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Biografias Afro-Saltenses Espaço de Memória da População Negra Saltense. Pesquisa e Organização por Chell Oliveira
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Antônio Teixeira – Teixeirinha Em meados de 1934 chegavam da cidade de Capivari para a cidade de Salto a família Teixeir...
20/06/2024

Antônio Teixeira – Teixeirinha

Em meados de 1934 chegavam da cidade de Capivari para a cidade de Salto a família Teixeira, entusiasmados com o novo desafio, o sr. Herculano Teixeira Filho, acompanhado de sua esposa Maria Ribeiro Teixeira, estabeleceram-se no bairro que leva o sobrenome da família, a “Vila Teixeira”, onde nasceu e cresceu o talentoso e ilustre Antônio Teixeira, no dia 05 de junho de 1940, junto de seus irmãos Benedicto Teixeira, Domingos dos Anjos Teixeira, Terezinha Teixeira, José Maria Teixeira, Marta Teixeira, participaram de diversas atividades na cidade, sendo muito engajados na sociedade saltense da época.

Antônio Teixeira frequentou até o quarto ano na escola Tancredo do Amaral, mais tarde se formou na escola técnica Senai de Itu como torneiro mecânico, e fez curso de desenhista-projetista de máquina no instituto Projetec. Antônio Teixeira trabalhou ao longo da vida como Torneiro mecânico, Projetista de Máquinas, nas empresas Brasital, Emas, Sivat, Picchi, e Eucatex, onde se aposentou.

Em 1963 conheceu Cláudia Edi de Melo, residente na cidade de Porto Feliz, e começaram a namorar. Após dois anos de relacionamento, o jovem casal casou-se em 24 de abril de 1965, na Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Porto Feliz, e estabeleceram residência na rua Joaquim Nabuco, número 291. Em 1971, mudaram-se definitivamente para a rua Júlio Ribeiro, número 29, bairro Jd. Três Marias. Antônio e Claudia Edi tiveram três filhos: Rosângela Aparecida Teixeira Rodrigues, Aldo César Teixeira, Elizângela de Fátima Teixeira.

Teixeirinha, como ficou popularmente conhecido ao longo do tempo, participou de diversas atividades na cidade. Uma delas foi como esportista, especialmente como jogador de futebol, atuando como zagueiro em renomados e tradicionais clubes do futebol amador saltense. Ele jogou e foi campeão pelo Guarani Saltense A.C, pelo C.R.E Emas, pela A.A. Avenida, pela A.A. Saltense. Além disso, jogou pelo Esporte Clube XV de Novembro, clube no qual seu irmão Benedicto colaborou na fundação. Além do futebol, também praticou Tênis de Mesa pela equipe da Eucatex, e participou de campeonatos regionais representando Salto.

Apaixonado por arte, foi poeta, escritor, compositor, intérprete da escola de samba, desenhista, artista plástico, e músico tocando violão e órgão. Em seus momentos de inspiração, gostava de trancar-se em seu quarto e produzir sua arte. Ele foi regente do Coral Santa Cecília, da Igreja Matriz Nossa Senhora do Monte Serrat, e fez parte do Coral Cidade de Salto – “Madrigal”, sob a regência do Maestro Agostinho Pereira de Oliveira.

Uma de suas participações mais destacadas na cidade foi na formação da primeira associação negra da cidade, a “Collored’s Club” (1964), posteriormente denominada “A.I.R José do Patrocínio”. Antônio Teixeira foi o membro que mais vezes ocupou a presidência da associação, além de desempenhar outras funções, como intérprete e compositor da escola de samba do Patrocínio, destacando-se sua música “Carnavais e Histórias que a Vovó contou! (vovó sentada na varanda)”.

Sempre engajado nas questões políticas da sociedade, principalmente com as pautas da negritude, em 1985, juntamente com Selma Maria Teixeira, sua sobrinha e José Roberto Benedito, o Zé Rô, fundou o “Movimento Negro de Salto”, organizando as primeiras “Semanas da Consciência Negra de Salto”. Eles foram responsáveis diretos pela inauguração da “Praça Zumbi dos Palmares”, durante a gestão do Prefeito Pilzio Nunciatto di Lelli. Antônio Teixeira também foi candidato a vereador junto com Pilzio, em 1986.

Antônio Teixeira sempre foi muito respeitado e considerado por sua essência, integridade e conhecido por seu caráter inigualável e honestidade.

Em 19 agosto de 2003, Antônio Teixeira faleceu em nossa cidade, a deixando-a mais vazia e triste pela perda de uma pessoa tão talentosa e dedicada.

