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"DEUS ESTÁ MORTO!"Este é um trecho da versão de mangá (quadrinho japonês) de "Assim Falou Zaratustra" de F. Nietzsche, l...
31/05/2024

"DEUS ESTÁ MORTO!"

Este é um trecho da versão de mangá (quadrinho japonês) de "Assim Falou Zaratustra" de F. Nietzsche, lançado em 2013 pela L&PM Pocket. Criado por religiosos, Zaratustra possui um olhar critico ao estilo de vida de sua família. Após alguns acontecimentos trágicos, assume sua dúvida em relação a existência de Deus, que para ele, foi criado pelos homens e ap***s reflete nossos medos e desejos, ou seja, nosso ego.

O alemão Arthur Schopenhauer (1788 - 1860) considerava a existência humana como uma "farsa", um grande vazio preenchido ...
07/02/2024

O alemão Arthur Schopenhauer (1788 - 1860) considerava a existência humana como uma "farsa", um grande vazio preenchido com o que ele chamava de representações. Por essas e outras, o filósofo é considerado por algumas pessoas como um pessimista.
Porém, fato é que ele foi um dos mais importantes pensadores, influenciando grandes nomes que vieram depois, como Freud, Nietzsche e Sartre, por exemplo.
Para tentar amenizar sua "má fama", separei dois trechos de sua obra "Sobre Como Lidar Consigo Mesmo", em que o autor demonstra sua referência estóica, famosa escola filosófica do período greco-romano que buscava melhores formas de lidar com as adversidades da vida:

SOBRE A TRAGÉDIA:
" No caso de um acontecimento infeliz, já ocorrido, e que, portanto, é inalterável, não se deve permitir a ideia de que poderia ter sido diferente, muito menos de que poderia ter sido evitado, pois justamente isso amplia a dor até o insuportável. Antes, deve-se proceder como o rei Davi que, enquanto seu filho estava doente, interpelava Jeová incansavelmente com preces e súplicas; quando porém seu filho morreu, deu de ombros e não pensou mais no assunto."

SOBRE A INVEJA:
" A inveja é natural do ser humano: não obstante, ela é um vício e um infortúnio, simultaneamente. Devemos, portanto, considerá-la como a inimiga de nossa felicidade e procurar sufocá-la como um demônio mau. Nesse aspecto, Sêneca nos orienta com suas belas palavras: [Alegremo-nos com nossa condição sem nos compararmos aos demais; nunca haverá felicidade para aquele que se atormenta com a felicidade alheia. Em vez de olhar os outros que estão acima de ti, imagina quantos estão abaixo.]"
(SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre Como Lidar Consigo Mesmo, pags 34 e 37)

DOSTOIÉVSKI - Razão X Vontade       Em "Memórias do Subsolo", Fiódor Dostoiévski critica duramente a ideia de que a ciên...
22/12/2023

DOSTOIÉVSKI - Razão X Vontade

Em "Memórias do Subsolo", Fiódor Dostoiévski critica duramente a ideia de que a ciência ou a fé podem determinar ou prever o comportamento humano. No trecho abaixo, o autor descorre sobre a fragilidade dos valores morais, e a incapacidade da razão de explicar os desejos e vontades do homem. A partir do segundo parágrafo, o autor extende sua crítica aos homens que se dizem puros, e que se orgulham de viver dentro de uma regra moral:

" A razão, nos fim das contas, é uma coisa boa, isso nem se discute, mas ela satisfaz ap***s a capacidade humana de raciocinar, ao passo que a vontade é a manifestação de toda a vida. Do que a razão sabe? A razão só sabe o que conseguiu descobrir, ao passo que a natureza humana age como um todo, com tudo que há nela (inlusive a própria razão), consciente ou inconsciente.
Surge constantemente, na vida, pessoas tão bem comportadas e sensatas, que tomam para si como objetivo de toda a vida comportar-se da melhor maneira possível, e fazerem de si mesmas uma luz que ilumina seus semelhantes, exatamente para mostrar a eles que, de fato, é possível viver neste mundo de forma sensata e bem comportada. E então? É sabido que muitos desses amantes da espécie humana, cedo ou tarde, nem que seja no fim da vida, traíra a si mesmos, transformaram-se numa anedota, às vezes até do tipo mais indecente.
O que se pode esperar de um ser humano? Pois bem, despejem sobre ele todas as venturas que há no mundo, afoguem o ser humano de cabeça na felicidade; forneçam a ele tamanha satisfação econômica que já não lhe reste mais nada a fazer senão dormir e comer pão de mel - e então, mesmo nesse caso, os senhores vão ver como o tal do ser humano, de pura chacota, vai fazer suas porcarias. " (DOSTOIÉVSKI, Fiódor. "Memórias do Subsolo", pag. 57, 58)

