Van Tiliano

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24/01/2023

APOLOGÉTICA COMO CONFLITO EPISTEMOLÓGICO

Todo confronto apologético se concentra em questões como "Como você sabe que isso é verdade?" ou "Como essa crença pode ser justif**ada?". Isto revela que o embate apologético envolve, mesmo involuntariamente, a discussão entre duas teorias do conhecimento — duas epistemologias. A epistemologia é base para a apologética e o cristão deve ter compreensão clara e firme de sua própria posição, ou seja, das convicções cristãs relacionadas a assuntos de importância epistemológica.
"Tanto o descrente quanto o crente operam com convicções epistemológicas sobre a natureza da verdade, crença, signif**ado, conhecimento, evidência, prova, etc. (...) os crentes que defendem a fé fazem uso de noções epistemológicas, dizendo que 'cremos que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos" (Rm 10:9), que 'sei que meu Redentor vive' (Jó 19:25), que Deus 'provou' que Jesus julgará o mundo (Atos 17:31), que a 'Palavra de Deus é a verdade' (João 17:17), etc." [Greg Bahnsen, 197]
Existe um desacordo crucial entre cristão e não-cristão sobre questões epistemológicas. A condição espiritual do homem afeta a maneira pela qual ele raciocina e os padrões de conhecimento aos quais ele tenta se conformar. O cristão foi intelectualmente renovado por Deus e agora leva todo pensamento cativo à obediência de Cristo (2 Cr 10:5). Para o crente, a Palavra de Deus é fonte de conhecimento verdadeiro, crença justif**ada, enquanto para o descrente ela não é. Para o cristão, a "razão" é simplesmente uma ferramenta submissa à Revelação de Deus, enquanto para o não-cristão ela é o padrão último de conhecimento acima até mesmo de Deus. Para nós, a Palavra de Deus é a luz pela qual vemos todas as luzes, enquanto eles são luz para si mesmos.
A apologética Pactual é a única que corretamente diagnostica a dimensão epistemológica envolvida na prática apologética. Ela se reduz à compreensão — bíblica — de que o embate é entre regenerados, que foram transformados pelo Espírito Santo, e os não-regenerados, que estão em rebelião contra Deus.

16/01/2023

A Escritura ensina que o não-Cristão "suprime a verdade pela injustiça" (Romanos 1:18). Isto signif**a que a revelação geral é tão clara e autoritativa que eles se tornam inescusáveis. Contudo, os apologetas não-pressuposicionalistas insistem que devemos utilizar uma abordagem que parta de um "ponto neutro" entre cristãos e descrentes. É óbvio que, ao fazerem isto, eles estão ignorando o senhorio de Cristo e imitando o descrente na supressão da verdade. Eles estão dizendo que devemos suprimir a verdade em ordem de ganhar o não-cristão para a verdade. A autoridade final de nosso sistema Cristão -- Deus e sua Palavra -- deve ditar o método de apologética.

Tentar inferir por argumentos dedutivos ou indutivos o Deus Cristão é argumentar pela possibilidade e probabilidade da existência de Deus. Sem perceber, o apologeta que assim procede pressupõe um deus que existe abaixo de um nível metafisicamente último de possibilidade abstrata. Deus parece imerso em um ambiente de 'possibilidade' e sujeitado às condições das possibilidades. Isto signif**a que a mente humana, por meio de sua lógica, define o que é ou não possível para então decidir sobre a existência de Deus.

O método de Van Til, por outro lado, pressupõe que Deus está em um nível metafísico mais "básico", e que possibilidade e impossibilidade são definidas por Deus -- não o contrário. É Ele quem determina todas as coisas, incluindo a operação da mente humana e seus limites. As possibilidades da imaginação humana e as possibilidades ditadas pela lógica formal não têm precedência sobre Deus. Possibilidade lógica não pode ser um ponto de contato entre os sistema Cristão e os demais sistemas, porque apenas o Cristianismo torna a lógica possível.

12/01/2023

VERDADE: Correspondência ou Coerência?

Em "A Survey of Christian Epistemology", Van Til fala sobre a teoria da verdade.

De um lado, há aqueles que afirmam que nós podemos saber que um fato é verdadeiro se nós pudermos verif**ar que ele "corresponde" à realidade fora da mente. Esta é a Teoria da Correspondência.

