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Sobre História da Alimentação, receitas e sabores do mundo Sou Machadiana de coração e apaixonada por Orgulho e Preconceito de Jane Austen.

Sou historiadora da Alimentação, mãe da Marji, professora apaixonada por histórias e cozinheira amadora com uma paixão imensa pelo mundo da cozinha. Sou uma eterna aluna da vida, adoro viajar, aprender, sou ansiosa e perfeccionista dada minha condição de geminiana. Adoro compratilhar o que eu aprendo e faço pra ser lida, sentida e degustada. Então, aproveita pra conhecer e aprender mais sobre História da Alimentação e Gastronomia.

Você sabia que até os anos 50, do século XX, os Bares em Belém apresentavam peças  teatrais, muito divertimento e espetá...
11/01/2025

Você sabia que até os anos 50, do século XX, os Bares em Belém apresentavam peças teatrais, muito divertimento e espetáculos artísticos para toda família? [Vem comigo conhecer mais essa história da nossa praça comercial de outros tempos].
Era um sábado como hoje, só que em 9 de janeiro de 1932 quando o Bar Pilsen,[um dos mais famosos da cidade] trazia aos seus fregueses à "Noite da Gargalhada" uma "exibição do gosado e hilariante sambará: ZOMBANDO SEMPRE!..." tudo com muita ARTE! ALEGRIA! E ENCANTOS! Muito importante que para além da alegria havia sempre uma oferta de menu bem especial com: " Schopp geladinho -menu de pontinha, destacando-se a gorda pacca no tucupi, mayonaise de lagosta, casquinhos de mussuan e as saborosas sardinhas portuguezas fritas". Um menu bem típico dos lugares de comer em Belém daquela época, onde havia uma mistura de pratos que variavam entre sabores regionais e os estrangeiros.
Nesse sentido, o menu do Bar Pilsen ofertava desde a gorda pacca no tucupi e os casquinhos de mussuan até mayonaise de lagosta prato muito concorrido desde fim do século XIX, sendo inclusive, servido nos banquetes do imperador. E por fim, as sardinhas portuguesas fritas.(1)(5)
Em Belém do Pará, à medida que o século XX avançava, a cidade de Belém, passava a ter número signif**ativo de bares, que de acordo com os anúncios de jornais ofereciam aos seus clientes divertimento, alimentação e bebidas. Além de espaços para consumo de bebidas e comidas, alguns bares, se tornavam espaços de apresentação de atividades artísticas tais como as revistas teatrais, a exemplo de “À Procura do Badallo”, encenada no Bar Pilsen, um ano antes do anúncio da fotografia, em fevereiro de 1931. Os espetáculos eram destinados às famílias, uma vez que tudo aconteceria com muita “ARTE! LUXO! ALEGRIA! CONFORTO! MORALIDADE”.(3) No mesmo mês e ano, o dono do Bar Pilsen, anunciava ainda que para melhor servir sua distinta freguesia acabava de inaugurar um novo e luxuoso salão, no qual existia um serviço de “confeitaria, café, leite, chocolate, fructas nacionaes e extrangeiras, bom-bons, marrons glacês, etc, etc, servido por um grupo de educados garçons”.(4) A realização de espetáculos em bares parecia comum em Belém e muito atrativo. Era também uma opção de divertimento para toda família que além dos espetáculos e diversão tinha farta opções de comidas e bebidas.
📚✍️🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📷(1) Folha do Norte, 9 de janeiro de 1932.
(2) (3)Folha do Norte, 7 de fevereiro de 1931.(4) Folha do Norte, 5 de fevereiro de 1931.(5) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A CozinhaMestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. PPHIST. UFPA. 2016.

O primeiro domingo do ano deve ser bem especial. Então, eu não poderia deixar de trazer um receita histórica bem regiona...
05/01/2025

O primeiro domingo do ano deve ser bem especial. Então, eu não poderia deixar de trazer um receita histórica bem regional,  não é verdade?✨️✨️

✍️🏼Testada e aprovada do livro de receitas da Tia Evelina.

