08/05/2024
*SE OS MOÇAMBICANOS TIVEREM QUE IR POR “GIGANTES” ... O VENÂNCIO MONDLANE OMBREIA MAIS DO QUE A FISIOGNOMOMIA E A FISIONOMIA SUGEREM*
Por: Roberto Tibana
• Fisiognomomia: “Suposta arte de conhecer o carácter humano pelas feições do rosto”
• Fisionomia: “1. Traços do rosto; feições; cara; semblante; 2. Aparência”
(Dicionario de Lingua Portugueda, Plural Editores/Porto Editora, 2015)
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É evidente que a Frelimo e a RENAMO são irmãos siameses: quando nos finais dos anos 70 nasce a Frelimo comunista, também nasceu o Movimento de Resistência Nacional. E apesar das transmutações que se seguiram, por tudo o que vimos sabe-se que ambos partilham a mesma alma militarista e ditatorial. Hoje essa irmandade está personificada nos conluios entre as cúpulas das duas organizações, cujos líderes máximos se converteram em “donos” em vez de líderes das mesmas, e se coordenam sistematicamente para cada vez mais destruirem os alicerces infelizmente ainda frágeis de liberdades e democracia que custaram sangue de inocentes. O primeiro passo para isso tem sido a negação de qualquer democracia interna nas suas próprias oranizações.
Hoje não se discutem opções de estratégias de desenvolvimento. Não se discutem os modelos institucionais mais adequados. Não se discutem as soluçõs dos problemas profundos da pobreza e desigualdade. Não se discute como vamos tirar a saúde e a educação do buraco fundo da má adminsitracão e falta de financimento adequado. Não se discute sequer como melhor acabar com os conflitos internos e defender a soberania nacional.
Hoje o que se discute são personalidades, incluindo na base da sua fisiognomia, fisiologia e qualidades afins ( é calmo, fala pausadamente, é humilde – como se a “humildade” daquele que subiu as montanhas de Gorongosa para ir ter com o adversário tivesse feito a diferença aos destinos da nação para além de neutralizar esse adversario e posterirmente co-optar a oposição).
Porquê? Porque há muito que essas organizações e lideranças perderam o foco nos problemas fundamentais do país. E também porque lhes convém que assim seja.
À Frelimo convém porque as suas políticas e práticas governativas falharm rendondamente, e por isso quanto mais longe disso o debate se situar, melhor. À Renamo convém porque ela nunca teve políticas e práticas coerentes de oposção construtiva e alternativa de governação. A ambição da cúpula da Renamo tem sido conseguir ganhar para governar com as mesmas regras e práticas como a Frelimo. Foi por isso que em todas as negociações depois das que levaram aos acordos de Roma a Renamo nunca colocou na mesa de modo sério e convicente uma verdadeira reforma constitucinal. E a maioria dos seus deputados na Assembleia da república se acocoraram aquelas posições somente como fonte de sobreviência pessoal e familiar, evitando qualquer debate sério, eficaz e público com receio de que pudesse colocar as suas posições em sobreviência em causa a partir mesmo de dentro do seu partido. Muitos ate se alegrariam de serem cooptados pelo partido no poder como "sinal de inclusão".
E a desilusão e desespero dos moçambicanos tornou-se tão grande que facilmente as pessoas estão a deixar-se levar pela narrativa das mudanças por via de personalidades (uma narrativa admiravelmente alimentada mesmo por analistas de respeito nas televisões e redes sociais – quão efizaz tem sido a “máquina” ...).
Tomemos o caso da Frelimo depois (depois!) da sua decisão final atabalhoada na indicação do seu candidato presidencial. Todo o esforço está a ser feito para se fazer as pessoas acreditarem que com ele as coisas vão mudar. Mas isso é uma falácia. E que fique claro desde já que não se trata aquí de pôr em causa as suas qualidades pesoais e capacidades ou experiência governativam do putativo. Virei a isso mais adiante. O assunto aquí é que o problema que os moçambicanos têm é com a “máquina” da Fremilo e a maneira como ela tem conduzido os destinos da nação moçambicana.
A Frelimo é uma organização corrupta que promove a corrupção intitucionalizada do Estado. A Frelimo é uma organização que se tornou anti-democrática que promove a ditadura em Moçambique. A Frelimo é uma organização cujas politicas e modo de governar se desviou há muito tempo daquilo que são os interesses nacionais em da maioria dos moçambicanos. A Frelimo é uma organização sectária que promve a exclusão de todos os que a ela não pertencem a não ser quando pretende cooptá-los e eles a isso acedem. E o grande problema é que o actual candidato da Frelimo a Persidente da República, como mebro da Frelimo não vai poder dirigir o Estado de outra maneira senão como a organização o tem vindo a fazer. Portanto, o foco não deve ser na pessoa do candidato.
