21/07/2023
SAÚDE - Transplante de rim mobiliza família de Itapiranga no Amazonas
A Itapiranguense Margarida Almeida doou um dos rins para o seu filho Henrique Almeida.
Por Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – Ao saber que Luís Henrique Almeida, de 31 anos, tinha sido diagnosticado com insuficiência renal, em 2019, Margarida Andrade de Almeida, de 50 anos, decidiu fazer o que fosse possível para reverter a condição de saúde do filho. Após exames que detectaram a compatibilidade de Margarida com Luís Henrique, a mãe não pensou duas vezes: decidiu doar um dos rins para o filho. A família mora em Itapiranga (a 338 quilômetros de Manaus).
Luís Henrique não foi para a fila de transplante. A ideia da família era fazer uma busca ativa por alguém compatível com ele. Por causa da insuficiência renal, o jovem foi submetido, durante três anos, a sessões de hemodiálise, procedimento obrigatório para quem sofre da doença. No entanto, os anos de pandemia e a impossibilidade de realizar a cirurgia no Amazonas, até então, criaram barreiras para o transplante.
“Naquele momento, foi muito difícil pra gente, porque eu não esperava que o meu filho tivesse com esse problema. Ele foi diagnosticado em Itapiranga, depois, transferido para Manaus. Viemos achando que só ia ser uma consulta, tomar uns remédios e voltar para minha cidade. Mas o problema do meu filho era crônico. Nós choramos muito no Hospital 28 de Agosto e começou a minha busca para ajudá-lo”, disse Margarida Andrade.
A insuficiência renal é uma condição que ocorre quando os rins perdem a capacidade de realizar funções importantes, como regular a água do organismo e outros elementos químicos do sangue, eliminar medicamentos e toxinas introduzidos no organismo e liberar hormônios no sangue. No caso de Luís Henrique, ocorreu a insuficiência renal crônica, que é a perda parcial da função dos rins, de forma lenta, progressiva e irreversível.
A família do jovem o levou para consultas e exames em Campo Largo (SC), a fim de verif**ar a possibilidade de realizar o transplante, mas não obteve sucesso. Os exames de compatibilidade só foram possíveis este ano, quando o Hospital Delphina Aziz, em Manaus, passou a realizar cirurgias de transplante de rim. Luís Henrique foi o terceiro paciente transplantado na unidade de saúde. A operação ocorreu nesta quinta-feira (20).
“Quando surgiu o cadastro para apresentar os nomes, Henrique foi um dos selecionados. Como ele já tinha a pessoa pra tentar fazer a doação do órgão, que, no caso, seria eu, me chamaram para fazer os exames. Pra minha alegria, fui compatível. Depois, vieram as baterias de exames, e, em todos eles, o meu corpo estava apto”, disse Margarida.
Complicações
Em março deste ano, Luís Henrique ficou internado 10 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital 28 de Agosto para a retirada de uma FAV (Fístula Arteriovenosa), que é uma artéria e uma veia superficial utilizadas por pessoas que fazem hemodiálise. Luís também sofre de pressão alta e estrabismo, quando ocorre um desequilíbrio na função dos músculos oculares. Quando era recém-nascido, sofreu um derrame ocular. Os médicos acreditam que o histórico do paciente tenha contribuído para o desenvolvimento de outras condições de saúde.
Antes do diagnóstico
Luís Henrique tinha uma rotina normal em Itapiranga. Ele era locutor em uma rádio da cidade, e participava de narrações de jogos de futebol. Com o diagnóstico de insuficiência renal, precisou se mudar para Manaus, onde passou a fazer as sessões de hemodiálise três vezes por semana.
“Parou totalmente a vida dele para fazer o tratamento. Mudou radicalmente. Foi uma força-tarefa que todos nós fizemos para ajudá-lo. Meu pai, minha mãe, sempre muito unidos, para que ajudassem ele tanto financeiramente, quanto psicologicamente”, disse a irmã de Luís Henrique, Leila Almeida Sales, de 24 anos.
Recuperação
O filho ainda está se recuperando na UTI e responde de forma positiva à adaptação do novo rim. A mãe, Margarida Andrade, já consegue conversar e se prepara para receber alta. “Fiz isso pelo meu filho e faria por qualquer um dos meus filhos que estão aqui. Eu quero só que eles tenham vida. Foi a minha fé que me moveu esse tempo todo”, disse Margarida de Andrade.
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