O ano já engatou
Em menina, eu ficava revoltada com a chatice do mês de janeiro.
O ano demorava a passar, de Natal para Natal, com a expectativa de um presente (sempre simples, de acordo com a possibilidade), acompanhado, festa!, de um torrone. Ao que me lembre, o costume dos panetones veio depois.
Dezembro era feito de expectativas, presente, família reunida.
Janeiro era o momento pós-festa, da limpeza da casa, por assim dizer: guardar a louca de visitas, desmontar a árvore de Natal, embrulhar as peças do presépio.
O mês em que não acontecia nada, apesar de ter algo bom, que eram as férias escolares.
Hoje, recebo janeiro com alegria, o mês de retomada das atividades, da vida que volta ao normal, de reencontro com o que deixei de lado em dezembro.
Não faz mal que as contas do final do ano apareçam, que esquecimentos sejam cobrados, que novas dores sejam descobertas.
Então, sejam bem-vindo, janeiro!
Bom trabalho para nós!
#dicasdacaca #veravaccari #diadereis #anonovo
O ano já engatou
Em menina, eu ficava revoltada com a chatice do mês de janeiro.
O ano demorava a passar, de Natal para Natal, com a expectativa de um presente (sempre simples, de acordo com a possibilidade), acompanhado, festa!, de um torrone. Ao que me lembre, o costume dos panetones veio depois.
Dezembro era feito de expectativas, presente, família reunida.
Janeiro era o momento pós-festa, da limpeza da casa, por assim dizer: guardar a louca de visitas, desmontar a árvore de Natal, embrulhar as peças do presépio.
O mês em que não acontecia nada, apesar de ter algo bom, que eram as férias escolares.
Hoje, recebo janeiro com alegria, o mês de retomada das atividades, da vida que volta ao normal, de reencontro com o que deixei de lado em dezembro.
Não faz mal que as contas do final do ano apareçam, que esquecimentos sejam cobrados, que novas dores sejam descobertas.
Então, sejam bem-vindo, janeiro!
Bom trabalho para nós!
#dicasdacaca #veravaccari #diadereis #anonovo
Ano novo, promessa de algo novo?
Bem que eu gostaria de ter uma borracha que apagasse um monte de coisa do passado que me desagrada até lembrar.
Há coisa bem incômoda, não? Mas não adianta sofrer com o que passou.
Se fizemos algo de que nos arrependemos, o máximo possível é pedir desculpas se magoamos a alguém, inclusive a nós mesmas.
Se não dá, não adianta sofrer.
Melhor refletir sobre os sonhos que a gente tem e caminhar em direção a eles, com todas as dificuldades que possamos encontrar.
Estar de bem com a vida não é ter tudo de mão beijada, caindo do céu, mas saber que temos força de lutar contra as adversidades.
Para nos guiar no cotidiano, precisamos de metas bem concretas, fáceis de alcançar e avaliar.
Quem quer emagrecer, não adianta pensar em termos de muitos quilos, como nas propagandas que nos assombram. Uma meta mais possível é estabelecer a meta de um quilo, alcança-la, estabelecer a meta de mais um quilo e seguir, devagar e sempre.
O mesmo para outras áreas.
Economizar um pouquinho, cortando consumos desnecessários, é melhor do que estabelecer metas impossíveis, que levam ao desânimo.
Então, muitos sonhos e metas alcançáveis em 2025!
#felizanonovo #feliz2025 #veravaccari #depoisdosessenta #dicasdacaca
🐕🎄Luzes de fora, iluminando dentro
Museu de Inhotim, em Minas Gerais.
Entro em uma sala pequena, escura, na qual cabem apenas duas pessoas.
O responsável sai, a porta é trancada e, de repente, luzem acendem-se até o infinito, refletidas em espelhos, vencendo a escuridão.
Não retive as lágrimas, tocada por uma emoção sem nome, mas muito forte e profunda.
Quando a porta foi aberta e saí, ainda chorava. Quem estava na fila deve ter ficado até com medo, pois ninguém sabia o que seria encontrado ali.
Pensei então no que ilumina a escuridão da vida, seja a fé, o amor/a amizade, a psicoterapia.
O Natal, não o do consumo e da alegria obrigatória, pode ser aquele Natal da abertura para a luz, para aquela velinha que pode estar quase apagada no coração, afogada por medos, ansiedades, desesperanças.
