Correio da APPOA

Correio da APPOA Publicação digital mensal organizada pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA). Pensamos em um site de fácil navegação e de agradável leitura.

Levando em consideração que um dos traços marcantes do Correio da APPOA sempre foi o de estar atento aos movimentos da Cultura, acreditamos que esta passagem do papel para o virtual diz da possibilidade de a nossa já consagrada publicação manter-se em sintonia com os tempos em que vivemos. Tivemos como preocupação maior a facilidade de compartilhamento dos textos, permitindo, deste modo, que os es

critos possam chegar cada vez a mais pessoas. É a nossa forma de agradecer àqueles que com tanta diligência têm contribuído com o Correio da APPOA, seja como autores, seja como leitores. O site foi pensado de modo a poder ser acessado confortavelmente em todas as plataformas: computadores pessoais, tablets, smartphones. O conteúdo se adapta automaticamente às diversas dimensões de tela, de modo que a leitura sempre se mantenha fluida. Para os saudosos do papel, mantivemos - em todos os textos - a possibilidade de impressão rápida do conteúdo. Há também a possibilidade de que o leitor construa a sua coleção de artigos preferidos, escolhendo aqueles textos que gostariam de arquivar para fácil e ágil acesso. É uma forma de estabelecer com o nosso leitor uma relação ainda mais próxima - forma de laço, aliás, que também é uma marca da nossa publicação desde o começo. Assim, agradecendo a todos os que nos ajudaram nesta iniciativa, a todos os colegas que partilharam desta ideia, aos pioneiros do Correio da APPOA, e também, especialmente, aos nossos leitores, convidamos todos a visitar o site e também a fazer sugestões e comentários:

http://www.appoa.com.br/correio/

Desejamos a todos uma ótima leitura - no papel, no computador, no tablet...

Relendo Freud 2024: Os desafios do amigável consenso"No texto das Contribuições a História do Movimento psicanalítico, d...
13/12/2024

Relendo Freud 2024: Os desafios do amigável consenso

"No texto das Contribuições a História do Movimento psicanalítico, de 1014, temos um contexto que precisa ser considerado. Freud teria escrito esse texto entre janeiro e fevereiro de 1914, poucos meses antes de ser deflagrada a primeira guerra mundial, em 28 de julho de 1914.

Embora Freud não concebesse que a guerra teria longa duração e impacto, ela modificou profundamente o movimento.

Nas palavras de Roudinesco (2016, p. 204), Analogamente, a guerra deslocou para outro cenário os conflitos internos à psicanálise, compelindo, ao mesmo tempo, os freudianos a desistir de seus congressos, cessar suas atividades, suspender sua correspondência e suas produções editoriais.”

Os biógrafos apresentam Freud muito preocupado com seus três filhos e seu genro, alistados em diversas frentes, nesse tempo da grande guerra.

Sentia-se profundamente triste e pessimista em relação aos homens, afirmando que seu comportamento confirmava o que a psicanálise já havia descoberto sobre os aspectos mais sombrios da humanidade e sua oposição à cultura mais elevada.

Então, os laços amigáveis, ou o amigável consenso que Freud pretendia de seus seguidores, fracassara, assim como a própria humanidade.

Parece-me que a expressão amigável, ou amistosa, também precisa ser pensada em seu contexto. Será que significa o mesmo para nós brasileiros?

Ao ler otítulo que propus, mais de um colega fez expressão de estranheza e incredulidade. Isso me fez pensar que na nossa realidade a amizade está referida a um laço bastante íntimo, de familiaridade e não acredito ser a referência usada por Freud.

Imagino um europeu nascido em 1856, radicado em Viena, sendo polidamente cortês, dialogando e debatendo ideias, numa harmonia amistosa, como se espera de um sujeito do iluminismo."

📝 Sobre a autora: Roséli M. Olabarriaga Cabistani é psicanalislta, membro da APPOA.

Para ler o texto completo, acesse o link nos stories em nossa bio.

www.appoa.org.br/correio

Acesse a página do Correio para ler o Volume 11, n. 10: Relendo Freud: História do movimento psicanalítico (1914) e Cami...
11/12/2024

Acesse a página do Correio para ler o Volume 11, n. 10: Relendo Freud: História do movimento psicanalítico (1914) e Caminhos da terapia psicanalítica (1918-1919).

