09/03/2021
Entorno de Bolsonaro vê vantagens e riscos com ‘Lula livre’
Decisão de Fachin, que retirou da 13ª Vara Federal de Curitiba a competência para julgar os casos relacionados ao ex-presidente na Lava-Jato, liberou o petista para disputar a presidência novamente
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que resultou na anulação das condenações do ex-presidente Lula na Lava-Jato traz benefícios e riscos para as pretensões do presidente Jair Bolsonaro de se reeleger em 2022, segundo ministros e fontes palacianas ouvidas pelo Valor
Na prática, a decisão de Fachin, que retirou da 13ª Vara Federal de Curitiba a competência para julgar os casos relacionados ao ex-presidente na Lava-Jato, liberou o petista para disputar a presidência novamente - o que a Lei da Ficha Limpa o impediu de fazer em 2018, quando inclusive estava preso em uma cela da Polícia Federal em Curitiba.
Na visão do entorno do presidente, Bolsonaro pode se beneficiar da polarização com Lula, que tem alta rejeição com o eleitorado que apertou 17 na última eleição presidencial.
"Bolsonaro sempre achou que o adversário dele vinha do PT. Eu acho uma boa decisão", disse um ministro sob a condição de anonimato.
Para outro auxiliar de Bolsonaro, no entanto, a elegibilidade recuperada por Lula requer cuidados de parte do governo, dada a capacidade de articulação do ex-presidente.
"Lula limpo pode organizar a oposição ao Bolsonaro. Aí a brincadeira começa a ficar séria", pondera uma fonte palaciana.
No Palácio do Planalto, há quem duvide da fidelidade do centrão, que o governo cooptou a duras p***s, no momento em que Bolsonaro é cobrado por conta da falta de vacinas e do agravamento da pandemia no país.
Uma alta autoridade do governo, porém, não acredita em uma debandada dos partidos fisiológicos que hoje compõem a base no Congresso.
"O centrão só ficou com quem estava no poder. [Foi assim com] Lula, Dilma, Temer. E agora Bolsonaro. Não vão para a oposição", sentenciou.