📖 O livro da tia Evelina, tem mais de 500 páginas em capa dura e seu conteúdo versa sobre receitas doces e salgadas bem como cardápios completos de almoço e jantar e ainda receitas pra jejum da Quaresma. A publicação que tenho é de 1948. Mas, àquela é a 5° edição. Então, provavelmente a 1° edição do livro é do início do século XX. E para hoje eu compartilho uma receita de Feijãozinho-do-Pará, que f**a sensacional.

Livro de receitas da Tia Evelina. Feijãozinho-do-Pará.
Ingredientes.
500 gramas de feijãozinho manteguinha.
250 gramas de bacon.
1 cebola pequena picada.
3 dentes de alho.
Óleo.
1 vidro de leite de Coco.

Modo de Fazer:
1. Cozinhe o feijão em água por 30 minutinhos. Usei um litro de água.
2. Faça um refogado com a cebola, alho e óleo. Coloque o bacon e refogue bem. Acrescente esse refogado no feijão e mais duas xícaras de água. Deixe cozinhar um pouco cerca de 10 minutinhos.
3. Por último, coloque o leite de Coco e deixe engrossar. Sirva bem quentinho que f**a muito bom.(1)
💬 E se você testar aí a receita não vai esquecer de me contar o que achou.
📚✍️🏽 Referências.
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📷 Feijãozinho-do-Pará. Sidiana Macêdo.
(1)Livro de receitas da Tia Evelina, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 5° ed, 1948.

O caju do mato ou cajuí permite no pseudofruto ser consumido in natura, como sucos e doces e compotas. Já a castanha, o ...
03/01/2025

O caju do mato ou cajuí permite no pseudofruto ser consumido in natura, como sucos e doces e compotas. Já a castanha, o fruto propriamemte dito, é outra possibilidade de consumo e permite o desenvolvimento do extrativismo através das castanhas de cajuí.(1) No livro "Alimentos regionais brasileiros", encontramos informações importantes sobre o caju do mato ou cajuí: "O pseudofruto possui cores que variam entre amarelo e vermelho. É pequeno, de sabor ácido e suculento. A coleta dos cajuís maduros, seja de árvores ou de touceiras baixas, é de setembro a dezembro".(2) Nesse sentido, importante dizer também que: "Para obtenção das amêndoas do cajuí, depois de separadas do pseudofruto, as castanhas devem ser levadas ao sol para secar, colocadas em tabuleiros ou assadeiras, de preferência com orifícios no fundo. Em seguida, devem ser assadas para retirar a amêndoa cozida." (3) E você como prefere comer teu caju do mato ou cajuí?
📚✍️🏽 Referências.
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📷 Caju do Mato. Leila Dias Ferreira. Abaetetuba, dezembro de 2024.
(1)(2)(3)Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Alimentos regionais brasileiros / Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. p, 213.

E o Caju do mato você conhece? Também chamado de Cajuí, cajuaçu, caju-da-mata.Vamos começar os textos deste Ano Novo, fa...
02/01/2025

E o Caju do mato você conhece? Também chamado de Cajuí, cajuaçu, caju-da-mata.
Vamos começar os textos deste Ano Novo, falando sobre frutinhas que amamos. Vem conhecer comigo mais sobre a Amazônia!
Em Abaeté, na região do Baixo Tocantins, é muito comum o caju do mato, do jeitinho da fotografia, bem vermelho, com ele se faz suco, geleia etc. Paulo B. Cavalcante nos diz que: "A espécie é largamente distribuída pela Hiléia inteira (Amazônia e Guianas) e alcança, ao Sudeste, a zona de transição das floras,no Maranhão e em Mato Grosso (Ducke, 1939: 15). Muito freqüente nas matas do estuário, sobretudo região Bragantina e também no baixo Tocantins. Excepcionalmente é encontrada em estado cultivado (1)". E ainda, Flôres perfumadas, pequenas, cêrca de 6-7 mm, a princípio róseas e depois vermelhas: corola com 5 pétalas livres, e reflexas na antese, estames em número de 8, conatos na base, desiguais, geralmente só um fértil e bastante desenvolvido; ovário oblíquo, encimado por um estilete subuloso,com estígma obsoleto. Pedúnculo (pseudo-fruto) hipertrofiado, alcançando até 7 em de comprimento, por 5 em na parte mais larga, carnoso- sucoso, de côr vermelha (...) A frutif**ação tem início geralmente em dezembro, prolongando --se até,mais ou menos abril. Muitas vêzes determinados indivíduos só frutif**am a intervalos de dois anos (2)". É uma delícia!!! E você já conhecia?
Feliz Ano Novo!!!✨️
📚✍🏽Referências.
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📷 Caju do Mato. Leila Dias Ferreira. Abaetetuba, dezembro de 2024.
(1)(2)CAVALCANTE. Paulo B. Frutas comestíveis da Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Companhia Souza Cruz, 1998, p, 9,11 e 13.