Uma vela que se fortaleça e traga paz.
Para nós todas, muita paz, e que nossa boa vontade se multiplique.
#natal #feliznatal #solidariedade #esperanca #dicasdacaca #veravaccari #depoisdossessenta
Para o dia 12
Dezembro chegou!
Passou tão depressa que nem vi o que aconteceu.
Quando achei que estava no início de janeiro, com mil planos para o ano, já estava em dezembro.
Minha vida pareceu-me um trem desgovernado. Não saiu dos trilhos, mas foi em frente como deu.
Agora, as avaliações, com as correspondentes batidinhas que eu mesma dou nas minhas costas, me parabenizando, ou o muxoxo para o que eu queria ter feito e não fiz.
Mas, como a maioria das mulheres depois dos sessenta, fiz o que foi possível, o que já está de bom tamanho
Emagreci um tico, caminhei mais do que no ano passado, comecei pilates, curti a família, estudei, dei aulas, atendi no consultório, passeei...
Sim!
Muito bom tamanho, mesmo!
Sem caretas e recriminações.
E você, também está se dando parabéns?
#dicasdacaca #depoisdossessenta #natal
Redes sociais, amigas ou inimigas?
As redes sociais estão aí, fazendo parte do nosso cotidiano. Trazem de tudo, basta procurar.
Não são nem boas nem más; depende do uso que fazemos delas.
Troco mensagens com amigas e amigos, faço atendimento psicológico, dou aulas, estudo, me divirto, usando diferentes redes.
Recebi há pouco convites para uma rede nova, ao menos para mim, chamada thread. Entrei, mas até agora não vi nada de interessante nela, a não ser gente dizendo “oi” e recebendo dezenas de “ois” em resposta. Pode ser que eu não saiba usar, mas, vou tentar.
Em algumas redes vejo vídeos que me deixam irritada, pois destilam veneno. Pregam contra todas as ideias progressistas, defendem racismo, machismo e outros preconceitos. Tento apagar, mas, depois de um tempo, estão de volta, que nem erva daninha.
Esse para mim é o lado ruim das redes.
Esses preconceitos não são estranhos, pois fomos criadas com eles. Mulher tem de saber lavar, passar, cozinhar, costurar. “Agarre seu homem pelo estômago”, dizia uma revista feminina que eu lia na adolescência. Mas nenhum artigo mandava estudar, ter uma carreira.
Temos de encontrar e divulgar nas redes os conteúdos que pensem com a cabeça no presente e no futuro. Pessoas trabalhando juntas para que problemas sérios sejam resolvidos.
Mulheres e homens dividindo o trabalho doméstico, mulheres com direito ao próprio corpo, estudo para todas as pessoas... a lista é longa.
Vamos separar o joio do trigo.
Conte o que você encontra de bom nas redes.
#veravaccari #dicassacacau #depoisdossessenta #redessociais #mulhercomduplajosnada
Nossa linda casa azul
Quando eu era menina, rádios anunciaram a frase do primeiro astronauta a viajar pelo espaço. Ele falou, entusiasmado: a Terra é azul!
E essa linda cor azul decorre da quantidade de água, da qual depende a vida.
Fico pensando qual é a cor do Planeta Azul, se a gente pudesse vê-lo, com secas, queimadas, enchentes.
O pior é que muitos dos problemas são devidos ao ser humano, no seu afã de dominar a natureza, colocando o lucro acima dos valores da vida.
Já a Eco 92, a Conferência da ONU sobre Meio ambiente, há mais de 30 anos destacou a importância da busca de formas menos agressivas para o desenvolvimento dos países. E apontou o importante papel das mulheres nessa luta.
Se as coisas continuarem como estão, o futuro não sorri para nós. Basta lembrar de um ministro do meio ambiente que estava só lado da destruição. Pior
Foi eleito deputado federal pelo estado que se considera o mais desenvolvido do país.
Então, agora, antes que a situação piore, temos de agir. Juntando cabeças, pensando juntas, talvez possamos vislumbrar alguma ideia para agirmos em conjunta.
Conhecimento e experiência são as bases das mulheres depois dos sessenta.
Então, mulherada, vamos à luta!
#depoisdossessenta #dicasdacaca #veravaccari #meioambiente #eco92 #onu #terraazul
Para pensar.
Dar espaço para a rebeldia.
