01/10/2024
Hoje, 1 de outubro de 2024, a literatura e o jornalismo angolano perdem uma das suas vozes mais emblemáticas. Ismael Mateus, escritor e jornalista, faleceu tragicamente, vítima de um acidente de viação. Nascido em Luanda a 6 de julho de 1963, Mateus dedicou a sua vida às palavras, seja nos textos opinativos ou nas obras literárias, que marcaram gerações e refletiram as nuances da sociedade angolana.
Com uma carreira jornalística que começou em 1981, Ismael Mateus tornou-se uma referência no panorama mediático de Angola. Desde 1985, as suas opiniões aguçadas eram ouvidas e lidas em diversos meios, como a Rádio Nacional de Angola e a LAC – Luanda Antena Comercial, onde assinou as crónicas "Dia a Dia na Cidade" e "Recados para o meu Chefe". Os seus textos também ganharam vida nas páginas dos jornais Angolense, Cruzeiro do Sul e Semanário Angolense, sempre trazendo uma análise crítica sobre os desafios do país.
Como escritor, Mateus estreou-se com a coletânea de textos radiofónicos "Bué de Bocas", publicada em 1992, e ao longo da sua carreira literária presenteou-nos com obras como "Os Tempos de YaKalaya" (2001) e "Sobras de Guerra" (2003). Além de ter explorado temas da política e sociedade em livros como "UNITA, Que Futuro?" (2002), baseado em entrevistas conduzidas após a morte de Jonas Savimbi, Ismael foi coordenador da importante coletânea "Angola: A Festa e o Luto", uma reflexão sobre o 25º aniversário da independência nacional.
Membro fundador do Sindicato de Jornalistas de Angola (UJA) e da União dos Escritores Angolanos, Ismael Mateus deixa um legado que transcende as fronteiras do tempo. A sua contribuição para a preservação da memória histórica e a análise crítica da realidade angolana permanecerá viva através dos seus textos. Aos 61 anos, Ismael Mateus despede-se, mas a sua voz continuará a ecoar nas páginas que escreveu e nos corações dos leitores que o acompanharam ao longo das décadas.