O link para acesso à edição completa está na bio, em nosso perfil.

📬 O Correio da APPOA é uma publicação digital mensal, organizada pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

Em 2024, foi realizado, mais uma vez, o evento Relendo Freud e Conversando sobre a APPOA, que nossa Associação promove a...
10/12/2024

Em 2024, foi realizado, mais uma vez, o evento Relendo Freud e Conversando sobre a APPOA, que nossa Associação promove anualmente.

O mesmo ocorre após uma série de encontros preparatórios que se dão no início do ano, em formato de Cartel, e que tem por função retomar e discutir textos freudianos.

Num primeiro tempo, colegas discutem a obra escolhida, retomando aspectos trabalhados por Freud em sua obra e, como exemplo, o que dela ainda hoje pode se mostrar operante na clínica ou na leitura do contemporâneo. Permitindo, num segundo tempo, a elaboração e o compartilhamento de trabalhos produzidos a partir desta releitura.

Foram dois os textos escolhidos dessa vez: Contribuição à história do movimento psicanalítico, de 1914, e Caminhos da terapia psicanalítica, de 1919.

No primeiro deles, Freud historiciza sua criação, descrevendo de forma crítica as intempéries, as cisões e as reuniões que precisou enfrentar para o estabelecimento da psicanálise.

O segundo texto foi a conferência proferida no V Congresso Internacional de Psicanálise, realizado em Budapeste.

Neste texto, localizamos um pesquisador, um clínico, confiando no alcance de sua técnica e fazendo apontamentos especialmente importantes no que diz respeito ao manejo da transferência, recusando qualquer posição referida aos ideais do analista para a realização da função terapêutica de uma análise.

Há, ainda, um convite à responsabilidade social e política frente a um contexto de devastação social e eclosão de regimes totalitários e a proposta de expansão da psicanálise para acesso das classes populares. Cenários semelhantes aos atuais.

Destacamos que, tradicionalmente, o evento Relendo Freud ocorre no mês de maio e na Serra Gaúcha. No entanto, em função das águas que inundaram parte de nossa cidade e de nosso estado em maio passado, deslocamos o local e a data do encontro.

Dessa vez, escolhemos fazê-lo em agosto e em nossa cidade, no Teatro São Pedro, no Centro Histórico de Porto Alegre. Num movimento de reocupar nossa capital, ao passo de outra retomada, a releitura da obra freudiana, tão fundamental a nós.

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📨 O Correio da APPOA está no ar!👁 Para conferir o número, acesse:www.appoa.org.br/correioLink disponível na bio.📬 O Corr...
09/12/2024

📨 O Correio da APPOA está no ar!

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No mês de abril, o Projeto Memória homenageou o vol. 06, número 03 - Souvenirs, publicado em abril de 2019.Abaixo, repro...
05/12/2024

No mês de abril, o Projeto Memória homenageou o vol. 06, número 03 - Souvenirs, publicado em abril de 2019.

Abaixo, reproduzimos um trecho do texto "A bagagem de férias de uma estagiária em Bonneuil", escrito por Carla Cervera Cei e publicado no Correio:

"Para mim, a primeira semana como estagiária em Bonneuil foi de extrema angústia e me fazia pensar de que formas eu poderia acolher aquelas crianças, suas loucuras e bizarrices, e por elas ser acolhida.

Como suportar tamanha alteridade sem buscar reduzi-la a algo compreensível dentro do meu sistema de significações ou de categorias diagnósticas?

Caso eu não desistisse, como aconteceria, o longo trabalho de tornar familiar (heimlich) aquela estranha (unheimlich) Escola?

Perguntava-me se valeria a pena tamanho esforço para realizar essa experiência. Era preciso acordar muito cedo num inverno rigoroso, caminhar até o metrô, seguir até a última estação da linha 8 Créteil-Préfecture e atravessar a fronteira entre a capital Paris e a província Bonneuil-sur-Marne.

Em seguida, pegar o ônibus 308 até a parada Regarde e caminhar até a escola, para, no fim do dia, fazer o caminho de volta até uma Paris anoitecida. Atravessar uma fronteira para me encontrar com o caótico, com o excesso de real, com uma precária humanização, com a exclusão.

Atravessar a fronteira da loucura para o encontro com o outro. Atravessar o inverno, para o calor de um contato."

