O Quarto Minguante de Mel

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O Quarto Minguante de Mel 👨‍👩‍👧‍👦 Uma família de 4 a viver numa casa de 4 rodas 🚐
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12/10/2022

Os últimos dias foram duros.
Quem é pai e mãe compreenderá o cenário de filhos doentes dias consecutivos. Parece interminável. O Jaime esteve sem ir à escola desde dia 3 até hoje de manhã. E para quem tem mais do que um filho, é raro haver doença que ataque apenas um deles. Um é solidário com o outro e f**am os dois doentes. E com jeitinho ainda contagiam o pai e a mãe - bingo! Entre "sapinhos" (aka candidíase oral), tosses e ranhos em barda (estamos com os estofos da autocaravana que é uma maravilha), ainda houve espaço para conjuntivites e otites. A boa notícia é que sobrevivemos e hoje já foram à escola.
Este vídeo foi feito num dia qualquer da semana passada. Quando há um pico de boa disposição em pleno caos, o que é que fazemos? Aproveitamo-lo ao máximo. Enquanto eu filmava, estava o Rui deitado na cama do Jaime, completamente K.O., ao ponto de nem dar conta desta bagunça boa. Estes dois juntos conseguem ser uma delícia de se ver. E fazem-nos (quase) esquecer todos os outros momentos em que andam às turras, como quaisquer irmãos.
Na autocaravana, sentimos as limitações ao extremo. Mas também conseguimos ter momentos assim, que fazem equilibrar esta falta de espaço individual, com um "isto é tudo nosso e aqui fazemos a festa". Se for com , então, até usamos maracas e pandeiretas.

Ontem, a nossa casa ganhou quatro rodas novas. Quatro rodas que, por sinal, têm muito mais quilómetros, aventuras e anos...
02/10/2022

Ontem, a nossa casa ganhou quatro rodas novas. Quatro rodas que, por sinal, têm muito mais quilómetros, aventuras e anos de estrada do que as nossas quatro juntas. Falamos das rodas da Mafi, com quem tivemos o privilégio de estar à roda da mesa.

Se, por um lado, foi uma experiência totalmente nova para todos, por outro, parecia que já fazíamos isto há décadas. Nós, que até nos achamos pessoas descomplicadas, levámos um baile de descomplicação da mais que doutorada em ciências descomplicacionais, .

Já os nossos filhos deram-nos uma lição sobre como exercer a verdadeira hospitalidade: aquela que trata os convidados como se fossem da casa. O Jaime roubou-lhe o telemóvel e tentou umas quantas vezes fazer o mesmo com o pão de Deus d'. A Luz pegou-lhe no copo de sumo e virou-o que nem shot, além de tentar conduzir a cadeira de rodas como se fosse um . (Vale a pena fazer um parêntesis para registar duas interrogações da pirralha de 90cm à adulta também de 90cm: "Posso pegar-te ao colo?" e "Tu também vais crescer ainda, não vais?").

Quanto a nós, Mafalda, temos três coisas para te dizer. Primeiro, obrigado por nos abençoares com a tua gargalhada genuína e por nos inspirares com o teu coração contrito. Segundo, perdoa-me por nos ter tirado uma selfie em que te deixei de fora sem sequer dar conta. E terceiro, dizer-te que é perto de pessoas como tu que queremos que os nossos filhos cresçam e aprendam que, em verdade, verdade, os mais pequenos são os mais grandes, os últimos são os primeiros e os mais vulneráveis são os mais corajosos.

Que a nossa amizade tenha sempre rodas para andar.

Foi há praticamente 1 ano que a nossa querida casa foi assaltada. É um momento que jamais esqueceremos, seja pelo seu la...
23/09/2022

Foi há praticamente 1 ano que a nossa querida casa foi assaltada. É um momento que jamais esqueceremos, seja pelo seu lado negro de aflição e perda, seja pelo seu lado resplandecente de graça e restituição - graças a todos os que contribuíram generosamente com donativos e amizade profunda.

Mas hoje viemos aqui por outro motivo. Algo que, contrariamente ao assalto, nos esquecemos por completo. Até ao dia do assalto, quando íamos visitar a casa dos meus pais, estacionávamos no largo da feira da ladra. Instantes após o assalto, por termos o vidro partido e ser um risco passar ali a noite assim, surgiu a possibilidade de aparcarmos no estacionamento privado de umas instalações antigas do Exército Português - por sugestão do meu pai, que tinha esse direito por ser militar.

