outro lado, autores como José Saramago, ao desconsiderarem a Bíblia ou tratá-la com cinismo, produzem obras que, embora provocativas, muitas vezes carecem da profundidade que caracteriza os grandes clássicos. Ao tratar a Bíblia com o devido respeito, não como um dogma inquestionável, mas como um texto literário e filosófico de grande relevância, é possível criar obras que dialogam com o passado e oferecem novas perspectivas sobre as questões eternas da vida, da morte, da moralidade e da redenção.

Em última análise, a Bíblia continua a ser uma fonte vital para a literatura, não apenas como um documento histórico, mas como um texto vivo que desafia, inspira e enriquece aqueles que se dispõem a explorá-lo com mente aberta e coração atento. Respeitar e entender sua influência é, portanto, um passo essencial para qualquer autor ou leitor que busca compreender a verdadeira profundidade da condição humana através da arte literária.

Por Evan do Carmo

30/08/2024

"A Presunção Humana e o Enigma do Sentido da Vida"

A questão do sentido da vida é um tema central na filosofia existencialista e também na obra de muitos poetas e pensadores ao longo da história. A presunção humana em tentar decifrar ou definir o sentido da vida pode ser vista como um reflexo da nossa limitação e da busca incessante por respostas que talvez estejam além da nossa compreensão.

Na filosofia existencialista, pensadores como Jean-Paul Sartre e Albert Camus abordaram a questão do sentido da vida de maneiras distintas. Sartre, por exemplo, defendia que a vida não tem um sentido intrínseco e que é responsabilidade do indivíduo criar seu próprio sentido através de suas escolhas e ações. Ele argumentava que "a existência precede a essência", ou seja, primeiro existimos e, a partir daí, construímos nosso propósito. Já Camus, em sua obra *O Mito de Sísifo*, explora a ideia do absurdo, sugerindo que a busca pelo sentido da vida é, em si, absurda, pois não há um sentido pré-estabelecido. No entanto, ele conclui que, mesmo diante desse absurdo, devemos encontrar força para viver e criar significado.

A visão religiosa, como a mencionada no livro de Jeremias, oferece uma perspectiva diferente, onde o sentido da vida não é algo que o homem possa determinar por si só. Em Jeremias 10:23, lemos: "Eu sei, ó Jeová, que ao homem não pertence o seu caminho; nem ao que caminha o dirigir os seus passos." Isso reflete a crença de que o verdadeiro sentido da vida vem do Criador, e não do homem. Nesse contexto, a sabedoria e a orientação divina são necessárias para que o ser humano possa encontrar seu propósito.

Ar**no Suassuna, em sua simplicidade e fé, expressou a crença em Deus como uma forma de resposta ao enigma da existência. Ele, como outros grandes escritores e filósofos, reconheceu a limitação humana em compreender completamente o sentido da vida, mas encontrou em sua fé uma maneira de lidar com essa incerteza.

Eu acredito que a presunção humana em querer resolver o enigma do sentido da vida revela tanto nossa curiosidade inata quanto nossa limitação. É um desafio que continua a inspirar e desafiar pensadores, artistas e crentes, levando-nos a buscar respostas em diversos campos do saber. No entanto, acredito que a resposta definitiva só pode ser encontrada na perspectiva de Jeová, algo que transcende a compreensão humana. Assim como toda criação precisa de um manual, o sentido da vida só pode ser verdadeiramente descoberto através da obediência a Deus e da prática de Seus princípios e leis. Essa é a convicção que guia minha reflexão, e creio que também ressoa com muitos que buscam, através da fé, o verdadeiro propósito da existência.

Por Evan do Carmo

A imagem  é uma cena do clássico filme "La Strada" (1954), dirigido por Federico Fellini. Nela, vemos os personagens pri...
30/08/2024

A imagem é uma cena do clássico filme "La Strada" (1954), dirigido por Federico Fellini. Nela, vemos os personagens principais, Gelsomina (interpretada por Giulietta Masina) e Zampanò (interpretado por Anthony Quinn), em um momento que captura a essência melancólica e, ao mesmo tempo, poética do filme.