Explico-me mais:
1) O actual candidato presidencial nem é mebro da Comissão política da Frelimo, e só vai participar nela por inerência da sua condição de candidato e futuramtne (se lá chegar) de presidente da República. O actual Presidente da Frelimo é dirigente da Comissão política, o órgão que derige e aprova tudo em Moçambique (até a indicação para a nomeação de alguns directores nacionais e dirigentes de empresas públicas). Mesmo que ele ganhe as eleições, o seu conselho de Ministros vai ter que ser aprovado pela Comssião Política da Frelimo, dirigida pelo actual presidente do partido e composta por todos aqueles que protagonizaram o espectáculo vergonhoso que assistimos nos últimos dias.
2) Os vícios da má governação da Frelimo estendem-se desde a esfera nacioanal até ao bairro e quarteirão. Seria preciso mudar tudo (em termos de mentalidade e modo de fazer as coisas) desde o topo até à base. Não sendo dirigente da máquina partidária da Frelimo, o putativo Presidente da República pela Frelimo não teria campo de manobra para fazer isso. E mesmo se (seguindo a prática anterior) ele viesse a tornar-se presidente da Frelimo, isso só pioraria a siutação das suas amarras ao partido e não aos injtersses da nação.
O probelam não está no indivíduo, mas sim na organização e nas teias que construiu.
Assim, por muito competende, humilde e dedicado que ele seja, o actual candidato da Frelimo a Presidente da Republica não terá condições para governar com eficácia e foco no intersse nacional.
Por tudo isso, o mito das personalidades é outro com o qual se pretende adormecer a sociedade que devia ter acordado há muito tempo depois de se desmoronar o mito do homem que já disse ter todos os moçambicanos no seu coração.
Algumas garantias os moçambicanos teriam que ter de que o actual candidato da Frelimo a Presidente da República será um dirigente que a maioria dos moçambicanos querem (não somente o querido pelos militantes zelosos da Frelimo). Essas garantias existiriam nas seguintes condições:
1) Se a sua escolha como candidato tivesse resultado de um debate politico dentro da Frelimo em que ele expusesse as suas ideias sobre o que ele acha e pretende da organização em nome da qual ele pretende governar o país, e se esse debate tivesse sido transparente tanto para os militantes da Frelimo como para a sociedade. Isso não aconteceu.
2) Se os estatutos da Frelimo garantissem que ele tivesse ou venha a ter alguma influência na reorientação do modo de ser e de agir da orgnização – o que não dão pois ele é um simples membro do Comite Central e o seu peso espcífico nas decisões da Frelimo formalmente termina aí, e quanto ao resto ele só cumpre missões, incluindo essa de ser candidato presidencail (de acordo com as declarações do próprio depois da sua indicação como candidato).
3) Se os estatatos da Frelimo garantissem que ele como Presidente da organização pderá agir verdadeiramente nos interesses da nação mesmo que estes fossem contra os interesses das oligarquias e das máfias dominantes do partido a que pertence – o que não será possível, pois ele terá que agir por instruções da Comissão Política que ele não dirige e da qual possivelemente só irá fazer parte por “inerência de funções” no Estado como fazem com o Primeiro Ministro e o/a Presidente da Assembleia da República.
4) Se ele tivesse um histórico publicamente conhecido de luta interna dentro do seu próprio partido que demonstre que ele é contra as más políticas e práticas e tem alternativas para combater práticas criminosas, anti-democráticas e mafiosas promovidas pela organização a que ele pertence, e que a sua ascenção a candidato presidencial significa o triunfo dessa linha que ele projectaria para a nação inteira. Pois para dirigir o país não basta ser uma “ilha de competência, honestidade, humildade... etc.), muito menos tendo em conta a meneira como a Frelimo funciona e dirige o Estado.
