03/05/2023
A mensagem que me foi enviada pelo Aquiles Reis diz respeito a um CD que até agora não foi lançado comercialmente - e não se tem a perspetiva de nenhum lançamento no mercado. Daí a importância do artigo de meu caríssimo amigo - vocalista do MPB-4 e dublé de cronista e crítico de música do JB. Grato. HBC
"Amigo Herminio : hoje o que nos une é Mangueira - Sambas de Terreiro e outros Sambas disco que você produziu para Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural Arquivo Geral Arquivo Geral da Cidade doriode Janeiro. em 1999, sob os auspicios da então diretora Lelia Frota, coordenadora e condutora antropológica etc etc Meu querido Poeta Hermínio,
hoje o que nos une é Mangueira– Sambas de Terreiro e Outros Sambas, o disco que você produziu para o Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, em 1999, sob os auspícios da então diretora Lélia Frota, coordenadora e condutora antropológica do projeto.
Para você relembrar comigo os fatos acontecidos, digo logo que o conheci no teatro do Grupo Opinião, em 1966, lá na Rua Toneleros, em Copacabana. Ali nasceu uma amizade feita de reverência e admiração pelo seu trabalho, que desde então me acompanha.
Pois bem, recentemente esbocei uma letra em homenagem à Mangueira – a maior escola de samba do planeta, que, aliás, comemora 95 anos neste 28 de abril. Numa estrofe, eu citava lugares importantes da Verde-e-Rosa, ligando-os aos baluartes que por lá passavam em suas incursões boêmias. Pedi a você, então, que conferisse se eu não cometera disparates.
Você me respondeu prontamente, relembrando o disco citado no início desta cartinha. Lá no encarte, bem ao seu estilo, dentre outras informações relevantes, você falava dos redutos das feras do samba mangueirense. Era tudo que eu precisava para sossegar. E começamos a pesquisar na internet, tentando localizar o álbum com o tal encarte.
Pude adquirir a preciosidade online – fotos, textos, depoimentos e sambas que somados à sua produção artística, Hermínio, à produção executivo-musical do acordeonista e pianista José Maurício Horta, o Kiko, e à direção musical do violonista Paulão Sete Cordas, redundaram num documento seminal que engrandece a cultura do samba do Rio, personalizada na querida Estação Primeira de Mangueira.
O CD 1 abre com Cartola cantando e comentando alguns de seus sambas – “Tive Sim”, “Amor Proibido”, “Vai Amigo”, “Amanhecer” e “Divina Dama” –, gravados na casa de Carlos Cachaça, com Jacob do Bandolim tocando... violão! Sim, ninguém menos do que ele, o rei do bandolim!
Depois, Nelson Cavaquinho canta e toca violão em três faixas, com Elton Medeiros na caixa de fósforos e no coro, onde também está Zé Keti. A seguir, Preto Rico canta acompanhado por Cartola ao violão, tendo a voz de Carlos Cachaça ao fundo. E na faixa 18, novamente com Jacob ao violão, Cartola canta “Tempos Idos”.
E vêm Nelson Sargento, Clementina de Jesus, Padeirinho (Carlos Cachaça canta com ele e Nelson Sargento toca violão) e volta Cartola (você canta tanto com Sargento quanto com Cartola, né, Hermínio?). E mais Menininha, o trio de Tia Zélia, Zenith e Sônia, Neuma, José Ramos, Comprido e Zé Ramos, que fecham a tampa: 31 faixas com a mais pura alma carioca-mangueirense.
E tem o CD 2, com mais 26 músicas, mas isso f**a para depois. Pois é, meu ídolo-baluarte, como você mesmo diz, a Mangueira é tão grande que nem cabe explicação! É, meu Poeta, mas sobre você também não cabe explicação..."
Aquile Rique Reis