Desabafos da Alma

Desabafos da Alma O amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura! Um dia eu tive a impressão de que o amor tinha chegado. Meio
Súbito, meio tímido, meio calado.

E aquele sentimento foi
Tomando conta de mim como uma nuvem preta no céu em dia
De temporal. Começou um vento forte dentro de mim, uma
Sensação de inquietude. E as minhas noites não foram mais
Iguais. Ficava á espera de um sinal, de uma marca. Alguma
Coisa que me dissesse que, sim, seria bom e duradouro. Eu queria gritar, pedir socorro, mas a voz não chegava até a
Boca, não conseguia emitir nenh

um som. Eu queria viver, sentir,
Saber, conhecer mais de perto aquilo que não tinha um nome certo,
Mas que eu queria que fosse amor. Nós queremos que
Seja sempre amor. Acho que isso acontece porque nós
Queremos viver uma coisa bonita, uma coisa que toda a gente
Nesta vida diz que vive ou já viveu. Queres saber um segredo? As pessoas mentem. Nem toda a
Gente viveu um amor. E não é toda a gente, desculpa a
Franqueza, que vai ter a chance , a sorte, a ousadia de viver um
Sentimento tão puro como esse. Eu queria de uma forma meio
Desesperada que fosse amor. E dizia que era. Até sentir que
era . Sentia porque eu queria, muito, sentir. Mas, olha, não era. Não era, não foi. Nós não chegamos a ser isso. Aquilo era uma
Paixão forte, uma coisa que me tocou , me mexeu, me virou,
Chegou sem fazer barulho, pé por pé e depois fez um estrondo
Grande aqui no meu peito, na minha vida, nos meus dias, nas
Minhas noites. Mais não foi amor. Aquilo quase me destruiu por
Dentro e por fora. Talvez tu não entendas direito o que quero
Dizer, mas quem já viveu uma paixão violenta e arrebatadora
Sabe do que estou a falar. Dói, ai, como dói. E arrebenta por
Dentro. Arrebenta como um balão de festa. Estoura, entendes? Estoura e não sobra quase nada, não sobra quase um
Pedacinho para contar a história. Aquilo é como um vaso bonito
e caro, que se parte em vários pedaços e muito, muito tempo
depois de teres varrido a sala tu encontras um caquinho
naquele canto do sofá. Não, ninguém viu. Tu varrestes o melhor
que podias, mas deixastes aquele caquinho passar. E aquele
caquinho traz de novo todas aquelas recordações que tu
pensastes ter esquecido. Aquele caquinho traz aquele pedacinho
que não tinha sobrado nem para contar a história. Então, as
histórias aparecem. Uma que vem depois da outra. Uma que chega, te dá um pontapé e chama outra. No fundo era medo. Era um medo tremendo de deixar alguém
Chegar até onde ninguém tinha ido. Era um medo de ir até onde
Nunca fui. Era um medo profundo de perder a identidade,
Perder a hora, a cabeça, as verdades. Que disparte. Meu Deus,
Que disparate enorme! O amor, quando é verdadeiro, dá-nos
Confiança. O amor quando é verdadeiro chega a sorrir. Sem
Gritar, sem calar, sem ponto de interrogação. E não há nada a
Temer. O amor traz novas folhas brancas. Algumas vírgulas. E muitos parágrafos. Um beijo na testa. E uma mão firme que te
Ampara a todo instante. O amor é compreensão, é olho no
Olho, é promessa que cumpre, é voz que não gagueja, é
Quietude, segurança. É impossível esquecer um amor. E, sabes,
Sou daquelas pessoas que acha que amor mesmo, amor de
Verdade nós só vivemos uma vez. Tudo o resto não passará de
Uma paixão.

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