23/06/2022
‘Vi uma Rocha coberta de sangue’, diz mulher que sobreviveu após 72 dias na UTI com Covid
Os primeiros sintomas da Covid-19 percebidos por Debora D´Iasi em seu organismo foram as perdas do olfato e do paladar, em seguida, uma dor de garganta diferente, que, segunda ela, queimava até o céu da boca, além de dores no corpo todo, febre, muita fraqueza e tremores.
Em entrevista exclusiva ao Guiame, a terapeuta integrativa conta que o pesadelo começou com seu marido, o primeiro a ser atingido pela doença. “Mesmo sendo um homem muito forte, que dificilmente f**a doente, ele estava muito debilitado”, diz Débora, que mora em São Francisco do Sul (SC).
Aquela situação fez Débora entender que as coisas f**ariam difíceis para a sua família. “Eu pensei, preciso me preparar para o que vem!”, relembra, quando, na sequência, os dois filhos do casal também apresentaram os sintomas.
“Nesse tempo eu entrei em oração, ungi todos, a casa toda, até os nossos pets… Na verdade, eu já sentia o que precisaria enfrentar!”, conta.
A reação do organismo de Débora ao vírus foi muito complicada e ela foi levada para o hospital no dia 3 de outubro de 2021. “Eu já cheguei lá
muito confusa”, conta Débora, que começava uma batalha longa pela vida, com três meses de internação.
Débora precisou ser intubada dois dias após ser internada. “Eu fui transferida para outra cidade, para um hospital maior, com uma estrutura melhor em UTI/CTI”, explica.
“Eu pude avisar meus filhos, minha irmã, meu tio, uma amiga e pedir orações. Me lembro que neste momento eu estava tranquila… Meu filho caçula se desesperou e me perguntou: ‘E agora mãe!???’ Eu respondi: Eu só tenho duas opções, ou melhorar ou melhorar! Essa foi minha última lembrança antes da intubação”, conta.
Apegada à fé
A reação da terapeuta de 47 anos, diante daquele quadro grave em sua saúde, estava vinculada à fé.
“Eu passei por momentos muito difíceis, estava em coma induzido, mas eu tinha consciência da minha condição, tinha alguma percepção auditiva, e pouquíssima visual”, explica. “Mas me lembro de ouvir algumas vezes os médicos conversando a meu respeito”.
Mesmo entendendo que seu estado era grave, e que poderia morrer ali, Débora conta que manteve sua fé.
“Precisei passar por duas intubações, tive hemorragia, trombose pulmonar, derrame pleural, fibrose pulmonar, pneumotórax (bolhas de ar no pulmão), fístula broncopleural, bactérias hospitalares, choque séptico pulmonar, uma escara sacral grau III, que foi até a minha coluna dorsal”, detalha.
Débora diz que foram necessários vários procedimentos invasivos e cirúrgicos, como traqueostomia, drenos torácicos, transfusão de sangue, reanimação devido a paradas cardiorrespiratórias que teve.
Experiências espirituais
“Foram 72 dias de UTI. Durante o coma pude viver experiências muito espirituais, através de sonhos. Vivi situações que foram tremendas.
E pude entender que tudo aquilo que eu estava passando tinha um propósito maior da parte de Deus para a minha vida”, relata.
Debora D'Iasi em recuperação. (Foto: Arquivo pessoal)
Um outro complicador era o fato de ela, como qualquer outro internado por Covid, não poder receber tantas visitas.
“As visitas eram muito controladas, e precisei f**ar a maior parte do tempo isolada. Mas meu marido acompanhou tudo de perto, minha filha e minha irmã também conseguiram me visitar”, conta.
“Alguns enfermeiros e médicos foram me ver depois que eu acordei e sai da UTI, e me disseram que eu era um milagre. Muitos ali dentro daquele hospital não acreditavam que eu conseguiria sobreviver. Mas Deus tinha uma obra a realizar dentro daquele hospital, mais precisamente na UTI que eu fiquei, e eu fiz parte dessa obra”.