Texto: Chell Oliveira
Colaboração: Família Teixeira

José Carlos Rosa – Saudoso RosãoNascido na cidade de Porto Feliz em 08 de setembro de 1959, José Carlos Rosa, o saudoso ...
28/03/2024

José Carlos Rosa – Saudoso Rosão

Nascido na cidade de Porto Feliz em 08 de setembro de 1959, José Carlos Rosa, o saudoso Rosão, viveu por certo tempo no bairro Formigueiro, na mesma cidade, e chegou a circular por algumas fazendas da região antes de vir para a cidade de Salto, em meados de 1974, quando por aqui chegou com a sua família para residir no Jd. Bela Vista, na rua Bom Pastor. Filho de Jovelina de Campos, e de Pedro Rosa, Rosão era um dos dez irmãos, incluindo Edson, Élcio, Elisan, Maria de Fátima, Maria de Lurdes, Maria José, Elizabeth, Aparecido e Everaldo.

Em uma residência que fazia fundo com a sua, localizada na rua Henrique Viscardi, morava a jovem Neide Aparecida da Silva, no qual se conheceram, namoraram por um tempo, e em 31 de agosto de 1980 passaram a morar juntos e tiveram três filhos, Ana Paula Rosa, Luciana Rosa, e Luiz Carlos Rosa, sendo estes filhos biológicos, pois Rosão e Neide tiveram mais quatro filhos adotivos, sendo: Vanessa Rosa de Jesus, Wesley Henrique Rosa, Jenifer Mayara Rosa dos Santos, e Andressa Regina da Silva.

Em 30 de novembro de 2009, Rosão e Neide oficializaram sua união no cartório, em preparação para serem batizados na Igreja de Deus no Brasil, onde a família era ativa. Rosão, após graduar-se em Teologia pela Escola da Igreja Catedral Evangélica de Sorocaba (CES), tornou-se obreiro e pastor, orgulhando-se especialmente das missões evangelísticas que realizou, incluindo uma viagem à Bolívia para ajudar na construção de uma igreja local e pregar na Faculdade de Medicina.

A vida de Rosão foi marcada por mudanças frequentes de residência devido a várias circunstâncias. Ele viveu em várias casas, incluindo as de Odélia Rufino, no Bela Vista, morou também na Comunidade da Santa, no bairro Maria José (conhecido como Tino), no Jardim das Nações (onde foram caseiros), no Jardim Santa Cruz e finalmente em sua própria casa, na rua Monteiro Lobato, no Jardim Três Marias.

Ao longo da vida Rosão trabalhou na roça cortando cana e colhendo café, trabalhou também na Fábrica de Tecidos Brasital S.A., trabalhou na Eucatex S/A, e trabalhou no depósito da Lojas Cem até tornar-se Guarda Civil Municipal em 1984. Também ocupou diversas funções na Prefeitura, atuando sobretudo em projetos sociais ofertados pelo município, como a FUNSOL – Fundo Social de Solidariedade, localizado à época em frente ao Fórum, e que prestava serviços de acolhimento a crianças, adolescentes, e famílias em vulnerabilidade, trabalhou no Juizado de Menores, Trabalhou na Delegacia, e foi também Oficial de Justiça. Rosão tinha muito orgulho em ser Guarda Municipal e mesmo aposentado seguiu sua carreira.

Uma das memórias mais notáveis que é guardada sobre Rosão pelas pessoas que o conheceram, sem dúvidas está relacionada ao fato dele ter sido um dos presidentes do Clube Recreativo dos Trabalhadores Saltenses (1994 – 2001), aliás, comentam as pessoas que uma das melhores épocas do Clube, no que se refere à organização de festas, bailes e atrações, teria sido sob sua administração, onde realizou mudanças significativas e trouxe novas ideias, como a abertura do clube às sextas-feiras e a modernização das instalações. Rosão foi responsável por fazer algumas transformações importantes nas dependências do Clube, como quando na oportunidade retirou ele mesmo com ajuda de outras pessoas, o piso de “taquinho” que existia desde a sua inauguração, para aplicar um piso mais liso de cimento queimado, afim de que a pista se tornasse mais propícia para a prática de danças, o que de fato ocorreu. Ele tinha um amor profundo pela história do clube, no qual havia sido iniciada em 25 de março de 1951, data da fundação da Sociedade, e a construção do prédio em 1972, sob administração do então prefeito à época, sr. Jesuíno Ruy, e se entristeceu quando o Clube deixou de existir para se tornar Paço Municipal em 2012 quando ele já não fazia mais parte do quadro de direção, no entanto, grandes memórias e histórias são guardadas até os dias atuais.

Rosão, apesar de não ter nascido em Salto, considerava a cidade sua casa, dizia sempre que não escolheu Salto, “mas que foi escolhido pela cidade”. Por aqui deixou uma marca indelével como amigo, membro ativo da comunidade e patriarca de uma grande família. Sua morte em 10 de outubro de 2014 deixou saudades profundas, mas suas memórias e legado permanecem vivos na comunidade de Salto.