Na passagem do ano de 1939 para 1940, O CAFÉ HOLLYWOOD estabelecimento comercial em Belém, desejava "aos seus freguezes ...
30/12/2024

Na passagem do ano de 1939 para 1940, O CAFÉ HOLLYWOOD estabelecimento comercial em Belém, desejava "aos seus freguezes e amigos bôas-festas e as maiores venturas no decorrer de 1940". (1) Igualmente, o famoso Central Café, localizado no Central Hotel, onde era possível encontrar "os deliciosos sorvetes e cremes, e as inegualáveis carapinnhadas, croquettes, empadas, pastéis, doces finos, bonbons, biscoutos, castanhas, pêras, maçãs, etc". O dito Café iniciava seu anúncio desejando " (...) A V. EXC. TODAS AS VENTURAS DURANTE O ANNO DE 1940". (2)Em 6 de janeiro de 1950, o Café e Mercearia Primavera de propriedade de Gomes Proença & Cia, localizada na Carlos Gomes, canto com a 1° de março especialista em "(...) Café, Leite e Coalhadas. Bebidas Nacionais e estrangeiras e artigos de mercearia de primeira qualidade". Assim, cumprimenta as autoridades federais, estaduais e municipais, os seus amigos e fregueses desejando-lhes BOAS FESTAS e um FELIZ ANO NOVO. (3) Eu escolhi estes anúncios para compartilhar porque para além de somente "anunciar"suas especialidades os estabelecimentos tinham um desejo fundamental: Desejar um ANO BOM. É exatamente o que eu quero desejar hoje: UM FELIZ ANO NOVO! E todas as maiores e BOAS  VENTURAS no ano de 2025.
Um ano repleto de sabores temperados com muita História da Alimentação.
📚✍🏽Referências.
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📸 (1)(2) Folha do Norte, 1 de janeiro de 1940. (3) Folha do Norte, 6 de janeiro de 1950.

Da minha família para sua família: Os votos de um Feliz Natal, repleto de luz, paz e amor. Uma mesa repleta de afetos se...
25/12/2024

Da minha família para sua família: Os votos de um Feliz Natal, repleto de luz, paz e amor.
Uma mesa repleta de afetos sempre. ❤️🎄✨️🙏🏽

FELIZ NATAL!!!!

Em 1986, na terra dos indígenas Tiriyó e Kaxuyana, no extremo Norte do Pará, bem na fronteira com o Suriname acontecia a...
23/12/2024

Em 1986, na terra dos indígenas Tiriyó e Kaxuyana, no extremo Norte do Pará, bem na fronteira com o Suriname acontecia a preparação da comemoração do Natal. O relato sobre a preparação de uma destas festas foi feito por Honório Kaxuyana, para o Jornal Mensageiro. Desta forma, ele nos conta que: "(...) dias antes da festa, o cacique manda alguns homens caçar, pescar e coletar frutas para que nos dias em que se realiza a festa todos tenham o que comer comunitariamente. Tudo o que conseguem, é entregue ao cacique e este entrega às mulheres para que elas possam muquear e cozinhar a fruta que aparece nessa época é a banana"(1). Também nesta época há muita Sacura, uma bebida feita de mandioca e batata doce fermentada e Tarubá. [Em meu curso sobre bebidas nós falamos destas bebeidas]. E ainda, "Durante a festa há intervalos para que sejam servidas comida e bebida"(2). A festa é regada a danças, comidas e bebidas e muitos cantos que "falam de animais, peixes e sobre a alegria de viver". Também para a comemoração, "(...) se pintam a base de breu e urucu. Colocam pulseiras, colares e cintos de miçangas (...) ess preparação é feita individualmente"(3). Na fotografia um indígena organiza as bananas para a festa de Natal da aldeia. É muito importante salientar que o processo de colonização impetou festas e práticas cristãs aos povos indígenas. Mas, sobretudo, que estes povos resistiram ao realizar tais festejos a partir de práticas e culturas próprias. Então, a "ceia" de Natal tem elementos da cultura alimentar indígena, como as bebidas fermentadas Tarubá e Sacura, suas dança e músicas.