📝 Sobre a autora: Carla Cervera Cei é psicanalista, membro da APPOA.

Para ler o texto completo, acesse o link nos stories.

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Viajar. Onde aportamos quando nos aventuramos em novas experiências, lugares, ou mesmo, quando estrangeiros a visitar ou...
04/12/2024

Viajar. Onde aportamos quando nos aventuramos em novas experiências, lugares, ou mesmo, quando estrangeiros a visitar outros países?

Dezembro, o aproximar das férias, das quais voltamos recheados de lembranças. Por vezes, nossas lembranças se materializam em souvenirs, pequenos objetos característicos de algum lugar.

Somos nós que os olhamos e capturamos ou somos capturados por eles? Como Lacan bem situa, é o brilho do objeto que nos olha e, desde o ponto em que o vislumbramos, podemos lhe dar determinados contornos.

Das férias, construímos memórias e, no retorno, já não somos mais os mesmos. "Sou" - do português - a "venir" - vir, do francês; algo que se renova ao deslocarmo-nos por novos horizontes.

O Memória deste mês convida os leitores a viajarem conosco, pelos trajetos e costuras de experiências tecidas no Correio de número 06, publicado em 2019, que versou sobre a temática.

Boa (re)leitura!

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Memória Correio APPOA, n. 24: Souvenirs (Vol. 06, Número 03, abril 2019). Conheça o projeto 'Memória Correio APPOA' aces...
03/12/2024

Memória Correio APPOA, n. 24: Souvenirs (Vol. 06, Número 03, abril 2019).

Conheça o projeto 'Memória Correio APPOA' acessando o destaque "Memória", fixado aqui na página.

Para acessar as edições do Correio, acesse: www.appoa.org.br/correio

(Link na bio).

Para ler a entrevista, acesse o link nos stories ou em nossa bio. Participaram desta entrevista os membros da Comissão d...
30/11/2024

Para ler a entrevista, acesse o link nos stories ou em nossa bio.

Participaram desta entrevista os membros da Comissão do Correio: Amanda Schreiner () , Isadora Machado ( ), Janniny Kierniew ( )e Mateus Baldissera ( ), além de Priscilla Machado de Souza ( ), uma das coordenadoras da Linha de Trabalho Psicanálise, Racismo e políticas étnico-raciais, do Instituto APPOA, e Carolina Mousquer Lima ( ), ambas também membras da APPOA.

Sobre a entrevistada:

Isildinha Baptista Nogueira é psicanalista e vive em São Paulo. É mestre em Psicologia Social pela PUC-SP e doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Fez sua formação nos Ateliers de Psychanalyse, em Paris, com Radmila Zygouris (uma das fundadoras da instituição). Isildinha tem sido uma importante interlocutora de nossa instituição e já esteve conosco em setembro de 2023, quando dialogou sobre a sua tese, publicada em livro mais de 20 anos após a sua defesa, A cor do inconsciente: significações do corpo negro (Perspectiva, 2021).

Não sabia que era parda, mas sabia que não era branca: o que não vi na cor da minha pele?"Uma tia conta que em visita a ...
29/11/2024

Não sabia que era parda, mas sabia que não era branca: o que não vi na cor da minha pele?

"Uma tia conta que em visita a sua casa ao entrarmos no prédio nos apresentou para uma vizinha que fez o seguinte comentário endereçando-se a mim: “mas ela é mais escurinha né!”.

Essa mesma tia que havia apresentado o namorado branco para a família escutou de uma irmã: isso mesmo minha irmã, precisamos melhorar a nossa raça, ou seja, branquear.

Diante de um artista negro cantando maravilhosamente bem: “a raça quando dá para ser boa”, ou, frente a algum equívoco cometido, “negrão quando tu não cagas na entrada cagas na saída”, e quanto a prima que gostava de namorar negros, “tua prima gosta é de um navio negreiro!”

Tínhamos também uma “empregada”, a nossa empregada. Ela era negra e tinha uma pequena pinta branca na perna. Um dia, ainda bem pequena, perguntei a ela o que era aquilo? Ao que ela respondeu fazendo um gracejo: é que faltou tinta!

Tenho uma lembrança muito vívida desse instante de um misto de surpresa e de imediatamente achar engraçado! Claro, sem compreender a dimensão do que estava sendo dito ali: ela era uma mulher branca pintada de preto, já que empregada.