POLÍTICAS DE BEM ESTAR SOCIAL - Andersen      O sociólogo dinamarquês Esping-Andersen se dedicou ao estudo das políticas...
14/12/2023

POLÍTICAS DE BEM ESTAR SOCIAL - Andersen

O sociólogo dinamarquês Esping-Andersen se dedicou ao estudo das políticas de bem estar social, ou o "welfare state", como também é conhecida. Grosso modo, podemos resumir "política de bem estar social", como a forma que o governo de um país distribui os serviços públicos e ajuda social aos seus cidadãos. Para delimitar uma ideia mais concreta sobre o tema, Andersen desenvolveu 3 formas diferentes de bem estar social; o liberal, o conservador, e a social democracia.
Contudo, antes de expor as principais características dessas 3 formas de políticas sociais, precisamos compreender a ideia do autor sobre "mercantilização do indivíduo". Para Andersen, quanto mais um indivíduo depende do mercado de trabalho, maior é sua mercantilização. Ou seja, se o indivíduo precisa necessariamente estar empregado no mercado para manter sua sobrevivência, significa que ele está "mercantilizado".
Assim, quanto mais o cidadão precisa do mercado de trabalho, maior sua mercantilização, e quanto menos houver essa necessidade, menor sua mercantilização. Importante destacar, que para o sociólogo, não existe no capitalismo uma desmercantilização total do indivíduo, o que existe, são níveis diferentes dessa "mercantilização". Tipos de políticas de bem estar social, de Esping-Andersen:

* LIBERAL: Neste regime, as políticas públicas são direcionadas para os mais pobres, que geralmente estão excluídos do mercado de trabalho formal. Existe uma necessidade do trabalhador estar inserido no mercado, para conseguir pagar por melhores serviços sociais, como saúde e educação, por exemplo. É marcado também por uma nítida estratificação social (delimitação de classes sociais), e uma forte mercantilização da sociedade. Os EUA, assim como a maioria dos países latino-americanos, seriam exemplos de políticas de bem estar liberal.

* CONSERVADOR: No regime conservador, há uma maior intervenção do estado nas políticas públicas. É oferecido bons serviços, que são utilizados pela grande maioria da população. Normalmente, também há boa distribuição de auxílios sociais, gerando uma desmercantilização dos trabalhadores. Porém, continua existindo forte estratificação social, pois uma parcela privilegiada da população ainda consegue pagar por melhores serviços na área privada. Além disso, o modelo conservador possui certo corporativismo do estado, gerando menos liberdade de mercado. Inglaterra, França, Alemanha e outros países da Eropa ocidental, seriam bons exemplos de políticas de bem estar conservador.

* SOCIAL DEMOCRACIA: Neste regime, os direitos sociais são fundamentados na igualdade. Os mesmos serviços públicos e direitos sociais que são desfrutados pelos mais ricos, também são desfrutados pelos mais pobres. Há uma maior independência do mercado de trabalho, onde o governo exerce uma política de pleno emprego, permitindo ao cidadão decidir entre estar empregado ou receber um auxílio social. Por esse motivo é o regime menos mercantilizante de todos, porém, possui uma forte intervenção do estado na economia. Países do norte europeu, como Noruega e Finlância, são exemplos de políticas de bem estar social democrata. ( Fonte: MACEDO, Karen. "O Estado de Bem estar Social", Nucleo do Conhecimento, 18/02/2021) https://pensador-mequetrefe.webnode.page/l/andersen-politica-de-bem-estar-social/

SÓCRATES - A Riqueza e a Pobreza  Para Sócrates, era função dos governantes (guardiões, como ele chamava) combater a riq...
12/12/2023

SÓCRATES - A Riqueza e a Pobreza

Para Sócrates, era função dos governantes (guardiões, como ele chamava) combater a riqueza e a pobreza, pois de forma diferente, ambas corrompiam o homem. O filósofo explica o motivo em um diálogo com Adimanto, irmão de Platão:

" SÓCRATES - Observe bem Adimanto, se não são essas duas coisas que corrompem nossos artesãos e os tornam maus.

ADIMANTO - Que coisas?

