O ca****bo de Magritte na obra A traição das imagens. Na tela, o desenho de um ca****bo com a inscrição em francês: “Isto não é um ca****bo”. E, oras, não era mesmo. Era a imagem de um ca****bo. Somos traídos pelas imagens todos os dias. Quando nos apaixonamos não caímos de amores pela pessoa, mas pelos pedaços de nós mesmos que encontramos nela. Quando essa identificação passa e começamos a perce
ber nossas diferenças com o ser amado, dói. Mas quando o relacionamento amadurece, percebemos que amamos também o que faz dessa pessoa um ser único. A Não Editora quer que seus leitores sejam traídos. Que eles se apaixonem por um pedaço de si mesmos que viram em nossos livros ou personagens. Que se identifiquem com a editora, imaginando que ela é como qualquer outra que viram antes. E, depois, percebam o autoengano. Para começarem a ver, aqui e ali, as diferenças em nossas publicações e no visual de nossos livros. Incorporando, também em suas vidas, a fuga do que é estanque, dos conceitos pré-estabelecidos e da fórmula repetitiva. Assim como a tela é a manifestação do pintor, que contém os seus pensamentos e contestações, o livro deve ser um meio para os escritores e suas obras. Por isso, valorizamos o design de nossos livros, fazendo com que eles reflitam a qualidade do texto que estamos oferecendo aos leitores. Queremos que o nosso público não tenha vergonha de assumir que julga o livro pela capa. Isto não é uma editora. É o disparo. É o despertar. É o empuxo.