Lembro que, por anos, isso virou uma brincadeira entre nós duas, eu retomava a pergunta sempre buscando repetir a surpresa da primeira vez, ela respondia e riamos juntas."

📝 Sobre a autora: Izabel Oliveira de Campos é psicanalista, membro da APPOA.

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Mérito do sacrifício"Houve um tempo em que me deixava muito bem ser chamada de “guerreira”, “lutadora”, “batalhadora” – ...
28/11/2024

Mérito do sacrifício

"Houve um tempo em que me deixava muito bem ser chamada de “guerreira”, “lutadora”, “batalhadora” – e um longo etc.

Era um bom fast food para meu ego fragilizado como uma mulher negra que tentava se inserir a fórceps e que, então, só via mérito no sacrifício, já que nada vinha muito fácil.

Muito mais tarde – e vá análise, letramento racial e tornar-se negra – entendi que minha reivindicação por um lugar melhor não era pura histeria e que essa história de sacrifício e meritocracia era uma baita de uma sa*****em.

O que me faltava é o que falta a todas as pessoas negras do país, ou seja, a tal reparação histórica.

Nesse contexto em que essa reparação ainda é tão deslegitimada e incipiente, a vida da mulher negra que acessa alguns lugares é o que chamo de paradigma Beyoncé. Ou seja, há que se construir a própria mesa, porque dificilmente vão te convidar para sentar naquelas que existem.

Sim, até dá resultado, mas, inegavelmente, cansa. Ah, e como cansa! No entanto, há que se tirar proveito desse cansaço, pois ele carrega uma advertência que tem valido muito nessa seara do enfrentamento do racismo e das outras opressões que, de igual modo, são controles ativos dos corpos em prol do capital."

📝 Sobre a autora: Priscilla Machado de Souza é psicanalista, membro da APPOA e do Instituto APPOA.

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Racismo e Vergonha"Em relação ao racismo, enquanto psicanalistas brancos, não sabemos o que a inscrição da cor no corpo ...
26/11/2024

Racismo e Vergonha

"Em relação ao racismo, enquanto psicanalistas brancos, não sabemos o que a inscrição da cor no corpo produz, tanto naquilo que diz respeito às suas consequentes privações, quanto as suas proliferações imaginárias e inscrições simbólicas.

Por mais que possamos ler e pesquisar sobre o tema, jamais saberemos. Para que possamos “tocar” um pouquinho nisso, precisamos escutar o testemunho destes que sofrem na pele, no olhar do outro e na alma, os efeitos desse saber sobre um corpo que muitas vezes é tomado de forma violenta e obscena, como signo.

Desde o nosso ponto de vista, os psicanalistas brancos que, curiosamente, em sua esmagadora maioria, se dizem não racistas, prestam um desserviço a essa discussão quando tendem a reduzir o racismo a questões imaginárias.

Como se estivesse em questão a frustação social do sujeito decorrente do dano imaginário de um suposto objeto real. Ainda que não seja essa a intenção, essa posição pode sustentar uma política de dominação, pois tende a colocar o outro numa posição persecutória.

A branquitude em seu pedantismo colonizador supõe saber, até mesmo, aquilo que desconhece.

Diante do pudor que busca recobrir nossa ignorância, que possamos dar lugar a vergonha do racismo que nos habita. Certamente, isso não se trata de um dever de exigência em relação aos nossos pares.

Nesse sentido, estamos diante de uma questão de ordem ética, do lugar que ocupamos na linguagem, de como nos endereçamos ao outro e lidamos com o saber, ou ainda, o saber fazer com a castração.

Como disse Lacan: “o verdadeiro habitat dos ser falante é sua falta a ser”. Então, que a falta se converta em desejo, inclusive, esse pode vir a ser um dos destinos de uma análise."

📝 Sobre os autores: Carolina Mousquer Lima e Norton da Rosa Jr. são psicanalistas, membros da APPOA e do Instituto APPOA.

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Ações afirmativas: um novo ato de fundação?"A clínica freudiana chega aqui, um país de relações raciais complexas e brut...
25/11/2024

Ações afirmativas: um novo ato de fundação?

"A clínica freudiana chega aqui, um país de relações raciais complexas e brutais, sendo pensada e exercida majoritariamente por profissionais brancos.