SÓCRATES - A riqueza e a pobreza.

ADIMANTO - De que modo?

SÓCRATES - Escute bem. Se um fabricante e mercador de panelas enriquece, você acha que irá continuar a trabalhar nessa arte?

ADIMANTO - Acho que não
SÓCRATES - Não se tornará, dia após dia, sempre mais preguiçoso e negligente?

ADIMANTO - Sem dúvida.

SÓCRATES - Haverá pois, de piorar sempre como pa*****ro?

ADIMANTO - Com certeza.

SÓCRATES - Além disso, a pobreza o impede de se equipar de ferramentas ou outras coisas necessárias à sua arte. Ele produzirá trabalhos piores, e não transformará seus filhos ou quaisquer outros que ensine em bons aprendizes.

ADIMANTO - Sem dúvida nenhuma.

SÓCRATES - Logo, a pobreza e a riqueza concorrem para tornar piores os produtos de um ofício e também os próprios artesãos.

ADIMANTO - Talvez seja assim mesmo, Sócrates.

SÓCRATES - Pois bem, acabamos de descobrir outra função para os guardiões, evitar de todos os modos que esses dois males penetrem sorrateiramente no estado." (PLATÃO, A República, 2019 Ed. Lafonte p. 125-126)

IMAGEM: A avareza é representada na mitologia grega pelo rei Midas. Midas teve a oportunidade de receber uma benção divina, e tomado pelo deslumbre proporcionado pela riqueza, escolheu o dom de transformar em ouro tudo o que tocava. Contudo, logo percebeu que não podia mais tocar em ninguém, se tornando solitário e se arrependendo profundamente. Por fim, Midas consegue se livrar da maldição, e decide viver o resto de sua vida como um camponês.

ROSSEAU - Família e Ordem Social  No início da obra "Do Contrato Social" (1762), Jean-Jacques Rosseau (1712-1778) invest...
17/11/2023

ROSSEAU - Família e Ordem Social

No início da obra "Do Contrato Social" (1762), Jean-Jacques Rosseau (1712-1778) investiga a origem das relações de poder na sociedade. Segundo ele, tudo se originaria na família, única instituição natural. Porém, o grande problema é tentarmos reproduzir esse modelo, que é baseado no afeto, para todos os outros aspectos da vida, como na política, por exemplo. Ou seja, enquanto um pai de família governa seus filhos para receber em troca o amor deles, o político governa seu povo para obter poder e privilégios:

" O homem nasceu livre e por toda parte encontra-se preso a ferros. Acredita ser senhor dos outros, mas não deixa de ser mais escravo que eles. Como se produziu essa transformação? Ignoro. O que a torna legítima? Creio poder solucionar essa questão. A ordem social é um direito que serve de base para todos os outros, entretanto, esse direito não provém da natureza; ele é fundado sobre convenções. Trata-se de descobrir quais são essas convenções.
A mais antiga de todas as instituições, e a única natural, é a da família. A família é portanto, o primeiro modelo das sociedades políticas: o chefe é a imagem do pai, o povo a imagem dos filhos; e todos, nascidos iguais e livres, não alienam sua liberdade a não ser por utilidade. Toda a diferença reside em que, na família, o amor do pai pelos filhos compensa os cuidados que ele lhes dá; e que no Estado, o prazer e os benefícios de comandar substitui esse amor que o chefe não tem pelos povos."

IMAGEM: Ao falarmos em "relações de poder" e "ordem social", estamos falando em uma sociedade dividida em classes, onde algumas possuem mais privilégios que outras. O Brasil é um país fundado e estruturado de forma bastante violenta e hierarquizada. Tivemos os colonizadores e os colonizados, os senhores e os escravos, e assim por diante. Por aqui, sempre houve grupos que "mandavam" e grupos que "obedeciam". Para alguns autores, como o sociológo Jessé Souza, essas características são estruturais de nossa cultura, e ainda influenciam nossa sociedade mesmo nos dias de hoje. Nesses últimos anos, por exemplo, houve no Brasil um crescimento de grupos que admiram e até idolatram figuras autoritárias, que passaram a ocupar cargos públicos e exercer cada vez mais poder e influência política na sociedade.
A imagem é uma obra do artista ítalo-brasilero Angelo Agostini (1843-1910). Agostini viveu durante o século 19, e foi um nome importante na luta contra a escravidão, tecendo muitas críticas contra a elite brasileira e o reinado de D. Pedro II.

