20/11/2024
Meu marido tá em coma faz 4 anos. É errado eu seguir em frente?
Nós estávamos prestes a completar três anos de casado, ou seja, a gente tava no começo do nosso casamento, naquela coisa, naquela lua de mel.
Pra mim, três anos ainda estava de lua de mel, sabe? Sei que pra muitas pessoas o casamento não é uma coisa fácil, mas pra gente sempre foi muito tranquilo de lidar, sabe? A gente sempre foi muito amigo, então no nosso namoro a gente já era muito amigo. Então, quando a gente casou, só complementou. Só que a gente estava prestes a completar três anos de casado.
Ainda era o início, aquela convivência, ainda tinha uns conflitos de convivência, de se adaptar ao jeito do outro, né? Na questão da convivência, da organização de casa, dessas coisinhas mínimas, mas em relação à nossa convivência, a gente se dava muito bem, a gente era muito amigo. Foi quando um trágico acidente aconteceu. Ele estava indo entregar, ele era entregador, né? Freelance, às vezes, fora do trabalho dele.
E aí ele estava indo entregar uma encomenda, quando ele sofreu um acidente muito sério de moto e acabou f**ando em coma. E, gente, quando a pessoa f**a em coma, a gente sempre tem esperança de que ela vai acordar rápido. Nunca a gente pensa que vai passar anos naquela situação.
Fiquei arrasada, mas arrasada, assim, num nível que não dá para explicar para vocês como eu sofri. Ter uma pessoa em coma é como se você estivesse vivendo o luto todos os dias. A cada notícia que você recebe do hospital é como se você estivesse vivendo o luto, sabe? É como se você estivesse já sofrendo por uma pessoa que ainda, entre aspas, está viva.
E era isso que eu sentia o tempo todo, que eu estava viúva de marido vivo. No começo, não. No começo, eu tinha muita esperança, sabe? Passava os meses, eu tinha muita esperança, tipo, ele vai acordar, muita fé.
Só que foi passando o tempo e nada mudava, sabe? E os médicos diziam que ele teve uma melhora, depois ele teve uma piora, teve uma melhora, teve uma piora. E era sempre assim, a gente vivia sempre nessa corda bamba, nessa aflição. Minha sogra também sofrendo muito.
Estava muito difícil, mas eu era a esposa que convivia com ele, que sentia falta dele e me sentia sozinha a cada instante. Também não estava sendo fácil manter a casa, a gente pagava aluguel, a gente estava pagando aluguel e também pagando o financiamento do nosso apartamento que estava na planta. Então, estava muito difícil, sabe? Segurar tudo sozinha.
Quando completou dois anos que ele estava em coma, foi aí que começou a f**ar mais difícil pra mim. Aflição, fazendo terapia constante e aí quando chegou o terceiro ano, pra mim, eu já estava assim numa fase de aceitação. Sabe quando você já aceita? Igual quando realmente acredito que seja quando uma pessoa falece.
Quando você perde uma pessoa muito querida, acredito que tem esses estágios do luto, enfim, de viver aquilo que foi o que eu vivi e depois da aceitação. Então, eu já contava a história para as pessoas sem chorar, sem sofrer tanto, né? Eu fui tratando aquele assunto com um pouco mais de frieza, digamos assim, e isso estava me deixando mal, porque era como que se eu já tivesse esquecido dele, sabe?
Era como se eu já tivesse me acostumado e realmente eu me acostumei, né? E como se eu tivesse aceitado aquela situação, eu não queria isso, né? E eu queria sempre reviver aquelas lembranças boas que eu tinha com ele. Só que quando completassem três anos e pouquinho, um ex-namorado meu, assim de adolescência, sabe? Primeiro namoradinho reapareceu na minha vida e a gente se separou na adolescência, porque ele foi fazer intercâmbio.
E a gente se separou, era muito novo, enfim, não foi nada daqueles términos ruins, não. É namoro de adolescência e ele reapareceu e veio me dar conforto, né? Por tudo que eu estava passando, que ele ficou sabendo e nisso ele me fazia sempre companhia. Então, como eu estava assim às vezes meio para baixo, como a gente conversava muito, ele ia na minha casa, a gente conversava e tal.
E nisso a convivência com ele foi criando um sentimento em mim. O natural do ser humano, é óbvio, porque para mim era como se eu tivesse realmente viúva, sabe? É estranho, não dá para explicar, só quem vive. E eu sentia isso, sentia como se eu tivesse viúva e aquele sentimento por ele foi crescendo, mas ao mesmo tempo que eu me sentia viúva, eu também me sentia traindo ele, sabe? É muito estranho isso e o sentimento começou a crescer, a crescer, a crescer.
Ele se declarou depois para mim, eu não consegui levar adiante, f**ar com ele, nada. Porque para mim, por mais que eu estava sozinha, eu ainda estava casada, né? Meu marido não tem culpa do que estava acontecendo com ele, eu também não tenho culpa do que aconteceu com ele, também preciso viver, também tenho sentimentos, mas para mim ainda caracteriza como traição. O que eu devo fazer nessa situação? Gente, de verdade, eu tô perdida, eu tô mandando esse relato porque eu tô realmente perdida, eu não sei o que fazer.
Então eu queria saber de vocês, o que vocês fariam? Vocês comunicariam com a minha mãe? Tipo, tô acabando com o relacionamento, tô terminando, tô apaixonada por outra pessoa. O que vocês fariam? Seguiriam em frente quando ele acordasse, tipo, ele ainda ia estar casado com você e você ia falar, oi, tudo bem? Então, você ficou 3, 4 anos aí em coma, né? Ficou 4 anos, 5, porque, né? Ficou 5 anos, porque eu não sei quando ele vai acordar. E aí eu tô com outra pessoa agora, gente, não sei o que fazer, sério, de verdade, eu não sei.
Parece até aquele, não sei se vocês já assistiram, mas eu lembro muito daquele filme clique antigo, que tem uma parte que ele acorda e aí ela tá com o outro, né? Porque na cabeça dele ele não vivia aquele avançamento, né? Do filme, do controle, enfim. E é mais ou menos isso que eu sinto que eu vivo. O que vocês fariam no meu lugar? Vocês seguiriam em frente ou viveriam com esse sentimento pra dentro de si e largariam? Tipo, falaria pro meu amigo, ó, não dá, espera ele acordar aí, seja quando for.
E viveria esse luto até sei lá quando, eu não sei o que faço. E essa é a minha história. Curta e Comente o que Você faria no lugar so pra eu saber beijos!