03/12/2024
A politização dos subsídios em Valorizar vencer Valadares
Valorizar vencer Valadares e os subsídios.
🕳️Quem vê caras não vê corações.
A gente vê caras e efetivamente não vê corações.
Nesta constatação da sabedoria popular pretende dizer-se que quem vê caras vê apenas o exterior, vê apenas a aparência, vê apenas o que está à mostra ou lhe querem mostrar, mas não vê corações, ou seja, não sabe o que a pessoa realmente pensa ou sente, não sabe, por exemplo, porque é que a pessoa age de determinada maneira, pode até não se aperceber até da verdadeira natureza, da verdadeira maneira de ser de quem está à sua frente.
É corriqueiro assim acontecer, comigo acontece frequentemente, pois nos atos que pratiquei ao longo dos anos, os que liderei ou ajudei a liderar, tudo recaía em cima de mim, e nos outros de subalternidade, nunca foram reunidas condições minimamente razoáveis de trabalho.
Mas este provérbio tem neste artigo um outro alcance e apelo à inteligência dos valadarenses para o encontrar.
Enquanto tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever.
Faço-o tão somente na estrita defesa das gentes de Valadares, comummente da nossa terra que nos une, sejamos nascidos e/ou residentes nela.
Os subsídios da Autarquia, as dificuldades e os apregoados donativos de fregueses.
Com papas e bolos se enganam os tolos.
Julgam-se impunes, podem mentir e ludibriar os cidadãos sem restrição, tratam os ativos públicos como meros trampolins para promoção política pessoal.
O ditado popular "com papas e bolos se enganam os tolos" pretende alertar as pessoas que, muitas vezes, nos dão alguma coisa que nós gostamos, apenas para nos desviar a nossa atenção.
São-nos oferecidos bolos (ou papa), algo doce e bom, apenas para evitar que nos revoltemos contra alguma injustiça, por exemplo. Os "tolos" são todos aqueles os que se deixam enganar por este esquema.
A expressão é utilizada frequentemente para descrever atos de aparente generosidade de um qualquer poder.
“Pão e circo” era a divisa dos romanos para entreter e garantir o apoio dos “clientes”. Nos dias de hoje, há também quem não descure o engenho e arte para agradar a todos, mesmo quando os mesmos ficam claramente a perder.
A expressão "pão e circo" significava, para os romanos, distrair a população com alimentos e diversão, de forma a não se aperceberem de todos os problemas sérios que o império enfrentava. Evitavam assim revoluções e mantinham o povo sereno e pacífico.
Malgrado a escassez de recursos financeiros, invariavelmente sempre imputados à Câmara de Gaia, de que não há dinheiro suficiente, que a Câmara cortou as transferências mensais desde 2014, esquecendo os milhares de euros que o Município transfere anualmente para obras e afins, há sempre dinheiro para algumas coisas extraordinárias.
Encaixa-se aqui a conhecida generosidade do presidente da Junta de Freguesia na atribuição de subsídios monetários às Coletividades da Freguesia e na colaboração com as mesmas, em processos logísticos.
Se é certo que as Coletividades devem ser tendencialmente autosuficientes, nunca subsidiodependentes, o serviço que elas prestam à comunidade deve ser premiado e ajudado.
Mas com equidade entre todas, naturalmente ao trabalho desenvolvido por cada uma e à dimensão das mesmas.
Coisa que nem sempre é feita, ou se o é, é feita a olho.
Mais do que isso, nunca é fiscalizado onde é gasto o dinheiro atribuído, assente em protocolos assinados entre as partes e que ficam entre as partes, nada se sabe dos mesmos.
Para isso, bastaria ler os protocolos e se o houver (deveria de haver) o regulamento de atribuição de subsídios.
Valadares tem várias Coletividades, e dentro delas destacam-se a AH Bombeiros Voluntários, o Clube de Futebol, o Miramar Império de Vila Chã e o Orfeão.
Escusado será dizer que a maior fatia das verbas expressas em milhares de euros se destina a estas quatro Coletividades, nem tanto ao Miramar Império.
E se as Coletividades maiores ficam cada vez maiores, o que dizer da Associação de Socorros Mútuos Fúnebre Nosso Senhor dos Aflitos, que salvo erro (e se errar desculpar-me-ei) houvera anos que nem um cêntimo lhe foi atribuído e quando recebeu foram migalhas.
Parece-me que à Associação finalmente foi-lhe atribuído um subsídio, também no decorrer do ano de 2024, este sim para obras, mais substancial, as quais já não serão vistas pelo ex-presidente, que, entretanto, faleceu e que sobre esta matéria tanto conversamos.
Depois há uma série de outras Coletividades, das quais se destaca o Grupo Folclórico e a Confraria Gastronómica.
A uma destas foram atribuídos, no ano que decorre cinco mil euros, dos quais metade para despesas de expediente e outra metade para despesas patrimoniais.
Este subsídio é o exemplo do que não deve ser feito.
Esta Coletividade ainda há pouquíssimos anos, mendigava para ter um subsídio, que acabava por vir e expressou-se no máximo em 1500 euros, com a obrigatoriedade das lembranças da Autarquia a oferecer aos visitantes estarem incluídas nesta verba.
E aqui reside o busílis da questão. Porque foi aumentado para mais do triplo este subsídio?
Para obras? Não. Porque a Coletividade produziu trabalho acrescido? Não, bem pelo contrário. Então porquê?
É fácil e está á vista de todos, porque mudaram os atores, quem vê caras não vê corações, ou será que vê?
É consoante a cara dos fregueses, não pela meritocracia.
É uma afronta a atribuição deste subsídio, que só é compaginável com fatores externos a que deve presidir um Órgão Autárquico.
Mais estranho é este subsídio ser atribuído, metade para despesas de expediente.
O que são despesas de expediente?
Vai-se ao dicionário e lê-se, material de uso e consumo é tudo aquilo que não está ligado diretamente à produção dos produtos, ou seja, são os materiais de consumo final, como material de escritório, material de limpeza, etc.
E a outra metade para despesas patrimoniais? O que são despesas patrimoniais?
Sem ir ao dicionário, património duma Instituição é tudo o que ela tem, no ativo e passivo.
O ativo é o conjunto dos elementos que representam bens e direitos para uma instituição valorizando positivamente o seu património.
Por outras palavras, o passivo é o conjunto dos elementos que representam obrigações, valorizando assim negativamente o seu património.
Sendo assim não vislumbro, deverão ser as lembranças/presentes?
Bem, não me alongo mais, só para dizer que os subsídios da Junta agora também parecem sair da rubrica despesas correntes, quando o era pela rubrica de despesas de capital, tudo assim é mais fácil, para quem dá e para quem recebe.
E por cá estamos, como se nada fosse, ainda dá para nos rirmos, quando vemos e ouvimos fregueses a oferecer os seus donativos, caso a Junta precise, duns tijolos ou de alguns sacos de cimento ou duns barrotes de madeira.
Santa hipocrisia, ou santa ironia.
Agora que vem aí o El Dorado dos autarcas, o Natal.
Andarão muito atarefados na distribuição de cabazes, na inauguração das luzes públicas, nos almoços e jantares nas diversas instituições, a enviar os postais de boas-festas, nos abraços e nos beijinhos.
A todos, menos a quem deviam, pelo menos por cá aos funcionários da Junta, que são eles, ao fim e ao cabo que fazem a freguesia.
Com os seus defeitos e as suas virtudes, nem sempre pode ser como o freguês quer, a educação cabe a todos e em todos os sítios.
🕳️Armindo Costa, via M3V