ROSSEAU - Família e Ordem Social

É sempre gostoso lembrar de Júlia, inconformada, desabafando durante sua confissão ao padre em "A mulher de Trinta Anos ...
26/10/2023

É sempre gostoso lembrar de Júlia, inconformada, desabafando durante sua confissão ao padre em "A mulher de Trinta Anos (BALZAC, 1842):

Em "A mulher de trinta anos", Horoné de Balzac (1799 - 1850) faz duras críticas aos valores da sociedade do século 19, em especial ao que se refere aos direitos das mulheres. No trecho abaixo, a protagonista Júlia expõe suas frustações e angústias para um padre, que compreendendo o sofrimento da mulher, tenta confortá-la através da fé:

"- Devemos senhora, obedecer a lei e os costumes da sociedade...

- Obedecer à sociedade? Ah, senhor, todos os nossos males vêm daí. Deus não fez uma só lei de infelicidade; mas ao se reunirem, os homens falsearam a obra dele. Somos nós, mulheres, mais maltratadas pela civilização do que seríamos pela natureza. A natureza nos impõe p***s físicas que os senhores não abrandaram, e a civilização desenvolveu sentimentos que os senhores enganam para se beneficiarem. A natureza sufoca os fracos, e os senhores os condenam a viver uma vida de infelicidades. O casamento, instituição sobre a qual se apoia a sociedade, faz nos sentir todo o seu peso: para o homem, a liberdade, para as mulheres, os deveres. Os senhores amaldiçoam pobres criaturas, que motivadas pela miséria, se vendem por alguns trocados à um homem que passa; contudo, encorajam a união imediata muito mais horrível de uma moça virgem e inocente, com um homem que ela mal viu durante três meses, e a vende pelo resto da vida. Oh, senhor, posso dizer-lhe tudo! O casamento, tal como se pratica hoje, parece-me ser uma prostituição legal.

- Senhora Júlia, seus discursos me provam que nem o espírito de família nem o espírito religioso a tocam...

- Será que a família existe, senhor? Nego a família numa sociedade que, na morte do pai ou da mãe, divide os bens e diz a cada um pra ir cuidar da sua vida. A família é uma associação temporária e fortuita que a morte dissolve prontamente. Nossas leis destruíram as casas, as heranças, o afeto, e o pouco que havia de bom nas tradições. Só vejo escombros ao meu redor." (BALZAC, A Mulher de Trinta Anos, 1842) https://pensador-mequetrefe.webnode.page/l/balzac-liberdade-das-mulheres/

LIBERDADE - Dostoiévski   No trecho abaixo, Ivan Karamázov, personagem da obra "Os Irmãos Karamázov"(Fiódor Dostoiévski,...
12/09/2023

LIBERDADE - Dostoiévski

No trecho abaixo, Ivan Karamázov, personagem da obra "Os Irmãos Karamázov"(Fiódor Dostoiévski,1821-1881) reflete com seu irmão, o jovem monge Aliocha, sobre o livre arbítrio. Para Ivan, a ideia de estarmos sós no mundo, totalmente livres para fazer nossas escolhas, é um dos maiores tormentos da humanidade, que busca desesperadamente livrar-se de sua liberdade entregando-a nas mãos de "ídolos", que para ele, seriam líderes ou representantes de instituições religiosas e políticas:

" Para o homem, uma vez livre, não há preocupação mais constante, mais dolorosa do que encontrar a quem adorar. Contudo o homem só deseja adorar o que é indiscutível, o que é adorável para todos, de forma unânime. Essas pobres criaturas se atormentam buscando um culto no qual todos juntos possam participar, unidos pela mesma fé comum. Essa necessidade de comunidade, de comunhão na adoração, é o principal tormento de cada indivíduo, desde o início dos tempos. Em nome desse sonho de adoração comum, eles se exterminam em conflitos e guerras. Cada povo cria o seu Deus (ou os seus deuses). Assim será até o fim do mundo, quando até os deuses desaparecerem da face da Terra. Não importa, os homens querem cair de joelhos diante de seus ídolos.
O segredo da existência está não ap***s em viver, mas também em encontrar um motivo para viver. Sem uma ideia clara do motivo de sua prória existência, prefere renunciar à vida, procurando o mais rapido possível, a quem ceder o dom da liberdade, que o infeliz recebe no momento em que nasce. " ( DOSTOIÉVSKi Fiódor, "Os Irmãos Karamázov", pags.381 e 382)

