24/09/2023
||CHEGOU A HORA DE QUEBRAR O SILÊNCIO||
Geraldo Dala, o bandido altamente perigoso, o homem ao serviço da bófia (2022), o vendedor de manifestações, o traidor e fugitivo em 2023.
Atenção: o texto é longo, quem tem défices de memoria e paciência, não aconselho.
Pela educação (religiosa e moral)que recebi e por valores por mim impostos à minha consciência, procuro ser frugal e não saio a disparar de rajada sempre que sou atacado, ultrajado e humilhado. Quem comigo lida e labuta alguns/todos os dias, sabe perfeitamente que, mesmo sob turbulência, raramente me agito, até em casos de detenção ou prisão, sempre procurei conter os meus ânimos e dos outros também. Que o diga a minha família da Sociedade Civil Contestatária ( Lapino, Altruísta, Alexandre, Pembele, Sidney, Cláudio, Matulunga, Mente Observador e outros) que comigo foram inquilinos de várias esquadras de Luanda. E tantos outros claro.
Em pouco menos de 2 anos fui vítima de morteiros disparados quer pelo regime e seus cyber-agentes por um lado, como por aqueles que considero irmãos de luta. Podem existir razões, mas a maioria destes disparos é infundada.
O presente post vem quebrar o meu silêncio aconselhado pelo advogado, numa altura de incerteza, sensibilidade e desconhecimento dos meandros do processo que levou a condenação de 4 irmãos de luta a 2 anos e 6 meses de prisão efectiva, pois naquele momento qualquer declaração minuciosa dos factos, poderia ou não, pesar negativamente, ou sobre mim ou sobre os irmãos que estão agora nas celas fedorentas das comarcas de Luanda.
O DALA, BOFIA E VENDEDOR DE MANIFESTAÇÕES, VOS ESCLARECE!
FACTO 1: A CONVOCAÇÃO DA MARCHA.
A marcha de repúdio ao decreto do Governo Provincial foi convocada no dia 6 de Setembro, pelo jornalista Jonas Pensador em concertação com alguns líderes de mototaxistas e camionistas. Vide a notícia aqui: http://www.lilpastanews.net/2023/09/convocacao-da-manifestacao-para-sabado.html?m=1 . Pelo que tomei conhecimento posteriormente, também foi noticiada pela Rádio Eclésia, Essencial e Despertar. Eu, Geraldo Dala, recebi a ligação de Jonas Pensador no dia 8 de Setembro. No mesmo dia (8 de Setembro), o irmão Jaime MC e Adolfo Campos também receberam a ligação. Fomos esclarecidos sobre o objectivo da marcha e foi-nos solicitado solidariedade cívica. Como membros da sociedade civil identificamo-nos com a causa, pois espelhava a dor e o sofrimento de uma classe pobre e marginalizada, a semelhança de milhões de angolanos, neste submundo inóspito chamado Angola. Para mim não constituía problema algum, pois visava a defesa da justiça face ao decreto inconstitucional exarado por Manuel Homem.
Neste mesmo dia (8), contactei Laurinda Gouveia que também prontamente aderiu à iniciativa. Como disse Mantin Luther King: o que preocupa não é o grito dos maus, mas sim o silêncio dos bons.
Fomos depois informados por Jonas Pensador que o presidente da UMA (União dos Mototaxistas de Angola) o tal de Augusto Mateus ( que eu nunca vi, nem sei se é claro ou escuro) era um dos promotores da marcha, pois estavam em coordenação. No dia 11 de Setembro, Jonas Pensador contactou a mim e outros companheiros para a subscrição da carta. Neste mesmo dia, por falta de tempo, Adolfo campos enviou o seu vice-coordenador para subscrever a mesma. Foi neste dia que falei pela primeira vez com o tal presidente da UMA, via telefónica, na presença de Jonas Pensador e do vice-coordenador do Movimento Revolucionário Angolano, contacto facilitado por Pensador.
FACTO 2 : NOTA DE APELO AOS MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES CÍVICAS .
No dia 10 de Setembro, por iniciativa de Geraldo Dala e Laurinda Gouveia, enviou-se uma nota de apelo aos vários movimentos cívicos e organizações para que se unissem e solidarizassem com a causa. Facto que foi aceite por 8 organizações e movimentos. Além de apoio à marcha, deliberou-se a entrega de uma petição à Presidência da República e ao Governo Provincial de Luanda, o que veio a ocorrer no dia 14 de Setembro de 2023. Deliberou-se igualmente, a elaboração de uma providência cautelar que anulasse este acto administrativo do Governo Provincial nos dias subsequentes. Para tornar púbico tais acções, realizou-se uma conferência de imprensa no dia 15 de Setembro, na biblioteca 10PADRONIZADA, onde participaram os representantes das organizações e movimentos subscritores da petição, e outros activistas singulares que se identificaram com a causa.