É bem verdade que essa clínica nunca esteve alheia a refletir sobre as contradições sociais. Ainda assim, foi possível aos psicanalistas brasileiros manter a questão racial distante tanto da prática clínica quanto do pensamento teórico.

Tais profissionais não estão fora do laço social, e este laço social implica em denegar o apartheid racial e social em que vivemos, implica em deixar uma parcela considerável da população numa situação de desamparo discursivo, uma população que ficou muito tempo sem acesso a possibilidade de enunciação, sendo falada por outros que nunca se implicaram como pertencentes e atuantes neste cenário racial.

Este estado de coisas não está presente apenas na psicanálise, mas em todos os campos de conhecimento, nas instituições, nas relações interpessoais. Sim, o exercício da psicanálise está inserido nesta malha discursiva.

É preciso ter a disposição em enfrentar o silêncio, em romper com a omissão, em desvelar a posição do branco nas relações raciais, e é preciso lembrar: não se faz política antirracista sem a presença de pessoas negras."

📝 Sobre a autora:

Taiasmin Ohnmacht é psicanalista e escritora. Mestre em Psicanálise: clínica e cultura (UFRGS/2019). É supervisora na Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS, Conselheira no Projeto Gradiva e idealizadora do projeto Saberes em Tranças.

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Moebianidade clínica/política na abordagem do racismo"A Linha de Trabalho do Instituto APPOA intitulada Psicanálise, ras...
22/11/2024

Moebianidade clínica/política na abordagem do racismo

"A Linha de Trabalho do Instituto APPOA intitulada Psicanálise, rascismo e políticas étnico-raciais iniciou como um cartelinho preparatório ao Congresso de 30 anos da Appoa, em 2019.

Antes disso, lembro quando na reunião do Relendo Freud e Conversando sobre a Appoa alguns de nós, associados, propomos que o tema do racismo, entre outros, passasse a fazer parte de nossos estudos e discussões.

Em seguida nasceu o cartelinho, paralelo ao cartelão do ano, e destas discussões frutificaram vários trabalhos que foram apresentados no Congresso de 2019 sobre este tema, da Taiasmin Ohnmacht, da Eliana Mello, do Cauê Machado e o meu.

Posteriormente, então, foi criada no Instituto APPOA a Linha de Trabalho Psicanálise, Racismo e Políticas Étnico-Raciais. Ao longo destes períodos vários textos e livros foram lidos, discussões realizadas. Uma verdadeira formação nesta área.

As instituições, em geral, inclusive as psicanalíticas, assim como a sociedade brasileira, não costumavam tratar deste tema até alguns anos atrás, nem mesmo as universidades. Aos poucos o tema invisibilizado foi tomando espaço dentro destas instituições, muito comumente frequentadas apenas ou quase totalmente por brancos.

Penso que é um avanço conhecermos a nossa formação cultural e racial, sairmos da alienação da branquitude, escutarmos nossas influências e heranças, a riqueza da nossa diversidade.

Reconhecer os vários grandes Outros que nos habitam, não só o grande Outro branco europeu colonial, este sim comumente idealizado e identificado como sendo “O” modelo de civilização."

📝 Sobre a autora: Elaine Rosner Silveira é psicóloga e psicanalista (APPOA) e Instituto APPOA.

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Por que a psicanálise precisa ser interrogada pelo racismo?"No entanto, a psicanálise não está isenta dos efeitos da his...
21/11/2024

Por que a psicanálise precisa ser interrogada pelo racismo?

"No entanto, a psicanálise não está isenta dos efeitos da história, da cultura e do contexto simbólico branco e eurocêntrico no qual foi gerada. Estes efeitos se fazem sentir em diversas perspectivas: desde seu atravessamento epistemológico na construção da(s) teoria(s) psicanalítica(s), passando pelas violências e desmentidos que acarretam à escuta clínica de pacientes negros - ou antes, na impossibilidade de estes recorrerem à psicanálise como um dispositivo de trabalho para com seu sofrimento psíquico - até as consequências políticas e institucionais que incidem na transmissão da psicanálise.

Afinal, quem pode ter acesso à psicanálise? E mais, quem pode ser psicanalista?

A psicanálise pretende-se um compromisso epistemológico de ordem antropológica: ou seja, ela pretende falar sobre o que é o humano.