📚✍🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
📷(1) Jornal Mensageiro. Edição n. 38, 1986, p,4.

Receita histórica para o Natal? Nós temos! Testada e aprovada do livro de receitas da Tia Evelina. 📖 O livro da tia Evel...
21/12/2024

Receita histórica para o Natal? Nós temos!
Testada e aprovada do livro de receitas da Tia Evelina.
📖 O livro da tia Evelina, tem mais de 500 páginas em capa dura e seu conteúdo versa sobre receitas doces e salgadas bem como cardápios completos de almoço e jantar e ainda receitas pra jejum da Quaresma.

📍São receitas com muitas histórias!
A receita de hoje leva poucos ingredientes, super fácil e f**a tão fofinho.

📖 Bolo Ligeiro.
Ingredientes.
1 xícara de açúcar.
1 xícara de manteiga.
6 gemas.
1 colher de sopa de fermento.
1 colher de sopa de leite.
4 colheres de trigo.
4 claras batidas em neve.

Modo de Fazer 🥣🥣
1. Na batedeira bata o açúcar e a manteiga. Quando estiver bem homogêneo e fofo, acrescente as gemas, o fermento, o trigo e por último o leite. Bata bem!
2. Desligue a batedeira e acrescente as claras em neve delicadamente. Leve ao forno, em fôrma untada e enfarinhada  quente, por 35 minutos.
3. O bolo vai f**ar bem coradinho. E muito fofinho. É daqueles bolos antigos, muito apreciados e não precisa nem de recheio e nem de cobertura.

📚✍🏽Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
📷 Bôlo Ligeiro. Sidiana Macêdo.
(1)Livro de receitas da Tia Evelina, Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 5° ed, 1948.

Na ceia de Natal, ao longo do século XX, o consumo do Peru passa a ser associado ao Natal. Mas, você sabe qual a origem ...
19/12/2024