Descrição da Cena:

Na imagem em preto e branco, Gelsomina está de pé, vestida de forma simples e um tanto desarrumada, segurando um tambor e outras pequenas bugigangas, enquanto observa Zampanò, que está sentado em um tambor maior, tocando uma trombeta. A cena parece se passar em uma estrada deserta, com sinais de uma estação de gasolina ao fundo, simbolizando o nomadismo e a vida errante dos personagens.

La Strada" e o Estranho Amor de Gelsomina e Zampanò: Uma Jornada pelo Abismo Humano

Federico Fellini, em "La Strada", não apenas dirigiu um filme, mas compôs uma sinfonia visual sobre a condição humana, utilizando o cinema como um espelho que reflete as profundezas do amor, da solidão e da busca por significado. Lançado em 1954, o filme se tornou uma obra-prima do neorrealismo italiano, imortalizando os personagens de Gelsomina e Zampanò em uma história que transcende o tempo.

Gelsomina e Zampanò: Uma Relação Ambígua
Gelsomina, interpretada magistralmente por Giulietta Masina, é uma jovem simples e ingênua, vendida por sua mãe a Zampanò, um artista de rua bruto e insensível, que a leva como assistente em suas apresentações itinerantes. A relação entre os dois é marcada pela ambiguidade: enquanto Gelsomina desenvolve um estranho amor por Zampanò, ele, por sua vez, a trata com frieza e desprezo, incapaz de reconhecer o valor e a humanidade da jovem.

A beleza da personagem de Gelsomina reside em sua pureza quase infantil, sua capacidade de encontrar poesia e significado nas pequenas coisas, mesmo em um ambiente tão hostil. Ela representa a sensibilidade e a fragilidade, sendo um contraponto direto à brutalidade de Zampanò, um homem endurecido pela vida, incapaz de expressar seus sentimentos e preso em um ciclo de violência e solidão.

A Estrada como Metáfora da Vida

"La Strada", que em italiano significa "A Estrada", é uma metáfora poderosa para a jornada da vida, com seus encontros e desencontros, suas dores e alegrias. A estrada percorrida por Gelsomina e Zampanò é sinuosa e imprevisível, refletindo o caminho incerto que todos nós trilhamos em busca de propósito e conexão.

Fellini nos faz questionar a natureza do amor e do destino, mostrando como duas almas tão diferentes podem ser, de alguma forma, inexoravelmente ligadas. O filme explora a ideia de que, mesmo nas situações mais desoladoras, existe a possibilidade de redenção e transformação, embora essa possibilidade nem sempre se concretize.

O Legado de "La Strada"

"La Strada" é, sem dúvida, um dos filmes mais importantes da história do cinema, não apenas pelo seu impacto na época, mas também pela sua capacidade de ressoar com as gerações futuras. O filme conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e solidificou a reputação de Fellini como um dos maiores cineastas de todos os tempos.

A atuação de Giulietta Masina é um dos pontos altos do filme, com sua expressividade e vulnerabilidade capturando a essência de Gelsomina de maneira inesquecível. Anthony Quinn, como Zampanò, oferece uma performance igualmente memorável, dando vida a um personagem que, apesar de seus defeitos, desperta a compaixão do público.

Em última análise, "La Strada" é uma meditação sobre a natureza humana, sobre o que significa ser humano em um mundo muitas vezes cruel e indiferente. A história de Gelsomina e Zampanò continua a emocionar e inspirar, lembrando-nos da complexidade do amor e da vida, e da importância de encontrar beleza e significado, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
Por Evan do Carmo

29/08/2024

28/08/2024

Os Celeiros do Vazio: Uma Reflexão sobre a Verdadeira Essência da Vida

A construção de impérios materiais é uma das grandes ilusões humanas. A busca incessante por acumular riquezas, poder e prestígio frequentemente leva o homem a se afastar de sua verdadeira essência: a capacidade de amar, de compartilhar e de ser presente na vida daqueles que o cercam. A história é repleta de exemplos de grandes conquistadores, empresários e líderes que, ao fim de suas vidas, percebem que o que acumularam nada mais é do que um reflexo de sua própria solidão e vazio interior.

Na parábola do homem que constrói celeiros, narrada por Jesus, encontramos uma lição atemporal. O homem, ansioso por garantir seu futuro, decide ampliar seus celeiros para armazenar toda a sua colheita. Contudo, a resposta de Jesus é contundente: "Insensato! Esta noite tua alma te será exigida; e o que tens preparado, para quem será?" (Lucas 12:20). Esta advertência ecoa não apenas para aqueles que acumulam riquezas, mas para todos nós que, de alguma forma, depositamos nossa confiança em coisas materiais, acreditando que elas nos darão segurança e sentido de vida.

