03/08/2020
Monte dos Cacos – Uma história à espera de ser desvendada e que o Dragunceli escreveu há mais de 20 anos!
Muito se tem falado do “Monte dos Cacos” do porquê deste nome e porque ninguém ousou uma vez fazer escavações arqueológicas para comprovar tudo o que se fala e conta nomeadamente as sepulturas e ossadas humanas que aí surgiram na década de 40.
O “Monte dos Cacos” situa-se no pinhal entre a Rua de S.Domingos e S.Domingos de Baixo onde ainda hoje podemos encontrar pedras trabalhadas e pedaços pequenos de telha. Infelizmente e de acordo com populares muita gente levou pedras para fazerem de lareiras e também muros.
Uma coisa é certa e uma realidade é de que não se conhece muito da história de Argoncilhe, mas supõe-se que já existiam nela gentes na época romana e até pré-romana, aparecendo em 1086 o primeiro documento referente à nossa Vila.
Existem em vários escritos antigos referências à ligação ao Mosteiro de Grijó e alguns outros factos isolados mas a verdade é que se mais não houvesse, seria de fazer referência à existência, além de outros de menor significado, ao seguinte: Capela de Nossa Senhora das Neves, construída no mesmo lugar de uma outra, pelos Cruzios do Mosteiro de Grijó, em 1581; Campanário da Capela de S. Tomé na Minhoteira, que foi dos “Britos”, Morgados de Argoncilhe e onde existiram duas campas que dataram de 1702/1703; Capela de Nossa Senhora do Campo, anterior a 1686, onde teve os seus princípios a primeira paróquia de Argoncilhe; Capela de Santo António, no lugar da Ribeira da Venda, construída em 1715; Capela de S. Pedro em Aldriz, de que não se sabe a data de construção.
Mas algo mais e certamente de significativa importância existiu e que passaremos a citar, por nos parecer merecer que seja conhecido dos nossos vindouros ou até justificar que algum grupo de apaixonados por arqueologia se disponha a investigar.
Aquando da exploração de volfrâmio, entre 1939 e 1945, em S.Domingos de Baixo, no caminho que vai para a Azenha e já próximo deste local apareceram nas escavações grande quantidade de pedaços de tijolo, que levam a considerar que aí existiu algo que terá sido soterrado.
Confirmação após contacto com várias pessoas constatamos que o proprietário do terreno o mandou aplainar para semear mato e pinhal e apareceram sepulturas em pedra, com configuração de corpos humanos e ainda algumas ossadas, as quais foram transladadas para o cemitério de Argoncilhe.
Pensa-se que por começarem a algumas pessoas a pretender interligar o achado à pretensa aparição da capela da Azenha, não aceite pela Igreja Católica, terão sido desencadeadas acções com vista a que o trabalho de regularização do terreno se realizasse rapidamente, não se avançando por conseguinte com mais investigações e entretanto o caso caiu no esquecimento.
As pedras das sepulturas terão sido levadas para o Porto, não se sabendo para onde. Apenas uma se encontra ainda junto ao terreno, com trabalho pouco significativo.
Diz-se, mas sem confirmação factual que no local terá existido outrora um Convento denominado de S.Domingos e que as pedras deste até terão ido para o Convento do mesmo nome no Porto.
Apesar de inúmeras tentativas de vários Argoncilhenses não foi possível obter informações que permitam por agora ir além do que é narrado, mas todos desejamos que o referido fosse entendido como levantamento da ponta do véu no sentido de ir mais além nas investigações. Nutrimos ainda a esperança que as autoridades competentes nomeadamente o departamento de arqueologia municipal de Santa Maria da Feira consiga aprofundar este tema.