28/10/2022
[Português abaixo ⬇️]
🇺🇸 On March 1, 2022, in a historic achievement for human rights, it was evaluated and decided by the Constitutional Court of Colombia that the National Identity Document (DNI) should include, in addition to 'male' and 'female', the marking of 'non-binary' gender. The Constitutional Court then established that "non-binary people (...) may opt for this category with the same guarantees as those who officially identify themselves as binary."
But who's behind this true social movement?
Daniela García Pulgarín, 41, born in the department of Quindío, is non-binary, worked in hair salons for 15 years and had the chance to live her big dream by getting into university and graduating with honors in 2014, becoming a political scientist at the Universidad Nacional. Currently, through a scholarship, she's a master's student in Education and Human Rights at the Universidad Autónoma Latinoamericana, in the capital Medellín.
In June last year, Pulgarín filed a lawsuit in which she demanded the s*xual tag ('F') to be removed from her documents or replaced by an 'X'. But it was only this year that the Court ruled in her favor and demanded that the 'NB' (non-binary) mark be incorporated into her birth certif**ate and DNI, in addition to the regulation of rights, services and obligations "that find in s*x or gender an allocation criterion" to specify the conditions under which non-binary people can access them.
On her personal process and motivation for making her non-binary identity official, Daniela affirms it all started with her master's thesis, using its theoretical tools along with her personal experience to build the argument for the lawsuit.
"It all starts with my master's thesis. I used this as an argument, it has part of my life experience and these theoretical tools. In the thesis I reflect on how at a given moment I do not recognize myself as a man and experience the idea of the feminine (wearing clothes considered feminine and putting on prostheses). After understanding that what we call feminine also forces me to have to be in a certain way, there was a moment in my head that it didn't make sense anymore, that I didn't want to see myself as a woman or a man, so I wanted to propose something different. People like me have to fight a lot."
Pulgarín talks about the difficulties she has in going to the medical service and requesting a simple prostate exam and this being refused due to her gender being female in the documents and the exam being exclusively for males. In addition to a series of job exclusions due to company policies.
Against the current, Pulgarín precisely finds in non-binarity the freedom to question the pre-established rules of the "cis-tem", to provoke discomfort and reflections when wearing signs related to what is perceived as feminine - when they expect the opposite from her. The removal of her breast implants and the suspension of hormonal treatment, which she had been taking for 20 years, symbolizes the breaking of chains.
"I realized that having a pair of breasts means prison by all means. The only feeling I have of having had implants in my life experience was feeling tied down and disappointed by so much violence against women and the feminine. Throughout my process, when I was guided by this idea of transition to being feminine, not only did I wear heels and makeup, but also (...) I stopped growing body hair, now (...) I'm getting hair on my legs, hands, facial hair. And I don't care, I feel very good this way, very calm.
Non-binary aesthetics is the subject of a series of collage paintings produced by the political scientist based on her thesis, which she intends to exhibit in order to address violence against transvestites in Latin America. Among her next plans is a new master's degree in Gender Studies in Spain.
On her achievement for the human rights of her country, Pulgarín declares that she's feeling "(...) very happy, complete, because she understands that this demand is something much bigger than herself, that it can be a different scenario for the lives of other people who also feel uncomfortable with this restricted system."
Sources: Advocate / El Colombiano / RCN Radio
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🇧🇷 1. No dia 1° de março de 2022, em uma conquista histórica para os direitos humanos, foi avaliado e decidido pela Corte Constitucional da Colômbia que o Documento Nacional de Identidade (DNI) incluísse, ademais de 'masculino' e 'feminino', a marcação de gênero 'não binária'. O Tribunal estabeleceu, então, que "pessoas não binárias (...) possam optar por essa categoria com as mesmas garantias de quem se identif**a oficialmente como binário."
Mas quem está por trás deste verdadeiro movimento social?
Daniela García Pulgarín, 41, natural do departamento de Quindío, é não binária, trabalhou em salões de cabeleireiros por 15 anos e teve a chance de viver seu grande sonho ao ingressar na universidade e graduar-se com honras em 2014, tornando-se cientista política na Universidad Nacional. Atualmente, por meio de uma bolsa de estudos, é mestranda em Educacão e Direitos Humanos na Universidad Autónoma Latinoamericana, na capital Medellín.
Em junho do ano passado Daniela ajuizou uma ação na qual exigia que o componente s*xual ('F') fosse retirado de seus documentos ou que fosse colocado um 'X' no lugar. Mas foi apenas neste ano que o Tribunal decidiu a seu favor e exigiu que fosse incorporada a marca 'NB' (não-binárie) em sua certidão de nascimento e no DNI, além da regulamentação dos direitos, serviços e obrigações "que encontrem no s*xo ou gênero um critério de alocação" para especif**ar as condições em que pessoas não binárias possam acessá-los.
Sobre seu processo pessoal e motivação para tornar oficial sua identidade não binária, Daniela afirma que tudo começou com sua tese de mestrado, usando suas ferramentas teóricas em conjunto com suas experiências pessoais para construir o argumento da ação.
"Na tese reflito como em determinado momento não me reconheço como homem e vivencio a ideia do feminino (usar vestimentas consideradas femininas e colocar próteses). Depois de entender que o que chamamos de feminino também me obriga a ter que ser de certa forma, houve um momento na minha cabeça que não fazia mais sentido, que eu não queria me ver como mulher ou homem, então eu queria propor algo diferente. Pessoas como eu têm que travar muitas lutas."
Daniela fala das dificuldades que tem em ir ao serviço médico e solicitar um simples exame de próstata e este ser recusado devido ao seu gênero ser feminino nos documentos, sendo o exame exclusivo para pessoas do gênero masculino. Além de uma série de exclusões de emprego devido às políticas de empresas.
Contracorrente, Daniela encontra justamente na não binariedade a liberdade de questionar as regras preestabelecidas do "cis-tema", provocar desconforto e reflexões ao usar signos relacionados ao que se entende por feminino quando esperam dela o contrário. A retirada de suas próteses mamárias e a suspensão do tratamento hormonal, que vinha fazendo por 20 anos, simbolizam a quebra de correntes.
"Me dei conta de que ter um par de seios signif**a uma prisão por todos os lados. A única sensação que tenho de ter tido uma prótese na minha experiência de vida foi ter me sentido amarrada e decepcionada por tanta violência contra a mulher e o feminino(...) Ao longo do meu processo, quando fui guiada por essa ideia de transição para o feminino, não só usei salto e maquiagem, também(...) parei de crescer pelos no corpo, agora(...) estou f**ando com pelos nas pernas, nas mãos, na barba. E eu não me importo, eu me sinto muito bem assim, muito tranquila.
A estética não binária é tema de uma série de pinturas em colagem produzidas pela politóloga baseadas em sua tese, a qual pretende expor com o intuito de abordar a violência contra tr****tis na América Latina. Dentre seus próximos planos está um novo mestrado em Estudos de Gênero na Espanha.
Sobre sua conquista para os direitos humanos de seu país, Daniela declara estar "(...) muito feliz, plena, porque é entender que essa demanda é algo muito maior do que ela (mesma), que pode ser um panorama diferente para a vida de outras pessoas que também se sentem desconfortáveis com esse sistema restrito."
Fontes: Advocate / El Colombiano / RCN Radio
****ti *xual 🌈