O último texto falou sobre a presença do bacalhau na mesa do paraense no Natal, em outras épocas, hoje eu trago uma receita histórica, cujo ingrediente principal era o bacalhau, a referida receita foi publicada na coluna Menu de Madame, publicada em Belém, no jornal Folha do Norte, no ano de 1950. Importante dizer que, as receitas são também um retrato do contexto daquela época e da sociedade, através dos ingredientes e das formas de preparo é possível identificar todas as misturas e influências ao longo de seu processo histórico.(1) A coluna Menu de Madame era voltada para a mãe, a mulher da casa, socializando receitas, a coluna do jornal Folha do Norte pode ser compreendida à luz das explanações de Maluf & Mott, quando demonstram a constituição de um padrão pelo qual a sociedade, nas primeiras décadas do século XX, construiu para o papel da mulher como mãe de família. Um discurso que era elaborado a partir do papel de mãe, esposa e dona de casa. (2) A coluna Menu de Madame foi publicada durante todo o ano de 1950, no jornal Folha do Norte. (3) Em 10 de dezembro, no clima natalino, a coluna traz uma receita para o Natal, com bacalhau.
📌Salva essa receita e faz essa receita para as festas natalinas.
📍 Salada de Bacalhau.
1/2 quilo de bacalhau.
Algumas batatas cozidas.
Pimenta do reino.
Azeite.
Duas gemas cozidas.
Vinagre.
Mostrada.
Mais dois ovos cozidos, azeitonas e alface.
Deixe o bacalhau de molho de véspera. No dia seguinte, escalde e corte em lascas. Corte as batatas em quadradinhos, desmanche as gemas com o azeite, misture o vinagre e a mostarda. Ponha numa saladeira o bacalhau com as batatas, polvilhe com pimenta do reino junte o azeite com as gemas e misture muito bem. Enfeite o orato co alface, ovos cozidos e azeitonas. Sirva muito frio.(4)
#dia5docalendariodoadvento
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📚✍🏽 Referências.
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Episódio 3- Qual o outro prato que é símbolo da cultura alimentar do Círio? A maniçoba.
📍A série sobre Comidas no Almoço do Círio tá imperdível.
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📚✍🏽Referências.
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📽 Sidiana Macêdo. Belém, 2024.
Episódio 2- da série Curiosidades da Alimentação sobre o Círio de Nazaré.
Vem comigo?
Vamos conhecer mais sobre nossa rica cultura alimentar.
Episódio 1- da série Curiosidades da Alimentação sobre o Círio de Nazaré.
E neste primeiro episódio estou falando sobre o pato no tucupi.
Vem comigo?
Vamos conhecer mais sobre nossa rica cultura alimentar.
Dentre as frutas consumidas no Pará, o cupuaçu, nativo dessa região, sempre
teve lugar de destaque. Segundo Cavalcante: (...) come-se o cupuaçu de várias maneiras, sendo a menos preferida o consumo da polpa, diretamente in natura. O uso mais popular é em
forma de refresco, que algumas pessoas preferem misturado com
farinha de mandioca. Existem ainda muitas outras formas de utilizar o
cupuaçu, como o saboroso sorvete, de grande preferência local, bem
como picolé, e mais: doce em pasta, doce sólido tipo salame, balas com recheio de cupuaçu, bolos e tortas com sabor de cupuaçu, pudim, creme nevado, suco concentrado, licor e geleia".(1) Em 1939,
na Usina São Vicente, de propriedade de M. Santos & Filho, havia produção de doces diversos de frutas regionais como bacuri, cupuaçú (...) Os fabricantes ainda eram os únicos a produzir a ameixa do Pará.(2) A Fábrica São Vicente, aliás, no ano de 1945, ainda oferecia aos seus clientes doces de “bacuri, cupuaçu, mangaba, abricó, cubio, graviola, muruci, banana e abacaxi”, além de goiabada “da pura, inigualável”.(3)
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📸 Sidiana Macêdo. Equipe Canva. Setembro, 2024.
(1)CAVALCANTE. Paulo B. Frutas comestíveis da Amazônia. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi; Companhia Souza Cruz, 1998, p. 91.
(2)Folha do Norte, 1 de janeiro de 1939, p.3. (3) Apud PINTO, Lúcio Flávio. Álbum da Memória. Belém: edição do autor, 2014, p. 14.
Segunda-feira com quadro novíssimo por aqui.
Está no ar a Rádio do DaquiloQsecome meu povo lindo!!!
Puxa um banquinho pra ouvir às notícias da praça comercial em Belém dos anos de 1859.