No entanto, a sua origem, e o fato de que inúmeras vezes pactua narcisicamente com a branquitude, impõe um limite fundamental a esta pretensão.

Para Andrade (2022) a psicanálise comete assim uma violência epistêmica, ao impor seus conceitos a subjetividades que não são reconhecidas por seu arcabouço teórico."

📝 Sobre as autoras: Luciana Maccari Lara, Andréa Mongeló, Ágata Barbi, Silvana Henzel, Janete Dócolas, Renata Brum Birck, Eneida Braga, Fernanda Storck Pinheiro e Dal Conte são membros da Comissão de Ações afirmativas da Sigmund Freud Associação psicanalítica (SIG).

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A branquitude lida a partir do inconsciente: direção clínica e política para uma psicanálise situada"Nesse sentido, a co...
19/11/2024

A branquitude lida a partir do inconsciente: direção clínica e política para uma psicanálise situada

"Nesse sentido, a configuração dos ideais inconscientemente estabelecidos para cada sujeito participa da apreensão singular do caldo cultural comum que lhe banha. E, segundo Neusa Santos Souza: "É a autoridade da estética branca quem define o belo e sua contraparte, o feio, nesta nossa sociedade classista, onde os lugares de poder e tomada de decisões são ocupados hegemonicamente por brancos" (Souza, 2021).

Será justamente a universalismo visado pela Modernidade/Colonialidade que varrerá a diferença, tomando-a, não como complexidade diversa, não como modo de partilha distinto de gozo, mas antes como subalternidade, inferioridade, selvageria, primitivismo, exotismo ou deficiência. "O negro quer ser branco. [E] O branco incita-se a assumir a condição de ser humano" (Fanon, 2018).

"O significante inaugural de raça, cujo termo é branquitude, implica-nos todos igualmente em uma lógica da diferença” (Seshadri-Crooks, 2000, p. 03), não se tratando de evocar propriedades físicas ou biológicas.

“Por branquitude, eu refiro ao significante mestre, que estabelece uma estrutura de relações, um significado corrente que, através de um processo de inclusão e exclusão, constitui padrões de organização humana da diferença” (Seshadri-Crooks, 2000, p. 03).

E essa estrutura sustenta sujeitos em certas posições simbólicas como “negro”, “branco”, “asiático”, “latino” e outros em relação ao significante mestre (Siqueira, 2024)."

📝 Sobre a autora:

Andréa Máris Campos Guerra: Psicanalista e Professora na UFMG, onde coordena o Núcleo . Dirige a Coleção Decolonização e Psicanálise na Editora N-1.

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Empurra daí, que nós empurramos de volta e mais forte!"Depois de um silêncio durador, finalmente tem se produzido, no âm...
18/11/2024

Empurra daí, que nós empurramos de volta e mais forte!

"Depois de um silêncio durador, finalmente tem se produzido, no âmbito da psicanálise brasileira e internacional, artigos, livros, colóquios e congressos em que a questão racial é articulada à psicanálise.

Na maior parte das vezes se discute raça, branquitude (fragilidade branca), violência, trauma na sua relação com conceitos clássicos da psicanálise, como transmissão, escuta, édipo, ideal de eu, etc.

No entanto, aspectos que considero cruciais da discussão seguem restritos aos iniciados/as que acessam certas dimensões da discussão racial. Me refiro à complexidade e às disputas que envolvem temas como mestiçagem, democracia racial, território, religiosidade e condutas, por exemplo. E que acabam sendo lidos, quando o são, a partir de lentes que buscam desqualificá-los por não serem psicanalistas (como nos casos dos textos de Frantz Fanon, Lélia Gonzales e Achille Mbembe), uma espécie de reatualização do negro único ou um negro para chamar de seu."

📝 Sobre o autor:

José Damico é professor do Departamento de Psicanálise e do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise, Clínica e Cultura do Instituto de Psicologia da UFRGS. Atua principalmente nos seguintes temas: psicanálise, violência, juventude, saúde mental e coletiva, corpo e território na interface com o racismo. Coordena a Especialização em Atendimento Clínico da Clínica de Psicologia da Ufrgs. Coordena juntamente com o Prof. Dr. Tadeu de Paula o Coletivo Egbê: clínica, negritude, política e comum e a Coleção Diálogos da Diáspora. Concluiu em 2024 o Pós doutorado na Usp sob Supervisão da Profa. Dra. Miriam Debieux, com um período na Université Paris VII sob supervisão do Prof. Dr. Thamy Ayouch.