Na ceia de Natal, ao longo do século XX, o consumo do Peru passa a ser associado ao Natal. Mas, você sabe qual a origem do Peru? Carlos Roberto dos Santos, nos diz que o Peru é de origem americana e era criado e consumido pelos astecas onde: "criados pelos índios, atividade bastante antiga, com clima propício para a prosperidade desta criação. Geralmente os astecas cozinhavam o peru acompanhado de cebola, alho-poró e molho à base de pimenta vermelha".(1) O peru, portanto, somente adentrou a Europa como um dos "resultados" das trocas alimentares advindas com o processo de colonização. Assim, Santos pontua que :"Em 1518, quando do início do contato entre os índios e espanhóis no processo colonizador do México, F. Cortez tomou conhecimento do peru como ave para alimentação exposta no mercado de Tenochtitlán, capital asteca, trazendo, após, alguns exemplares para a Europa". (2) A incorporação do consumo da carne do Peru, foi um processo lento e gradual. Nesse sentido, Henrique Carneiro nos fala sobre o consumo do Peru que: " (...) entre os animais, o caso singular do peru (seu nome em inglês, turkey (...) foram sendo adotados lentamente, e só no século XIX incorporaram-se definitivamente à alimentação europeia e de grande parte do mundo". (3) O Peru passa a ser conhecido e consumido no Brasil, por ser uma carne saborosa. Ele estava presente em datas especiais, comemorações e banquetes. Sobre esse consumo Hue informa que: "(...) muitos "galos do Peru", que hoje conhecemos simplesmente por peru (Meleagris gallopavo), vindos da América espanhola e perfeitamente adaptados por aqui, de carne "gorda e saborosa".(4) Com o passar do tempo a carne de Peru passa a ser consumida cada vez mais, até ser associado a ceia Natalina. Na Europa, por exemplo, o Peru ganha espaço nas mesas de uma elite e como um produto exótico. Seu crescente consumo entre a elite está associado primeiramente ao valor elevado. Mas, uma outra razão, pode ter propiciado o hábito de comer o Peru no Natal: o tempo que a ave levava para f**ar crescida. Como argumenta Zaria Gorvett: "O peru também foi associado quase instantaneamente ao almoço de Natal, possivelmente porque ele atinge seu tamanho adulto no outono e normalmente as aves são abatidas no meio do inverno do hemisfério norte".(5) Então, uma primeira associação do Peru ao Natal seria por questões de ostentação econômica e de abastecimento. No Brasil, a associação foi também pelo viés de ostentação e simbolismos. Santos, nos explica que: "A introdução e fixação do peru como prato principal na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil, na comemoração do nascimento de Cristo, transformou o ritual do jantar de Natal em ceia". E ainda, "A abundância, e mesmo a extravagância, caracterizam a essência do momento da ceia de Natal, pois este ritual passou a ser entendido como expressão simbólica do sucesso frente aos ditames da vida cotidiana ao longo do ano".(6) O consumo do Peru, na ceia e almoço do Natal, tem origens na demonstração de poder econômico e status social dentro de uma elite. Depois, a associação com o aspecto simbólico de ter a ave a mesa estava atrelado a certeza de comemorar as conquistas, farturas e alegrias do ano com um "gordo e saboroso" Peru. Na pintura, de Pieter Claesz, datada de 1627, temos o Peru no centro da obra e como um dos seus destaques, ora na Holanda, no século XVII, o Peru é um artigo de luxo e ostentação econômica.
📚✍🏽 Referências.
📸 Um detalhe da Tabela 27 da Ornitologia de Willughby publicada em 1678. Para a placa completa, Ornitologia de Willughby 1678. Francis Willoughby, John Ray. Domínio público. Xilogravura de peru.630 × 627. In: https://commons.m.wikimedia.org/wiki/File:Turkey_Woodcut.jpg
(1)(2) (6)História do peru na ceia de Natal. Autor: Prof. Carlos Roberto Antunes dos Santos – UFPR. Publicado em: Gazeta do Povo, 24 de dezembro de 2004
http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/artigos/artigo005.htm
(3) Carneiro, Henrique. Comida e Sociedade:uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 81.
(4)HUE, Sheila Mourão. Delícias do descobrimento: a gastronomia brasileira no século XVI. Com a colaboração de Ângelo Augusto dos Santos e Ronaldo Menegez. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed, 2008, p, 144-145. (5) Zaria Gorvett. Como o peru, originário do México, tornou-se o prato típico de Natal no mundo todo. BBC Future, 20 dezembro 2021. In: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-59730656.

Esses palitinhos são de rechear a alma de afeto. Tem gosto de casa de avó, de casa de mãe, de casa repleta de amor. E sã...
17/12/2024

Esses palitinhos são de rechear a alma de afeto. Tem gosto de casa de avó, de casa de mãe, de casa repleta de amor. E são excelentes para a mesa natalina e para presentear também.
📍É receita da minha família: um presente para a sua família.
Palitinhos.
1 xícara de farinha de trigo.
1/2 xícara de amido de milho.
1/2 xícara de açúcar.
1/2 xícara de manteiga.
1 gema.
1/2 xícara de açúcar cristal para "enrolar".
                                  ***
Em uma tigela coloque o trigo, o amido de milho, o açúcar, a manteiga e a gema.
Misture muito bem todos os ingredientes.
Amasse  com as mãos até a massa f**ar lisa e não grudar. Pegue pequenas porções da massa e modele palitinhos. Passe no açúcar cristal e coloque em uma forma untada, deixando espaço entre os palitinhos. Leve ao forno pré aquecido a 180° por 20 minutos ou até dourar levemente. Eu costumo levantar com uma faca o biscoito se a parte de baixo estiver douradinha ele está pronto. Coloque em potes ou em saquinhos para dar de presente.

📚✍🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao de utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
📷 Acervo pessoal da autora.