Do outro lado, há aqueles que afirmam que nós sabemos que um fato é verdadeiro quando nós entendemos e explicamos aquele fato em relação a todos os outros fatos. Van Til usa o exemplo de uma "vaca". O que é uma vaca? Ela é um animal. E o que é um animal? É uma coisa viva -- e assim por diante. Nós podemos seguir essa linha de raciocínio para ver que nós não entendemos uma vaca, um animal, a vida, ou objetos inanimados a menos que entendamos todos estes elementos juntos e em relação uns aos outros. Esta é a Teoria da Coerência.

Estes são entendimentos não-Cristãos de Correspondência e Coerência.

Como Cristãos, nós podemos dizer que sustentamos uma teoria da verdade que tem elementos de ambas as teorias. Estamos mais próximos da Teoria da Coerência, mas nosso entendimento de "coerência" é diferente. Nós vemos o problema levantado pela Teoria da Coerência -- que não podemos conhecer uma vaca, um animal, a vida, ou qualquer outra coisa no universo a menos que entendamos tudo -- e concluímos que apenas Deus pode compreender compreensivamente qualquer fato. O homem autônomo, por sua limitação, acaba no ceticismo por não poder conhecer todas as coisas a fim de conhecer qualquer coisa. Então, se ele não pode conhecer tudo, ele não conhece nada completamente. Mas Deus, sendo onisciente, cria todos os fatos e os conhece exaustivamente.

Nós então concluímos que o conhecimento de um fato é verdadeiro e justif**ado se ele "corresponde" ao conhecimento de Deus; e se nós entendemos o fato da forma com que Deus o entende em "coerência" com todos os outros fatos.

A Bíblia revela os conceitos, os princípios universais que Deus utiliza em seu sistema divino de conhecimento de todas as coisas. Através da Bíblia, temos um acesso limitado e analógico, um mapa conceitual, pelo qual podemos conhecer a realidade em consonância com o conhecimento de Deus. Temos um acesso limitado a nível criatural, portanto, ao sistema onisciente de Deus, pelo qual podemos ter conhecimento limitado das coisas.

O conhecimento humano dos fatos é verdadeiro na medida em que se aproxima do conhecimento que existe na mente de Deus.

09/01/2023

Enquanto os demais métodos apologéticos tentam provar ao não-Cristão que o Cristianismo está de acordo com a razão e com os fatos, i.e., estabelecendo o homem como autônomo, como definidor do que é ou não possível segundo sua lógica, e como ponto de referência final de toda predicação, o método van tiliano busca demonstrar ao não-Cristão que a razão humana e os fatos precisam estar de acordo com o Deus auto-contido, auto-suficiente e auto-explanatório do Cristianismo para serem inteligíveis. Este é o método transcendental de Van Til.

Em outras palavras, o Cristão consistente deve demonstrar ao não-Cristão que apenas os pressupostos cristãos dão sentido à experiência humana. Sem os pressupostos cristãos, o descrente, se quiser ser consistente, terminará em subjetivismo ou ceticismo, inevitavelmente. O não-cristão está fadado à loucura e à tolice.

"Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. (...) Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?" [1 Coríntios 1:19,20]

30/12/2022

Descartes é o extremo oposto de João Calvino.

Descartes começa com o homem como se ele fosse suficiente em si mesmo e pudesse fazer de si mesmo o ponto de referência final de sua interpretação de si mesmo e do mundo. Descartes pensou que ele tinha uma idéia clara e distinta de si mesmo à parte de sua relação com Deus. Foi só depois de ter determinado quem ele era que ele buscou colocar-se em relação com o mundo e com Deus. Essas relações eram, portanto, relações secundárias.
Em completo contraste com essa abordagem está aquela de Calvino que também começou com o homem — e quem pode evitar fazê-lo? — mas que começou com o homem como colocado, desde o princípio, em relação ao seu Criador e Redentor. Depois desse estabelecimento de uma relação primária e imediata, Calvino procede para interpretar a si mesmo e ao mundo em detalhes. (...) Calvino insiste em dizer a si mesmo e a nós que todas as coisas (da natureza e da graça) devem, desde o princípio, ser vistas em sua relação com a história da Criação e Redenção do mundo por Deus.