Texto: Chell Oliveira
Colaboração: Neide Aparecida da Silva Rosa, Luciana Rosa

Celebração dos 58 anos da S.I.R José do PatrocínioEm 24 de Janeiro de 2024 celebrou-se o 58º aniversário de fundação da ...
27/01/2024

Celebração dos 58 anos da S.I.R José do Patrocínio

Em 24 de Janeiro de 2024 celebrou-se o 58º aniversário de fundação da S.I.R José do Patrocínio, um marco histórico em Salto. Fundado em 24 de janeiro de 1966, este Clube Social Negro, localizado na Rua Expedicionários Saltenses, número 152, emergiu como um espaço vital de organização e resistência para a comunidade negra local.

Durante as décadas anteriores à sua fundação, a população negra em Salto enfrentou limitações impostas pelo racismo, sendo inibida de participar de outros espaços de sociabilidade na cidade. O Clube José do Patrocínio tornou-se, assim, não apenas um refúgio, mas também um catalisador de mudanças e conquistas para a comunidade negra saltense.

Originado dos bailes de terreiro e fundo de quintal, o Clube inicialmente chamado "Colored's Club" passou a se chamar Sociedade Instrutiva e Recreativa José do Patrocínio. Além de ser um local de resistência, o “José do Patrocínio” também foi o berço de movimentos culturais significativos, como a renomada Escola de Samba José do Patrocínio, que brilhou não só localmente, mas também regionalmente.

Ao longo dos anos, este espaço viu o surgimento de inúmeras famílias e o florescer de notáveis cidadãos e cidadãs saltenses, tais como Antônio Teixeira, Benedito Antônio Silvestre, Jesuíno dos Santos, Rubens Paixão, Antônio da Silva, Hermes da Purificação, José Roberto Castro, Esmael dos Santos, Espedito Tereza, Gabriel de Almeida, Claudiceia Santos, Maria Ferreira Martins, Neusa Maria dos Santos das Neves, Laércio Lorenço, Nacele Ferraz, Epaminondas Rosa do Carmo, Carlos Eduardo Rosa, Benedito Teixeira, entre outros grandes nomes que se mantiveram na direção do Clube. Esses nomes não apenas contribuíram para a cultura local, mas também projetaram uma imagem de prestígio para a comunidade negra saltense.

Fotografia: 24 de janeiro de 1968, data da inauguração da sede social na Rua Expedicionários Saltenses, 152, Centro.

Em pé, da esquerda para a direita: Armando Prado de Almeida, Benigno José Augusto, Nacele Ferraz, Esmael dos Santos (Maé), José Roberto Castro (Major), Antônio dos Santos (Pelezinho), Benedito Ferreira Martins (Bangô), Dolivar de Camargo (Dori), Benedito de Campos, Antônio de Castro (Tinin), e Antônio da Silva.

Sentados, da esquerda para a direita: Laércio Lorenço, Espedito Tereza, Gabriel de Almeida (Neca), Antônio Teixeira, Hermes da Purificação, Benedito de Camargo.

Ao fundo: Dr. Mário Dotta.

Texto/Pesquisa Chell Oliveira
Colaboração: José Roberto Castro – Major

José Roberto Benedito – Zé RôFigura conhecida e muito respeitada na cidade de Salto, José Roberto Benedito conhecido tam...
16/01/2024

José Roberto Benedito – Zé Rô

Figura conhecida e muito respeitada na cidade de Salto, José Roberto Benedito conhecido também por “Zé Rô”, apelido que carrega desde os tempos de movimento negro em Campinas em meados dos anos 1970, e que fora concedido pelo amigo Mestre Lumumba, um dos líderes do movimento na época (em memória).

José Roberto Benedito nasceu em 12 de setembro de 1952, na pequena cidade de Dois Córregos, interior do estado de São Paulo, é filho de Aparecida Gomes Benedito, e de José Benedito. Estudou colegial, ginásio e também fez curso técnico em contabilidade, e durante a infância, conta que, em tempos em tempos quando a situação ficava difícil, sua mãe o mandava junto com Roberval, seu irmão do meio, para a cidade de Bauru, para ficar na casa de seus avós, Sebastião Gomes, e Oscarlina Policarpo Gomes.

