26/12/2024
PARAGUAÇU E SUAS MÁQUINAS MARAVILHOSAS
(Por Guilherme Prado)
Observando o grande número de motos trafegando pela cidade, somos impelidos a retornar ao passado, descobrindo que a tradição de Paraguaçu sobre duas rodas vem de longa data.
Consta que primeira motocicleta, uma Peugeot monocilíndrica, chegou aqui em 1911, deixando cães e gatos apavorados quando passava pelas ruas da Villa. Em 1918, Odilon Prado adquiriu uma “Indian Scout” para facilitar na visita aos doentes, da trágica “gripe espanhola”. Na mesma época, o Dr. Domingos Conde comprou uma moderna “Indian” de dois cilindros, que se tornou, sem dúvida, a moto mais famosa de Paraguaçu, atravessando diversas gerações.
Na década de trinta, outro motociclista memorável foi o Doca. Era baixo, meio gordo, óculos com lentes grossas, inesquecível pelos tombos, capotagens e muros derrubados. Oscar Prado possuía uma DKW, que lhe custou um tornozelo quebrado.
Entretanto, o grande “boom” do nosso motociclismo aconteceu na década de cinquenta, quando a cidade contava com 40 motos.
Em 1951, Delmo Borim, Silvio Ribeiro e Carlos Prado organizaram uma grande competição de motociclismo, com a participação de várias equipes do sul de Minas. Uma pista de 2500 metros foi improvisada, interligando-se o campo de pouso à antiga estrada de Machado, paralela à pista, por duas curvas inclinadas, formando uma oval.
As competições aconteceram em três categorias de potência 250cc, 350cc e 500cc. Os vencedores foram respectivamente: Helio Carmelito, correndo em JAWA, Júdice em MATCHELESS e Mauro Marcondes também em igual marca, todos de Poços de Caldas. Em seguida, uma corrida de bicicletas em 2500 metros, vencida por Pedro Fonseca Prado e, em segundo lugar, Luiz Guerra.
As competições terminaram com uma corrida de cavalos, vencida pela égua “Negrinha”, montada pelo Manoel do Anício.
Um bar funcionou no hangar do aeroporto, com a presença do inesquecível JAZZ SUDAN, que tocou durante todo o evento. À noite, o nosso tradicional baile no Ideal, encerrou as festividades. Tudo terminava com um baile...
No dia da corrida, a cidade se transformou em um imenso palco, por onde desfilaram grandes marcas da época, tais como: Horex Regina, Panther, BSA, Saroleia, Royal Enfield, Jawa, CZ, Vincent e tantas outras, que a memória não consegue mais aflorar.
As máquinas, todas importadas, eram menos barulhentas que as atuais, e os motoqueiros, bem mais acomodados...