Você conhece a história do Christmas  Pudding? Hoje vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Christmas Pudding. O Christ...
13/12/2024

Você conhece a história do Christmas Pudding? Hoje vamos conhecer um pouquinho mais sobre o Christmas Pudding. O Christmas pudding ou Pudim de Natal é um pudim tradicionalmente oferecido no Jantar de Natal na Grã-Bretanha, Irlanda e também em outros países de colonização inglesa. Tem sua origem provavelmente na Inglaterra medieval e tinha uma versão salgada também. Ele também é conhecido como pudim de ameixa, apesar de que como nos informa a historiadora Linda Civitello ele nao leva ameixa: "Plum Pudding became a British Christmas tradition. There are no plums in it; plummy means “something wonderful,” or “choicest”; also, plum sometimes meant raisins". (1) As receitas mais antigas levavam sebo( de animal), frutas secas, pão ralado, farinha, ovos e especiarias junto com leite e/ou vinho. Uma das receitas mais antigas de pudim de ameixa é de Mary Kettilby em seu livro de 1714, Uma coleção de trezentos recibos em culinária, fisioterapia e cirurgia. Segundo Dan Lepard, "A receita de Mary Kettilby de 1728 é muito simples e curiosamente acrescenta clara de ovo extra: isso ajudaria o pudim a segurar com mais firmeza e fatiar sem esfarelar". (2)
O pudim ganha popularidade especialmente porque ele não precisava ir ao forno, o que facilitava a vida das pessoas com menor poder aquisitivo e que não tinham forno, outra coisa, era que o Christmas Pudding era feito em novembro e pendurado para "secar" em sacos de pano. (3) Nesse sentido, Francesca Sparaco nos informa que o pudim: "(...) precisa de duas ou três semanas no mínimo para amadurecer o sabor".(4) O pudim assado, segundo Harlan Walker, aparece somente a partir da década de 1830, sendo nessa época também que o Pudding passa a ser associado ao Natal. Assim, "A cozinheira de East Sussex, Eliza Acton, foi a primeira a se referir a ele como "Pudim de Natal" em seu livro best-seller de 1845, Modern Cookery for Private Families"(5). No reels, temos uma receita histórica de Christmas Pudding, publicada no livro,Every day cookery and housekeeping book, de Beeton, Sra. (Isabella Mary), cuja publicação data de 1888.(6)

📚✍🏽 Referências.
📸 (4)Francesca Sparaco. Pudim de Natal. In:https://www.mumwhatelse.com/christmas-pudding-traditional-recipe Acessado em 20 de Novembro de 2021.
(1) Civitello, Linda. Cuisine and culture : a history of food and people / Linda Civitello. — 2nd ed. 2008, p. 216.
(2) Lepard, Dan (21 de novembro de 2011). “Como aperfeiçoar o seu pudim de Natal”.BritishBroadcastingCorporation .
Retirado em 10 de Novembro de 2021.
(3) Pool, Daniel (1993). O que Jane Austen Ate e Charles Dickens sabiam: da caça à raposa ao whist - os fatos da vida diária na Inglaterra do século 19 . Nova York: Simon & Simon & Schuster (Touchstone). p, 208.
(5) Harlan Walker Oxford Symposium on Food & Cookery, 1990: feasting e jejum: procedimentos pp.36, 45. Prospect Books, 1991.📷(6) Every day cookery and housekeeping book. por Beeton, Sra. (Isabella Mary). Data de publicação: 1888. Editor: Londres: Ward, Lock and Co.Coleção biblioteca da Universidade de Leeds. p, 256

Domingo com receita histórica? Temos sim. A receita histórica de hoje é de um livro que eu adoro:"A Arte de Cosinha", de...
01/12/2024

Domingo com receita histórica? Temos sim. A receita histórica de hoje é de um livro que eu adoro:"A Arte de Cosinha", de João da Matta, que era cozinheiro e proprietário do GRAND HOTEL DU MATTA e do HOTEL JOÃO DA MATTA, em Lisboa, Portugal. O livro foi publicado no ano de 1876. João da Matta fez fama nas cozinhas portuguesas e tornou-se um dos maiores cozinheiros português do século XIX. (1) Através do seu livro, João da Matta nos permite observar como ao longo da História da Gastronomia as receitas apresentam aquilo que o historiador Carlo Ginzburg denominou de circularidade cultural. A receita de hoje são os "Pastellinhos à la Dame Fêlice" segue a receita: [Na transcrição da receita foi mantido a ortografia da época].

