26/11/2024
Jogar para Liderar: Uma Revolução na Formação de Líderes?
O mundo empresarial exige líderes ágeis, resilientes e inovadores. É um mundo em constante mutação, onde a incerteza e a complexidade reinam. Nesse cenário turbulento, a liderança tradicional, baseada em hierarquias rígidas e modelos ultrapassados, já não é suficiente.
Precisamos de líderes que pensem "fora da caixa", que se adaptem rapidamente a novas realidades e que inspirem as suas equipas a inovar e a crescer.
Mas como formar líderes com essas características? A resposta pode estar, surpreendentemente, nos videojogos.
As lideranças e os inovadores são aqueles que apontam caminhos, que desafiam o status quo e que exploram novas possibilidades. São eles que conduzem as suas organizações para o futuro, inspirando e motivando as suas equipas a alcançar o sucesso.
A gamificação oferece um terreno fértil para o desenvolvimento dessas qualidades. Nos jogos, os líderes são desafiados a tomar decisões estratégicas, a resolver problemas complexos e a lidar com situações inesperadas, tudo isso num ambiente seguro e controlado. Eles aprendem com os seus erros, experimentam novas abordagens e desenvolvem a sua capacidade de adaptação e resiliência.
Como é que a gamificação e a criação de jogos podem estimular a liderança:
• Comunicação e colaboração: A criação de um jogo, seja ele digital ou analógico, exige que os indivíduos comuniquem as suas ideias de forma clara e concisa, negociem, resolvam conflitos e trabalhem em equipa para alcançar um objetivo comum. Este processo fomenta a colaboração e a comunicação interpessoal, competências essenciais para qualquer líder.
• Criatividade e Inovação: Desenvolver um jogo exige pensar "fora da caixa", explorar novas ideias e encontrar soluções criativas para os desafios que surgem ao longo do processo. Os indivíduos são encorajados a inovar, a experimentar e a correr riscos, qualidades que distinguem os líderes visionários.
• Planeamento e organização: A criação de um jogo, por mais simples que seja, requer muito planeamento, organização e gestão de recursos. Os indivíduos aprendem a definir objetivos, a estabelecer prioridades, a delegar tarefas e a gerir o tempo de forma eficiente, competências cruciais para a liderança eficaz.
• Resolução de problemas: O processo de criação de um jogo está repleto de desafios e obstáculos que exigem capacidade de resolução de problemas. Os indivíduos aprendem a analisar situações, a identificar soluções e a tomar decisões de forma rápida e eficaz, desenvolvendo a sua capacidade de lidar com a pressão e a incerteza, características importantes num líder.
• Motivação e inspiração: Um bom jogo é capaz de motivar e inspirar as pessoas. Ao criar um jogo, os indivíduos aprendem a comunicar a sua visão, a entusiasmar os outros e a criar um ambiente positivo e colaborativo. Estas são qualidades essenciais para um líder que pretende inspirar e mobilizar a sua equipa.
A neurociência dá-nos a chave: os jogos estimulam a libertação de dopamina, tornando a aprendizagem viciante e recompensadora. O feedback instantâneo, a progressão e a sensação de conquista, característicos dos jogos, mantêm o jogador – neste caso, o líder em formação – motivado e focado. O mesmo se passa no processo de criação de jogos.
A gamificação já está a ser utilizada com sucesso por empresas e instituições, como o exército americano, que recorre a jogos para treinar soldados em competências interculturais. Em Portugal, ainda estamos a dar os primeiros passos, mas o potencial é enorme.
Universidades, empresas e organizações públicas devem apostar cada vez mais na gamificação como ferramenta inovadora para formar líderes capazes de enfrentar os desafios do futuro. O resto vem por acréscimo.
Os jogos são a nossa paixão. Não apenas jogar, mas o processo de produção aplicado a qualquer contexto.