09/05/2013
Fascínio ou Miopia?
Vivemos numa economia digital. Não sendo a minha área de formação base mas tentando entender um pouco o conceito, digamos que o tangível passou a intangível e novos mercados digitais, negócios e oportunidades estão perante nós e as nossas empresas. Com tanta tecnologia disponível e com negócios e produtos a aparecerem como cogumelos na Internet, vemos tendências como blogs e outros negócios digitais, aparecerem, crescerem ou definharem de uma forma incrivelmente rápida! Empresas que produzem produtos de sucesso e inovadores partilham entre si uma característica: auscultar e perceber o seu mercado. Não chega o produto ser inovador, tem de responder a uma necessidade patente nos seus (potenciais) clientes. E responder ainda, de uma forma mais eficaz e eficiente que os outros que já lá estão. Perceber o mercado, os clientes, mas também acompanhar as tendências deste. Pensemos no mundo da moda têxtil, se a tendência da estação, um padrão, é por exemplo, preto com bolinhas brancas, uma grande parte das empresas que os produzem, produzem este padrão. Uma grande parte. Provavelmente teremos outras a produzir outros padrões para alcançar as restantes pessoas, que não se revêm na tendência actual. Sem fazer qualquer juízo de valor, sobre a estratégia mais acertada (e até mais rentável), podemos dizer que empresas numa ou noutra vertente, terão a sua própria quota de mercado e razão de ser. Olhando para estas empresas que produzem fora da tendência, a Nintendo, empresa que vende consolas de jogos, complicou a sua vida ao ter simplificado. A empresa tem tido uma estratégia de consolidação do seu mercado actual, onde a interactividade com o jogador, através do movimento, atraiu no início, um conjunto de utilizadores domésticos muito apetecível. A inovação apresentada pelos seus produtos, aquando da apresentação da sua consola Wii, levou a uma mudança de regras no mercado das consolas domésticas. E depois? Depois, faltou à Nintendo perceber a tendência do seu mercado. A vertente social dos jogos, a integração com as redes sociais, os modos de jogador online, a partilha de conteúdos e todo o conjunto de novas tendências que apareceram apenas mais tarde na consola de jogos da Nintendo. Mais tarde… quando as suas principais concorrentes, a Sony e a Microsoft, já tinham lançado a sua própria versão de consola de jogos e a sua própria rede de jogadores... Com o aparecimento do Kinect, da Microsoft, jogar sem qualquer comando físico, apenas pelos movimentos do corpo, levou a uma nova dimensão todo este mercado de jogos. E não só, o Kinect foi e é ainda usado em outros contextos, onde a interactividade sem toque é importante. Salas de cirurgia, montras de lojas, carrinhos de compras que seguem as pessoas no supermercado… A Nintendo lançou há pouco tempo uma versão melhorada da Wii a que chamou Wii U disponível em 2 versões. E por melhorada, entenda-se, melhores características técnicas, Hardware mais rápido e um comando com ecrã sensível ao toque, como o dos nossos smart phones…. E o preço já baixou 2 vezes desde o lançamento! Fascínio pela tecnologia e pelas funcionalidades. Miopia pelo que o mercado quer ou precisa. Empresas fascinadas pelos seus próprios produtos, mas incapazes de perceber realmente o que seu mercado lhes pede. E já não chega a notoriedade, nem a nostalgia que certas marcas alcançam. É preciso efectivamente trabalhar para acompanhar a concorrência. Dito isto a Microsoft irá lançar a sua nova consola em breve, e ao que parece, equipou-a com projectores de vídeo para projectar o jogo fora da televisão, pelas paredes, criando um novo ambiente imersivo a 3 dimensões de jogo. F**a a pergunta no ar, será que a Microsoft se deixou levar pelo fascínio do seu produto e tecnologia ou percebeu o que seu mercado queria? O futuro dirá! Até daqui a quinze dias.