13/12/2024
Relendo Freud 2024: Os desafios do amigável consenso
"No texto das Contribuições a História do Movimento psicanalítico, de 1014, temos um contexto que precisa ser considerado. Freud teria escrito esse texto entre janeiro e fevereiro de 1914, poucos meses antes de ser deflagrada a primeira guerra mundial, em 28 de julho de 1914.
Embora Freud não concebesse que a guerra teria longa duração e impacto, ela modificou profundamente o movimento.
Nas palavras de Roudinesco (2016, p. 204), Analogamente, a guerra deslocou para outro cenário os conflitos internos à psicanálise, compelindo, ao mesmo tempo, os freudianos a desistir de seus congressos, cessar suas atividades, suspender sua correspondência e suas produções editoriais.”
Os biógrafos apresentam Freud muito preocupado com seus três filhos e seu genro, alistados em diversas frentes, nesse tempo da grande guerra.
Sentia-se profundamente triste e pessimista em relação aos homens, afirmando que seu comportamento confirmava o que a psicanálise já havia descoberto sobre os aspectos mais sombrios da humanidade e sua oposição à cultura mais elevada.
Então, os laços amigáveis, ou o amigável consenso que Freud pretendia de seus seguidores, fracassara, assim como a própria humanidade.
Parece-me que a expressão amigável, ou amistosa, também precisa ser pensada em seu contexto. Será que significa o mesmo para nós brasileiros?
Ao ler otítulo que propus, mais de um colega fez expressão de estranheza e incredulidade. Isso me fez pensar que na nossa realidade a amizade está referida a um laço bastante íntimo, de familiaridade e não acredito ser a referência usada por Freud.
Imagino um europeu nascido em 1856, radicado em Viena, sendo polidamente cortês, dialogando e debatendo ideias, numa harmonia amistosa, como se espera de um sujeito do iluminismo."
📝 Sobre a autora: Roséli M. Olabarriaga Cabistani é psicanalislta, membro da APPOA.
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