Explicámos a situação ao segurança - o Orlando, que se viria a tornar um bom amigo - e ele abriu-nos o enorme portão verde sem hesitar. Ainda debaixo do calor e tensão do momento, eu também não hesitei em conduzir através deste túnel, sem sequer questionar se a autocaravana passava ou não. Não havia nenhum sinal a dizer a altura máxima permitida. Mesmo que houvesse, eu não o teria visto naquele estado. Simplesmente, segui. Só dias mais tarde é que a ficha me caiu. Fiquei a matutar como teria sido acabar a noite literalmente sem tecto na casa, depois de a terem assaltado e virado do avesso. Não é apenas uma reflexão estilo "look at the bright side". Foi mais um milagre, dos tantos que temos imerecidamente vivido nesta viagem de curvas sinuosas, becos sem saída, descidas íngremes, ruas claustrofóbicas, condutores imbecis, árvores corcundas sobre estradas... Enfim, os 3,20m da autocaravana não são suficientes para chegar ao céu, mas o céu chega-nos constantemente. E isso chega-nos.

Foram mais de 2 semanas em Espanha. Os últimos dias de férias f**aram guardados para estar com gente do 🤎. Saímos de Bai...
07/09/2022

Foram mais de 2 semanas em Espanha. Os últimos dias de férias f**aram guardados para estar com gente do 🤎.

Saímos de Baiona a 31/08, em direcção a Lisboa. Pelo meio, fizemos uns quantos pit stops em tempo recorde. A noite de 31 foi passada já em terras lusas, no Porto. Na manhã seguinte, recebemos cá em casa o irmão, cunhado e tio .lino, que trouxe croissants para o pequeno-almoço - e pintarolas para os putos (cuja maioria foi comida por nós, como ele já desconfiava). Despedimo-nos e seguimos até Oliveira do Bairro, para almoçar com os avós e bisavós Luz e Arsénio, de quem já sentíamos muito a falta (e de peixinho grelhado também). Voltámos ao volante e foram mais 30km até à casa dos Prim, em Aveiro. Os amigos e receberam-nos com um banquete que era para ser um lanche, a pequena Camila recebeu-nos com bolsado no braço e o enérgico Martim recebeu a Luz com uma sessão de cinema de Madagáscar - ah, e uma dentada nas costas 😂. Estacionámos a nossa casa em frente à deles e pernoitámos, para sairmos cedinho no dia 2/09. Arrancámos às 9h para A Dos Francos, para conhecer a bonita nova casa dos pais, sogros e avós e , com direito a almocinho na pastelaria mais restaurante que alguma vez já vimos. Lavámos roupa, (quase) dormimos uma sesta, recambiámos o Jaime para os avós e fizemos mais 20km até Caldas da Rainha, para matar as muitas saudades dos amigos e . Fizeram-nos o jantar, mimaram a Luz como sempre e metemo-nos no sofá a ouvir . Também estacionámos a nossa casa em frente à deles para passar a noite. Estava previsto pequeno-almoço juntos e despedida, mas, para variar, esticámos até às 15h45 - a apenas 15 minutos do início do casamento a que íamos em Santarém. Chegámos lá com quase 1h de atraso, mas soube pela vida ver de perto o bonito amor do amigo .chama e da , além de reencontrar amigos de longa data. Saímos de Santarém já perto da meia-noite, parámos numa bomba de gasolina a meio do trajecto para dormir e chegámos finalmente a Lisboa na manhã de 04/09. Foi a loucura, mas valeu a pena.

Família e amigos são benção do céu, não são? 🙌

O Pedro. A Cila. A Maria. A Madalena. A Margarida. E a Mafalda. Família numerosa, sim. Mas, mais que pessoas em quantida...
26/08/2022

O Pedro. A Cila. A Maria. A Madalena. A Margarida. E a Mafalda. Família numerosa, sim. Mas, mais que pessoas em quantidade, são pessoas de qualidade. Conhecemo-los num parque infantil em Pontevedra. Em parte, os miúdos foram os culpados. "Em parte" porque, como quase sempre, foi pela brincadeira entre os nossos e as deles que a conversa entre pais foi desencadeada. E, como tantas vezes, podia ter-se f**ado por aí: adultos a debitarem factos sobre as suas respectivas crias. Mas não.

