25/09/2024
Vidas vazias assombram os espelhos,
Enquanto corpos jazem pelas ruas frias.
Zumbis errantes com olhos vermelhos,
E mendigos, nas latas, buscam migalhas,
Mas é o governo que espalha a miséria,
Com retóricas limpas, mas graves falácias.
O patrão – o povo – clama pelo pão,
Enquanto a bota do funcionário - o polícia - lhe esmaga a face no chão.
Peles oleosas, queimadas ao sol de Junho,
Queimadas de Janeiro a Dezembro, sem alívio algum.
Vendem água mineral aos dirigentes,
Que, em seus carros com ar condicionado, nada sentem.
A tinta indelével, no dedo, é tão breve,
Comparada com as dores profundas que o povo, o patrão, carrega.
Que patrão?
Aquele que não governa, mas obedece.
Aquele que labuta e nada recebe.
Aquele que clama e só vê o peso do fardo dobrar,
Aquele que padece, padece sem cessar.
Que patrão!
Miguel Tamele
PoeAmando