03/10/2024
Minha opinião que ninguém pediu.
As eleições estão chegando e com elas, uma saudade aliviada dos programas e das campanhas políticas porque quem trabalha com marketing político sabe que muitas delas têm grandes nomes, grandes profissionais por trás, na estratégia política na criação da campanha, mas que nem sempre conseguem fazer o que querem, o que seria o certo e acabam sendo, muitas vezes, dominados pelos grupos políticos que interferem e acabam desvirtuando a comunicação.
Eu vou falar claramente, doa a quem doer. É apenas minha opinião e estou postando na minha página, sem marcar ninguém. Ninguém precisa nem me amar, nem odiar por isso.
Essa campanha pode não ter sido dominada pelo fake, mas foi pela falsidade. O uso da cara de pau para falar frases como: “eu sou candidato porque me preocupo com você que precisa pegar um ônibus lotado”. Ui, quase chorei emocionada. SQN. Uma conversa tão irreal que é uma pena que exista eleitor que possa ser enganado assim. Gente falando que vai fazer coisas absurdas, com a cara mais limpa do mundo.
Primeiro um conceito que predominou em várias campanhas. O brilhante Guimarães Rosa diz que o que a vida quer da gente é coragem. Perfeito. Mas será que o eleitor quer do governante é coragem? Não seriam disposição para trabalhar, força, garra, determinação e seriedade - conceitos bem mais importantes e pertinentes? Foi um tal de coragem para cá, de coragem para lá ...
Vou começar pela melhor campanha, apesar de ser crítica ao trabalho de Fuad principalmente no quesito saúde pública. Só não foi mais perfeita porque exagerou um pouquinho, lá no início, no negócio do suspensório e não usou esse símbolo na sua melhor versão que seria gente jovem nas ruas - espaço de sucesso do PT, meninos e meninas panfletando todos com suspensórios feitos, até mesmo de papel ou impressos nos uniformes de trabalho da equipe.
A carinha do candidato é muito boa, muito verdadeira e os textos irretocáveis, de absoluta qualidade. Passa credibilidade. Tocou pontos relevantes como a continuidade do que havia de bom dos governos anteriores. Elogiou ex-prefeitos e citou até quem o traiu. Isso sim é coragem.
Podia, quem sabe, ter batido mais na tecla que foram apenas dois anos, inclusive contra um PT que veio dizendo que inventou até a roda. Se comparasse os tantos anos do PT contra os apenas 2 anos de Fuad...
A campanha do PT, bateu bem na situação embora eu teria mirado outro alvo para crescer. Muito boa a peça: “Sabe quem pode mudar isso ou aquilo? O seu voto”. Mas o falso apareceu de novo quando atribui a segurança pública absolutamente ao poder municipal.
E o discurso do falso, da falsidade e das promessas irreais se fez presente na campanha que lidera as pesquisas e que só veio caindo desde o início do horário eleitoral. Uma fórmula antiga, velha usada por mais de uns 30 anos. Tudo igual, nada criativo embora, repito, sei que foi feita por profissionais da melhor qualidade, que nem sempre conseguem realizar o que recomendam.
Vai para a rua, muitas vezes, algo que vira um monstro. A uma ideia simples vem um e dá um palpite. Vem o outro, mais outro e o que era simples acaba uma grande bobagem e perde o principal: a credibilidade.
Aliás, locutor, em tempo: a saúde não é gratuita. É paga pelos impostos do povo, pelo bolso do trabalhador. Não é favor.
O Gabriel me pareceu um bom candidato, cheio de boas ideias, bom discurso e uma grande intolerância que demonstrou mais do que atitude, prepotência. Uma pena. Trouxe, também, pela primeira vez que eu me lembre, o uso do palavrão. Ele e Duda. Falo isso sem conhecer, a fundo, as pesquisas atuais, principalmente as qualitativas – guardadas a sete chaves, que apontam o eleitor quer ouvir, quer saber. O que toca sua alma.
As pessoas esquecem que a gente faz campanha não é para agradar o candidato nem a família, o staff ou os amigos da (o) candidata (o). É para agradar e conquistar o voto do eleitor. Mas, enfim, nem tudo que vai para o ar, é o que está na cabeça do profissional.
Duda é uma candidata sensacional mas conseguiu perder a audiência durante o horário político, perdendo tempo em explicar a sua sexualidade e deixou de apresentar suas metas. Só lembro de ter ouvido sobre a lagoa da Pampulha que, certamente, achou que seria mais importante do que o transporte e a saúde pública. De público, preferiu discutir os banheiros..
Jingle ficou a dever, dessa vez. Nenhum Lula lá. Nem perto disso. O que marcou, irritou. Que foi o do Bruno Engler. Aliás uma campanha bem acima dos méritos, das propostas, mas bem-feita, uma vez que é dirigida ao universo bolsonarista. Apoios deles não faltaram. Já o Carlos Viana fez campanha antecipada para as próximas eleições de senador. Só pode.
Agora vamos falar dos nossos poetas. Meu Deus! Vão deixar, também, uma saudade aliviada as poesias, as rimas, as “Batatinhas quando nascem”. Se o poeta, oops, candidato, tem setenta, oitenta ou noventa no número, lá vem o “fique atenta e não inventa”. Se termina com três, a rima é a da “vez”. Final 100, rima com bem. Como se “vota” rimasse com id**ta. Não faltou “tamu junto”, o “Vamos que vamos”, “Agora é nóis, “Lugar de mulher”, “Voz e vez”, etc.
Vamos ver, no final, quem é que vai levar. Do pior ao melhor, candidato ou campanha, pode dar qualquer coisa. Estou falando tudo isso hoje porque falar depois da eleição apurada é fazer igual a resenha de futebol que, depois do jogo, só fala o óbvio, sobre o resultado final.
Ficam os parabéns aos verdadeiros heróis, os corajosos profissionais de marketing político.
Como diz o poeta, o que a vida quer da gente é coragem. Viva a minha de falar agora ou me calar. Optei por falar.
Elaine Wermelinger