03/08/2022
Fotografia de Manuel Urbano da Encarnação (1805-1897), Tenente Coronel do Exército Brasileiro e um dos pioneiros do povoamento e exploração da região Amazônica, conhecido como "Bandeirante do Século XIX" Coleção Pedro Corrêa do Lago.
Manuel Urbano da Encarnação, nasceu no Amazonas em 1805, cafuzo, filho de índios Mura e negros Africanos, ganhou notoriedade pelas suas inúmeras explorações na Região Amazônica.
Foi um dos pioneiros na navegação dos rios Acre, Purus e mais tarde Juruá. Em 1860 realizou uma expedição que durou 9 meses procurando uma junção entre o rio Purus e o Madeira. Seu trajeto o levou até as terras bolivianas, trazendo nessa viagem alguns fosseis (Saurian mossasauro) que encontrou pelo caminho. Em seu relatório descreveu várias tribos indígenas, calculando 5 mil almas ao longo do percurso.
A ocupação das terras acreanas por brasileiros teve início em 1861, quando Manuel Urbano da Encarnação penetrou na bacia do rio Acre, viajando por vinte dias até a nascente.
Nomeado Diretor Parcial dos índios em 1861, era responsável pela área que ia “desde o lago jacaré e o rio Tapauá: e acima da maloca Capana em diante.” A incorporação dos povos indígenas aos quadros da força de trabalho da província era uma questão chave, na qual Urbano ganhou notoriedade como interlocutor.
Em 1874, Manuel Urbano fundou o povoado de Canutama (Benevides), como um seringal, hoje município do Amazonas, e recebeu a patente de tenente-coronel do governo brasileiro, por ser responsável pelos índios paraná-pixunas.
Morreu com 92 anos, em 12 de junho de 1897 na cidade de Manaus, vítima de varíola, pouco tempo depois de ser agraciado com uma pensão vitalícia pelo presidente do Estado do Amazonas, Eduardo Gonçalves Ribeiro, por seus serviços como sertanista.
Manuel Urbano da Encarnação, foi aquele que abriria os caminhos para o assentamento de núcleos urbanos ao longo do rio Purus. São expressivas as palavras de Sebastião Antônio Ferrarini, ao considerá-lo um bandeirante: "o homem simples, forte e corajoso que, tal qual "bandeirante" do século XIX, tornou-se o desbravador de grande parte da Amazônia. Este homem foi Manoel Urbano da Encanação, e o local por ele habitado, Canutama".
Descendente da tribo Mura
Manoel Urbano da Encarnação foi um descendente da tribo Mura, mestiço, prático de embarcação, encarregado da segunda expedição (1861) pelo rio Purus encomendada pelo governo do Estado, já que a primeira expedição ficou a cabo de Seraphim da Silva Salgado (1852). Nesse ano, em 1861, ele subiu o Purus durante 155 dias. Segundo informações, o último ponto que ele teria alcançado seria uma povoação boliviana chamada Sarayaco. Nessas aventuras, é sabido que por onde ele passava havia povos indígenas que o chamavam pelo nome de "Tapauna Catu", cujo significado é "preto bom". Isso ocorria em função da fama que levava esse explorador por sempre tratar bem os povos indígenas. Como registra Sebastião Antônio Ferrarini: "Era um homem audaz. Inspirava zelo. Tratava bem o gentio lá onde o encontrasse".
O encontro com anglo-saxões
Nos anos 1864 e 1865, Manoel Urbano da Encarnação encontrou dois importantes naturalistas anglo-saxões. De acordo com Cardoso, em 1864 ele encontra o correspondente da Royal Geographical Society, William Chandles, que navegou pelo Purus em busca de um canal de ligação com o rio madeira. E em novembro de 1865 ele encontra o americano membro da Expedição Thayer, William James, que assim descreveu o fundador de Canutama: "um cafuzo, bem apessoado, com mais sangue negro do que índio, com mais ou menos uns 60 anos, vestido em um terno brilhante de alpaca preta" fonte: Ferrarini, Sebastião Antônio (1980). Canutama: conquista e povoamento do Purus. Manaus: Edições Governo do Estado do Amazonas