Notícias de outros tempos narradas com cuidado e zelo de uma historiadora da Alimentação dos dias de hoje. 🎉🎉🎉
Nas notícias de hoje temos Champanhe, Queijos Suíço, bebidas espirituosas e farinhas.
E você o que achou do novo quadro?
#sidianamacêdo #daquiloquesecome #amazônia
Você conhece o tucupi?
De herança ancestral que persiste até os dias de hoje, tão forte como outrora. A literatura, os memoralistas e as músicas falam do Tucupi. [Também já falei sobre o Tucupi em outros textos por aqui, rola o feed] Assim, narrava Dalcídio Jurandir sobre o Tucupi em seu romance "Santa Maria de Belém do Grão-Pará", quando Alfredo lembrava sobre os dotes culinários da mãe: "A mãe, porém, valha-nos Deus, que peixe o seu, a pescada desfiada no arroz, sem uma espinha, e no coco? (...) E
meu São Benedito, os tucunarés assados, o acari de brasa dormindo no tucupi, a dourada frita com farinha d’água? (1)
O tucunare é o acari, peixes regionais, aparecem assado e na brasa no tucupi.
Duas formas comuns de servir a carne [seja ela de peixe, porco, pato ou frango ] no tucupi. Em outro momento ele narra: "Adiante o monte de pratiqueiras que lembravam a Alfredo os peixinhos nadando em baixo do chalé e em Belém, na panela de barro, nadando no tucupi".(2)
Da mesma forma, as pratiqueiras [outro tipo de peixe] mergulhado numa boa panela de tucupi. Realmente, costumamos dizer que tudo com tucupi fica incrivelmente saboroso. Nesse sentido, segundo Bastos: "Tucupi - Caldo ou sumo extraído da massa da mandioca e, em seguida, posto a ferver. De cor amarela. Aplicável ao peixe e ao pato (...)". (3)
E você já provou o tucupi?
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📽 Sidiana Macêdo. Tucupi, abril de 2024.
(1)(2) Dalcídio Jurandir, Belém do Grão Pará, Livraria Martins: São Paulo, 1960. p, 46, 47.
(3)Bastos, Bastos, Abguar. A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares na selva: estudo na região amazônica I São Paulo : Editora Nacional ; (Brasilia, DF) : INL, 1987. p, 127.
#sidianamacêdo #daquiloquesecome #historiadoradaalimentação
Você conhece o SAPS?
Você sabia que o SAPS- Serviço de Alimentação da Previdência Social, criou uma Revista sobre Alimentação e Cultura? Sim, o SAPS mantinha ao longo do Brasil diversos restaurantes populares, era um programa do governo brasileiro criado por Decreto-lei n° 2.478, em 1940. Com objetivo de fornecer refeições balanceadas a preços populares e de maneira mais acessível aos trabalhadores. O SAPS era um programa da pasta do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Vinculada ainda, ao poder Executivo, era o Presidente da República que fazia a indicação dos Diretores Gerais e equipe que atuavam no SAPS.
Nesse conjectura foi criada e editada no Rio de Janeiro em 1950, pelo SAPS, a Revista Alimentação e Cultura em que as questões abordadas eram as mais diversas sobre a temática de Alimentação e Cultura.(1) Na primeira edição, o Diretor geral Umberto Peregrino é quem escreve em "Coisas de Comer" uma matéria sobre comidas do Norte e Nordeste do Brasil, entre as comidas ele fala da "Panelada" que segundo ele é um "prato muito apreciado no Norte" e ainda, "A panelada tem justa fama de "comida pesada(...)".(2)
Segue a matéria completa sobre a Panelada de Umberto Peregrino:
"COISAS DE COMER
(Ilustrações de Santa Rosa)
Umberto Peregrino.
"Panelada : prato muito apreciado no Norte.É feito dos miúdos (tripa, fato, coalheira, livro, canudo, mocotó) de boi ou de carneiro. A preparação não é fácil. O material tem de ser tratado com limão e sal, n'água fervendo para perder o cheiro; cozinha de um dia para outro, num vasto panelão a fogo brando. 0s temperos essenciais são: cuminho, louro e pimenta do reino.Come-se com acompanhamento de um pirão escaldado, feito com o próprio caldo da panela. 0 limão também é indispensável. 0 aperitivo de cachaça antes e o vinho durante o consumo são facultativos...
A panelada tem justa fama de "comida pesada', e é frequentemente responsabilizada por congestões e outros ac
E por falar em bombom de cupuaçu, no texto de hoje eu compartilho com vocês uma receita da minha família de bombom de cupuaçu. Essa receita é da minha tia Leila e está numa folha solta do caderno de receitas da minha família. Aproveita que é uma verdadeira relíquia.