Vieram da Madeira para passar férias e meteram-se os 6, pela primeira vez, numa autocaravana. Foi uma espécie de troca por troca: nós demos-lhes dicas sobre como não stressar tanto com a logística da autocaravana, eles fizeram-nos perceber que os "problemas" que a Luz e o Jaime nos dão, afinal, não são nada de especial. Ainda foram umas horinhas de conversa entre escorregas, baloiços e ruído orgânico de crianças felizes.

Trocámos números, despedimo-nos e cada um seguiu a sua rota. Acontece que, no dia seguinte, descobrimos que tínhamos seguido a mesma rota e ido dar à mesma praia. Pela segunda vez, lá estávamos nós na amena cavaqueira, num clássico "Se tivéssemos combinado, não tinha acontecido". Mas, depois disso, combinámos mesmo. Mais duas vezes. E aconteceu mesmo.

Três das miúdas com os nomes começados por "M" foram como Mães para o nosso Jaime, e a quarta miúda com o nome começado por "M" foi como Mana para a nossa Luz. Enquanto isso, o Rui, a Débora, o Pedro e a Cila descansavam da paternidade/maternidade e falavam como se já se conhecessem há um bom tempo. Com pessoal que tem "Amor" como apelido, só podia dar certo.

Agora, das duas uma: ou encontramos-nos na Madeira, quando lá formos passear, ou descobrimos que vamos ser vizinhos algures na tranquilidade do Oeste. Até breve, amigos de Pontevedra! 😘

Esta história é sobre o tomate de um senhor e sobre um senhor com tomates. É também uma ode a um dos bens mais em vias d...
23/08/2022

Esta história é sobre o tomate de um senhor e sobre um senhor com tomates. É também uma ode a um dos bens mais em vias de extinção nos nossos dias: a capacidade de dialogar.

Estávamos numa praia selvagem, águas cristalinas, pouca acessibilidade, zero estacionamento. Tínhamos chegado de noite para garantir lugar. De manhã, em poucos minutos, os escassos m2 de terra batida, não delimitados por linhas brancas, tinham desaparecido, dando asas à imaginação (ou falta de civismo) dos condutores mais tardios a chegar. Pela experiência que já adquirimos, estacionámos ao lado de uma árvore, de forma a garantir que ninguém nos entalava, mas...

À hora de almoço, estamos cá dentro e apercebemo-nos de um carro vermelho a pôr-se a jeito à nossa frente. Espreitamos pela janela. O senhor abre a porta, sai do carro e espreita também. Por ver movimento, pergunta-nos se vamos sair. Dizemos que não, só daqui a umas 2 horas. Tiramos juntos umas medidas e percebemos que talvez dê para tapar a autocaravana à nossa esquerda (que é do primo dele) e f**ar ligeiramente à frente da nossa, permitindo ainda a nossa saída. Ele estaciona e vamos à nossa vida.

Cinco minutos depois, volta com um tomate gigante nas mãos e oferece-nos: "É da minha horta 100% biológica". Agradecemos, meio sem jeito. A conversa continua por alguns minutos e, antes de seguir para a praia com a esposa, decide que, pelo sim, pelo não, o melhor é deixar a chave do carro debaixo do guarda-lamas, caso tentemos sair e não consigamos. Rimo-nos, dizemos que não é preciso e trocamos números de telefone para dar um toque se for necessário. Mesmo assim, ele deixa a chave.

Chega a hora de sairmos, ligamos para avisar que vamos embora e podem vir estacionar no nosso lugar. Fez-se um ligeiro silêncio. Percebemos que estavam numa de não tirar o rabinho da praia. Cá vai disto: "Quieres que yo aparque el coche?". "No te importa?", responde ele. E assim foi. A Débora tirou a autocaravana e eu estacionei-lhe o carro, qual Mr. Parking "pago" em géneros. Esta é a história do senhor com tomates: os biológicos e os de aço que precisou para confiar um Audi a estranhos. Disponibilizemo-nos para dialogar e colhamos os frutos. 🍅

Hoje, são 8 anos de casamento e 16 de namoro. Estando na Galiza, podíamos facilmente ter escolhido uma fotografia numa p...
22/08/2022

Hoje, são 8 anos de casamento e 16 de namoro. Estando na Galiza, podíamos facilmente ter escolhido uma fotografia numa praia paradisíaca para assinalar este marco. Podíamos, mas não era a mesma coisa. Optámos pela foto esteticamente desinteressante da lavandaria self-service onde estivemos ontem os 4.

