18/02/2022
Mais um ano letivo próximo a se iniciar por aqui. Mais desafios e muito crescimento.
Só de pensar no Miguel, lá na escola longe de mim, já sinto palpitações e frio na barriga.
Antes da p4nd3m1a iniciar, Miguel passou por algo que só fui saber beeeem depois, e não foi pela boca dos professores.
Miguel teve um atraso na fala bastante signif**ativo, e agora apesar de falar, encontra dificuldade em estabelecer diálogos. Depois de um tempão eu soube que a dificuldade (leia-se medo) em socializar e estar perto de crianças, tinha nome, e não era autismo, ERA BULLYING. E esse é meu maior medo hoje em dia.
Para quem nos acompanhou no Instagram (onde dividimos nosso dia a dia) viu o trabalho árduo para reparar o estrago feito, Miguel criou pavor de crianças, medo, muito medo, tudo isso decorrente da violência que ele sofreu na escola e que eu fui saber tempos depois, porque Miguel não sabia contar. Foi devastador saber, levar o Miguel a escola é como se eu tivesse o levando a um matadouro, parece exagero, mas é essa minha sensação.
Ser mãe é uma parada muito louca, ao mesmo tempo que eu sofro em mandar ele, eu vou lutar para que ele seja incluído, vou incentiva-lo, vou encorajá-lo, não vou deixar que meu medo o atinja, mas por dentro vou sofrer, sofrer pelas violências que não consegui evitar e pelas que talvez, muito provável ele passará, porque a vida é assim, cheia de percalços e para uma criança autista, os percalços são em dobro
O que me resta fazer é, trabalhar em casa, estabelecer uma relação de confiança, não vou poder evitar, mas vou apaziguar, proteger para que não se repitam, cobrar quem é que for, e o acolher.
Hoje o Miguel esta com 6 anos 9 meses, ele já relata mais coisas, já conta detalhes do seu dia, e isso tem um lado bom, porque saberei quando ele estiver sofrendo e poderei intervir, não são todos os profissionais, mas as vezes sinto que não posso contar com a escola, conto com o Miguel, para que ele me conte e conte comigo ❤
Bom ano letivo pra nós
E você professor(a) não se sinta ofendido(a), não é pessoal, são relatos de dor que só Deus sabe o que passamos, marcas de algo que ainda dói nele. Façam diferente, sejam a diferença ❤