07/08/2021
POR QUE A DECISÃO DOS EUA DE VENDER ARMAS PARA TAIWAN NÃO É BOA PARA NINGUÉM? (por Zhou Wenxing, publicada na CGTN)
De acordo com o comunicado à imprensa da Agência de Cooperação de Segurança e Defesa dos EUA (DSCA - Defense Security Cooperation Agency), o Departamento de Estado americano aprovou em 4 de Agosto, a venda do Sistema de armas M109A6 Paladin e equipamentos relacionados por um valor estimado de 750 milhões de dólares para Taiwan. A primeira venda de armamento endossada pelo governo Biden.
Desde que os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com a China em 1979, com base no consenso do princípio de 'uma só China', as administrações anteriores nunca tiveram a intenção de se retirar do Estreito de Taiwan por conta de seus próprios interesses. E é exatamente por esses interesses - em termos de valor, economia e estratégia - que o governo dos EUA vem vendendo armas para Taiwan de poucos a poucos intervalos durante os últimos 40 anos.
Conforme a narrativa americana, vender armas para Taiwan "ajuda a proteger a ilha", como assim dizia o ex-presidente George W. Bush, chamando-a de "farol de democracia para a Ásia e o mundo". E quanto aos interesses econômicos, traria enormes benefícios financeiros e geraria oportunidades de emprego nos EUA.
Em nível de segurança e estratégia, as vendas de armas para Taiwan contribuem para "modernizar suas forças armadas e manter uma capacidade defensiva confiável", como indica o comunicado da DSCA, aproveitando ao máximo a questão como um "cartão estratégico" para deter a ascensão e o desenvolvimento chinês.
No contexto da competição estratégica China-EUA formado pela política externa de um congresso anti-China sem precedentes, os fatores de segurança e estratégia estão desempenhando papéis cada vez mais críticos, tudo isso alinhado com a questão de valor econômico, muito relevante para o governo dos Democratas.
Esses fatores combinados impulsionaram a decisão do governo Biden de vender armas para Taiwan em apenas menos de sete meses depois que o Democrata assumiu o poder. Mas esta venda de armas corre o risco de f**ar aquém das expectativas das elites estadunidenses, não trazendo vantagem a ninguém
Segundo a própria RAND Corporation e suas recentes pesquisas, os campos político e militar dos EUA há muito reconheceram a superioridade militar chinesa em relação a Taiwan.
A venda de armas a Taiwan não apenas é inef**az quanto a mudança estrutural no Estreito, como, por sua vez, poderá acelerar o processo de reunif**ação da ilha com o continente, apagando assim de vez a luz do "farol da democracia" de Bush.
Em Outubro de 2020, a China já impôs sanções à Boeing, Lockheed Martin e Raytheon por se envolverem em vendas de armamentos para Taiwan, o que resultou na queda dos preços das ações das três empresas, que caíram 4,4 %, 4,3 % e 3,2 %, respectivamente. Persistir com a transação comercial militar traria ainda mais prejuízo.
Em 5 de Agosto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês declarou que "a China tomará contra-medidas legítimas, resolutas e necessárias à luz do desenvolvimento da situação".
No mais relevante, a venda de armamentos certamente afetará a já gelada relação China-EUA. A experiência histórica mostra que os laços bilaterais muito provavelmente iriam deteriorar uma vez que os americanos interferissem nesta questão delicada de política interna.
Esta venda é um retrocesso na relação entre as duas potências, um golpe para os esforços diplomáticos de normalizar os laços bilaterais. Esse movimento trará ainda mais incertezas na cooperação do combate à pandemia, à recuperação das economias globais e ao combate contra as alterações climáticas. Tudo contra a ambição do governo Biden em "fazer os EUA liderar o mundo novamente".
O presidente Democrata deve medir cuidadosamente sua decisão e pensar duas vezes se tal provocação vale a pena.
A intervenção americana nos assuntos internos chineses planta sementes de ódio que poderão trazer a colheita do conflito.
Vender armas vai contra a “competição benigna com a China”, repetida incansavelmente pelo governo Biden. Agora é o momento dos EUA prezarem pela responsabilidade e palavra.