A PIOR MENTIRA - Fiódor Dostoiévski - "Os Irmãos Karamázov" Para o mestre Zózimo, a pior mentira que existe é mentir par...
01/09/2023

A PIOR MENTIRA - Fiódor Dostoiévski - "Os Irmãos Karamázov"

Para o mestre Zózimo, a pior mentira que existe é mentir para si mesmo. Ao acreditar na própria mentira, o homem perderia o respeito por si próprio, e sem respeitar a si próprio, também não respeitaria as outras pessoas. Segundo o mestre, onde não houver respeito, também não há amor... no trecho a seguir, Zózimo conversa com o depravado Fiódor Pávlovitch, patriarca da família Karamázov:

"Quem mente a si mesmo e ouve a própria mentira chega a não distinguir mais a verdade, nem em si, nem no mundo ao redor; então perde o respeito por si mesmo e pelos outros. A pessoa que não respeita ninguém deixa de amar e, para ter alguma ocupação e distração na ausência do amor, dedica-se às paixões e aos vícios. Quem mente a si mesmo, ofende a si mesmo, transformando um montículo em uma montanha, experimentando uma grande satisfação, chegando assim, ao puro e verdadeiro sentimento de ódio." (DOSTOIÉVSKI, "Os Irmãos Karamázov", pag. 69,70)

MEDO - GEORGE ORWELL  Em "Um Pouco de Ar, Por Favor!", uma das obras de George Orwell,  o aclamado autor de "1984" e "A ...
08/08/2023

MEDO - GEORGE ORWELL

Em "Um Pouco de Ar, Por Favor!", uma das obras de George Orwell, o aclamado autor de "1984" e "A Revolução dos Bichos", o protagonista George Bowling reflete sobre o modo de vida que leva junto com seus vizinhos em um bairro pobre, na periferia de Londres:

"Medo. Nós nadamos nele. É o nosso elemento. Todo mundo que não tem medo de perder o emprego tem medo de guerra, fascismo, comunismo ou algo assim. O medo terrível que algo possa acontecer nos torna psicologicamente frágeis. Todos nós nos vendemos e, além do mais, com nosso próprio dinheiro. Cada um desses pobres bastardos oprimidos dá o sangue pra pagar o dobro do preço adequado por uma casa de bonecas. Todos esses pobres idiotas morreriam no campo de batalha para salvar seu país do bolchevismo." (ORWELL George, "Um Pouco de Ar, Por Favor!", pag.21)

MEDO Em "O Príncipe" (1513), Maquiavel identifica o sentimento de medo como elemento fundamental para um líder autoritár...
21/07/2023

MEDO

Em "O Príncipe" (1513), Maquiavel identifica o sentimento de medo como elemento fundamental para um líder autoritário que pretenda se manter no poder:

" Nasce uma questão: se é melhor ser amado do que ser temido, ou se o contrário. A resposta é que é muito mais seguro ser temido. Os homens, de modo geral, são ingratos, mentirosos e dissimulados, ávidos pelo lucro, e enquanto o príncipe estiver bem, estão com ele, mas quando seus interesses não se mostram, se revoltam.
Os homens têm menos cautela ao ofender alguém que se faz amar do que alguém que se faz temer, porque o amor é considerado um vínculo de obrigação e reciprocidade, e como os homens são desgostosos e oportunistas, em determinadas ocasiões, o rompem; mas o temor traz consigo o medo de uma punição, que jamasis o abandona.
Não obstante, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que não lhe odeiem. Precisa ser ao mesmo tempo temido e não odiado. Precisa, sobretudo, abster-se de espoliar os outros, principalmente os de família nobre, pois estes se esquecem mais rápido da morte de um pai do que da perda do patrimônio." (MAQUIAVEL Nicolau, O Príncipe, pag. 72, 73)

30/06/2023

"Há uma busca desesperada por novos valores. Toda possibilidade dos sistemas mágicos, religiosos e metafísicos se econtram pulverizados, viraram sussurros da dissimulação e do medo. O Homem do presente só pode contar consigo mesmo, seu cérebro, seus sentidos, suas mãos, seus meios. Daí o encontro, cada vez mais frequente, com o absurdo. O homem moderno é o "homem absurdo", pois ele consegue contemplar com maior clareza a loucura que é sua própria existência."
(Mauro Gama, no prefácio de O Mito de Sísifo, de Albert Camus)

PRAGMATISMO E VERDADE - Richard Rorty  Para o americano Richard Rorty (1931-2007), a ideia de que existe uma verdade sól...
05/06/2023

