20/05/2021
Reflexões da quarentena:
Essa situação sem precedentes é um momento ideal para pensar, planejar e replanejar muitas coisas
Feña Ortalli
Tradução: Eugênio Macêdo
Como improvisadores dizemos que podemos nos adaptar a qualquer situação, que caminhar sobre terreno instável e inexplorado é nossa especialidade, que em toda crise podemos encontrar uma grande quantidade de oportunidades. Mas agora que está acontecendo realmente, estamos preparados para usar nossas habilidades?
A primeira reação por parte da comunidade internacional da IMPRO foi a aceitação. Lógico, assim somos nós! Lidamos com a situação de forma rápida e eficiente. Um sentimento geral de otimismo inundou esse novo mundo virtual que se abriu diante dos nossos olhos. Vimos a oportunidade e a aproveitamos gerando centenas de shows, aulas e reuniões online. Dissemos "SIM" porque é isso que fazemos.
Imagino que conheça o conceito das cinco etapas do luto (negação, ira, negociação, depressão e aceitação). Bom, nós saltamos diretamente para a última etapa e não sei se isso é saudável. Não deveríamos passar por todas as demais etapas antes? E se estamos fazendo o processo ao contrário?
Não me interprete mal: me encanta a forma como a comunidade IMPRO reagiu. Foi algo muito positivo. Mas creio que não tomamos o tempo suficiente para refletir, para realmente pensar e planejar.
Agora temos estudantes tendo aulas numa plataforma completamente nova que devem incorporar e docentes que talvez estão se dando conta de que não contam com tanta teoria para ensinar como pensavam. Temos grupos fazendo shows online de forma mais experimental que profissional em uma linguagem que nunca treinamos antes e que não entendemos completamente.
A boa notícia é que estamos falhando. Espetacularmente! E sim, assim somos nós também. Significa que podemos aprender e melhorar.
Tomemos o tempo para negar esta realidade distópica, para espernear e gritar, para considerar as diferentes opções para chorar desconsoladamente... e talvez, desta maneira, encontramos melhores soluções para nos adaptarmos a este novo mundo.
Fonte: Revista on-line status, número 106