FACTO 3 – A REALIZAÇÃO DA MARCHA, A DETENÇÃO E A MINHA SUPOSTA FUGA.
Um dia antes da marcha, após a conferência de imprensa, o presidente da União dos Mototaxistas de Angola (UMA), um dos que convocou a marcha, desistiu da mesma, pondo a circular uma informação em que se demarcava. Entenda-se, demarcava-se e não desconvocava, isto na noite do dia 15 (sexta-feira). Feitas as diligências foi possível aferir que o mesmo reuniu-se a sós com os 2 vice-governadores de Luanda para o sector económico e para o sector político e social, depois da reunião colectiva que o Governo Provincial teve com as outras associações. Conclusão por vossa conta.
No dia 16 de Setembro, logo após a nossa concentração no cemitério da Santana, fomos brutalmente reprimidos e detidos num total de 8 pessoas: Geraldo Dala (eu), Adolfo Campos, Tanaice Neutro, Gildo das Ruas, Abraão Pensador, Jonas Pensador e 2 jovens desconhecidos por nós, que mais pareciam infiltrados pelo seu comportamento, tanto é que Tanaice Neutro quis espancar um deles quando estávamos no SIC, mas no interior da viatura. Os mesmos foram absolvidos após o julgamento, juntamente com o jornalista Jonas Pensador. Alegadamente os 2 por não terem cadastro de activistas e Pensador por ser jornalista. Esta alegação prova que a condenação dos activistas ja tinha sido programada antes do julgamento.
Saindo do cemitério da Santana fomos conduzidos até a esquadra do Rangel, vulgo pedrinhas, onde ficamos trancados por mais de 2 horas no carro-prisão que nos transportou, tendo várias vezes pedido que nos retirassem de lá por dificuldades respiratórias. Pelo barulho que fazíamos batendo na viatura, fomos retirados e colocados no quintal, onde agentes civis fotografavam, filmavam, intimidavam e faziam interrogatórios, pelos quais não cedíamos sem a presença do nosso advogado e sem a sua identificação, como passes, NIP, pois alegavam serem agentes da polícia nacional. Face a nossa resistência fomos levados ao SIC, onde permanecemos igualmente por muito tempo, no carro-prisão. Mais uma vez por ordens superiores fomos retirados do carro, onde à saída começaram a agredir Gildo Das Ruas por ter respondido a ofensa de um agente da PIR que nos escoltava. Por não permitirmos fomos também agredidos.
Postos numa das salas do SIC, com dores, fome e sede por um tempo indeterminado, decidimos que algum de nós tinha de sair daí para informar alguma coisa à resistência, contactar um advogado e conseguir comida e bebida, pois como é de costume, tínhamos a certeza que ninguém sabia do nosso paradeiro. Imploramos que precisávamos comprar água e algo para comer. E um dos agentes cedeu, sendo que ele também disse que não havia nenhuma acusação sobre nós até aquele momento, e pelo que sabia, manifestação não é crime. E, por unanimidade, decidiu-se que quem devia sair seria eu. Logo à minha saída, contactei aos companheiros Sangoma Katari Negralhada Lapino Lapino , Altruísta Evangélico Tchiengo e Alexandre Simon Bolívar , que haviam ficarado com o meu telefone e também do Gildo das Ruas, que prontamente vieram ao meu encontro, vindo da esquadra das lagostas, bairro Uige, pois estavam a nossa procura e não achavam o nosso paradeiro. Nesta altura, contactamos o Dr. Zola que também não tinha nenhuma informação e, que de seguida, orientou que nos encontrássemos no SIC. De igual modo, contactamos Rosa Mendes (esposa de Adolfo Campos) para informar sobre o paradeiro dos detidos e a necessidade de conseguir comida e água para os companheiros. O advogado dentro do SIC fazia as diligências, e nós defronte ao mesmo, permanecemos até sensivelmente 20 horas, momento em que o Dr. Zola saiu e informou que não havia nenhuma acusação. Portanto, seriam libertados a qualquer momento e só assim regressamos às nossas residências. Se tivessem dito ao advogado que eu estava foragido, claramente teria entrado, evitando assim situações piores.
