08/08/2020
Não é apenas sobre racismo, o caso do entregador de aplicativos de comida vai muito além disso, é sobre uma classe média ignorante que prega sobre superioridade e meritocracia, mas são inferiores em humanidade e desmerecedores de o que quer que tenham.
Trabalhei por aproximadamente três anos como motorista de aplicativo e vivi situações parecidas, mas não tão graves, como a que o entregador Matheus passou. Pessoas, acho que posso chama-las assim, que por deterem algum valor financeiro acreditam estar em patamares superiores, acreditam que tem o direito de humilhar e constranger um prestador de serviços, que querendo ou não está prestando um trabalho importante para a pessoa que o menospreza.
Esse problema é decorrente de uma educação que deixa a desejar e de uma linha de pensamento que trata qualquer demonstração de respeito ou de luta por igualdade como algo pejorativo, um pensamento que diz que tratar um trabalhador com respeito e pagar o valor que ele merece é coisa de comunista, o que não está totalmente errado, as palavras são precisas, mas o tom está equivocado.
Enfim, só achei importante citar esse caso aqui porque já passei por situações parecidas, situações as quais me machucaram, afinal, esse tipo de trabalho é ingrato, você está quase sempre fodido e mal pago. Independente da sua condição financeira, o respeito por quem faz a sociedade funcionar e te gera algum conforto é importante.
E definitivamente, respeitar e ser grato não é uma questão ideológica, é uma questão de humanidade.
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