21/03/2024
ESCOLA CID BOUCAULT REBATE ACUSAÇÕES DE INTOLERÂNCIA E PRECONCEITO
No dia de ontem (19) o Grupo Re-Existência promoveu uma apresentação teatral na escola estadual Cid Boucault, em Jundiapeba. A peça não pôde ser concluída pois, segundo algumas testemunhas, teria havido manifestações de intolerância por parte da direção do Cid. Segue abaixo a mensagem enviada por uma aluna da escola à página. Abre aspas:
"Temos até vergonha de sermos da escola Cid Boucault, que no dia de hoje (19) presenciamos um ato de total desrespeito por parte da direção da escola contra apresentadores de cultura africana dizendo que isso nos influenciaria a virarmos LGBTs ou mudarmos nossa religião para as de matriz africana. As escolas deveriam ser o último lugar a não ter preconceito, desrespeito, homofobia e intolerância religiosa, e a nossa foi a primeira a desrespeitar!
E sabe o que nos deixa mais tristes? A humilhação que a direção fez os artistas e apresentadores passarem pedindo para que encerrassem a apresentação, foi constrangedor até para nós alunos!
Vocês todos da equipe Re-Existência foram maravilhosos e deram o nome nas músicas, apresentações, textos em tudo, e também agradecemos à intérprete de Libras que nos apoiaram a vir aqui expor essa verdadeira humilhação que ocorreu, ver o choro de vocês doeu em todos nós. Em nome da escola queremos pedir desculpas e dizer que vocês foram incríveis!"
RESPOSTA DA ESCOLA CID BOUCAULT
Como sempre fazemos em pautas polêmicas, procuramos ouvir os dois lados. A seguir reproduzimos fielmente a nota emitida pela direção da escola Cid.
A equipe gestora da E.E. Professor Cid Boucault, vem através desta, prestar esclarecimentos aos alunos, seus pais e familiares, bem como a toda a comunidade em geral.
Esclarecemos que recebemos na escola um ex-aluno responsável pela direção do Espetáculo: “RE-EXISTÊNCIA : Uma Performance de Dança, Música e Poesia”, Neste dia o mesmo solicitou a autorização para apresentar o espetáculo na escola, autorização esta importante para que o grupo teatral pudesse receber apoio financeiro da Secretaria de Cultura de Mogi das Cruzes. Considerando a importância do tema do espetáculo (Cultura Afro Brasileira) para o desenvolvimento do ser humano na sua integralidade, bem como o pouco acesso que a comunidade tem à arte e a cultura, a gestão da escola levou a decisão para os órgãos colegiados da escola, os quais aprovaram a apresentação do espetáculo.
No início do mês de fevereiro, o diretor do espetáculo compareceu à escola para fazer o agendamento da apresentação. A gestão da escola questionou sobre a forma de abordagem do espetáculo e informou ao diretor que os alunos possuíam faixa etária entre 14 a 17 anos, portanto a abordagem deveria ser de acordo com este público . O diretor afirmou que não havia palavrões no espetáculo e que toda abordagem seria feita de forma a conscientizar os alunos sobre o tema de forma didática. Ainda disse que como ex-aluno da escola, conhecia a comunidade.
Na data de 19 de março de 2024, os artistas foram muito bem recebidos pelos alunos, gestão e todos da escola. Porém no decorrer do espetáculo, os alunos começaram a ficar muito agitados. Algumas alunas começaram a passar mal, alegando que o espetáculo agredia às suas religiões, muito alunos alegaram que estavam incomodados com os palavrões citados nas músicas, outros tantos alegaram que estavam incomodados com os artistas tirando as camisas e as calças e também com as danças extremamente sensualizadas. Grande parte dos alunos começaram a hostilizar os artistas com xingamentos e jogando bolinhas de papel. Filmaram partes do espetáculo e enviaram para os pais que imediatamente ligaram para a escola e para a Diretoria de Ensino, com inúmeras reclamações sobre a forma de abordagem do espetáculo.
Para evitar maiores conflitos e no intuito de preservar a integridade física e emocional dos alunos e dos artistas e considerando que o espetáculo, embora tratasse de um tema de extrema relevância, não estava sendo bem recebido pelos discentes, o que acreditamos ser pelo fato das abordagens não condizerem com a faixa etária deles, a gestão da escola juntamente com um grupo de professores solicitou que finalizassem o espetáculo antecipadamente.
Assim que o espetáculo foi finalizado a gestão da escola se reuniu com os artistas, se desculpou pelo comportamento dos alunos e por todo o ocorrido e explicou a eles que segundo relato dos alunos e dos professores, o descontentamento e indignação dos alunos se deve ao fato de que o espetáculo não apresentou uma abordagem apropriada para o ambiente escolar e a idade deles. E, que a abordagem não estava condizente com o prospecto apresentado à escola. A gestão da escola entende o quanto a discussão do tema é importante, porém para cada faixa etária e para cada ambiente, ele deve ser trabalhado de uma forma específica. Dentro do ambiente escolar a Arte precisa ser reflexiva!
Salientamos que a gestão da escola é apoiadora da arte e de toda luta cotra qualquer tipo de preconceito. Na escola abordamos temas sensíveis, mas sempre de forma didática e respeitando o ECA e a LDB.
Uma das participantes do grupo teatral foi extremamente agressiva com a gestão da escola. Nos ofendeu e nos desrespeitou. O que nos causou estranheza dado ao tema que o grupo aborda e ao espaço que a escola propiciou a eles. Esta mesma participante incitou alguns alunos a reclamarem da escola e propagarem o ocorrido nas redes sociais, porém com informações que não condizem com a verdade.
Como estava prevista outra apresentação do grupo no período da tarde, um professor sugeriu que o grupo considerasse alterar a abordagem do tema, tratando de uma forma mais reflexiva e que o grupo explicasse antecipadamente aos alunos do que se tratava o espetáculo, assim dessa forma só assistiria quem estivesse interessado. Porém o grupo teatral decidiu não apresentar.
Ressaltamos que em nenhum momento a gestão da escola foi desrespeitosa, ra***ta ou preconceituosa. Apoiou o grupo teatral desde o início, se solidarizou com os artistas e se desculpou pelo comportamento inadequado dos alunos. Entende a relevância do tema abordado no espetáculo. Porém, respeita e trabalha em prol da comunidade a qual a escola está inserida.