Pra chegar à velhice, tivemos de passar por todas as idades anteriores. E, na juventude, quantas vezes nos revoltamos com regras sem sentido que éramos obrigadas a seguir?
“Na nossa família fazemos assim”; “Não fale alto na igreja; aproveite e faça cara de boazinha”... Depois.
Muitas ainda tiveram namorados que exigiam vestidos assim ou assado; maridos que controlavam tudo...
A lista é tão longa que até assusta.
De questionadoras, fomos aprendendo a engolir - choro, ideias, planos. Para não brigar, por ouvir que a vida é assim mesmo, para agradar...
E aprendemos até mesmo a recitar regras para as pessoas mais jovens ou para as amigas que queriam fazer algo diferente.
E o tempo foi passando.
Aí, chega a velhice, os mais de sessenta anos ou bem mais e...
Os sonhos ficaram para trás.
Viajar? Estudar? Passear? Aprender algo novo?
Bobagem.
Talvez por isso a velhice seja tão dura com algumas pessoas.
Vemos a quantidade de medicamentos receitados todos os dias para depressão, ansiedade, déficit de atenção e outros problemas, que muitas vezes podem ser devidos ao fato de a pessoa ter se esquecido de si mesma.
Uma dose de rebeldia pode fazer bem.
Por que preciso me vestir de um jeito, quando quero me vestir de outro? Por que não posso fazer uma excursão, nem que seja de ida e volta no mesmo dia?
Por que devo seguir horários rígidos, agora que me aposentei?
Por que tenho que seguir lideranças que não admiro?
Em resumo, aprender a só seguir uma regra depois de avaliar se ela é importante ou não pode ser libertador.
E trazer uma nova perspectiva para o envelhecimento. Não como fim da linha, mas como momento de botar a experiência para brilhar e iluminar o mundo.
#dicasdacaca #depoisdossessenta #rebeldia #velhice #envelhecer #envelhecencia
É muito duro, mesmo para profissionais das áreas de humanas, escutar alguém dizer que não vê graça e leveza na vida, apenas dor e desespero.
Tão duro quanto ouvir uma mãe ou uma filha chorar a morte do filho ou pai, inesperada, repentina e pelas próprias mãos.
Difícil dizer que podemos fazer algo, além estender a mão para quem vive a intensa dor do desesperança, que pode ser decorrente da depressão ou de alguma doença física ou mental.
Estender a mão é se dispor a ouvir, não a falar ou fazer pregação religiosa. Se possível, orientar a pessoa a procurar o Centro de Valorização da Vida (CVV) ou o Caps (Centro de atenção psicossocial), que há em muitos bairros. Conversar com a família é outro caminho, desde que se encontre do outro lado a necessária sensibilidade e não recriminações contra quem está sofrendo.
Mas todos podemos participar de lutas coletivas, que dependem do esforço da sociedade, para lidar com números cada vez mais elevados de suicídios.
Pessoas de povos indígenas, premidas pela miséria, pela destruição de sua cultura, pelo preconceito, podem ver na morte um “basta!” para essa situação.
A luta, aqui, é a favor da demarcação de terras indígenas, reflorestamento, fortalecimento das diferentes culturas.
Crianças, adolescentes e jovens podem não ver esperança de um futuro, pelas cobranças, pela pobreza, pela falta de garantia de emprego.
Idosos podem ser empurrados pelo etarismo, o preconceito contra pessoas idosas, aliado ao empobrecimento e pela diminuição da energia, o que os impedem de ver espaços para uma vida digna num mundo sempre em mudança.
Para que pelo menos esses problemas sejam enfrentados, temos de ter uma sociedade comprometida com os valores da vida, da ética, valores de aceitação e valorização da diversidade.
Isso é o oposto da destruição de valores humanos, aqueles que, ainda que antigos, datando da Revolução Francesa, não se tornaram universais.
Liberdade,
Direito ao descanso
Quando alguém se queixa de cansaço, peço para a pessoa descrever seu dia, hora por hora.
Certeza! Ela mal tirou tempo para descansar.
Até o almoço foi engolido às pressas.
Isso não vale só para quem trabalha em empresa, servindo também para quem até mesmo já se aposentou.
A palavra vagabundo ou vagabunda é uma grande ofensa e as pessoas aprendem a cobrar a si mesmas de uma forma muito intensa, esquecendo-se de que não trabalhar é diferente de intercalar trabalho com momentos de lazer.