[-- Van Til, "The Protestant Doctrine of Scripture", 14.]

26/12/2022

“Do ponto de vista do pecador, o teísmo é tão censurável quanto o cristianismo. O teísmo que é digno desse nome é o teísmo cristão. Cristo disse que ninguém pode vir ao Pai senão por ele. Ninguém pode se tornar um teísta a menos que se torne um cristão. Qualquer Deus que não é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo não é Deus, mas um ídolo." -- Dr. Cornelius Van Til.

24/12/2022

Van Til sobre o Evolucionismo:

O crente conhece Deus; uma mãe conhece o amor que ela tem por seu filho; um fazendeiro conhece seu gado. De que eu deveria chamar esse tipo de conhecimento enquanto distinto do conhecimento científico (ou ciência em um sentido amplo -- incluindo teologia, filosofia, etc.)? Conhecimento "ingênuo", "natural", "comum", "primal", "primário" ou o que mais? Eu sugiro que nós chamemos de conhecimento "pré-científico", desde que mantenhamos em mente que conhecimento pré-científico é básico e que a ciência tem, historicamente, bem como principalmente, sua origem em conhecimento pré-científico. De especial significância para nós é que a vida e a cosmovisão do homem (incluindo sua fé religiosa) essencialmente pertencem ao conhecimento pré-científico e formam seu conteúdo compreensivo.

Neste sentido signif**ativo, as pressuposições básicas da ciência pertencem à vida e à cosmovisão pré-científ**a do homem; a ciência obtém seu próprio sentido a partir dessas convicções pré-científ**as. Conformemente, a ciência nunca prova suas próprias pressuposições cientif**amente.

Por exemplo, o evolucionismo nos confronta com uma hoste de fatos a respeito de variações acidentais -- genéticas e mutantes bem como ontogenéticas e filogenéticas --, fenótipos e genótipos, analogias, sequências de estratos, fósseis, e assim por diante, mas ainda pressupõe, por exemplo, a autonomia do pensamento, uma concepção positivista (ou neo-positivista) dos fatos, uma dinâmica universal de continuidade de causas, um direito à generalização universal e extrapolação e que a natureza deve ser totalmente explicada pela natureza, apenas. Estas pressuposições não podem ser provadas cientif**amente, mas sem elas o evolucionismo cai em pedaços; e o evolucionismo deve parecer para aquele que não aceita tais pressuposições como sendo uma grande especulação virtualmente comparável com o sistema especulativo de Hegel. Estas excluem, desde o começo, nossas (biblicamente fundadas) pressuposições Cristãs; elas não são neutras (...)"

Dr. Cornelius Van Til, "Jerusalem and Athens", p.50.

23/12/2022

A incompatibilidade entre a metafísica aristotélica e a metafísica genuinamente cristã.

"Então, por exemplo, Aristóteles fala da natureza do ser em geral e afirma que ele é analógico em caráter. Ele introduz a distinção entre tipos de ser, tais como ser divino e humano depois que ele fez certas afirmações sobre a natureza do ser em geral. Mas fazer afirmações sobre o ser em geral constitui, por implicação, ao menos, um ataque a auto-contida e portanto única natureza do Ser de Deus. Uma posição é melhor conhecida pelas mais básicas distinções que ela faz. A mais básica distinção do Cristianismo é aquela do Ser de Deus como auto-contido e do ser criado como dependente d'Ele. O Cristianismo está comprometido, para o melhor ou para o pior, com uma teoria da realidade ou do ser de duas camadas. Todas as teorias não-cristãs do ser chamariam a posição do teísmo cristão de dualista. (...) Do ponto de vista cristão, todas as outras formas de teoria metafísica sustentam uma suposição monista."

-- Van Til, Christian Apologetics, p. 15.

14/12/2022

O argumento apologético van tiliano contra o anti-cristianismo pode ser resumido desta forma: "Tudo, absolutamente tudo, pressupõe a existência de Deus e sua revelação".

Ciência, matemática, história e todos os campos do conhecimento humano são possíveis porque Deus existe e está por trás de sua existência, sentido e propósito. A experiência humana, em seus mais mínimos detalhes, é evidência da existência de Deus.