Em Dois Córregos José Roberto trabalhou como aprendiz de alfaiate, trabalhou em fábrica de móveis, trabalhou na fábrica de calçados, trabalhou na fábrica que fazia urnas funerárias, e foi locutor na Rádio Cultura, também é músico, e chegou a fazer parte da Banda Municipal de Dois Córregos, onde aprendeu a tocar instrumentos e a ler partituras, o primeiro instrumento que aprendeu a tocar foi Bombardino, depois aprendeu a tocar também bateria, trombone, trompete e violão. Chegou a fazer parte de conjuntos e bandas, e lembra que uma das bandas se chamava: “Os Degolados”, pelo motivo de tirarem as golas das camisas para dar uma característica estética diferente ao conjunto.

Em 1972 deixou a cidade de Dois Córregos para servir o exército em Campinas, local que ficou por dois anos e quatro meses. No quartel foi Corneteiro de primeira categoria – função ligada a comunicação do exército, também foi ajudante de furriel e cuidava dos pagamentos da companhia. Em 1974, quando saiu do quartel, passou a residir por definitivo em Campinas e teve a oportunidade de conhecer militantes do movimento negro, no qual recebeu do amigo Luizão, o convite para fazer parte do “Grupo Teatro Evolução”, onde atuou como ator. O grupo era formado por jovens estudantes com intuito revolucionário e transformador, viajavam para vários lugares do estado fazendo apresentações com espetáculos, coreografias e músicas, e chegaram a se apresentar na TV Record.

Ainda em Campinas, Zé Rô trabalhou no banco Bradesco, quando saiu voltou para Dois Córregos, neste período trabalhou num Hotel e novamente na Rádio Cultura. Entre as participações em eventos e encontros do Grupo Teatro Evolução e do movimento negro pelo estado de São Paulo, Zé Rô conheceu Selma Maria Teixeira, que se tornaria sua companheira nas lutas pelo movimento, e também nas construções da vida familiar e profissional. Juntos, vieram para Salto em 1984, onde passaram a residir na rua São João, no bairro Jd. São Judas Tadeu, e posteriormente na rua São Luís no mesmo bairro, onde residiram por quase trinta anos ao lado de seus filhos Robson Wagner Benedito, Fayola Aisha Teixeira Benedito, Samora Aisha Teixeira Benedito, e Winnie Aisha Teixeira Benedito.

Radialista profissional, Zé Rô trabalhou em diversas rádios do estado e da região, passando pelas rádios Morada do Sol, em Araraquara, Rádio Difusora, em Piracicaba, Radio Convenção, em Itu, Radio Vale do Tietê, em Salto, com o programa: “Esta é a Nossa Cidade”, trabalhou na Rádio Morena, em Campinas, na Rádio AM, de Bariri, entre outras. Além disso, trabalhou como diretor do Teatro Verdi, em Salto, trabalhou na Assessoria de Cultura, da Secretaria de Cultura e Turismo de Salto, e foi coordenador da Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial de Salto, de 2007 a 2016. Em 1985 fez parte do grupo de teatro chamado “Saltitando”, junto Osório Nascimento, Marcos Pardim, entre outros membros. Durante a coordenação do Teatro Verdi, também coordenou a mostra de teatro estudantil ao lado de José Roberto Orlandini, Alcides, D. Rose entre outros que muito contribuíram.

Na parte cultural e de desenvolvimento das questões raciais na cidade de Salto e região, sobretudo de ações de combate ao racismo, Zé Rô tem uma enorme lista de contribuições. Em 1985, juntamente com sua esposa Selma Maria Teixeira e Antônio Teixeira, fundaram o “Movimento Negro de Salto”, onde produziram as primeiras “Semanas da Consciência Negra de Salto”, e foram responsáveis diretos pela inauguração da “Praça Zumbi dos Palmares”, também foi colaborador no Clube José do Patrocínio por muitos anos.

Em 2010 participou da Unei (União Negra de Itu), onde convidou os amigos e irmãos Sampaio e Djalma para criarem a revista “Perfil Étnico”, que tinha como proposta divulgar as ações da comunidade negra da região, incluindo notícias, textos, eventos, ações políticas e sociais, a Revista teve cinco exemplares num período de 2010 a 2011.

Zé Rô foi idealizador do Coral Vozes Afro de Salto em 2012, com a proposta de cantar músicas africanas, também realizou Oficinas Cinema em parceria com a Prof.ª Dra. Lilian Solá Santiago, onde, por meio de uma construção coletiva, fizeram o filme chamado “Meio Século”, idealizou também o Calendário Afro de 2012, com mulheres negras saltenses, trouxe por meio da Secretaria de Cultura do estado de São Paulo a exposição “África em Nós”, e sugeriu à Cia Faces Ocultas a montagem do espetáculo chamado África em Nós.

Em 2013, coordenou junto ao Conselho Negro de Sorocaba, a “3ª Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial”, realizada no Ceunsp Salto, como consequência da 3ª Conferência Regional, nasceu o FORPIR - Fórum Regional de Promoção da Igualdade Racial, e também o COMPIR - Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, e fez parte enquanto coordenador do “Fórum dos Clubes Sociais Negros”, que incluiu o Clube José do Patrocínio na lista de clubes negros do estado de São Paulo.