Não sabemos como é nos vossos relacionamentos, mas sentimo-nos perfeitamente à vontade para reconhecer que, no nosso, uma boa parte do tempo é investida a tratar de "roupa suja e malcheirosa". Por vezes, tão suja e malcheirosa que o primeiro pensamento que ocorre é deitá-la no lixo. Para quê tanto trabalho a lavar, secar e dobrar (já nos deixámos de engomar, que na autocaravana não cabe nem o ferro, quanto mais a tábua), quando podemos simplesmente comprar nova?

A metáfora pode parecer estúpida, mas a verdade é que nos habituámos a descartar amores, amizades e laços de família, inspirados na relação que criámos com as coisas materiais. Umas têm garantia só de 2 anos e estragam-se uma semana depois do fim da garantia - compensa mais comprar novo. Outras já foram um dia topo de gama, mas, de repente, surge um modelo novo, cheio de upgrades e novidades - o nosso f**a desactualizado. Há sempre a promessa de algo que pode preencher e satisfazer ainda mais, mas quando o temos nas mãos perde rapidamente interesse, a promessa é quebrada e outra nasce no seu lugar.

Nesta família, acreditamos na palavra reconciliação. Reconciliar não é tão giro nem cria tantas borboletas no estômago como partir para outra. Reconciliar não é acerca de arranjar pessoas novas. É acerca de esculpir novas pessoas. Nas que já cá estão. Gostamos de entrar na casa dos avós e ouvir o entusiasmo com que falam do frigorífico, da televisão ou da varinha mágica que já compraram há mais de 40 anos e ainda está cá para as curvas.

A nossa história de amor é feita de lavandarias, mas não self-service. Ao longo dos anos, muitos têm lavado roupa suja connosco. Dobrar as cuecas e as meias de outros é pura intimidade. Também, ao lavarmos a nossa roupa em tanques públicos, em vez de máquinas escondidas em marquises, permitimos que outros vejam que é possível lavar em vez de deitar fora.

É para sempre.

Foi em maio a última vez que demos sinais de vida. Não fizemos nenhum detox de redes sociais. Foi a vida a acontecer e n...
19/08/2022

Foi em maio a última vez que demos sinais de vida. Não fizemos nenhum detox de redes sociais. Foi a vida a acontecer e nós a tentar agarrá-la - não é por acaso que a quem conduz tanto se apela "Agarra-te à vida". Temos andado com as duas mãos no volante, em vez de uma no volante e outra no telemóvel.

Nisto, puseram-se as férias. Mais tempo livre e menos sobressaltos - supostamente. Paradoxalmente, na vida de autocaravana, nunca há férias à séria, muito menos ausência de sobressaltos. Escolhemos a Galiza. Voltar ao lugar onde já fomos felizes (toma e embrulha, Rui Veloso).

De caminho, fizemos visita de médico ao Porto. A ideia era dormir perto do Jardim do Morro, do lado Gaia, e levantar cedo para ir passear na outra margem. Só que o GPS tinha outros planos e já nos avisou demasiado em cima do acontecimento. "Vire à direita", diz ele. Mais propriamente, no cruzamento entre a Rua do Pilar e a Calçada da Serra, sendo que, à esquerda, estão 2 zé manéis mal estacionados, a impossibilitar (ainda mais) a manobra - vão ao maps, ponham visão satélite e imaginem o filme. Eram 23h30, os miúdos dormiam e a autocaravana estava atravessada numa rua com 15% de inclinação, uma roda levantada, as de trás atascadas e um aroma a borracha queimada.

Uns passam e ignoram. Outros f**am a ver (com vontade de filmar). Outros, felizmente, arregaçam as mangas. Ao fim de 45 min, somos à volta de 10. Um diz "Pode vir à vontade", outro "Alto, alto!", outro "Roda tudo" e eu ao volante a transpirar gotas de claustrofobia e a proferir preces desesperadas entre dentes.