02/12/2022

DÚVIDA COMUM: Van Tilianos acreditam que descrentes não sabem nada e que não podem fazer contribuições úteis para a cultura?

Greg Bahnsen: "De forma alguma. O homem autônomo não pode dar conta de forma inteligível, coerente ou signif**ativa de como ele é hábil para saber qualquer coisa ou para cumprir qualquer coisa culturalmente. A falha do descrente é uma falha racional ou filosóf**a em dar sentido ao conhecimento, moralidade, beleza, etc. Mas porque o descrente não é realmente o que ele pensa que é - e o mundo não é o que ele quer que seja - ele pode, dentro do mundo de Deus, como uma criatura feita na Imagem de Deus, fazer progresso intelectual e cultural. Van Til sustentou que 'a respeito dos produtos culturais daqueles que não são cristãos, nós seguiríamos Calvino ao atribuir isto à graça comum de Deus que trabalha neles. É verdade, o homem natural não está cego em todos os sentidos. É verdade, ele não é tão mau quanto ele poderia ser e quanto ele será um dia. Ciência moderna, tão longe quanto foi carregada por aqueles que não são cristãos, fez descobertas maravilhosas sobre o verdadeiro estado de coisas no mundo fenomenal. Mas toda a questão... é que a menos que houvesse graça comum de Deus não haveria a descoberta de qualquer verdade e nenhuma prática de bondade entre aqueles que não são nascidos de novo.' (...)

Isto indica que o descrente tem na verdade trabalhado e pensado em termos de duas cosmovisões conflitantes - uma que ele confessa abertamente e que é autônoma em caráter, e outra que ele não quer reconhecer, mas que torna possível [para ele] fazer sentido da linguagem, matemática, ciência, história, lógica, ética e tudo o mais em sua experiência e raciocínio." ("Van Til's Apologetics", p. 174-175)

12/11/2022

INTRODUÇÃO A VAN TIL (24):

O Ponto de Partida do Conhecimento

Na empreitada pelo conhecimento, é necessário que haja um contato signif**ativo entre o sujeito e o objeto do conhecimento.

Seres humanos são seres finitos e nós somos limitados de muitas maneiras. Por causa dessa finitude, nós só podemos estar conscientes de poucos fatos em um mesmo momento. Como resultado, então, em ordem de conhecer qualquer coisa, nós precisamos começar de algum lugar. Porque somos finitos, ainda, não podemos alcançar todos os fatos ao mesmo tempo; nós precisamos construir vagarosamente nosso edifício do conhecimento. Um "ponto de partida", portanto, é indispensável.

Podemos argumentar este ponto de outra forma: se tivermos de destacar um certo fato que afirmamos conhecer e nos perguntarmos como o conhecemos, nós teríamos de nos referir a outro fato. Vemos que esta cadeia de fatos não pode seguir indefinidamente, pois, do contrário, nada poderia ser conhecido. A cadeia de fatos, então, deve terminar em algum fato, crença ou princípio fundante - algum ponto de partida para o conhecimento.

Há muitas desavenças sobre o que tal ponto de partida deveria ser. O que alguém considera como seu ponto de partida definirá sua visão de conhecimento. Não é surpresa que cristãos e não-cristãos têm diferentes respostas para a questão de onde nós deveríamos começar a construir nosso edifício de conhecimento.

Precisamos distinguir dois sentidos para o termo "ponto de partida". Ele pode ser usado tanto no sentido temporal quanto no sentido lógico. Um ponto de partida temporal se refere ao lugar de onde começamos cronologicamente. Em termos de ordem temporal, isso denota o que vem primeiro. Um ponto de partida lógico, contudo, refere-se àquilo que é logicamente primitivo ou fundacional em nosso sistema de conhecimento. Um ponto de partida lógico seria onde a cadeia de justif**ação (de fatos entre si) termina; ele não é logicamente justif**ado por nada. Quando estamos buscando por um ponto de partida adequado para o conhecimento, nós estamos preocupados com a ordem lógica, não a ordem temporal. Estes dois não são necessariamente os mesmos.