PRAGMATISMO E VERDADE - Richard Rorty

Para o americano Richard Rorty (1931-2007), a ideia de que existe uma verdade sólida e objetiva é um mito. O próprio conceito de verdade seria uma mera representação, uma entidade linguística estabelecida culturalmente através do convívio social.
Contudo, o filósofo descarta o relativismo. Rorty se considera um pragmatista, um partidário da solidariedade, um sujeito que observa eticamente a utilidade das coisas. Para o pragmatista, não importa se algo é verdadeiro ou não, o relevante, é questionarmos se esse algo possui utilidade. E se esse algo for útil, é útil para quem? No trecho abaixo, o autor fala um pouco mais sobre pragmatismo e verdade:

" O mundo não fala. Só nós e outros seres humanos falamos. Assim, a verdade é uma popriedade das frases, já que a existência das frases depende de vocabulários e vocabulários são feitos por seres humanos.
O pragmático não defende uma teoria da verdade, muito menos uma teoria relativista. Para o pragmático, conhecimento equivale à verdade. É simplesmente um elogio feito às crenças que pensamos estar bem justificadas. Uma avaliação histórico-social de como pessoas variadas tentaram alcançar concordância sobre aquilo em que acreditam. " (RORTY, "Rorty e Educação", pg. 23, 24.)

IMAGEM: Em tempo de forte radicalização política, onde sentimentos como paixão, medo e ódio poluem o debate público, está cada vez mais difícil as pessoas entrarem em consenso. Quanto mais convicção as pessoas possuem de suas verdades, mais violento se torna o discurso. Nesse sentido, talvez o pragmatismo político seja uma ótima opção, pois tentar enxergar o mundo com a ética utilitarista de Rorty, pode ser um instrumento poderoso para se desconstruir preconceitos e verdades arbitrárias.https://pensador-mequetrefe.webnode.page/l/rorty-pragmatismo-e-verdade/

ANARQUISMO
30/05/2023

ANARQUISMO

ANARQUISMO (Proudhon, Stirner e Abbagnano)  Segundo o filósofo italiano Nicola Abbagnano(1901-1990), "anarquismo" é uma ...
30/05/2023

ANARQUISMO (Proudhon, Stirner e Abbagnano)

Segundo o filósofo italiano Nicola Abbagnano(1901-1990), "anarquismo" é uma doutrina a qual o indivíduo deve ser absolutamente livre, e que qualquer restrição que lhe seja imposta, é ilegítima. Ou seja, para o anarquista, o Estado ou qualquer outra instituição coercitiva, é sempre uma instituição ilegítima.
O nascimento do anarquismo é atribuído ao francês Pierre J. Proudhon(1809-1865). Para ele, a justiça (a ideia de certo ou errado) não pode ser imposta ao indivíduo, pois esta é uma faculdade do próprio homem, construída através do convívio com seus semelhantes. O filósofo francês defendia também que o Estado deveria ser reduzido a vários grupos, cada qual com suas funções, e que fossem administrados sob uma lei comum, igualitária para todos. Em uma de suas obras mais conhecida, "O que é a propriedade?(1840)", Proudhon afirma que a forma como a propiedade privada existe é um "furto".
Já o alemão Max Stirner(1806-1856), dizia que o homem é o único responsável pela realidade em que vive. É o homem que atribui valores e juízos a todas as coisas do mundo, portanto, subordiná-lo a Deus, ao Estado, ou a um ideal qualquer, é de uma forma geral, impossível. Para ele, todas essas entidades seriam "fantasmas", que serviriam como instrumento para alguns homens escravizarem outros. Segundo Stirner, a única forma de uma convivência social pacífica e justa, seria uma associação desprovida de qualquer hierarquia, onde o indivíduo participaria para multiplicar seu conhecimento e sua força. (ABBAGNANO, Nicola, "Dicionário de Filosofia", pags. 59 e 60)

IMAGEM: Por seu caráter anticapitalista, combate às desigualdades, e pela proximidade por questões trabalhistas, o anarquismo foi considerado uma vertente do socialismo, compartilhando vários simbolos em comum. Porém, o "A Circulado" é um dos símbolos anarquistas mais conhecido, mas não se tem consenso sobre sua origem. Alguns atribuem a um grupo de estudantes franceses da década de 1960, outros a trabalhadores espanhós, entre outras hipóteses... o fato é que o símbolo se tornou muito popular entre membros do movimento punk na segunda metade do século XX. Mesmo atualmente, algumas bandas do cenário nacional, como Ratos de Porão, Garotos Podres e Tornokrê, seguem ativas e levando consigo o ideal anarquista.