Chega a polícia. Alguém lhes ligou a fazer queixa dos 2 zé manéis mal estacionados. Vá de multá-los. E agora, vá de salvar-nos. Largos minutos a inverter a marcha para seguir por outra rua - uma em direção ao rio, que julgavámos ser impossível de passar, por ser tão estreita. A senhora agente fez-nos uma escolta para garantir que nada se atravessava no caminho, até vermos novamente uma avenida que desse para respirar. Não era uma polícia. Era um anjo.

Entretanto, já estamos pela Galiza e temos mais umas quantas para vos contar. Confessem lá: já tinham saudades de se rir das nossas desgraças (que acabam em graça), não já?

A imagem é de uma beleza extrema. O assunto que me traz aqui não. Queria falar sobre ser pai. Ser pai é estar a fazer co...
26/05/2022

A imagem é de uma beleza extrema. O assunto que me traz aqui não. Queria falar sobre ser pai. Ser pai é estar a fazer cocó na sanita, ouvir do outro lado da porta a filha mais velha gritar "Pai quero fazer cocó, estou aflita", puxar as calças para cima apressadamente para ceder o lugar à pirralha, voltar à casa de banho dois minutos depois para lhe limpar o rabo, voltar à rotina normal da vida e só uma hora depois me aperceber de que o meu rabo ficou por limpar. Ser pai é, na maior parte do tempo, isto. Mas depois há aqueles momentos em que f**amos a fitá-los embevecidos como se fossem esta cascata, e esses são os momentos que, embora menos frequentes, fazem tudo valer a pena.

R. 💌

Um dia normal na vida de uma família autocaravanista.
18/05/2022

Um dia normal na vida de uma família autocaravanista.

A proximidade com a natureza tem-nos ensinado umas quantas coisitas. Damos por nós a fechar os olhos a certos comportame...
13/05/2022

A proximidade com a natureza tem-nos ensinado umas quantas coisitas. Damos por nós a fechar os olhos a certos comportamentos que antes eram um bicho de sete cabeças.

Um desses bichos, embora só tenha uma cabeça, são os macacos. Os do nariz. Não é novidade para ninguém que eles os comem. Nós também já os comemos. Agora, só os tiramos e atiramos fora (pouco sustentável da nossa parte). Mas eles comem-nos com gosto. Como o macaco gosta de bananas eles gostam de macacos (e de bananas também). Fazer o quê?

Ontem, estávamos a comer uns wraps caseiros da Débora. A meio da refeição, a Luz começou o seu rodízio de primatas nasais. Eu decidi ir pela psicologia inversa e disse: "Olha, podes dar-me também um macaco para eu pôr aqui no meu wrap, por favor?". Claro que ela levou a sério. Mas dar-me o macaco era demasiado óbvio para a sempre surpreendente Luz.

"Come dos teus, pai!"

E eu comi os wraps a seco.

R. 💌

24/04/2022

A melhor guia turística do país está de volta com muitas novidades. 💃 Tão de profissional que até muda de outfit a meio das filmagens. 😂

Vá, se querem mandar mais umas, é a vossa oportunidade. Gozem à vontade, que depois, se alguma vez derem por vocês atrás...
18/04/2022

Vá, se querem mandar mais umas, é a vossa oportunidade. Gozem à vontade, que depois, se alguma vez derem por vocês atrás de nós numa rua de sentido único, vamos fazer questão de ir a 10 km/h. 😘

Filha, foi por estas e por outras que te chamámos Luz.
05/04/2022

Filha, foi por estas e por outras que te chamámos Luz.

Quando te habituas a estacionar um bizonte de 7 metros com auxílio de tecnologia, dificilmente voltas a querer outra coi...
01/04/2022

Quando te habituas a estacionar um bizonte de 7 metros com auxílio de tecnologia, dificilmente voltas a querer outra coisa. E não é para menos. É que confiar nos retrovisores laterais não dá, porque a autocaravana é cuzuda o suficiente para nos impedir de ver o que está para lá da traseira. E confiar no retrovisor interior muito menos, porque não tem qualquer ligação com o exterior (a não ser que viajemos com a porta do WC aberta). Acontece que, quando fomos assaltados, levaram-nos o ecrã de marcha atrás (obrigado, seus lindos, muito gentil da vossa parte).

