06/06/2020
Sorocaba avança na arborização urbana
A biodiversidade sorocabana é composta por pelo menos 1.218 espécies, segundo o livro “Biodiversidade do município de Sorocaba”, produzido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema) da cidade em 2014. Do total de espécies encontradas em território sorocabano, há 555 espécies de flora e 612 que integram a fauna. Sobre a vegetação do município, a Sema destacou que atualmente Sorocaba tem 25,6% da projeção de copa em meio urbano, o que supera a meta de 20% estabelecida pelo Plano Municipal de Arborização Urbana (2009 — 2020). Os dados foram lembrado esta semana, com a passagem do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho.
O titular da Sema, Maurício Tavares da Mota, comemora a meta superada. “Um dado relevante é que houve um aumento signif**ativo da arborização urbana nos últimos 12 anos, quando a projeção de copa em meio urbano era de 16,35%”, destaca.
A vegetação típica de ecótono — áreas de transição ambiental — com interseção de diferentes tipologias florestais, destaca o secretário, contribui para o papel estratégico de Sorocaba no cenário da conservação da biodiversidade. Pela cidade, afirma Mota, é possível observar Sibipirunas, Flamboyants, Quaresmeiras, diversas espécies de Ipês, lembradas pela população principalmente na primavera, quando suas floradas embelezam as ruas, entre outras espécies.
A presença da arborização urbana, destaca o secretário, tem comprovada eficiência para a estabilidade microclimática, redução da insolação direta e da velocidade dos ventos, além da melhoria das condições para a biodiversidade, redução de ruído, entre outros, desempenhando assim um importante papel na melhoria da condição ambiental das cidades e, consequentemente, na qualidade de vida da população.
Mota lembra que a Sema foi criada em 2009 e que a crescente realização de pesquisas pelas universidades promoveram em Sorocaba o início de um processo indutor de discussões, reflexões e implementação de políticas locais de proteção da biodiversidade. “Com a criação da Secretaria do Meio Ambiente é possível verif**ar a consolidação de ações de gestão, controle, fiscalização, licenciamento e educação ambiental, principalmente pelo respaldo da Lei nº 10.060, que estabeleceu os princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos para a proteção do meio ambiente no município, sendo a biodiversidade um dos eixos de trabalho”, afirma.
Sorocaba, destaca o professor Nobel Penteado de Freitas, coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da Uniso, já teve uma biodiversidade muito mais rica do que a vista hoje. “A cidade era ocupada por Cerrado e Mata Atlântica, mas ao longo da história, com o avanço da urbanização, a cidade perdeu praticamente todas as características desse bioma”, afirmou. Ele lembra, porém, que com o endurecimento das leis ambientais, alguns locais resistem e são preservados.
Freitas destaca que a Sema vem trabalhando na preservação de corredores ecológicos e destaca alguns pontos da cidade que são preservados, como Pirajibu, Pirajibu-Mirim e o Rio Sorocaba na altura do bairro Parque Vitória Régia. “Pensando em um corredor ecológico mais amplo é possível citar Itupararanga e a Fazenda Nacional de Ipanema também”, disse.
Reverter o que já foi perdido, afirma Nobel, é algo fora das possibilidades. “O Rio Sorocaba já foi dez, 15 vezes maior do que é hoje, mas é inviável desfazer o avanço da urbanização que já aconteceu no entorno. É preciso hoje engajamento, investimento e conscientização para que o que ainda resta não seja perdido”, disse o especialista.
Sobre a biodiversidade sorocabana, Freitas chama a atenção para a Águia Cinzenta, que há muitos anos não era vista na cidade e no ano passado voltou a sobrevoar Sorocaba. “As aves são a maior parte da fauna local e estima-se que há mais de 100 espécies. A aparição da Águia Cinzenta, que é muito rara, é algo importante e signif**ativo.” O ouriço e a garça branca também estão entre os animais que simbolizam a cidade.
Já entre a vegetação, Nobel cita a Copaíba e o Jequitibá-branco como espécies nativas de Sorocaba. Os plantios de árvores, destaca o professor doutor, são iniciativas importantes, mas que exigem conhecimento e planejamento. “É preciso intensif**ar as ações de conscientização e explicar que não adianta a pessoa fazer um mega plantio de espécies exóticas, pois elas vão atrapalhar as árvores nativas. Não faz sentido planta abacateiros e mangueiras em um parque, por exemplo.” Ele lembrou que recentemente, no Parque Porto das Águas, a Sema fez a remoção de aproximadamente 300 árvores exóticas e as substituiu por espécies que pertencem ao bioma sorocabano.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul