21/07/2021
Saiu a DiVersos n.º 32
SUMÁRIO
Nota
No final do sumário inserem-se dois poemas que saíram com erro de paginação no n.º 32, agora na forma correta em que deveriam ter sido paginados.
O poema «De cor», de Cláudia Oliveira, forma um só poema com o que aparece na página 34 como se fosse um poema separado com o título «A solidão».
O poema «Canção do Silêncio», de Rui Tinoco, deveria estar todo ao alto da página 142, título incluído. Por erro, o título vem como última linha da página 141.
Aos autores, as nossas desculpas.
O editor
Vinte e cinco anos, um quarto de século, são quantos comemora a DiVersos – Poesia e Tradução com este número 32, a sair em junho – e esperamos comemorar ainda com o próximo, que prevemos para o outono de 2021.
Isso quer dizer que, não obstante um ou outro período de dois ou três anos em que esta série não periódica se não publicou, em média editámos pouco mais de um número por ano. Esse vagar da nossa marcha – bem conhecido dos nossos assinantes e colaboradores – tem permitido no entanto agregar, em volta de uma publicação modesta e austera, um núcleo persistente de leitores, autores e tradutores, e de ir ampliando, não só o número de páginas, também o número de línguas representadas, e mesmo o número de «alfabetos», como com esta 32.ª edição se torna mais percetível. Sabemos que grande parte de nós leitores – a começar pelo editor –, de alguns desses alfabetos apenas poderemos considerar o seu aspeto visual e estético. Mas é o suficiente para dar algum contributo à contemplação da variedade não só das línguas mas também das representações visuais destas, e ao apreço pela dignidade, valor e respeito por todas elas.
Quanto a línguas de raiz latina como a nossa, temos neste número uma presença originária da língua galega (embora em versão portuguesa) com Gonzalo Hermo, e da língua francesa com Yves Bonnefoy (embora também apenas em tradução portuguesa, sem falar numa outra secção em que o francês serve de língua-ponte). E, claro, a língua portuguesa, com poetas brasileiros e portas portugueses. Dos primeiros: Ana Elisa Ribeiro, a quem a DiVersos tanto deve; Iacyr Anderson Freitas, que regressa às nossas páginas depois de cerca de dez anos de ausência acidental; Júlio César Meireles de Andrade, pela primeira vez connosco através de alguns poemas do seu livro mais recente (embora intitulado Cacos, os poemas nele recolhidos mostram bem serem resistente porcelana); Renato Suttana, com várias presenças anteriores, e cuja «Canção dos quarenta e sete anos» com que encerra o seu mais recente livro nos encantou particularmente; Roldão Mendes Rosa, filho de portugueses fixados no litoral paulistano de Santos, e que chegou até nós por sugestão do jovem poeta brasileiro (também ele incluído numa das nossas edições anteriores), André Argolo, e pela mão de seu filho Carlos S. Mendes Rosa; e ainda Ronaldo Werneck, de quem há mais de três anos temos a intenção, só agora realizada, de publicar uma miniantologia– mas os amigos que nos acompanham sabem bem como essa demora revela sobretudo dificuldade em concretizar o nosso interesse – e não ausência dele, pelo contrário.
De poetas nascidos em Portugal: Cláudia Oliveira, que pela primeira vez publica poesia sua, depois de hesitar entre a vocação para o trabalho no domínio da saúde e uma vocação literária que acabou por vencer; Maria do Sameiro Barroso, de quem publicámos mais do que uma vez alguns poemas, a última em em 2012, e que em boa hora nos contactou já em 2021 propondo-nos vários autores de línguas raramente traduzidas entre nós, e que surge também neste número com um poema seu; Rui Tinoco, com os seus «Poemas para cantar», um conjunto que manifesta traços das criações que dele veiculámos por várias vezes mas agora com um tom cantabile explícito; e Sofia Sampaio, que, após quase vinte anos depois de uma primeira presença, nos manifesta o seu contentamento de a DiVersos ainda existir e nos presenteia com alguns poemas recentemente escritos.
Quanto a poemas em versão bilingue, temos desta vez a poetisa e artista plástica búlgara Alexandra Ivoylova, graças à amizade da também poetisa búlgara Zlatka Timenova, já publicada na DiVersos como autora e tradutora; do inglês, Henry Gould, poeta norte-americano de um círculo muito atento a alguns nomes da literatura portuguesa, e que, com particular empenho, nos quis confiar um poema seu, a que se seguiram mais alguns que nos disponibilizou; igualmente do inglês, alguns poemas de Susana H. Case, traduzidos por Francisco José Craveiro de Carvalho, a quem devemos na DiVersos a descoberta de um número apreciável de poetas, traduzidos do inglês mas também por vezes do castelhano; o poeta neerlandês Lucebert, traduzido por Ana Maria Carvalho, que já antes nos trouxera outros poetas de língua neerlandesa e uma autora sul-africana de língua africânder; Nora Bossong, poetisa alemã traduzida pela brasileira Viviane de Santana Paulo, que, como tradutora e como poetisa, está presente nalgumas das nossas últimas edições. O seu romance Viver em outra língua foi publicado em 2017 em Berlim, onde vive.
Temos também a satisfação de reencontrar a poesia de Maria do Sameiro Barroso, que já referimos, e aqui com um poema seu escrito originariamente em inglês e por ela própria traduzido para português, e que, por sua vez, foi traduzido para língua arménia por Armenui Sisyan. Desta última, um poema em arménio, pela própria Armenui traduzido para inglês e daí para português por M. S. Barroso. São exemplos da modalidade que inaugurámos alguns números atrás: traduções feitas por intermédio de uma língua-ponte, com esta última também presente.
Aliás, graças ao intenso intercâmbio cultural e poético que M. S. Barroso mantém com autores de várias línguas, esquema semelhante surge com poemas de Ana Stjelja (sérvio – inglês – português); Dmytro Tchystiak (ucraniano – francês – português); Metin Cengiz (turco – inglês – português).
Publicámos ao longo de 25 anos poemas decerto de valor desigual, mas nunca, na nossa perspetiva, «poemas maus» – mas que coisa mais subjetiva poderá ser a pretensão de rotular onde está ou não está a boa e a má poesia? Cremos que não têm faltado nesta série muitos «bons» poemas, vistos na lente da nossa subjetividade. Mas não foi decerto em todos os nossos números que incluímos, como desta vez, um poema tão imperecível como «A casa natal». Como esse, cremos que não existirão muitos a cada século. E o poema mais realçado f**a quando o ouvimos dito pelo próprio autor. No YouTube, cuja ligação o tradutor José Lima generosamente descobriu para nós, e nos oferece na sua nota.