Tudo tem de estar perfeito, para que a pessoa possa relaxar. E, como perfeição é algo fora do nosso alcance, os momentos de relaxamento não ocorrem, o que tem um bruta peso na vida, traduzindo-se em diferentes enfermidades.
Há donas de casa que não conseguem descansar um só minuto, pois lavar, passar, cozinhar, limpar são atividades sem fim.
A sugestão é: vamos nos cobrar menos e buscar momentos de não fazer nada, seja para refletir, orar, planejar, não fazer nada.
É nesses momentos que boas ideias podem aparecer com mais facilidade.
Preguicinha é um direito.
#depoisdossessenta #veravaccari #dicasdacaca #diadapreguiça #diadodescanço #direitoaodescanso
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COMO PODEMOS MUDAR O CENÁRIO DE VIOLÊNCIA
Lá se vão muitos anos, tive uma fortíssima crise de rinite, dessas de inchar o rosto. Não trabalhei durante alguns dias.
Uma das colegas, que morava na rua ao lado da minha, veio me visitar depois de sair do trabalho, junto com o marido.
Quando apareci na sala, meio morta, ainda, o marido dela pediu água e acompanhou meu marido até a cozinha. Ela então se sentou ao meu lado e perguntou se eu precisava de ajuda e se não queria ir dormir na casa dela.
Agradeci, sem entender, pois estava sendo muito bem atendida em casa, casada com um homem muito presente e prestativo. O casal foi embora, dizendo que eu poderia ligar a qualquer hora, que viriam imediatamente.
Só no dia seguinte, ao me ver no espelho, entendi que os dois, ao me ver, pensaram em violência doméstica e tentaram tirar-me de casa.
Até hoje sou agradecida àquele casal, com o qual não tenho contato há anos. Não era o meu caso, mas estavam atentos e buscaram forma de ajudar uma mulher que acreditaram estar sofrendo violência.
Penso naquelas mulheres que não recebem apoio de familiares, amizades, vizinhança, que afirmam o velho ditado de que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”.
Em casos de violência, é preciso meter a colher, sim. Nem que seja chamando a polícia. Caso contrário, pode ocorrer aquilo que lemos diariamente nos jornais, sobre ossos quebrados e os horríveis feminicídios.
Cada caso parece isolado, um triste acontecimento.
Uma infelicidade. Ao contrário, é um grave problema social. Nosso Brasil é um dos campeões mundiais de feminicídio, em uma estatística que arrepia não só a pele, mas a própria alma. A situação começa muitas vezes aos poucos, com violência verbal que pode ir escalando, até chegar à morte.
Os casos relatados no livro Histórias de mortes matadas contadas feito morte morrida, das jornalistas Niara de Oliveira e Vanessa Rodrigues, publicado pela Drops Editora. Leitura que i
Aceitar o que passou.
Passado perfeito, aliás, mais do que perfeito, só existe quando a gente estuda nosso lindo idioma.
Na real, todos nós vivemos sofrimentos, medos, decepções, vergonhas que ocorreram em diferentes momentos da nossa vida.
O grande problema é que nem sempre deixamos lá atrás aquilo que aconteceu. Não é para negar os fatos, consequências e emoções, fingindo que o mundo é azul.
O problema é quando ficamos atrelados ao passado, mantendo-o sempre presente.
Fico triste quando vejo mulheres da faixa já considerada idosa olhar para trás com olhos desesperançados, como se não conseguissem encontrar recordações daquele sabor doce e amargo, ao mesmo tempo, que nos reconfortam em muitos momentos.
Gosto da palavra elaborar: criar, gerar, desenvolver.
E é esse trabalho de elaborar memórias que também nos leva para um futuro de coração mais leve.
Elaborar nossas dores, para que sejamos livres no presente.
Nem sempre conseguimos fazê-lo por nossa conta. Às vezes, precisamos de terapia, aconselhamento, conversas com pessoas íntimas, que nos ajudem nesse trabalho.
Vale a pena o esforço de viver uma velhice de paz, de coração leve, aceitando que a vida é como é, e não como gostaríamos que fosse — e ensinar o segredo para as novas gerações.
Viva a vida!
#depoisdossessenta #envelhecer #dicasdacaca #veravaccari