Em 2011 Zé Rô recebeu o título de Cidadão Saltense, por iniciativa do vereador Raisule Hudson, em 2017 recebeu o Certificado de Menção Honrosa no município de Brodowski, e em 2022 lançou o seu primeiro livro, intitulado “Imensidão de Luz”.

Atualmente, é aposentado, e morador do bairro Jd. Nair Maria.

Texto/Pesquisa: Chell Oliveira

José Roberto

Inauguração da Praça Zumbi dos Palmares em Salto (1987) Em 22 de novembro de 1987, na Rua 24 de outubro, na altura do ba...
22/11/2023

Inauguração da Praça Zumbi dos Palmares em Salto (1987)

Em 22 de novembro de 1987, na Rua 24 de outubro, na altura do bairro Vila Progresso, às dez horas da manhã de um domingo, era inaugurada a “Praça Zumbi dos Palmares”.

A inauguração da praça ocorria como forma simbólica de finalizar a “3ª Semana da Consciência Negra de Salto”, idealizada e organizada pelo grupo “Movimento Negro de Salto”, formado e fundado por José Roberto Benedito – Zé Rô, por Selma Maria Teixeira, e por Antônio Teixeira, ilustre ativista e militante da comunidade negra saltense, sendo também, um dos fundadores da A.I.R José do Patrocínio, instituição que por vezes foi presidente.

Naquele ano de 1987, o Grupo Movimento Negro de Salto foi procurado pela gestão do então prefeito Pilzio Nunciatto di Lelli, e do vice-prefeito Alberto A. Ferrari, para que pudessem pensar em um espaço para a elaboração e construção de uma praça em homenagem à população negra saltense. Com isso, Antônio Teixeira, Selma Maria Teixeira, e José Roberto Benedito, junto a demais membros e simpatizantes do Movimento Negro de Salto, como Edson Silva, Genuína Silva - Gê Silva, e Sueli Ribeiro, após comunicados pela localização da praça, sugeriram para que a praça pudesse receber o nome de “Zumbi dos Palmares”, em homenagem ao líder do Quilombo dos Palmares, conhecido como símbolo da resistência negra pela libertação e pelo fim da escravidão colonial brasileira. Vale ressaltar que a organização também contou com a participação de membros do Clube José do Patrocínio, como Laércio Lourenço.

Zumbi, ou Zambi, é uma palavra do idioma africano de origem do quimbundo “nzumbi”, que significa algo parecido com “duende”, já no Brasil, “zumbi”, significa fantasma, espectro, alma de pessoa falecida, que pelas crenças brasileiras, que vagueia pelas casas altas horas da noite.

Zumbi foi um guerreiro conhecido por sua liderança, por sua coragem, por sua habilidade e conhecimento de estratégia de batalha, sendo admirado e respeitado por seus contemporâneos. Nasceu em 1655, na Serra da Barriga, antiga Capitania de Pernambuco, atual União dos Palmares – Alagoas, e foi assassinado numa emboscada aos 40 anos de idade no dia 20 de novembro de 1695.

Em contraposição ao 13 de maio, data de assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, o dia 20 de novembro foi proposto na década de 1970 pelo Grupo Palmares, atribuindo a data ao “Dia da Consciência Negra”, como forma de reviver a memória da luta e resistência de Zumbi, e de toda a população negra brasileira.

Em Salto, a “Praça Zumbi dos Palmares” representa essa força ancestral, idealizada como uma “Homenagem do povo de Salto à Zumbi, símbolo de resistência e liberdade do povo negro do Brasil”, e em sua inauguração contou ainda com a celebração de uma missa afro, conduzida pelo padre Wilson de Oliveira Sales - Padre Sabé.

Foto: Antônio Teixeira, e o Prefeito Pilzio Nunciatto di Lelli

Texto e pesquisa: Chell Oliveira

Fotografia e Colaboração: José Roberto Benedito, Selma Maria Teixeira, Movimento Negro de Salto.

Paulo Vicente de Oliveira - Paulão do Sindicato. Paulo Vicente de Oliveira, o Paulão, como é conhecido popularmente, nas...
01/11/2023

Paulo Vicente de Oliveira - Paulão do Sindicato.