ANGÚSTIA  Normalmente associamos o sentimento de angústia à algo muito ruim. Uma sensação de vazio, tédio, e até mesmo f...
22/05/2023

ANGÚSTIA

Normalmente associamos o sentimento de angústia à algo muito ruim. Uma sensação de vazio, tédio, e até mesmo falta de significado da vida. É a angústia que nos conduz a problemas psicológicos cada vez mais comuns nas sociedades modernas, como ansiedade e depressão.
Contudo, para o filósofo alemão Martin Heiddeger, a angústia também pode significar possibilidade. Possibilidade de mudança, de exercer a liberdade e a criatividade. É a partir da angústia, que poderíamos reconstruir novos valores existenciais e objetivos para a vida.
No trecho abaixo, Mário Sérgio Cortella escreve sobre a angústia, segundo Heiddeger:

"A definição de angústia é mais sensorial do que intelectual. O filósofo alemão Martin Heiddeger chama de angústia a sensação de vazio, de oco.
Heiddeger dava valor à angústia porque, segundo ele, era a sensação do nada. Isto é, todo o sentimento possui um objeto. Alegria, raiva, saudade, inveja, dor... mas a angústia não tem. Você só a sente. Sente um vazio. O filósofo valorizava a angústia justamente por ela ser o nada, e o nada é a possibilidade plena.
Quando o sujeito tem a sensação do nada, tudo passa a ser possível. A possibilidade de escolha se dá a partir da angústia. É na angústia que reside a ideia de liberdade." (CORTELLA, M Sergio, Poque Fazemos o Que Fazemos? Pg. 114)

IMAGEM: " Horas de Angústia", de 1904, do pintor espanhol Julio Romero de Torres

09/05/2023

NECESSIDADE E LIBERDADE

" Há uma distinção muito clara entre dois reinos da vida: o da necessidade e o da liberdade. No reino da necessidade, eu não posso deixar de fazer aquilo que eu faço, senão pereço. No reino da liberdade, a vida é escolha.
Existe uma diferença entre "ser livre de" e " ser livre para". Se você não for livre da fome, da falta de abrigo, da falta de socorro médico, você não é livre para outras escolhas. Uma parcela das pessoas é livre da miséria, da penúria, da carência, e é livre inclusive para dizer " não vou ter um trabalho regular", " vou viajar".
Para ser um mochileiro, é preciso ser livre de uma série de outras restrições. Não adianta imaginar que um menino pobre da periferia de uma metrópole colocará uma mochila nas costas e viajará para a Austrália. Um garoto de família mais abastada seria capaz de fazer isso. Porque ele tem recursos, contatos, porque é privilegiado. Para o outro não há escolha, ou trabalha ou morre." (CORTELLA, Mario Sérgio. " Porque fazemos o que fazemos?", pag. 22 e 23)

26/04/2023

" Cada Estado, sob pena de perecer, deve, portanto, procurar se tornar o mais poderoso. Deve devorar para não ser devorado, conquistar para não ser conquistado, subjugar para não ser subjugado, pois duas potências similares e ao mesmo tempo estranhas uma a outra, não poderiam coexistir sem se destruírem mutuamente. O Estado é dessa forma a negação mais flagrante, mais cínica e mais completa da humanidade. Ele rompe a solidariedade universal de todos os homens sobre a terra e associa todo o resto. " (BAKUNIN, 1988, p. 96).

18/04/2023

" O homem nasce livre e em toda parte encontra-se a ferros. Toda nossa sabedoria consiste em preconceitos servis; todos os nossos usos são ap***s sujeição, coação e constrangimento. O homem nasce, vive e morre na escravidão: ao nascer cosem-no numa
malha; na sua morte pregam-no num caixão."
(ROSSEAU, Jean Jacques. "Introdução à Filosofia", Maria Lucia de Arruda Ar**ha)

No trecho abaixo, Aristóteles discorre sobre o que seria o real valor do dinheiro. Se ignorarmos o contexto em que foi e...
27/03/2023

No trecho abaixo, Aristóteles discorre sobre o que seria o real valor do dinheiro. Se ignorarmos o contexto em que foi escrito, quando o sistema financeiro ainda era algo muito distante daquilo que temos hoje, pode soar uma ideia absurda e burlesca. Mas uma análise cuidadosa do parágafo, mostra a perspicácia do filósofo grego:

