30/10/2023
Quando eu era mais jovem eu queria ser rica.
Eu acreditava que minha vida seria muito mais empolgante e espontânea se eu nunca tivesse que pensar em dinheiro.
Viajar pra onde eu quisesse, a hora que eu quisesse, sem nenhuma preocupação monetária me parecia o paraíso.
Hoje em dia eu acho que dinheiro é tipo aquele cartoon em que um cachorro corre numa esteira enquanto tenta pegar o osso que nunca vai chegar.
É só um sonho.
Ter dinheiro o suficiente pra nunca ter que se preocupar é como nos mantém motivados pra viver uma vida que não é boa.
Acordar todo dia cedo, sair correndo pra um trabalho que você não gosta, com pessoas desagradáveis e um chefe que assim como você, tá correndo atrás do osso que nunca chega.
Na minha geração até aposentadoria é mais um sonho do que um direito do trabalhador.
Uma vida inteira de... Trabalho.
Esses dias vi um vídeo de uma mocinha bem nova, uns 22 anos chorando falando que tinha acabado de sair da faculdade e tinha conseguido um emprego, esse emprego ficava em outra cidade o que significava que ela passava uma hora e meia no transporte público pra ir pra lá e depois mais uma hora e meia pra voltar. Ela chegava em casa tão cansada que não conseguia nem cozinhar, só tomava banho e ia dormir pra amanhã viver mais um dia em que tudo que ela fazia era trabalhar, pra outra pessoa colher os frutos.
Dizer que a vida que o trabalhor leva é injusta é um eufemismo gigantesco.
"Mas vou fazer o que, Ferdi, viver de brisa?" e claro que não, se todo mundo faz é porquê nos colocaram em xeque.
Ou faz ou não tem como comer, se limpar, passear ou confraternizar com a sua família e isso é outra coisa que não é vida.
Mas não precisa ser assim.
Um CEO não precisa ganhar 1000x mais que um funcionário, a ganância não é inescapavel.
A identidade pessoal de uma pessoa não precisa ter nada a ver com o trabalho dela.
Olha, a verdade é que eu cansei de sonhar em ser rica, não quero mais ser rica, quero paz, quero não querer, não dar poder ou energia pra esse sonho inalcançável e me focar nas alegrias diárias, no que eu tenho agora.
Apreciar cada momento sem projetar num futuro a possibilidade de finalmente ser feliz.