Pelos factos acima relatados fui taxado de vendedor de manifestações, traidor, covarde e fugitivo, por conta de uma página sensacionalista (XAA-XÉ AGORA AGUENTA) que busca gostos e partilhas dos cidadãos, ao invés de informação isenta, verdadeira e profissional, citando como fonte a Agência de Notícias Lusa, através de uma matéria que foi copiada, cortada e publicada de forma incompleta, pois na mesma matéria a LUSA que é profissional, não só ouviu o advogado, mas também a mim. A matéria pode ser lida na íntegra aqui: https://www.lusa.pt/article/41524021. Em países sérios, teria processado esta página por omitir a minha versão.
Eu não fugi para a Europa, América ou Ásia como os vossos líderes e libertadores, que foram preparar-se para vir libertar-vos do jugo do MPLA. Eu estou aqui, levando a minha vida quotidiana, mesmo sabendo que as vossas atitudes e de páginas similares à supracitada, colocam-me a mercê do SINSE, SIC e outros órgãos castrense. Se me capturarem por fuga, que assim seja.
Se algum dia tiver de sair do meu país, não será a fugir, mas de cabeça erguida e nele regressar sem restrições. Não tenho rabo preso, pois nunca comi nem bebi ou recebi algo em função do activismo que seja patrocinado pelo regime do MPLA, partidos políticos na oposição, organizações cívicas nacionais ou internacionais… Se algum dos citados já o fez que venha atirar-me a primeira pedra. Mesmo quando sou torturado, lesionado… tenho sido o único a custear minhas consultas e meu tratamento. E com o pouco que ganho do meu trabalho honesto, ainda ajudo alguns poucos irmãos activistas que tenham necessidade de alguma coisa. A soldo disso, sou vendido né?
É muito triste ver as famosas princesas, os príncipes, os reis e rainhas do activismo a zombarem, julgarem, a destilar o seu fel e fazer assassínio de caracter de um pobre e degredado económico como eu, que não tenho memória de lhes ter feito mal algum. Enfim, se até Jesus Cristo foi cuspido, quem sou sou?
É uma pena o activismo estar infestado de mongolóides cívicos e mentais, parasitas cívicos e memeiros cívicos que pensam b***a, e são incapazes de estruturar uma só estratégia de luta. Ao invés de buscar solução, semeiam a desunião e comprometem a luta. Ao invés de expor e combater o opressor, o algoz, que tudo fez para ameaçar, instaurar o medo, espancar, prender e condenar, desferem golpes às vítimas e culpabilizam-na da sua condição.
Foi assim que Savimbi morreu, abandonado por quem lutou, acusado de tudo e mais alguma coisa por quase todos. Hoje sentem a falta de dele.
Quantos morreram, foram presos e espancados em manifestações? O culpado é quem convocou e subscreveu a carta, ou quem matou, prendeu e espancou?
Quando a luta é bem sucedida, somos heróis, somos inteligentes, surgem os aplausos e todo o tipo de oblações, mas quando é infrutífera procuram-se os culpados, os vendidos, os bófias e os que não possuem estratégia de lutas, os sem foco, os emocionados.
Mas tudo isso foi muito bom, pois deixou de tangas todo ódio que nutrem por mim, pelos meus tropas e pela Sociedade Civil Contestatária. De uma coisa tive a certeza, afinal não sou uma árvore má, pois a árvore má dá maus frutos e ninguém perderia seu tempo a apedrejá-la. Eu dificilmente me vergo, aprendam isto. Posso até recuar, mas quando decidir avançar prefiro a morte.
Tomem nota:
O opressor não seria tão forte, se não tivesse cúmplice entre os próprios oprimidos (Simone de Beauvoir).
Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido (Malcolm X).
Muito obrigado a todos os irmãos de luta e não só, quer aqui em Angola como na diáspora, que ligaram vezes sem conta para saber o meu estado de saúde físico e psicológico. Reconfortar diante do perigo em que ainda me encontro. Recebam um abraço fraterno. Aos que não pude atender nem responder as mensagens perdoem-me. Era muita ligação.
Que Deus abençoe os angolanos. A luta continua.
Atenciosamente, o vosso pobre irmão e servidor, Gerardo Dala.
Att. Logo, as 20h00, tem live para maior esclarecimento, com Jaime MC e Laurinda Gouveia. Também iremos responder o activista que começou ontem a acusar o Tanaice Neutro e o Adolfo Campos de vendidos e bófias, na live que tivemos com o cota William Tonet (Chefe Indígena). Ontem saíram algumas notas soltas, mas não satisfatórias por conta do número de convidados.
A live de hoje será transmitida nas seguintes páginas:
Sociedade Civil Contestatária
Laurinda Manuel Gouveia
Central Angola 7311.