02/12/2021
OS TERRIVELMENTE EVANGÉLICOS
"Um passo para o homem. Um salto para os evangélicos.
(...) Uma nação de 40% dessa população, que hoje é representada no Supremo Tribunal Federal"
Disse agorinha o novo Ministro do STF, André Mendonça.
Ontem, o Vereador Pastor Marcos Mayor, homem branco, passou por cima da competência legal do Conselho da Comunidade Negra em indicar o orador da Sessão Solene da Consciência Negra e indicou seu próprio orador pra defender uma versão das questões raciais que lhe agradassem mais.
O "orador solene", concessão que não encontra amparo legal, colega de igreja do pastor Marcos Mayor, é apresentado no vídeo de transmissão da cerimônia como orador oficial e foi convidado a pedido do pastor do pastor Marcos Mayor.
O orador indicado pela Comunidade Negra, Wilton Fabricio, explicou as nuances do racismo e sugeriu uma série de medidas apropriadas, fruto de um amplo debate, do acúmulo de um militante do movimento negro. Você não conseguirá acompanhar toda a fala, por que, curiosamente, a transmissão falha em muitos momentos.
Após a fala do orador legalmente constituído, o orador convidado por Marco Mayor. a pedido de seu pastor branco, disse, no uso da fala, que o racismo é pecado e por isso só tem solução em Jesus Cristo.
Transcrevo:
"ASSIM, PODEMOS CHEGAR NUMA CONCLUSÃO NESSA NOITE, QUE NÃO EXISTE NENHUMA SOLUÇÃO HUMANA PARA O PECADO. NO MOMENTO QUE ADMITIMOS QUE RACISMO É PECADO, VOCÊ TAMBÉM ADMITIRÁ QUE RACISMO É UM PROBLEMA SEM SOLUÇÃO E PRA ISSO NÓS DEVEMOS VOLTAR OS NOSSOS OLHOS PARA O DEUS CRIADOR, O DEUS QUE FEZ TUDO, O DEUS DAS IMPOSSIBILIDADES. PORTANTO, O RACISMO SÓ TEM CURA EM UM CORAÇÃO REGENERADO, ATRAVÉZ DE JESUS CRISTO."
Esses dias eu dava palestra numa escolinha e crianças de 7 e 8 anos me denunciavam que as professoras ignoravam quando eles contavam que sofriam racismo dos coleguinhas. Isso numa cidade que tem 0 programas de promoção de igualdade racial e combate ao racismo e se omite em implementar a Lei 10.639/03, que obriga as escolas de ensino fundamental e médio a ensinarem sobre história e cultura afro-brasileira.
Mas essas crianças, na lógica do pensamento apoiado por Marco Mayor, não devem ter deus no coração.
A conclusão, eu deixo pra vocês.
Via Mendes Jezebel