Anota aí. 👇🏼
"Bombom de cupuaçu.
Doce de cupuaçu (pronto)
Massa para cobrir o cupuaçu.
Leite condensado, 1 colher de nescau, 1/2 colher de manteiga até dar o ponto.
Deixar no açúcar cristal para dormir.
No outro dia- dissolve o chocolate em banho- maria não pode cair água.
Leve os docinhos no garfo, molhe no chocolate e coloque no papel manteiga".(1)
Depois de estar seco, enrolhe no papel de bombons. Fica delicioso.
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📸 Bombom de cupuaçu. Belém, 2024.
(1) Receita da minha tia Leila Ferreira. Caderno de receitas da minha família.
#sidianamacêdo #daquiloquesecome #historiadoradaalimentação
Pouco se fala da importância das doceiras basilares da formação culinária paraense que eram as mulheres escravizadas. A história destas mulheres de resistência, força e sobrevivência à partir das vendas de doces pela cidade é muitas vezes silenciada. A historiografia atual tem buscado trazer a tona a história destas mulheres que com a venda de doces compravam sua alforrias e dos seus e muitas vezes resistiam à partir da liberdade que tinham em vender doces pelas ruas. No século XIX, é possível encontrá-las em anuncios de fugas e vez ou outra em outras seções dos jornais. Este era o caso de Joanna, mulher escravizada que estava sendo procurada em 9 de fevereiro de 1860, num anúncio, que dava conta da fuga de Joanna. Joanna provavelmente era doceira e também vendia os doces que produzia, Joanna fugiu quando saiu para vender "uns doces em um prato comprido e uma bandijinha com doces de cu-pu-a-sú" (1) Joanna fugiu com sua bandijinha de doces de cu-pu-a-sú". Assim, como Joanna outras mulheres escravizadas eram exímias doceiras. Um ano antes, em 15 de julho de 1859, Joaquim Ferreira da Silva, alugava "uma rapariga excellente cozinheira e doceira, e sabe todo o arranjo de uma caza".(2) Sobre essa não sabemos o nome apenas que era muito boa naquilo que fazia. Passados alguns anos, em Belém, em 4 de julho de 1884, na Casa de Pedro Antônio Paes havia doceira habilidosa que: "acceita-se toda e qualquer encommenda pós, que dispõe-se de um bom pessoal habilitadissimo para esse fim". (3) Estas mulheres que muitas vezes desconhecemos o nome tem papel importantíssimo na construção da cultura alimentar e da doçaria paraense.
Na belíssima imagem de Joseph Léon Righini, datada do século XIX, temos uma destas mulheres, no Largo do Quartel, atual Praça da Bandeira. O que será que ela vendia no seu charão?
Dedico à todas elas esse texto.
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No último post falei sobre os bombons regionais. Você leu? [Caso não tenha lido e queira ler volta um post]. Os bombons regionais são típicos do Pará.
Nascidos nas cozinhas das famosas doceiras paraenses eles já apareceram no cenário gastronômico da cidade de Belém na primeira metade do século XX.
São as doceiras paraenses responsáveis por eternizar estes sabores elaborados com doces de frutas regionais e as próprias frutas, como era o caso da castanha-do-Pará. Reconhecer o papel das doceiras paraenses em muitos hábitos alimentares é um capítulo muito importante e bonito da nossa história gastronômica.
Osvaldo Orico dizia que: "Quituteiras e doceiras são elementos indispensáveis na composição da cozinha amazônica. Seu papel não pode ser esquecido ou subestimado, porque é fundamental a importância de sua presença no processo dos pratos que constituem o cardápio regional". (1) A exemplo da doceira D. Nair, que em 9 de maio de 1986, anunciava seus produtos numa pagina gratuita do jornal Diário do Pará, assim, D. Nair, especialista em culinária, anunciava para o dia das mães seus "doces e bombons caseiros" (2) No mesmo ano, mas, em dezembro, outra doceira a D. Rita Barros, anunciou que para as festas de fim de ano venderia: "Os mais gostosos panetones, roscas, tortas doces ou salgadas, bombons de chocolates os mais deliciosos, feitos em casa com aquele gostinho bem caseiro".(3) Os bombons regionais ganham as páginas de nossa história a partir das doceiras paraenses e se eternizam como parte importante da construção de nossa identidade alimentar.
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📸Sidiana Macêdo, 10 de agosto de 2024.
(1) p, 59.
(2) Jornal Diario do Pará, 9 de maio de 1986.
(3) Jornal Diario do Pará, 18 de dezembro de 1986.