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O Barco, de Grada Kilomba: do silêncio profundo ao enfrentamento das políticas perversas de silenciamento e de apagament...
14/11/2024

O Barco, de Grada Kilomba: do silêncio profundo ao enfrentamento das políticas perversas de silenciamento e de apagamento

"Ao retratar as narrativas perversamente transmitidas, Grada denuncia “um sistema meticulosamente pensado para colocar certas pessoas fora da condição humana e assim escravizar. Há todo um vocabulário, uma linguagem semântica e visual que tem que ser revisada, tem que ser desmantelada e reinventada de novo”. Seu olhar crítico dá lugar a corpos invisibilizados, sua voz suave, porém determinada, faz eco ao enunciar aquilo que realmente essas embarcações transportavam, pois, segundo a artista: “não estamos a falar deglória, estamos a falar de genocídio, estamos a falar de brutalidade e de desumanização”.

Em “O Barco”, os temas da memória, da violência, do trauma, do racismo e do pós-colonialismo ficam reverberando o tempo todo.

A voz de Grada Kilomba é um convite para repensar a história, de modo que cada um se sinta responsável para que a barbárie não se repita.

Com a potência de sua poesia e o engajamento de seu ativismo, ela nos coloca dentro de “O Barco”, como se o público entrasse num processo de imersão onde fosse possível imaginar os corpos espremidos naqueles espaços minúsculos.

Aos poucos, vamos nos dando conta de nossa responsabilidade, seja pela recusa do passado, seja pelos pactos de cumplicidade que por ventura estabelecemos com tantos outros barcos que ainda hoje oprimem, segregam e matam."

📝 Sobre o autor: Norton Cezar Dal Follo da Rosa Jr. é psicanalista, membro da APPOA e do Instituto APPOA.

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Carolina Maria de Jesus e o Quarto de despejo: do subsolo da cena social à margem da língua"Podemos abrir o livro em qua...
12/11/2024

Carolina Maria de Jesus e o Quarto de despejo: do subsolo da cena social à margem da língua

"Podemos abrir o livro em qualquer parte e fazer a leitura de um fragmento que está sempre a relançar para um acontecimento que de um jeito ou de outro, alcança uma realidade que é da maioria dos brasileiros pretos, pobres e favelados.

Ao escreviver seus dias, ela nos leva a um exercício contínuo, em que a regularidade cotidiana convida a se deixar levar pela imprevisibilidade da escrita, um comparecer do inconsciente que se inscreve nas páginas do texto, no seu modo único de teimar contra a narrativa da história única: “...Fui na sapataria retirar os papéis. Um sapateiro perguntou-me se o meu livro é comunista. Respondi que é realista. Ele disse-me que não é aconselhável escrever a realidade” (2014, p. 91).

Aqui a escrita surge para recuperar a experiência com a vida, e não apenas ao propósito da ficção; Carolina, ao escrever, constrói uma escrita do improvável, do que não necessariamente está ali para ser “elaborado” ou compreendido, que não produz “exatamente um efeito literário, mas um “efeito de escrita” (Castello Branco, 2011, p. 71);

Ou, ainda, uma escrita que aparece para marcar o trabalho com a palavra, inscrever uma marca e transmitir a memória de um tempo e de um corpo marcado pela exclusão e pela resistência.

Blanchot (2005) diz que uma das modalidades do diário é justamente a de se submeter ao calendário, ao tempo do calendário como modo de defender-se do esquecimento, “cada dia anotado é um dia preservado” (p. 273). Escrever para escapar do silenciamento, fazer falar alguma coisa da Outra cena, passar para outra coisa, passando pela coisa do Outro, protegendo-se de um apagamento.

Escrever um diário é também sobre fazer falar uma voz que se repete no continuum temporal, que grafa no gesto mesmo da escrita uma outra possibilidade de se fazer sujeito, de passar do lugar marginal para habitar a “margem da língua."

📝 Sobre as autoras: Isadora Machado e Janniny Kierniew são duas mulheres, brancas, psicanalistas, membras da APPOA.

Para ler o texto completo, acesse o link nos stories ou em nossa bio.

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