Curadoria: Rosa de Assumpção Scheel - Psicóloga - CRP/SP: 06/127561 Olá, meu nome é Rosa e sou psicóloga clínica formada há 6 anos, com especialização em psicoterapia breve, aprimoramento em casal e família e pós graduanda em psicologia forense com ênfase em perícia psicológica. Desde o início do curso de Psicologia mantive grande interesse por psicopatologia e psicanálise. Através de estudos via
artigos e livros, percebi a grande afinidade de áreas psi que existe dentro da Psicopatologia Fundamental. Foi quando resolvi publicar meus estudos e pensamentos nessa página, de forma auxiliar o meu desenvolvimento acadêmico e como pessoa. Que seja de grande utilidade à todos que, mesmo não fazendo parte do universo psi em formação, desejem compreender o psiquismo humano, tão vasto em cada singularidade. O que é Psicopatologia Fundamental:
Psicopatologia Fundamental é termo empregado, pela primeira vez, há mais de 30 anos, pelo Professor Doutor Pierre Fédida e seus associados, no âmbito da Université de Paris 7 - Denis Diderot onde, mais tarde, foi criado o Laboratoire de Psychopathologie Fondamentale et Psychanalyse, junto com um programa de Doutorado com este mesmo nome. Psicopatologia deriva-se de três palavras gregas: psychê, que produziu psique, psiquismo, psíquico; pathos, que resultou em paixão, excesso, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento e logos, que resultou em lógica, discurso, narrativa. A psicopatologia seria, então, um discurso sobre o pathos, a paixão que se manifesta no psiquismo, ou seja, um discurso sobre o sofrimento psíquico. No início do século XX, Karl Jaspers publicou Psicopatologia Geral visando descrever, de forma sistemática, as doenças mentais. Esse importante trabalho deu nome àquilo que muitos médicos faziam, principalmente na França, na Alemanha e na Inglaterra durante todo o século XIX e inaugurou uma rica tradição médica que se manifesta, até hoje, em Tratados de Psiquiatria e em Tratados de Psicopatologia Médica. Essa tradição, que muito contribui para a Psicopatologia Fundamental, está, entretanto, interessada na descrição a mais cuidadosa possível e na classificação das doenças mentais. A Psicopatologia Fundamental, não dispensando os saberes adquiridos nem pela Psicopatologia Geral, nem por outros saberes que contribuem para a compreensão do sofrimento psíquico - a filosofia, a psicologia, a psicanálise, a literatura, as artes, o jornalismo etc - não está tão interessada na descrição e classificação da doença mental como no que é vivido e expressado pelo paciente, pois baseia-se no pressuposto de que o pathos manifesta uma subjetividade que é capaz, através da narrativa, do relato, do discurso, da expressão em palavras, de transformar a paixão e o assujeitamento numa experiência servindo para a existência do próprio sujeito e, quem sabe, à medida que for compartilhada, para outros sujeitos. Levando-se em conta o pressuposto de que nenhum conhecimento especializado é capaz de esgotar a compreensão do sofrimento psíquico, as pesquisas realizadas no âmbito da Psicopatologia Fundamental visam encontrar palavras que exprimam, de forma a mais precisa e compreensiva possível, o pathos psíquico que se manifesta na clínica psicoterapêutica. Neste sentido, a clínica psicoterapêutica não segue o procedimento médico visando suprimir o sintoma com o remédio e considerar, com isso, que se produziu uma cura. Podendo utilizar o remédio como um elemento do tratamento, elemento que deixa de ser um objeto final para ser algo que possui um caráter enigmático e obscuro, a clínica psicoterapêutica, na ótica da Psicopatologia Fundamental, deve estar sempre orientada no sentido de encontrar as condições metodológicas que permitam, tanto ao paciente como ao psicoterapeuta, encontrar palavras que representem, da melhor maneira possível, o pathos que é tratado nesta clínica, pois o que se experimenta, nesta mesma clínica, é que o relato o mais preciso possível sobre o pathos produz uma transformação fazendo desaparecer o sintoma e alterando a estrutura mesma do psiquismo e até mesmo dos cérebros daqueles que estão envolvidos nessa prática. A Psicopatologia Fundamental é, então, um trabalho que visa tanto a aquisição de uma experiência inerente ao pathos, como produzir efeito terapêutico qualitativo modificando a posição do sujeito em relação a seu próprio psiquismo e, conseqüentemente, alterando sua posição e dinâmica no mundo.