O crente e o descrente têm diferentes pontos de partida. O cristão começa com Deus enquanto o descrente começa com o homem. Mais especif**amente, na visão cristã, a revelação divina funciona como fundação para o conhecimento. Toda a empreitada epistemológica do homem é sustentada dentro do contexto da revelação. Deus voluntariamente revelou-se ao homem e é esta Revelação que torna o conhecimento humano possível. Sem a auto-Revelação voluntária de Deus, o homem não pode tirar sua epistemologia do chão. Deus revela-se na própria natureza e constituição do homem, no mundo em que o homem habita e na Escritura. Dessarte, a própria experiência e existência do homem colocam-no em contato epistemológico constante com Deus. Ao conhecer-se a si mesmo, o homem conhece Deus; em conhecendo Deus, ele conhece o mundo de Deus. Deus e sua Revelação, portanto, para o cristão, são logicamente primários; eles são o ponto de partida lógico desde que eles não são eles mesmos logicamente suportados por quaisquer outras crenças.

O descrente, contudo, começa com o próprio homem. Ele começa, epistemologicamente, com a auto-suficiência de sua própria mente para adquirir conhecimento. Ele começa com sua própria experiência e com os poderes da razão para então prosseguir na tentativa de adquirir conhecimento do mundo. De acordo com esta filosofia, nem sua própria mente nem o mundo são controlados por Deus. Ele não depende de qualquer revelação divina. A cadeia de justif**ação termina consigo; nada é mais logicamente primário do que sua própria mente ou experiência. Ele pode irradiar um ar de humildade epistêmica, admitindo que suas ferramentas de percepção e razão estão ocasionalmente em erro, mas, no fim da análise, ele ainda se apega à habilidade de sua própria mente para adquirir conhecimento do mundo sem o auxílio de Deus.

11/11/2022

Ao citar um poeta grego em Atos 17:28, Paulo não estaria validando algo da filosofia grega ou, no mínimo, estabelecendo um ponto de contato?

De acordo com Van Til, não, porque a filosofia estoica queria dizer coisas que são inaceitáveis para o cristianismo. Quando Paulo validou os poetas, ele estava implicitamente acrescentando uma nuance a eles, re-signif**ando aqueles versos.

"Nesse momento, os homens que ouviram Paulo sabiam que ele não pretendia dizer a mesma coisa que seus poetas quando afirmaram que os homens vivem, movem-se e existem em Deus, e que os homens são geração dele. Os estoicos, ao se valerem dessas expressões, queriam afirmar que os homens formavam em essência o todo com Deus: eles diziam que os seres humanos são, por virtude do intelecto, participantes na divindade. O intelecto humano, participante na divindade, não pode pecar. O intelecto do homem pode cometer erros porque é finito; todavia, não pode estar errado em seus propósitos.

Assim, Paulo lhes anuncia que se seus poetas disseram algo certo, pelo menos na medida respeitante às palavras; contudo, eles deveriam ter colocado, nessas palavras, um signif**ado diferente. Caso tenham dito algo verdadeiro e correto, disseram-no apesar de os sistemas deles não serem corretos. Eles não poderiam dizer o que é correto de acordo com seus sistemas, mas só a despeito deles. Isso decorreu da estrutura do universo proclamada por Paulo, quando lhes anunciou o Deus conhecido na consciência deles, mas desconhecido segundo os sistemas por eles professados: o Criador e Governador do universo. Eles poderiam até afirmar a verdade acerca de partes do mundo ou do mundo todo. Mas isto eles poderiam dizer apenas de forma acidental. Dito de outro modo, estaria em conformidade com o que eles, bem no fundo de seu coração, sabiam ser verdade a despeito de seus sistemas. Era a verdade que eles buscavam encobrir mediante os sistemas que professavam, que lhes possibilitava, como filósofos e cientistas, descobrir a verdade. Apegar-se-ia Paulo, por um instante que fosse, ao que os estoicos queriam dizer quando falavam do homem como geração de Deus? Não mais do que se apegaria ao que pretendiam os construtores do altar ao Deus desconhecido. Se ele se apegasse a um também se apegaria ao outro. Ambos estavam envolvidos entre si, e caso Paulo se apegasse a um, não poderia mais anunciar Jesus e a ressurreição."
--Van Til, "Paulo em Atenas".