📍"Pastellinhos à la Dame Fêlice".
"Toma-se um pedaco de massa folhada e estende-se na grossura pouco mais ou menos de um pataco, e com um corta-massa de folha (com gomos) vão-se cortando rodellas do tamanho de um queijo branco, e vão-se collocando estas n'uma folha comprida, desencostadas umas das outras; deixam-se f**ar em quanto se prepara o seguinte: Põe-se em uma cassarola um bocado de manteiga de v***a, uma cebolla (sê for verde melhor), salsa bem picada uma pitada de pimenta: refoga-se, mas sem chegar o refogado a f**ar corado, e tira-se para fóra para
esfriar. Toma-se um pedaço de vitella e ubre da mesma, em partes iguaes, pisam-se muito bem n' um gral, e passa-se por um peneiro; junta-se-lhes depois o refogado,tempera-se de sal e mistura-se muito bem ; feito isto,vae-se pondo no centro das rodellas da massa que nós
cortåmos, uma colhér (das de chå) cheia d'este picado, e por cima uma outra rodella da mesma massa untada
por baixo com ovo, f**ando bem unidas uma a outra; unta-se a rodella de cima com uma penna molhada em gema de ovo, levam-se ao forno e em estando cosidos servem-se". (2)
Observem que se usava uma "penna" para passar o ovo por cima dos Pastellinhos.
Essa é uma receita deliciosa e o livro de receitas antigo, como sempre digo, é uma excelente fonte de pesquisa para àqueles que se debruçam sobre a temática.
📚✍️🏽Referências.
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📸 Acervo pessoal da autora.
(1) (2)João da Matta. Arte de Cosinha. IOE. Governo do Estado do Pará. Belém, 2017.

Os pães também eram vendidos nas ruas de porta em porta, carregados em cestos pelos padeiros, sendo prática comum desde ...
29/11/2024

Os pães também eram vendidos nas ruas de porta em porta, carregados em
cestos pelos padeiros, sendo prática comum desde o século XIX. Em 25 de junho de 1883, o Diário do Gram-Pará publicou o seguinte anúncio: “Attenção dos padeiros. Chegaram para a loja V***o Branco, de Carreiro & Comp. um grande sortimento de cestas de vime, próprias para conduzir pão e que se vende muito barato”.(1)Os padeiros então não só trabalhavam no interior das padarias, fazendo o pão, mas saíam com seus balaios(2) cheios de pães vendendo nas ruas e nas portas das casas. Morais nos diz que: “Balaio-cesto raso de talas de palmeira, de boca mais larga que o fundo, tecido caprichosamente colorido, onde se guardam costuras, roupas, miudezas, cousas domésticas”.(3) Na primeira metade do século XIX, Segundo Fontes “O padeiro saía com um balaio grande e outro pequeno, levando quase sempre o filho como uma forma de aprendizagem da profissão”.(4) Portanto, o comércio de cestos e balaios para a venda de pão era atividade rentável na praça comercial de Belém.  Na fotografia, temos o anúncio da loja V***o Branco, datado de 29 de junho de 1883. Ao que parece está loja era especializada em cestos para uso doméstico e de panif**ação. É possível ver em 1885, a mesma loja, anunciando estes mesmos produtos, sinal de que a loja tinha público certo.
📚✍🏽 Referências.
🛎O conteúdo deste blog está protegido pela lei n° 9.610 datada de 19-02-1998. Ao utilizá-los, não se esqueça de dar os créditos.
(1)Diário do Gram-Pará, 25 de junho de 1883, p. 3; 29 de junho de 1883.
(2) (3)MORAIS, Raimundo. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Senado Federal, 2013, p. 33.

O trabalho de padaria sempre foi um trabalho manual, que requeria conhecimento e força física. Os fornos,  por exemplo, ...
27/11/2024