Nas primeiras semanas, foi o pânico. Sempre que havia um muro atrás, ficávamos a 10 metros dele, a pensar que estávamos quase a bater. Ou seja, ficávamos no meio da estrada. Mas, com o tempo, fomo-nos habituando e descobrindo que éramos literalmente a câmara de marcha-atrás um do outro. Quando um está ao volante e há manobra complicada, o outro vai lá para o fundo, abre a porta do WC e chuta o clássico "à vontade, à vontade" ou o clássico "alto!".

É arcaico, sim. É menos prático, sim. É mais demorado, sim. Mas também é cómico. E, sobretudo, acaba por ser metafórico. Porque, de facto, é também isso que somos um com o outro há 16 anos: câmaras de marcha-atrás, não para vigilância, não para controlo, não para coacção, mas para suporte, para incentivo, para cuidado. Sabemos o que está para trás de cada um, sabemos os perigos e limites de um e de outro, mas apontamos o caminho que leva ao destino que é melhor para ambos. Na nossa história, não há o condutor protagonista e o co-piloto figurante. Somos um. Em tudo. Sempre.

(Agora, perguntam vocês, e quando um dos dois não está na autocaravana? Bom, aí é basicamente parar o trânsito, sair do carro para ir ver se ainda dá para recuar, as vezes que forem precisas, e a malta que espere).

Este é o Great Sugar Loaf. Um pico montanhoso nas Wicklow Mountains irlandesas. Quisemos subi-lo. Mesmo sem vestuário ou...
31/03/2022

Este é o Great Sugar Loaf. Um pico montanhoso nas Wicklow Mountains irlandesas. Quisemos subi-lo. Mesmo sem vestuário ou equipamento próprios. Turista que é turista não se arma em alpinista e equipa-se mas é com uma Fujifilm Instax. Porque é fixe. E retro. E cinematográfico.

Lá subimos com a câmara ao peito. Foi extenuante, mas gratif**ante. As vistas de 360º incluíram pradaria verdejante, floresta vertiginosa, cidade rural e oceano infinito. Absolutamente arrebatador. Mas o ponto alto do dia não foi no ponto alto do Great Sugar Loaf. Foi já cá em baixo, enquanto descíamos.
No sentido contrário, passam por nós dois ingleses. Olhos fixos na Fujifilm. Nem Olá nem nada: "Isso é uma Polaroid?". "Não, é Fujifilm", respondemos. "Ok, mas é daquelas que a foto sai?", desvalorizam. "Sim, sim!", confirmamos. Pela pergunta seguinte é que não esperávamos: "Quanto querem por uma foto?" (vale a pena dizer que cada papel fotográfico custa cerca de 1,10€). Rimo-nos, dizemos que oferecemos com gosto e deixamos o pré-aviso: "A câmara é da .deboracampos e ainda estamos a habituar-nos. Algumas fotos têm saído explodidas". Acenam como quem diz "Whatever!".

Levamo-los para o que achamos ser um local com menos exposição solar. Não queremos correr riscos. Clicamos no obturador. A foto sai romanticamente pelo topo da câmara. O rosto deles enche-se de esperança e entusiasmo. Avisamo-los de que a foto só começa a f**ar perceptível ao fim de uns 2/3 min. Uma vez mais, they don't seem to give a damn. Um leva a mão ao bolso e tira 5€. Recusamos e dizemos para irem beber uma Guinness (na Irlanda, 5€ só dão mesmo para uma). Dizem-nos que não bebem álcool (típico de inglês, lol). O outro leva a mão ao casaco e tira 10€. Tentamos recusar várias vezes. Insistem, põem-nos a nota no bolso, viram costas e seguem. A esta altura, ainda nem sabiam o resultado da fotografia.

Continuamos a nossa descida, estupefactos, entre risadas, mas, ao mesmo tempo, com um certo pavor de virem a correr atrás de nós para pedir o € de volta porque a foto ficou horrível. Não aconteceu. No final, nós é que bebemos duas Guinness. Cheers, desconhecidos porreiros! Agora, vamos só ali abrir um negócio com isto.

Pode ser a curva mais ténue do mundo, mas a sensação que dá naqueles instantes antes de a fazer é que estamos a pilotar ...
22/03/2022

Pode ser a curva mais ténue do mundo, mas a sensação que dá naqueles instantes antes de a fazer é que estamos a pilotar uma mota de pista, daquelas que curvam totalmente deitadas. O medo da queda está sempre lá. Os pilotos temem pelo corpo às cambalhotas no alcatrão. Nós tememos pela loiça que ficou a secar no escorredor.

Este rebuçado humano hoje saiu-se com uma digna de ser contada. Como habitual, levámo-la à creche pela manhã, juntamente...
17/03/2022

Este rebuçado humano hoje saiu-se com uma digna de ser contada. Como habitual, levámo-la à creche pela manhã, juntamente com o irmão. Naqueles minutos de conversa à porta com a educadora Isabel - em que os dois piruças aparentam estar sempre no seu planeta imaginário, quando, na realidade, estão mais atentos que nós - perguntámos qual o plano de actividades para o dia. Disse-nos que era dia de pinturas. "Estilo livre ou com algum tema?", prosseguimos nós. Explicou que primeiro deixam os miúdos rabiscar à sua vontade e só depois procuram guiá-los por desenhos mais concretos. "O sol, uma árvore, uma casa...", listava inocentemente a Isabel. E eis que o rebuçado humano desce do seu planeta imaginário e interrompe categoricamente e num tom com pouca tolerância: "Mas, Isabel, eu não moro numa casa, moro numa autocaravana". Bom, a vida numa autocaravana é, de facto, mais simples que numa casa. Agora, entre desenhar uma coisa e outra... Enfim, desculpa por te dificultarmos a vida às vezes, filhota. 🤎

12/03/2022

Escolhemos a Irlanda para celebrar os 30 da Débora. Alugámos um carrinho, mas da próxima levamos a casa às costas (e, se calhar, já não voltamos).

10/03/2022

As filmagens já têm uns mesinhos. São de quando o Jaime começou a andar e, logo de seguida, a querer trepar tudo aqui em casa.

Não somos de comparar um filho com o outro, mas vamos abrir aqui uma exceção. Quando nos mudámos para a autocaravana, o Jaime estava a ser gerado. Familiares e amigos cogitavam, naturalmente, acerca de como iria o rapaz crescer num espaço tão pequeno.

Ao contrário da irmã, o Jaime não sabe o que é viver num apartamento. Ao contrário da irmã, o Jaime não teve uma sala com 20m2 para explorar. Ao contrário da irmã, que nunca gatinhou, o Jaime começou a gatinhar aos 5/6 meses. Ao contrário da irmã, que "só" deu os primeiros passos sozinha aos 15 meses, o Jaime começou a andar com 1 ano.

É diante das maiores limitações que, muitas vezes, a criatividade encontra mais espaço para se desenvolver. O Jaime tem-nos dado lições (para não dizer bailes) de resiliência. Por isso, não, ele não é um "coitadinho". Coitadinhos de nós que julgamos as crianças pelo tamanho dos seus corpos, em vez de as considerarmos pela dimensão da sua mente e coração.

Crianças: dêem-lhes um castelo e f**am aborrecidas, dêem-lhes dois ou três paus e constroem um castelo.

É dura a vida de estrada. Todos os dias, é preciso reavaliá-la, pô-la em causa e, por fim, reafirmar o compromisso com e...
02/03/2022

É dura a vida de estrada. Todos os dias, é preciso reavaliá-la, pô-la em causa e, por fim, reafirmar o compromisso com ela. Hoje foi um daqueles dias em que não nos importaríamos de trocar a casa de quatro rodas por uma de quatro paredes. Temos uma viagem de avião marcada para sexta - só os dois. Entre malas de rodas emprestadas a rolar pelo corredor pouco mais largo que elas, quilos de roupa suja e zero vontade de nos metermos na lavandaria, e duas crianças febris, ranhosas, com tosse e a gritar por atenção, a nossa cabeça só consegue alucinar com a possibilidade de pormos cada um em seu quarto entupido de brinquedos, mergulharmos num sofá em L com um balde de gomas nas mãos e o comando da TV sobre a barriga, enquanto semicerramos os olhos diante de um filme medíocre que apanhámos por acaso na TV Cine já ia no minuto 47. Depois da viagem alucinante, o cérebro lá respira e diz ao coração que é melhor assim como estamos. Não temos como fugir nem nos esconder uns dos outros, não temos como f**ar alienados no fingimento solitário de que temos costas largas, não temos como fechar os olhos à dor do outro para f**ar só a olhar para a nossa. Temos que remexer entranhas. Temos que abrir mão. Temos que pedir desculpa. Temos que ser família.