09/11/2022

"Alguns escritores entendem uma pressuposição como sendo uma mera hipótese, suposição ou postulado - uma crença escolhida arbitrariamente, sem base racional. Este não é o entendimento de Van Til, e ele não deve ser assumido em discussões sobre o holandês. Para Van Til, pressuposições cristãs têm a base racional mais sólida, a saber, a revelação de Deus. Inclusive, pressuposições cristãs são mesmo comprováveis em certo sentido, (...) Nem Van Til usa "pressuposição" para se referir a uma hipótese adotada para consideração, como faz, por exemplo, Edward J. Carnell. Para Van Til, pressuposições são categóricas, não hipotéticas. Nem nós deveríamos enfatizar o "pre-" em "pressuposição" para sugerir que pressuposição deve ser em algum momento anterior a todo os nossos outros conhecimentos. O "pré" em "pressuposição" refere-se à "pré-eminência" da pressuposição com respeito às nossas outras crenças. Van Til diz, "A consciência do "eu"(self) e dos objetos pressupõem a inteligibilidade da auto-consciência de Deus. Afirmando isso, nós não estamos pensando em prioridade psicológica ou temporal. Nós estamos pensando apenas na questão de qual é a referência final de interpretação."

Ocasionalmente se pergunta, Como podemos esperar que as pessoas pressuponham a Revelação de Deus antes de virem a acreditar n'Ele? As respostas são: (1) Todos conhecem Deus em virtude da Revelação Natural (Rm 1).[1] Aqueles que escolhem não crer n'Ele fazem-no contradizendo seu próprio conhecimento. (2) Mesmo se pressupondo que Deus requeresse conhecimento em adição ao que já temos, a ausência desse conhecimento não invalidaria a obrigação de pressupor Deus. Antes, essa obrigação implicaria uma obrigação maior de ganhar conhecimento adicional. (3) Mesmo que a condição de pressupor a revelação de Deus fosse impossível de ser seguida, o fato não invalidaria essa verdade. O Calvinismo tipicamente ensina que Deus comanda o que o homem depravado não consegue fazer apartado da graça."

[John Frame, "Van Til: An Analysis of His Thought", 110.]

"Alguns escritores entendem uma pressuposição como sendo uma mera hipótese, suposição ou postulado - uma crença escolhida arbitrariamente, s...

08/11/2022

https://van-tiliano.blogspot.com/2022/11/distincao-criador-criatura-o-fulcro-da.html

"O conhecimento que Deus tem é "arquetípico". Seu ser é conhecimento. Deus não conhece as coisas passivamente, mas ativamente e eternamente, porquanto as criou. Deus não pensa proposicionalmente, porque Ele não precisa. Deus conhece-se a si mesmo absolutamente e conhece absolutamente todas as coisas.

O conhecimento humano, por outro lado, é finito e chamado, desde antes de Turretini, Hodge, Bavinck, e outros, até Van Til, de "ectípico". O ser humano conhece tudo de forma limitada e qualitativamente inferior quando comparado a Deus. Isto signif**a que, embora nosso conhecimento seja verdadeiro, ele não é exaustivo como o de Deus é. [Arquetípico e Ectípico são termos escolásticos.]"

Uma das maiores preocupações de Van Til era manter a distinção entre Criador e criatura. Deus é imutável, infinito, eterno, sabedoria, verda...

08/11/2022

INTRODUÇÃO A VAN TIL (23):

Leis da Natureza; Tentativas de Fuga do Não-Cristão

O não-cristão pode tentar escapar da indeterminação em seu sistema apelando para leis da natureza, pois estas proveem a necessidade e determinismo necessários na história. Leis da natureza imporiam restrições aos eventos que podem ocorrer. Dado um conjunto de pré-condições e eventos, as leis da natureza tornam necessária a ocorrência de certos eventos. Destarte, ordem seria restaurada na história e pura contingência não seria mais um problema. O descrente, então, estaria habilitado a defender alguma forma de determinismo causal.