O último ponto (4) acima leva-me ao fim ao mesmo tempo que me remete ao título desta escrita: “ SE OS MOÇAMBICANOS TIVEREM QUE IR POR “GIGANTES” ... O VENÂNCIO MONDLAME OMBREIA MAIS DO QUE A FISIOGNOMOMIA E A FISIONOMIA SUGEREM”
Eu avalio que o Venâncio Mondlane da Renamo ombreia com com umas polegadas acima do candidato da Frelimo. Explico-me (e somente me limitarei a tres aspectos muito importantes embora haja mais):
1. Contrariamente ao cndidato da Frelimo, a chegar lá, o Venância Mondlane chegaria à candidatura para a Presidência da República depois de se ter forjado num confronto em que enfrentou o estabslishment conservador denro do seu partido e vencido (melhor se convencido), tendo aceite correr todos os riscos inerentes à luta poitica. Nisso, ele deu uma grande lição de cidadania, pois os desafios que ele levantou aos seus pares ultrapassam os limites do seu partido. O Venâncio Mondlane não somente lutou (e luta) pelos seus direitos dentro da Renamo, como lutou (e luta) pelos direitos dos seus colegas (mesmo daqueles que o vilipendeiam) e de toda a sociedade. Istom porque as violações estatutárias dos partidos são uma ilegalidade porque por lei os partidos politicos devem ser democráticos e a Constituição define os partidos polítocos como uma das vias principais para os cidadãos exercerem os seus direitos democráticos. Por isso o Venâncio Mondlane daria confiaça aos moçambicanos de que não iria pactuar com tendências ditatoriais ou corruptas, e que estaria disposto a transformar e modernizar o seu partido para que seja um verdadeitro instumento de participação democrática e diversificada dos moçambicanos na decião e gestão dos destinos da nação. Mesmo que ele não ganhasse a corrida a candidatura para presidente da Renamo (o que nem seria necessário e essencial para ser candidato a Presidente da República por aquele partido), a sua postura publicamente conhecida, contra todos os riscos pessoais, a priori garante aos moçambicanos que ele nunca ou muito dificilmente sucumbiria a pressões das forças conservadoras do seu partido no que respeita a matérias de interesse nacional.
2. O Venâncio Mondlane, com a sua experiência de Deputadpo e registo de intervenções e actividades na Assembleia da Repúblia, ganhou conhecimento e experiência de como funciona um dos centros decisórios mais importants no país, conhece os seus defeiros e as necessidade de reforma. Com um bom aconselhamento e uma boa iniciative legislativa, ele pode propulsionar uma reforma constitucional há muito necessária no país, e fazê-lo com conhecmento de causa.
3. O Venâncio Mondlane sabe que não é uma pessoa 100% perfeita e ao gosto de todos, e sabe que tal coisa não existe. A sua coragen de se expor publicamtte tanto nas suas fraquezas como nos seus pontos fortes é a medida suprema de honestidade, e ruma em direção oposta aos que, seguindo as forma mais maquiavélicas de ascenção e exercício do poder são mantidos (ou sem matêm) debaixo do radar, escapando ao estrutinio público das suas ideias e visões, mode de ser e atitudes, para depois nos surpreenderem quando não teremos nenhuma maneira de alterar as escolhas fradulentamente induzidas.
O que falta para a sociedade moçambicana ter o que deseja?
Na minha opinião faltam três coisas:
1. Os moçambicanos deixarem de viver feitos cegos e ensurdecidos pelos mitos propalados pela Frelimo somente para sustentar e perpetuar as suas oligarquias;
2. A Renamo enxergar que existe um interesse nacioanl supremo e que a sua existência e relevância nacional depende de uma tomada de uma decisão que prometa aos moçambicanos que a organização está a virar a página e a olhar para a frente e não para o passaado.
3. Os militantes da Renamo perderem a ilusao de que um dia chegariam ao poder sem colocar em causa e de maira efectiva e assertiva as actuais regras de jogo, e de pesanr que poderiam governat com as mesmas. Debalde. Somente uma minoria nos eio deles continuaria a beneficiar das benesses da Frelimo.
Se a Renamo: 1) colocar a pessoa certa (neste caso no meu ver o Venâncio Mondlane) como candidato Presidencial para as elições de Outubro; 2) rapidamente formular e apresentar ao público um programa sucinto mas claro de governação do país que olhe para a frente e apresente soluções e não se limite a critica o passdo e a dignosticar o presente; e 3) imediatemente virar-se para massivamente organizar as bases para o controlo da máquina da fraude (uma batalha hercúlea mas não impossível de ganhar, sobretudo se souber fazer alianças dentro e fora de círculos partid’arios) ... se a Renamo enxergar e fizer isto, não sairia totalmente unida do seu Congresso (a Frelimo também saiu muito dividada do seu “pseudo-Congresso” deste fim de semana). Mas sairia certamente muito mais fortificada e capaz de fazer hostória venha Outubro 2024.
Eu já disse vaticinei que os moçambicanos não querem sair da frigideira para cair no fogo.
Na teoria de jogos, a dificuldade maior dos comparsas par salvar a pele ou minimizar a pena consiste em saber o que o outro na cela ao lado está a dizer aos policiais que lhes prenderam: está a confessar ou não? E se ele confessar e eu negar o que me espera?
Nesta analogia, a Renamo tem a vantagem de que o comparsa já falou e mentiu (a Frelimo continua a querer enganar o povo com um candidato meio anónimo empacotado na última hora). A Renamo pode "confessar", "arrepender-se", mostrar vontade de mundança e assim receber uma pena menor ou a soltura, venha outurbo de 2024! O Venâncio Mondlane é a sua melhor cartada no último movimento nesta fase do campeonato. Num jogo de mestre a Renamo até poderia fazer isso de maniera mais pacífica, o que lhe daria mais crédito.
São “civilizados” ou não?