04/12/2025
✒️ A figura de Aleister Crowley, é frequentemente associada à sua auto-proclamada autoridade em diversas tradições esotéricas. No entanto, sua relação com a Maçonaria regular foi marcada por uma busca constante e, no fim, frustrada, por legitimação dentro das Obediências estabelecidas. Crowley ansiava pelo reconhecimento formal destas instituições, vendo-o como um selo indispensável de prestígio e validade para os seus próprios projetos espirituais. Todas as suas tentativas seguiram um padrão claro: procurava credenciais maçônicas não por adesão genuína aos seus princípios, mas como ferramenta para consolidar a sua própria autoridade no meio ocultista.
Sua trajetória maçônica começou de forma irregular, com uma iniciação no México por um grupo não reconhecido, e prosseguiu sempre pelas margens das Obediências regulares. Recebeu os 33 Graus de um corpo maçônico igualmente irregular. As suas associações posteriores, seja com uma Loja vinculada à Grande Loja da França (considerada irregular pela Maçonaria inglesa) ou através da aquisição de graus honorários em ritos obscuros, nunca lhe conferiram o estatuto que procurava. O momento decisivo foi a sua última tentativa junto da Grande Loja Unida da Inglaterra, na década de 1910, onde os seus apelos foram categoricamente rejeitados. Esta porta fechada de forma definitiva marcou o fim do seu projeto de integração e levou-o a adotar uma postura abertamente crítica e hostil em relação à Maçonaria Regular, que ele passou a acusar de ser burocrática e fossilizada.
Crowley compreendia o peso simbólico da instituição, mas nunca aceitou as suas estruturas de autoridade, disciplina e reconhecimento mútuo. Por isso, a sua história neste campo é, acima de tudo, um testemunho das fronteiras bem definidas que a Maçonaria tradicional mantém contra interpretações heterodoxas e personalistas dos seus fundamentos. A verdade incontornável é que Aleister Crowley nunca foi reconhecido como maçom por qualquer Obediência regular da sua época, e o seu impacto na Ordem foi, no fim de contas, absolutamente nulo.
Por Luciano Urpia, In: Curiosidades da Maçonaria: Mitos e Fatos Maçônicos. Alicante, Reino de España, 2025.