10/05/2024
Antiga Fazenda Crissiuma de 1872 em Barra Mansa - Rio de Janeiro.
Estrada Barra Mansa - Amparo. O acesso à fazenda, através de estrada de terra batida (cerca de 600m), deriva da estrada Barra MansaAmparo, também não-pavimentada.
Pioneiro na cultura do café em Barra Mansa, Manoel Gomes de Carvalho obteve da Coroa Portuguesa uma sesmaria de terras localizadas às margens do Ribeirão do Turvo. Nestas terras fundou duas importantes fazendas, a Santana do Turvo e a Crissiuma, que em pouco tempo tornaram-se grandes produtoras de café.
Natural de São Tiago de Amorim, Portugal, Manoel Gomes de Carvalho, tenente-coronel do Corpo de Cavalaria das Milícias, veio ao Brasil com 13 anos de idade para ser criado por parentes, ficando os pais em Portugal. Era filho do português Matias Gomes de Carvalho e de Josefa Martins. Casou-se com Francisca Bernardina Leite, filha de seu vizinho Capitão-mor Manoel Ferreira Leite, com quem teve três filhos, João Gomes de Carvalho, Visconde de Barra Mansa; Manuel Gomes de Carvalho Filho, Barão do Rio Negro; e Joaquim Gomes Leite de Carvalho, segundo Barão do Amparo.
Manuel Gomes de Carvalho foi agraciado com o título de Barão do Amparo, em 17 de junho de 1853 e, após sua morte, ocorrida em 25 de maio de 1855, a Fazenda Crissiuma coube ao seu filho Manoel Gomes de Carvalho, agraciado em 15 de maio de 1867 com o titulo de Barão de Rio Negro.
Manuel Gomes de Carvalho, Barão do Rio Negro, foi fazendeiro e capitalista. Casou em 1857 com sua prima, Emília Gabriela Teixeira Leite (1840 - 1927), neta dos Barões de Itambé. Tiveram dez filhos. Foi um dos sócios majoritários da Cia. Evôneas Fluminenses. Em Paris, foi o proprietário do “Café Carvalho”, situado no bairro de Levalois Peret. Construiu na Avenida Koeler, em Petrópolis, projetada pelo engenheiro Antonio Jannuzzi, uma rica residência de verão, o Palácio Rio Negro, que, posteriormente, foi adquirida pela União, tendo sido durante anos a residência oficial de férias da Presidência da República. Sua filha, Francisca Leite de Carvalho (1877- 1932), foi a religiosa Mére Françoise de Jesus, fundadora da Ordem “Compagnie de La Vierge”, com sede em Roma. Rio Negro faleceu em Paris, em 27 de dezembro de 1898, e está enterrado no cemitério do Père-Lachaise.
Em 1913, as fazendas Sant’Ana do Turvo e Crissiuma pertenciam ao coronel Manoel Joaquim Cardoso, proprietário também das fazendas São José, São Paulo e São Fernando, em Valença, onde residia. Por motivo de maus negócios, o Coronel Cardoso se desfez das duas fazendas, vendendo Crissiuma ao empresário carioca Coronel Alfredo Macedo, que também não ficou muito tempo com a propriedade. Pouco depois foi vendida pelo Major Miguel de Oliveira.
Crissiuma fora construída na encosta de um morro, cercada por mais três e com grande várzea ao centro. A várzea era circundada por um chalé à direita, pelo engenho e pela tulha ao centro, e à esquerda pela antiga enfermaria. O centro era ocupado pelos terreiros e tanques para café. Diversas linhas de bondes cruzavam os terreiros para transporte do grão.
O Major Miguel de Oliveira faleceu em 1936, e a fazenda foi partilhada entre seus doze herdeiros, cabendo ao seu filho Mário Miguel de Oliveira a parte onde se localizava a sede. Em 1971, Mário Miguel vende a fazenda Crissiuma para o genro, Sr. Guanahyo Ferreira Neto, casado com a filha Cida.
Não se sabe ainda quando foi edificada a Fazenda Crissiuma, entretanto, tudo leva a crer que foi em meados do século XIX. No alpendre da fazenda, constam as iniciais do Barão do Rio Negro e a data de 1872. Acredita-se que tal data se refere a construção do referido alpendre, ou ainda, de reformas no solar.
Segundo a tradição, o nome Crissiuma provém de uma espécie de bambu fino, muito comum na região.