"Porque a mentalidade da carne é morte; mas a mentalidade do Espírito é vida e paz."
25/02/2022

"Porque a mentalidade da carne é morte; mas a mentalidade do Espírito é vida e paz."

Em outubro, a nossa autocaravana foi assaltada. Poucas horas depois, o nosso amigo e irmão , com o seu coração maior que...
22/02/2022

Em outubro, a nossa autocaravana foi assaltada. Poucas horas depois, o nosso amigo e irmão , com o seu coração maior que o Burj Khalifa, teve a ideia de fazer uma angariação de donativos no Instagram para que pudéssemos comprar as coisas que nos tinham sido roubadas. A meta estabelecida foi de 1500€. Em quatro dias, esse valor foi superado, graças a muitos de vocês.

Há poucos dias, concluímos o processo de compra dos novos pertences. Um portátil, dois carregadores de telemóvel, um hotspot móvel, um aspirador (só nos tinham roubado o carregador, mas comprar o carregador à parte saía quase o mesmo preço do que o aspirador novo) e um auto-rádio (que comprámos em vez da coluna portátil roubada, porque a verdade é que até faz mais sentido aqui dentro). Uma vez que não encontrámos uma solução adequada para um novo ecrã de marcha atrás, com esse valor, optámos por reforçar um pouco a segurança da casa e instalámos uma fechadura interna extra. Este é o "relatório de contas" que achámos justo partilhar convosco.

Há um verso que gostamos muito e que resume na perfeição tudo isto que nos aconteceu. Diz assim: "Onde abundou o pecado, superabundou a graça". Uma vez mais, um sincero obrigado a todos por serem graciosos connosco. 🤎

Chão duro e frio em vez de cama quente com colchão fofo. Almofada pequena suja e sem fronha em vez de almofada grande li...
18/02/2022

Chão duro e frio em vez de cama quente com colchão fofo. Almofada pequena suja e sem fronha em vez de almofada grande limpa e com fronha. Pano da loiça rugoso em vez de lençóis sedosos. Tubo de pomada para o rabo em vez de ursinho de peluche. Nós achamos sempre que temos a fórmula certa para as crianças. Mas são as fórmulas que elas inventam que melhores resultados produzem. E é muito mais simples do que a nossa altivez de adultos nos deixa perceber. Isto é .

16/02/2022

Nop. Nem tudo o que parece é. 🤷🏻‍♀️🤷🏻‍♂️

Viver numa autocaravana tem-nos ensinado a olhar para os recursos duma perspectiva mais responsável e a valorizar certas...
15/02/2022

Viver numa autocaravana tem-nos ensinado a olhar para os recursos duma perspectiva mais responsável e a valorizar certas coisas muito mais do que alguma vez havíamos valorizado. A água é talvez a principal de todas elas. As limitações que temos estimulam a nossa criatividade e espírito crítico em relação aos nossos hábitos - e isso é um verdadeiro privilégio. Não vamos mentir, sempre apreciámos banhos longos, ao ponto de f**armos com pele de velho. Isto de poupar água (ou outros recursos) não é necessariamente algo que fazemos com a naturalidade de quem acorda e consulta o telemóvel para ver as horas. É algo a que nos obrigamos. É um sacrifício. Mas está tudo bem com isso. Os sacrifícios fazem parte do crescimento. Daqui a pouco, estamos nisto há dois anos e ainda fazemos tanta bodega - por isso, também queremos saber como usam a vossa criatividade para lidar com este assunto, numa altura de extrema escassez no nosso país. Comentem e partilhem! 🙏

Sim, já amanhecemos em sítios arrebatadores como este. Mas nada se compara ao prazer de pernoitar em frente a um  e ir b...
13/02/2022

Sim, já amanhecemos em sítios arrebatadores como este. Mas nada se compara ao prazer de pernoitar em frente a um e ir buscar pão fresco logo às oito.

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