O trabalho de padaria sempre foi um trabalho manual, que requeria conhecimento e força física. Os fornos,  por exemplo, para o cozimento do pão eram geralmente artesanais ou doméstico. Ou seja, não havia uma produção em larga escala num curto espaço de tempo. No século XIX, com a introdução da máquina a v***r, as padarias ganharam maior autonomia na relação produção versus tempo. Pois podiam fazer grandes quantidades de pães, bolachas e biscoitos num tempo menor e de forma mais industrializada.
A máquina a v***r dispensava as fontes de energias naturais e dava maior rendimento às padarias. Por isso, como nos informa Giorgio Pedrocco: "Em razão de seu papel fundamental na alimentação, a panif**ação é uma das primeiras atividades artesanais a conhecer tentativas de mecanização que se aplicam tanto na fase da amassadura, a mais penosa, quanto na fase do cozimento, outro gargalo de estrangulamento no âmbito do ciclo produtivo"(1). Na imagem, um padeiro "usa um empurrador de pão para tirar o pão integral do forno de tijolos, que tem estrutura esférica"(2). Em Belém,  no século XIX, as padarias faziam questão de dizer que eram "Padaria à v***r" e assim modernas e práticas. Portanto,  ao longo do oitocentos anúncios como da segunda imagem tornam-se comuns. O anúncio, publicado no Almanach Província do Pará, em 1871, já inicia com o título de "Padaria a v***r", a padaria localizada na Travessa do Pelourinho e de propriedade de Antônio Henriques Carreira, fazia questão de anunciar que era a v***r pois, "a rapidez de suas diversas machinas a v***r, faz com que em poucas horas se aprompte qualquer encommenda"(2). E ainda, a produção em maior escala possibilitava a produção de "bolaxões grandes n.1, proprios para fornecimento de navio tanto de guerra como mercantes".(3) A Padaria "Estrella do Norte", produzia pães frescos, bolaxas de vários tamanhos e bolaxões. Ela inclusive, fornecia para o interior do Estado e para fora também.

📚✍️🏽 Referências.
🖼Padeiro assando pão.
https://www.nuernberger-hausbuecher.de/75-Amb-2-279-63-v/data
(1)A indústria alimentar e as novas técnicas de conservação. Giorgio Pedrocco, p, 583. (2)(3) Almanach Província do Pará.  1871. p, 27.

Na ilustração intitulada "Padeiros estrangeiros em Constanz, de Ulrich von Richental, datada de 1470 e que faz parte de ...
23/11/2024

Na ilustração intitulada "Padeiros estrangeiros em Constanz, de Ulrich von Richental, datada de 1470 e que faz parte de uma obra maior que está localizada em Viena, na Biblioteca Nacional Austríaca, vemos um grupo de padeiros assando pães (1). Quero chamar atenção para uma questão importante que a imagem nos permite "ver/ler": A presença dos fornos móveis. Isso mesmo, tornou-se comum nesta época os fornos de assar pães móveis ou ambulantes, observem que este tinha inclusive grandes rodas. Esse modelo de forno facilitava o trabalho dos padeiros que como estes que estavam em Costanz vinham de outros lugares. Mas também, permitiam que eles tanto fizessem o trabalho num ponto fixo [como uma rua ou praça] quanto fossem de porta em porta para assar os pães dos seus fregueses.
Essa realidade da padaria móvel e do padeiro que vendia seus pães de porta em porta tornou-se uma característica desta profissão. Vender pães de porta em porta ganhou o mundo. Em Belém, era comum que os padeiros além de fazerem o pão saírem as ruas vendendo seus produtos de porta em porta. Em anúncio de 1845, o Padeiro dos Quatro Cantos, avisava aos seus fregueses que:"de hoje em diante, não vende mais Pão pelas tabernas, tão somente vende a sua porta Pão, Bolaxa, e Rosca. As pessoas que quizerem principiar, ou continuar a gastar pão de sua Padaria, deverão a ella dirigirem-se das 5, às 7 horas da manhã, a fim de serem servidos do melhor modo possível" (2). Ao que parece os produtos oferecidos pelo padeiro da Quatro Cantos era bem procurado e tinha fregueses fiéis, isso permitia a esse padeiro deixar de vender nas tabernas e de porta em porta e oferecesse apenas no seu próprio estabelecimento. Ou seja, ele já tinha uma boa freguesia que lhe permitia esse luxo.
📚✍️🏽 Referências.
📚✍️🏽 Referências.
🖼(1) Padeiros estrangeiros em Constanz, AEIOU, em: Austria-Forum, the knowledge network, https://austria-forum.org/af/Wissenssammlungen/Historische_Bilder/Fremde_Brotbäcker_zu_Constanz , 25 de março de 2016.
(2) Jornal Treze de Maio. Pará, 28 de junho de 1845.

Endereço

Belém, PA

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