Como mencionamos antes, o acaso surge a partir do impersonalismo na história. Este impersonalismo não é neutralizado pela asserção de leis na natureza. Nós precisamos perguntá-lo o que exatamente são estas leis da natureza em seu sistema. Nós deveriamos apontar que estas leis, o que quer que elas sejam, também são CONTINGENTES. Ou seja, as leis da natureza PODERIAM ser diferentes do que são e elas definitivamente não precisariam existir de forma alguma. Parece, então, que as leis da natureza, no sistema não-cristão, estão sujeitas à influência da possibilidade abstrata. O descrente, portanto, falhou em erradicar pura contingência de sua cosmovisão. Ele apenas apelou a outra coisa contingente. Como pode uma coisa contingente impor necessidade? Se leis da natureza são contingentes, elas não podem prover o "dever-ser" necessário na história. Assim sendo, indeterminação e acaso permanecem.

Se leis da natureza salvam a filosofia não-cristã do indeterminismo, então seu lugar na história deve ser prescritivo ao invés de descritivo. Elas devem colocar limites no que é ou não possível na história. Elas devem ditar o que deve e o que não deve ocorrer. As leis da natureza devem, essencialmente, tornar-se princípios absolutos e necessários. Isto concederia às leis da natureza um tipo de governo sobre toda a realidade. Contudo, se combinamos isto com o impersonalismo último (de "ultimação") na cosmovisão do não-cristão, então nós chegaríamos a uma força absoluta e impessoal - como "destino" e "providência" - governando a história. Mas isto coloca o não-cristão no mesmo problema do qual ele tentava escapar. Ele apenas mudou o nome de um governador impessoal da história de "acaso" para "leis da natureza". Ele pode argumentar, neste caso, que ordem e determinismo são preservados. Estamos falando, então, de "determinismo impessoal".

Nesta visão, forças impessoais como as leis da natureza, ao invés de Deus, proveem a necessidade necessária para dispersar a pura contingência da história. Não obstante, esta visão é muito menos determinista do que é FATALISTA. Terminaríamos com uma visão do mundo como uma máquina que opera sob a orientação de forças cegas impessoais. Em efeito, o que o descrente fez foi tornar seu determinismo forte demais. O não-cristão f**a, por tudo isto, preso em um dilema similar ao problema do Um e dos Muitos. Ele está comprometido com a ausência de leis, puramente contingente indeterminismo, ou, por outro lado, com rígido fatalismo mecânico. Em ambos os casos, ele está comprometido com impersonalismo na história.

08/11/2022

INTRODUÇÃO A VAN TIL (22):

Metafísica do Acaso / Parte 3

Grandes são os problemas que surgem do compromisso que o não-cristão tem com o acaso e com a indeterminação na história. O problema mais óbvio é que a pura contingência dos fatos históricos conduzem ao caos. Deixa de existir qualquer coerência, ordem ou uniformidade na história. Isto porque, se a história é indeterminada, e não existe um curso de eventos na história, qualquer coisa é possível. Esta é a possibilidade abstrata que discutimos. Já que a ideia de pura contingência implica total contingência e exclusão da necessidade, a ocorrência de qualquer evento não é feita necessária pelos eventos precedentes. Se um evento ocorre, há um número infinito de eventos possíveis que podem ocorrer. Destarte, dada a pura contingência, nenhum evento é feito necessário pelo evento precedente, e literalmente qualquer coisa pode acontecer. Isto quer dizer que se chutamos uma bola de futebol, ao invés de ela cair no gol, ela pode transformar-se em um papagaio, ou aparecer em Plutão, ou pode acontecer um número indeterminado de eventos possíveis. Tal é a loucura do descrente. Nenhum evento tem relação com outros eventos.

Com isto, voltamos ao problema dos "fatos brutos" discutidos anteriormente. O sistema do não-cristão é marcado por uma desconexão entre os objetos do conhecimento. O descrente é deixado com o caos total na história. Não existe ordem ou predicabilidade - tudo pode acontecer na metafísica do acaso.

Outro problema é aquele do mistério último (de "ultimação"). Mistério último é basicamente ignorância em escala global. É ignorância que nasce não apenas da limitação epistêmica do ser humano, mas da incognoscibilidade da realidade. Porque tudo é possível e não há necessidade em eventos da história, segue-se que a realidade é ultimamente misteriosa. Se possibilidade abstrata é o caso, e possibilidade é indeterminada, segue-se que ninguém (nem Deus nem o homem) sabem o que vai ocorrer na história. Isto porque ninguém sabe o que é ou não possível. Se conhecimento infalível da possibilidade fosse acessível a qualquer pessoa, este conhecimento determinaria possibilidade, mas este não pode ser o caso, desde que possibilidade abstrata implica mistério último. Semelhantemente, se conhecimento infalível do que aconteceria na história estivesse disponível para qualquer um, este conhecimento determinaria e tornaria necessários certos eventos. Novamente, este não pode ser o caso.

Em tal ambiente, nada pode ser conhecido. Desde que a história é indeterminada, e que não há conexões necessárias entre os eventos, fatos totalmente novos podem surgir. Fatos totalmente novos são fatos que não pertencem a qualquer sistema de fatos anterior. Eles são "novos" porque eles não são previamente conhecidos por ninguém. Mas dada possibilidade abstrata e pura contingência, estes fatos totalmente novos podem ser qualquer coisa. Tal cenário impediria a organização de um sistema de conhecimento. Todo fato seria discreto e individual. Se ninguém tem conhecimento da natureza da realidade última - do que é possível e do que a história trará à existência - então conhecimento realmente é impossível.

Graças a essa desconexão entre eventos na história causada pela pura contingência, a noção de causação se torna ininteligível. Causa-e-efeito representam um tipo de relação entre eventos, mas tal relacionamento é impossível na visão de história do não-cristão. Se nós assertamos acaso e pura contingência, um evento não pode ser a causa de outro. Na melhor das hipóteses, o que nós experimentamos é uma sucessão de eventos. Causação implica uma necessária conexão entre causa e efeito. Mas como notamos, dada a pura contingência, não há qualquer forma de necessidade na história. Assim sendo, o descrente não pode extrair regras de eventos incausados. Coisas podem vir ou cessar de existir aleatoriamente sem causa e sem explicação.

Pensemos nas consequências disto para a empreitada da ciência. Conhecimento científico torna-se impossível. Todo o esforço da ciência é fundado sobre a realidade de regularidades e relações de causa-e-efeito no mundo. Com a metafísica do acaso, porém, não existem tais regularidades; tudo é caótico e desconectado. O descrente não tem qualquer base para a uniformidade da natureza. A uniformidade da natureza é o princípio que relações causais uniformemente através do universo, ou que o futuro conformar-se-á ao passado em aspectos relevantes. Este princípio é diretamente contradito pela visão não-cristã do mundo. Por causa de seu compromisso com o acaso, o descrente não pode afirmar causação, ciência ou uniformidade na natureza. Ele é deixado com o caos.

O resultado disto é que o descrente não pode ter qualquer conhecimento do mundo. O problema dos fatos brutos aparece novamente. Desde que o mundo é caótico e cada evento na história é totalmente não-relacionado a todos os outros, não há meios para fazer sentido de fatos individuais e eventos experienciados. O melhor que o não-cristão pode fazer é impor ordem em um mundo inerentemente caótico. Mas isto não equivale a obter conhecimento porque ele não pode, com os poderes de sua mente, legislar a realidade. Dada a natureza caótica do universo, nada pode ser aprendido. Quaisquer relações aparentemente adquiridas seria inúteis no próximo segundo dependendo do que o acaso decidir trazer à existência. Desde que não existe plano pessoal ou propósito por trás da história, o mundo torna-se inerentemente misterioso. Tentar obter conhecimento do mundo torna-se futilidade.

O descrente também perde toda a fundação para raciocínio probabilístico. Dada a pura contingência, tudo é possível. E se tudo é possível, nada é mais provável do que outra coisa. Todo evento, não importa quão absurdo, é igualmente possível de vir a existir em um mundo de acaso. Ninguém pode raciocinar a partir dos fatos. Nada pode servir como evidência de nada.

Por tudo isto é que Cornelius Van Til alega que a o não-cristão, quando tenta usar evidências para provar a inexistência de Deus, na verdade está sendo incoerente com seus próprios pressupostos. Van Til afirma que apenas o cristianismo provê a base para o uso de evidências e para que a própria ciência seja possível.

O descrente, é claro, é inconsistente. Mesmo diante do abismo completo advindo de seus pressupostos, ele tentará de alguma forma manter a existência de ordem e coerência no universo, mas falhará inevitavelmente. A menos que o não-cristão aceite os pressupostos cristãos, ele não possui base para explicar a própria experiência cotidiana.

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