A colombiana, naturalizada nos Estados Unidos, tem um estilo único de junção de música, trabalhando em um pós-reggae, ou seja, o estilo com uma pitada mais amena e mais retrô, batidas eletrônicas e pop, com reflexos característicos, por exemplo, dos anos 60 e 90. Como de costume, sua visibilidade começou a chamar atenção quando seus vídeos e sua música começaram a reverberar nos mais diferentes si
tes e blogs de entretenimento, além de fazer barulho pelo estilo cute girl, misturado com a tendência bubblegum bass, que explodiu em 2014 e se tornou uma febre nos videoclipes de artistas famosas. O que diferencia Kali de outras cantoras é que mesmo com esse estilo mais clean, com cores amenas e um contexto menos feroz, ela consegue cativar pela suas canções, que são muito bem produzidas. Recentemente ela lançou o EP Por Vida, que estreou exclusivamente no site Pitchfork. O material teve produção de ninguém menos que Tyler, The Creator, Kaytranada e BADBADNOTGOOD que deram ao registro uma pitada de swag e n***a no arranjo e na costura das faixas. No material, Kali Uchis consegue ser vulnerável e passar o conceito de menina old school periférica, sem se perder no contexto, parecer piegas, ou ser clichê. Ela não é só mais uma menininha extranjeira que tenta a sorte em terras estranhas fazendo algo que desconhece. Uchis domina e bem suas canções, além de ter um domínio estranhamente brilhante em cada faixa e cada sample anexado a sua voz bastante crua, densa e profunda. Cada canção do CD parece ter sua própria identidade, sua própria vida, e mesmo assim, sem se assumir distantes uma da outra. Kali Uchis, que claramente se inspira em filmes vintages e também longas de Quentin Tarantino para a composição de seus audiovisuais, parece estar certa do que está fazendo, e está. O pós-reggae não é um estilo novo, até porque, não é muito consumido nas bordas do mainstream. Porém, com cada vez mais artistas, certos, se influenciando e trazendo sonoridades distintas, isso poderá ficar em breve muito mais comum não só para as pessoas consumidoras de canções desse foco, mas para o pop que de tempos em tempos se renova e se muta com outros estilos, trazendo uma mescla de sensações que já podem ser percebidas com a garota promessa. Apaixonada por artes de vinil, a intérprete de “Know What I Want” intercala toda a sua inspiração do que é icônico, no visual, no poder de juntar o vídeo e o áudio de uma forma agoniantemente perfeita. Falando recentemente sobre seu processo em estúdio, ela disse que é bastante simples, tudo que produz, compõe e faz soa de uma forma incrivelmente natural e não gosta de se pressionar a fazer algo que venha se parecido com os que as pessoas estão ouvindo por aí. O tipo de profissionais prediletos, segundo ela, são pessoas espontâneas que façam o que realmente se é proposto a fazer, algo cru, em um estúdio, sem todos os efeitos, e muitas pessoas auxiliando cada passo plástico em uma canção tipicamente comercial e não sentida pelas sinestesias que vão absorver cada palavra anexada com os tons e toques.