Paulo Vicente de Oliveira, o Paulão, como é conhecido popularmente, nasceu no pequeno município de Turiúba/SP em 30 de dezembro de 1953, filho de Olimpia Mariano de Oliveira, e de Pedro Mariano de Oliveira, faz parte da numerosa família de dez irmãos, sendo: Dulce de Oliveira, José Roberto, Joaquim Cláudio, Maria Helena (em memória), Vera Lúcia, Antônio Benedito (em memória), Maria Aparecida, Valdecir Aparecido, e Maria Elisa de Oliveira. Com sua família morou na Fazenda Providência, e também na Fazenda Santa Bárbara, já no município de Buritama. Em sua infância estudou na “Escola Emergência do Bairro dos Boatos”, em Buritama, onde havia a única escola da região.

Paulo Vicente iniciou sua vida profissional trabalhando como lavrador acompanhando seus pais e seus irmãos na roça, posteriormente, em meados de 1974, mudou-se para Araçatuba, onde trabalhou na empresa Lajes Bandeirantes, depois mudou-se para a cidade de Salto, no ano de 1978, onde, em 03 de agosto do mesmo ano passou a trabalhar na empresa Eucatex S/A, permanecendo até a sua aposentadoria, no ano de 2002.

Ainda quando estava na Fazenda Santa Bárbara, conheceu e casou-se com Maria Antônia de Oliveira, e deste matrimônio tiveram quatro filhos, sendo: Renata Aparecida de Oliveira, Rosiclei Aparecida, Rubens Paulo (em memória), e Ricardo César de Oliveira. Já divorciado, em meados de 1980, casou-se com Bernadete Ribeiro de Melo, e tiveram dois filhos, sendo: Tamires Cristina de Oliveira, e Robson Alexandre de Oliveira. Foi pai também de Júlia Cardoso de Oliveira (em memória), e atualmente é amasiado com Maria de Fátima Damatta.

No início dos anos de 1990 com o destaque de sua atuação dentro da Eucatex como cipeiro, foi convidado pelo Dr. Vitório Matiuzzi para fazer parte do Sindicato da Construção Civil, onde permanece até os dias atuais. Tem muitas lembranças de inúmeros dirigentes sindicais que passaram ao longo do tempo, como Ismair Benites, Juvenil Cirelli, Gilmar Santinon, Talel Solimões, Aparecido Galvão (China) e cita com orgulho os dirigentes atuais grandes amigos, como o presidente Antônio Cordeiro, os dirigentes José Carlos Cardoso, Disonei Oliveira, André Almeida, Ademir Galvão, Angélica Spinozzi, entre outros.

No Sindicato da Construção Civil participou de inúmeras assembleias, ações e atividades dentro e fora das empresas, assim também, participou de formações através dos programas de formação dos dirigentes sindicais, como na Confederação Nacional das Indústrias, e na CUT – Central Única dos Trabalhadores.

Em 25 de agosto de 2017, através do Deputado Estadual Luiz Fernando (PT), em evento realizado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, recebeu a Homenagem de Honra Ao Mérito em reconhecimento, pois atua também no Partido dos Trabalhadores, onde iniciou sua trajetória nos anos de 1990, participando ativamente das campanhas eleitorais do município.

Em Salto participou de ações voluntárias, como quando atuou por tempo da atividade de Comissário, antigo posto ocupado por representantes da sociedade civil no Poder Judiciário, colaborando no Juizado de Menores, mas foi na cultura, e na tradição religiosa que deixou seu grande legado para o município.

Desde a infância foi muito religioso e teve como inspiração sua mãe, dona Olimpia, que foi benzedeira, Paulão foi adepto da Umbanda onde se tornou médium espiritista e frequentou por certo tempo a Tenda de Umbanda Caboclo Tupinambá, na cidade de Salto. Em 1978, logo após a sua chegada em Salto, ao lado de Antônio dos Santos, José Bento, Olívio Bento, Roque Cardoso, Tião Ribeiro, João Carlos, José Martins, e Sebastião Martins, ajudou a fundar o grupo “Folia de Reis Maria José”, onde permaneceu por cerca de 25 anos até o encerramento do grupo, depois, passou a fazer parte do grupo “Folia de Reis São Joaquim”, onde permanece atualmente. Continua seguindo a tradição do grupo e da cultura, caminhando pelas ruas e levando a tradição religiosa cristã, por meio de cantigas, de rezas, danças, brincadeiras e interpretações lúdicas, passam por residências até chegar na Igreja, carregando a bandeira do grupo que faz a chamada “guia”. No grupo Paulão atua sendo a quarta voz, toca cavaco, e já atuou inclusive como “Bastião”.

Próximo de completar 70 anos, Paulão segue sendo uma pessoa alegre, trabalhando no Sindicato ao lado de amigos, e firme com o grupo Folia de Reis São Joaquim, saindo com a bandeira todo ano, sempre no dia 25 de dezembro, visitando casas e famílias, com um costume que vai até o dia 06 de janeiro, até encontrar simbolicamente a imagem do menino Jesus em uma das igrejas do nosso município, conforme manda a tradição.

