11/02/2023
"DACON" Sigla de “Distribuidora de Automóveis, Caminhões e Ônibus Nacionais”, a Dacon foi uma concessionária Volkswagen de São Paulo (SP). Adquirida por Paulo de Aguiar Goulart em meados da década de 60, por mais de vinte anos teve signif**ativa presença na cena automobilística brasileira.
As iniciativas de Paulo sempre foram marcadas pela ousadia, o que sucedeu desde seu primeiro projeto, do início de 1964 – a importação de motores Porsche alemães e sua instalação em automóveis Volkswagen Karmann-Ghia nacionais, operação executada pela Rampson, indústria de componentes de alumínio de propriedade de Paulo e do futuro Ministro da Fazenda Dilson Funaro. Concluída a 19ª unidade, Chico Landi convenceu Paulo a inscrever um dos carros, como protótipo, nas 1.000 Milhas da Guanabara, prova realizada em julho de 64 e vencida pelo grande piloto. Aí surgiu a Dacon, como revendedora VW. Não satisfeito, porém, em ser apenas um figurante “vendedor” de automóveis, desde o início Paulo assumiu papéis de protagonista, inicialmente preparando motores e, mais adiante, fabricando carros com a sua própria marca.
Em 1966 criou a Escuderia Dacon, para a qual preparou quatro Karmann-Ghia / Porsche, dois com motor 1.6 de 120 cv e dois com 2.0 de 200 cv; câmbio, freios e suspensão foram ajustados para suportar a maior potência do motor e parte da carroceria foi substituída por componentes de fibra-de-vidro, sendo mantido o estilo original do carro. Tendo como pilotos Emerson e Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace, Chico Lameirão, Anísio Campos e Carol Figueiredo, dentre outros grandes da época, a equipe Dacon venceu metade das dez competições das quais participou no ano e meio de sua existência. Havia planos de construir um K-G com motor central Porsche de seis cilindros e 250 cv, com freios a disco nas quatro rodas e carroceria totalmente de fibra (cujos moldes já teriam sido iniciados por Anísio Campos), mas o projeto foi abandonado. A seqüência de vitórias nas pistas trouxe para a Dacon pelo menos um ganho comercial quase imediato: foi-lhe conferida pela Porsche a representação oficial da marca para o Brasil (mais tarde também assumiria outras importantes representações, tais como BMW, Citroën e Maserati).
A experiência adquirida na potencialização dos K-G levou a Dacon à personalização de diversos outros modelos da linha VW, desde Fusca e Brasília, que nos anos 70 ganhavam dupla carburação, rodas largas, detalhes de acabamento e itens de conforto, até o Passat, que seria um dos carros-chefes da empresa na década seguinte. Interessante experiência, de 1976, foi a construção de um protótipo do esportivo VW SP-2 com o então atualíssimo motor refrigerado a água do Passat, projeto concebido (e abandonado) pela própria Volkswagen. O propulsor foi localizado na traseira e o radiador de água na frente, no lugar do estepe, reduzindo a capacidade do porta-malas; a taxa de compressão foi aumentada, elevando a potência para cerca de 100 cv; a suspensão foi recalibrada, mas os demais elementos mecânicos permaneceram os originais. O carro ganhou os instrumentos do Passat, bancos, volante (importado) e revestimento interno de couro, ar-condicionado e vidros verdes com comando elétrico. A carroceria foi modif**ada, tanto para se adaptar à nova mecânica (traseira mais alta e grade dianteira) como para melhorar a estética do carro (entradas de ar para refrigeração do motor mais discretas, ampliação da área envidraçada lateral, eliminação dos ressaltos e frisos laterais). A retirada de linha do modelo pela VW, entretanto, acabou por inviabilizar o projeto da Dacon.