10/08/2025
ZECA PAGODINHO CEDE TERRENO PARA HORTA QUE VAI PRODUZIR ALIMENTOS PARA QUEM TEM FOME
Por uma estrada afora em meio a áreas verdes e casas simples, Zeca Pagodinho sobe em seu quadriciclo vermelho e percorre cerca de um quilômetro entre seu sítio em Xerém, distrito de Duque de Caxias, e um terreno de oito mil metros quadrados, colorido por folhas de alface-roxa e coentro, assim como pés de fruta.
Mas nada de bagaço da laranja, como diria a música. De sandália e meia nos pés, ele caminha pela terra molhada e até prova algumas folhas de rúcula em seu novo quintal, a Horta Urbana Xerém I, que alimentará famílias na região que escolheu como refúgio.
A propriedade foi cedida pelo cantor para o projeto iniciado antes de a notícia da saída do Brasil do Mapa da Fome repercutir. Depois do feito, ainda é preciso combater a insegurança alimentar. Aos pés da Reserva Biológica do Tinguá, na terra cercada por arame farpado, trabalharão agricultores que, além do salário, serão beneficiados com os primeiros alimentos da horta.
De início, dez famílias serão assistidas. A ação conta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e de emenda parlamentar da deputada federal Benedita da Silva, além da mão de obra de agricultores formados pelo Instituto Zeca Pagodinho (IZP), em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio e a Embrapa. A proposta é que, com o tempo, creches, escolas públicas e mais moradores de Xerém em vulnerabilidade social colham e comam os frutos dessa ideia.
Na horta — uma das ramificações do projeto Guardiões da Mata, conduzido pelo IZP, que também tirará do papel planos de reflorestamento e de um banco de sementes —, mais de 11 mil mudas de hortaliças e 50 espécies de árvores frutíferas já foram plantadas. A lista inclui abóbora, beterraba, espinafre, limão, maracujá, mas tudo organizado, sem a grande confusão da “Dona Cebola” invocada “com o Seu Pimentão”, como cantava Jovelina Pérola Negra em “Feirinha da Pavuna”. A projeção é que, quando estiver com plena produção, a horta comunitária gere 40 toneladas de alimentos por ano, incluindo milho, um dos ingredientes do Xerém, prato da culinária nordestina.
— Quando chegamos (a Xerém), era tudo barro. Tinha bem poucas famílias. Muitas vezes vi as pessoas passando necessidade. Quando estou aqui, não tem isso. Já viu o tamanho das panelas de comida? Para todo mundo que entra aqui (no sítio), eu pergunto: “Já almoçou?” Pobre, rico, polícia, malandro... — diz o cantor e compositor.
Cerca de 11.100 mudas plantadas, como: abóbora italiana, acelga, alfaces, beterraba, brócolis, escarola, quiabo, rúcula e salsa
Mais de 50 mudas de frutas plantadas, como: acerola, araçá, carambola, grumixama, jabuticaba, laranja Bahia, manga Palmer, e tangerina Pokan.
Projeção de produzir até 40 toneladas de hortaliças, legumes e frutas por ano (Capacidade de 3 a 5kg/ m²/ ano, com base em cálculo do relatório sobre agricultura urbana da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - FAO).