Paulão agradece a Deus por ser uma pessoa feliz, humilde, honesta e trabalhadora!

Historiador / Pesquisador: Chell Oliveira

Mário Ribeiro Tujá – Poeta, Compositor e Carnavalesco SaltenseIlustre poeta, compositor e carnavalesco saltense, Mário R...
10/07/2023

Mário Ribeiro Tujá – Poeta, Compositor e Carnavalesco Saltense

Ilustre poeta, compositor e carnavalesco saltense, Mário Ribeiro ficou conhecido popularmente como “Tujá”, nasceu em 01 de fevereiro de 1944, na cidade de Salto, filho de Benedita Soares de Almeida Ribeiro, e de Albertino Ribeiro, morou na Rua José Galvão, no Centro, numa residência que ficava em frente a antiga Escola Anita Garibaldi, atualmente Museu Éttore Liberalesso, morou também na Rua Itapiru, em uma das casas da Vila Brasital, e em novembro de 1977 passou a residir no Jd. Santo Antônio.

Filho caçula entre sete irmãos, Mário estudou no antigo Coleginho (atual escola Sagrada Família), no Grupo Escolar Tancredo do Amaral, na Escola Anita Garibaldi, na Escola Artesanal (atual escola Prof.ª Leonor Fernandes da Silva), e se formou no Curso de Mecânico de Manutenção, na Escola Senai de Itu.

Mário Ribeiro trabalhou como mecânico de manutenção nas empresas Picchi S.A, numa fábrica de molas em São Paulo, e na Eucatex S.A, onde se aposentou. Em 1962 conheceu Maria Odete de Almeida Ribeiro, que ele havia conhecido durante os trajetos diários no caminho para o trabalho. Após seis anos de namoro, em 28 de dezembro de 1968, casaram-se na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, no qual realizaram uma grande festa comemorada nas dependências do Clube José do Patrocínio, e desse matrimônio tiveram dois filhos, sendo, Robson Luís Ribeiro, e Raquel Celena Ribeiro.

Em 24 de janeiro de 1966, participou da reunião que formalizou a fundação de uma das mais importantes associações da cidade de Salto, a Collored’s Club, que posteriormente passaria a se chamar A.I.R José do Patrocínio, ao lado de célebres representantes da comunidade negra saltense, nomes como: Antônio Teixeira, Dolivar de Camargo, Domingos dos Anjos Teixeira, Armando Prado, Expedito Thereza, José Roberto Castro, entre outros, Mário Ribeiro acabou sendo escolhido para uma das vagas do Conselho Fiscal.

Tujá fez do clube José do Patrocínio a sua vida, dedicou-se por anos ocupando diversas funções na associação colaborando na diretoria e na organização dos eventos, bailes e festas, mas foi na Escola de Samba José do Patrocínio, e no carnaval saltense que se destacou e conquistou notoriedade, se tornando figura ilustre e marcante nos desfiles das escolas de samba que radiavam as avenidas Nove de Julho, e Dom Pedro II, em seus tempos áureos dos desfiles e carnaval de rua.

Apaixonado pela literatura e pela escrita, desde muito tempo, como grande observador e pensador que era, escrevia poesia, crônicas, histórias e fazia diversas anotações – são inúmeras as folhas de cadernos com seus escritos, feito que em determinado momento o levou a ser convidado para compor um samba-enredo para a Escola de Samba do Clube dos Trabalhadores Saltenses, onde pegou gosto e passou a compor para diversas escolas de samba da cidade, o que lhe rendeu prêmios e homenagens, como o Troféu Zumbi dos Palmares, pela Câmara Municipal, Troféu Bonecão de Ouro, pela Secretaria de Cultura, e o Prêmio Destaques, do Jornal Taperá. Também foi músico e tocou diversos instrumentos.

Sempre divertido e alegre, gostava de brincar com as pessoas, e uma das coisas que o irritava era o preconceito racial, e quando falavam mal de pessoas negras, sempre muito engajado, defendia com orgulho as suas raízes e sua origem, sobretudo, a sua cultura. Sempre sonhou em escrever um livro sobre a sua vida, sobre a história de sua família e buscar sua árvore genealógica.

Tujá fez parte ainda de outras associações, frequentou o Clube dos Casados, o Clube da Saltense, participou da Associação dos Truqueiros de Salto, participou do Coral Vozes Afro, e do Coral da Igreja Matriz Nossa Senhora do Monte Serrat.

Aos 76 anos de idade recém completados, no dia 23 de fevereiro de 2020, ironicamente em pleno mês de carnaval, Mario Ribeiro Tujá veio a falecer, deixando seu legado de amor ao carnaval, à poesia, e à cidade de Salto.

Texto: Chell Oliveira

Colaboração: Maria Odete de Almeida Ribeiro, Raquel Celena Ribeiro

Kelly Fernanda Bim Mazzi – Paratleta de Judô Kelly Fernanda Bim Mazzi nasceu na cidade de Indaiatuba em 11 de setembro d...
12/06/2023

Kelly Fernanda Bim Mazzi – Paratleta de Judô

Kelly Fernanda Bim Mazzi nasceu na cidade de Indaiatuba em 11 de setembro de 2002, ainda recém nascida foi acolhida pela Casa de Belém de Salto, onde residiu até os dois anos de idade, quando foi adotada pelos seus pais Carlos Alberto Mazzi, e Delair de Fátima Bim Mazzi, passando a residir na Chácara Nossa Senhora de Fátima, na Estrada do Bairro Seco, em Salto.

Kelly nasceu com deficiência visual e sempre encarou com muita garra os desafios de uma sociedade despreparada para os processos de inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência. Estudou no Cemus VIII, no Cemus IV, na escola estadual Otília de Paula Leite, e na escola estadual Leonor Fernandes da Silva, onde concluiu o ensino médio. Apaixonada por música, começou a aprender violão na Adevisa – Associação dos Deficientes Visuais de Salto, autodidata, sempre teve facilidade em tirar músicas de ouvido, e além de Violão, toca também Escaleta, Teclado e Flauta, e tem o grande sonho de fazer faculdade de Música.

Aos oito anos de idade começou a praticar Judô na Adevisa, com o Sensei Miguel Amorim, e com o Sensei Alexandre,porém, com o término das aulas passou a fazer parte do projeto “Lutando Pela Vida”, por meio de um projeto oferecido pela Prefeitura, e onde participou das suas primeiras competições, depois, passou a treinar em Itu com sensei Ricardo Oliveira, treinou também no Clube Stanley de Judô, dentre outras Academias.

Após conhecimento de uma luta ocorrida no Campeonato Brasileiro, em Minas Gerais – no qual uma atleta agiu com preconceito e não queria lutar com Kelly devido a sua deficiência visual, porém, mesmo com o ato de capacitismo a adversária acabou sendo derrotada, o técnico da Seleção Brasileira Paralímpica, depois de ver o vídeo da luta, convidou Kelly para treinar e fazer te**es durante um período, e em seguida a convidou para fazer parte do “Instituto Chiaki Ishii”, onde teve a oportunidade de disputar o seu primeiro “Jogos Parapan-americanos”, alcançando o terceiro lugar e a medalha de bronze.

Ao longo da sua jornada Kelly lutou também com pessoas que não possuíam deficiência, e se deparou por vezes com pessoas capacitistas que se recusavam a lutar, porém, sempre usou das adversidades para buscar ainda mais forças e dar a volta por cima, e vem construindo uma inspiradora e vitoriosa carreira, tendo conquistado quatro títulos de Campeonato Brasileiro, seis títulos da Copa São Paulo, dois títulos da Copa Paulo Leite, em São Luíz/MA, Campeã da Categoria Judô Para Todos, Campeã da categoria adulto Copa Rio, além de ter sido medalha de bronze no Torneio Beneméritos do Brasil, bronze nos Jogos Parapan-americanos, e participado em uma Paralimpíada ocorrida em Campinas. Além disso, Kelly faz parte também do “ICI – Instituto Camaradas Incansáveis”, de São Paulo, e conta com o importante apoio da Sodiê Doces e Salgados.

Sempre dedicada, procura seguir a vida com independência, estuda outros idiomas como inglês e italiano, gosta de ler – prefere as literaturas sobre fantasia, ficção cientifica, e teologia; gosta de filmes e de fazer resenhas; gosta de estar em contato com pessoas que leem e que compartilhem novos títulos que possa ampliar o seu vocabulário; gosta de viajar e conhecer novas culturas, e em suas férias viajou sozinha para a Suíça, além disso, pretende viajar para a Irlanda, local onde reside sua banda predileta, a Celtic Woman.

Sobre sua família, ressalta a importância de seus pais e da transparência que sempre tiveram em relação ao processo de adoção, e que inclusive, quando completou quinze anos quis conhecer seus irmãos biológicos, onde na oportunidade seus pais deram uma festa para recebe-los, e que ainda mantém contato com os irmãos.

Faz questão de ressaltar seu sentimento de pertencimento, enquanto negra e enquanto pessoa com deficiência, que reforça dizendo: “Tenho muito orgulho de ser negra, bato na tecla de que sou negra, sou deficiente visual, e vou me inserir na sociedade sim, se me aceitar no seu grupo, prazer, e se não aceitar, vou continuar”.

Texto: Chell Oliveira

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