08/03/2024
O analista político e social angolano Albino Pakisi admitiu hoje “fortes convulsões sociais” com o fim dos subsídios à gasolina e de isenções às classes profissionais em Angola, acreditando no agravar das condições socioeconómica das famílias.
Segundo o decreto presidencial ontem publicado, o ‘plafond’ dos cartões de subsídio à gasolina será removido até 30 de abril.
Albino Pakisi considerou que o processo de entrega de cartões de subsídio a taxistas, moto taxistas, pescadores artesanais e demais profissionais do setor produtivo “foi um falhanço”, porque "muitos [desses profissionais] não receberam [os cartões subvencionados]".
“Essa retirada da subvenção aos combustíveis deixa-me muito preocupado e isso pode provocar no futuro convulsões muito fortes, a menos que o Governo tenha tomado essa medida hoje e consiga em duas semanas baixar ou estabilizar os preços da cesta básica”, afirmou ontem o analista.
Em declarações à Lusa, na sequência do decreto presidencial ontem tornado público que põe fim aos subsídios à gasolina, Pakisi questionou os propósitos da medida e o papel dos conselheiros do Presidente angolano, João Lourenço, na definição das medidas económicas.
“Não percebo o que é que o Presidente da República quer fazer e onde quer chegar e o que é os seus conselheiros dizem sobre como está a situação [do país]. Porque ela está muito difícil e prevê-se aí convulsões sociais fortes e não sei qual a ideia que está por detrás disso”, insistiu.
Para Albino Pakisi, a remoção dos subsídios à gasolina deve agravar ainda mais a já difícil situação social e económica das famílias angolanas, que enfrentam a subida diária dos produtos da cesta básica.
“Sinceramente pensei que o Estado angolano fosse pensar num melhor estado social no sentido de arranjar formas de apoiar essas famílias que estão cada vez mais carenciadas e trabalhar para que a cesta básica conhecesse preços estáveis”, lamentou.
“Mas, os preços estão todos os dias a subir e o Governo vai retirar a subvenção dos combustíveis e vai retirar os cartões entregues a algumas classes profissionais?”, questionou.
O Presidente angolano, João Lourenço, deu mais um passo na retirada dos subsídios aos combustíveis ao acabar com as isenções atribuídas a algumas classes profissionais, a partir de 30 de abril, segundo um decreto publicado em Diário da República.
O Governo angolano anunciou a 01 de junho do ano passado, a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que começou pela gasolina, mas isentando algumas atividades económicas.
Fonte: ANGOLA 24 HORAS