Jesus, ao concluir essa parábola, afirma: "Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lucas 12:21). Aqui, Jesus nos convida a refletir sobre a verdadeira riqueza, aquela que não é medida pelos padrões deste mundo, mas sim pela nossa conexão espiritual, pela nossa capacidade de amar e de servir ao próximo. A acumulação de bens materiais, sem o cultivo de valores espirituais, nos deixa pobres diante de Deus, pois "onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mateus 6:21).

Mas qual é o verdadeiro valor das coisas? O que, de fato, permanece quando todos os celeiros estão cheios e o coração vazio? A experiência de vida ensina que, ao final, não é o dinheiro, nem o poder ou o prestígio que definem a importância de uma pessoa, mas o amor que ela dá e recebe. A capacidade de estar presente, de oferecer afeto genuíno, de compartilhar a vida em sua plenitude, é o que nos torna realmente humanos e espiritualmente realizados.

Infelizmente, mesmo entre aqueles que são espiritualmente fortes ou que possuem uma devoção intensa, o empenho em conquistar bens materiais pode criar uma dicotomia devastadora. Famílias destroçadas, filhos problemáticos, cônjuges depressivos – essas são as marcas que muitas vezes encontramos em lares onde o materialismo prevalece sobre o amor. A devoção ao sucesso mundano, em vez de enriquecer a alma, empobrece o espírito, criando um abismo entre a pessoa e aqueles que deveriam ser os alicerces de sua vida.

Essa contradição é particularmente evidente quando observamos a vida das pessoas que, apesar de sua fé, dedicam-se obsessivamente à construção de seus próprios impérios. Elas podem ser reverenciadas pelo mundo, admiradas por sua capacidade de acumular riquezas, mas, ao mesmo tempo, são cercadas por um vazio existencial que não pode ser preenchido com bens materiais. Seus corações, ocupados demais com as preocupações do mundo, tornam-se incapazes de experimentar o verdadeiro amor, aquele que é altruísta, compassivo e presente.

Jesus também alerta sobre essa inversão de prioridades quando diz: "Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu" (Mateus 6:19-20). Esse “tesouro no céu” refere-se às ações que refletem os valores do Reino de Deus: o amor, a compaixão, a generosidade e a justiça. São essas as riquezas que, de fato, permanecerão, não apenas para esta vida, mas para a eternidade.

A vida é curta, um sopro, e a única coisa que realmente importa é o amor que damos e recebemos. O verdadeiro legado de uma pessoa não está nos bens que ela deixa para trás, mas no impacto que ela tem na vida dos outros. Ser importante para os outros, ser uma presença de amor, compaixão e apoio, é o que realmente dá sentido à vida. E aqueles que, em sua obsessão por construir impérios, negligenciam essa verdade, acabam por construir celeiros de vazio, acumulando não riquezas, mas uma profunda solidão.

É preciso, então, refletir sobre o que realmente estamos construindo em nossas vidas. Estamos erguendo celeiros para armazenar riquezas temporárias ou estamos cultivando relacionamentos que alimentam a alma e fortalecem o espírito? Estamos buscando o sucesso aos olhos do mundo ou estamos buscando ser uma presença significativa na vida daqueles que amamos?

Na tradição cristã, o verdadeiro sucesso não é medido pelo acúmulo de bens materiais, mas pelo quanto nos assemelhamos a Cristo em nossa capacidade de amar e servir. E, como Jesus nos lembra, "que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" (Marcos 8:36). A verdadeira riqueza, portanto, está em ser "rico para com Deus", em viver uma vida que reflete os valores do Reino, que constrói tesouros no céu e que, ao final, deixa um legado de amor e serviço.

No final, o que ficará não são as posses materiais, mas o amor que compartilhamos. E é esse amor que nos torna verdadeiramente ricos, capazes de enfrentar a vida com a certeza de que, quando nossa alma nos for exigida, teremos vivido plenamente, não por aquilo que possuímos, mas por aquilo que demos de nós mesmos.

Por Evan do Carmo

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