" O dinheiro é somente uma ficção, e todo seu valor é o que a lei lhe dá. Mudando a opinião dos que fazem uso dele, não terá mais nenhuma utilidade, e não proporcionará mais a menor das coisas necessárias à vida. Mesmo se se tiver uma enorme quantidade de dinheiro, não se encontrarão, por meio dele, os mais indispensáveis alimentos. Ora, é absurdo chamar "riquezas" um metal cuja
abundância não impede de se morrer de fome; prova disso é o Midas da fábula, a quem o céu, para puni-lo de sua insaciável avareza, concedera o dom de transformar em ouro tudo o que tocasse. As pessoas sensatas, portanto, colocam em outra parte as riquezas e preferem (e nisto estão certas) outro gênero de
aquisição. As verdadeiras riquezas são as da natureza; ap***s elas são objeto da ciência econômica." (ARISTÓTELES, "A Política", pag.15)

IMAGEM: O rei Midas, citado acima por Aristóteles, é um personagem da mitologia grega. Midas, guiado pela avareza, ganhou o dom divino de transformar em ouro tudo que tocava. O que parecia uma benção no início, logo se mostrou ser uma maldição, pois não conseguia beber, se alimentar, nem se relacionar com ninguém, transformando sua filha acidentalmente em uma estátua de ouro.

A MÁQUINA DO TEMPO - H.G.Wells   Em "A Máquina do Tempo" (1895), um cientista inglês viaja para o ano de 802.701. Nesse ...
14/03/2023

A MÁQUINA DO TEMPO - H.G.Wells

Em "A Máquina do Tempo" (1895), um cientista inglês viaja para o ano de 802.701. Nesse futuro distante, ele descobre que a raça humana conforme conhecemos não existe mais. A Terra é habitada por duas raças que descendem de nós, os "Elóis", e os "Morlocks".
Os Morlocks seriam os descendentes da classe operária. Em um primeiro momento, os trabalhadores ocupavam periferias e favelas das grandes cidades, mas com o passar de alguns milhares de anos, foram sendo realocados para o subsolo, onde viviam em condições subhumanas, quase como animas abssais. Perderam a capacidade de enxergar na claridade, e passavam a vida operando máquinas que sustentavam a sociedade da superfície, os "Elóis". Os Elóis, ao contrário dos Morlocks vivem em uma utopia, uma sociedade perfeita onde não existe trabalho, pobreza, nem violência, e o progresso da ciência erradicou todos os tipos de doenças.
Nesta obra, o autor H. G. Wells faz claramente uma crítica para a Inglaterra de seu tempo. Um alerta sobre os riscos de uma sociedade investindo demasiadamente em ciência e tecnologia, subestimando a importância das ciências humanas:

" Partindo dos problemas de nossa própria época, parecia claro que a diferença entre capitalistas e operários era a chave de tudo aquilo. Já existe na Inglaterra de hoje, uma tendência em utilizar o espaço subterrâneo para os propósitos menos ornamentais da civilização. As nossas ferrovias elétricas, o metrô, indústrias e locais de trabalho estão crescendo e se multiplicando. Mesmo agora, os operários que moram nas periferias não vivem em condições tão superficiais que são praticamente removidos da superfície natural da Terra?
Novamente, a tendência exclusivista de pessoas ricas já está levando ao fechamento de porções consideráveis da superfície terrestre. Em Londres, por exemplo, mais da metade dos melhores terrenos estão fechados contra invasões. Então, ao longo de algumas centenas de milhares de anos, é natural que acima do solo teremos os possuidores buscando prazer, conforto e beleza, e debaixo do solo os despossuídos, os trabalhadores que continuam se adaptando às condições de trabalho. Uma vez estando lá, eles deveriam pagar aluguel, e não seria barato, pela ventilação das cavernas. Alguns deles, por serem miseráveis e rebeldes, morreriam e no final, os sobreviventes se tornariam tão adaptados às condiões da vida subterrânea, felizes com esse modo de vida, assim como o mundo superior é feliz com o modo deles." (H.G.WELLS, 1895. "A Máquina d Tempo", pag. 61 e 62)

IMAGEM: "A Máquina do Tempo" inspirou diversas expressões artíticas diferentes. Música, pintura, filmes, e até personagens de quadrinhos dos famosos Xmen. A imagem acima é de uma versão de 2002 para a telona, com direção de Simon Wells, bisneto do autor.

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