“Tive muita dificuldade para acordar do coma, eu só expressava sinais quando meu marido falava da minha filha, então foi preciso que a Emmanuelle viesse até mim”, conta Débora, que conseguiu despertar do coma na terceira visita da filha. “A Emmanuelle também é uma história de milagre, ela é o presente de Deus presente na minha vida!”.
Campanha de oração
Débora conta que muitas igrejas, missionários, amigos, conhecidos e desconhecidos “oraram por mim nesse tempo, alguns pastores tentaram me visitar, mas o hospital não os liberou”.
A terapeuta diz que durante o coma sentiu muito medo e insegurança. “Naquele momento eu não temia pela minha vida física simplesmente, mas eu tinha medo de morrer e não ter a salvação”.
“Eu pedi ao Senhor por misericórdia, pedi que Ele me deixasse viver para poder ver meus filhos e os filhos dos meus filhos crescerem, pedi para que Ele me deixasse viver para testemunhar Seu amor, poder e misericórdia”, conta.
“Então, em todo tempo dentro de mim, eu declarava: Se eu verdadeiramente me arrepender dos meus pecados, pedir perdão e confessar que Jesus Cristo é o meu único Senhor e Salvador, Deus é fiel e justo para me perdoar e me salvar!”, lembra.
Ela diz que conforme ia vivendo experiências com Deus, em todas as situações difíceis, Ele a dava vitória e livramentos. “Então fui me sentindo segura e tive certeza de que eu pertenço a Ele, e Ele está no controle da minha vida”.
‘O Senhor soprou em meus pulmões’
“Eu me lembro de um momento especif**amente em que eu não conseguia mais respirar, era apenas um pequeno soluço, eu orei e disse a Deus que eu não aguentava mais, e entreguei minha alma para Ele”, relembra.,
Débora diz que naquele exato momento viu uma rocha em sua frente, coberta de sangue. “Eu dei meu último soluço e fechei meus olhos… não vi, nem senti mais nada, acredito que ali eu realmente morri!”.
Ela diz que um tempo depois pode sentir seus pulmões se encherem de ar. “Foi como um sopro de Deus soprando vida em meus pulmões novamente! Foi como um susto, ao mesmo tempo eu abri meus olhos e pude respirar… e pude ver uma Rocha gigantesca branca, alva como a neve na minha frente, e ali eu tive certeza de que Deus não me deixaria morrer”, compartilha.
“Senti uma alegria muito grande, uma nova esperança de vida, e declarei: ‘Onde está ó morte a tua vitória!? O meu Redentor vive, por isso posso crer no amanhã’”, conta.
Recuperação
Débora explica que a partir dali começou a se recuperar. “Ainda estou me recuperando, fiquei com algumas sequelas, tive 75% do pulmão direito lesionado pela fibrose, estou fazendo fisioterapia respiratória e motora”, conta.
Ela diz ainda que teve de reaprender a respirar sem máquinas de oxigênio e respiradores, reaprender a falar, beber água, comer, sentar-se, andar, equilibrar-se. “Como uma criança pequena, tive que reaprender tudo novamente. Mas com uma diferença: uma alegria e gratidão tremendas por estar viva”.
Ela diz que a experiência de risco de morte que teve a fez ver além da visão física, e da percepção humana. “Foi uma experiência de milagre, renascimento espiritual, e físico, fui curada de outras enfermidades, principalmente da alma”.
“Ganhei uma nova vida, um novo nome, uma nova perspectiva de vida, do amor, do poder, e da misericórdia de Deus por mim”, conta. “Uma alegria e gratidão sem igual, que amorosamente invadem o meu ser. Eu precisei morrer, para ter um novo e verdadeiro renascimento em Cristo!”.
A terapeuta diz que tudo isso a fez ver como o “amor de Deus por nós é imensurável”.
Debora D'Iasi antes da Covi. (Foto: Arquivo pessoal)
“Por amor Ele entregou Seu próprio Filho para morrer na cruz por nós, Ele pagou um alto preço, e nos dá a Salvação e a vida eterna através do Seu sangue! E é por esse mesmo amor que hoje eu estou aqui, viva, podendo compartilhar com vocês esse milagre. Na esperança da salvação eu testemunho a Luz!”.