
20/11/2024
Roseni, a flor do Zangarelhas 🌺
Desde pequena, eu via Roseni passar lá por casa. Parecia uma flor que tem muito comum também na zona rural do Rio Grande do Norte, a Boa Noite: de um rosa intenso e simplicidade abundante. Na ida à cidade ou na vinda, ela sempre falava com a gente. Às vezes, parava um pouco para conversar com nossa mãe e seguia sua viagem em busca de comida para seus porcos.
Ela se chamava Roseni Maria de Azevedo, tinha quatro filhos, dois netos e dois bisnetos. Foi sempre conhecida como uma mulher batalhadora, que ficou viúva ainda jovem e sustentou sua família com o que produzia numa pequena propriedade no sítio Zangarelhas. Acredito que tenha sido uma das primeiras habitantes deste lugar, onde existe o antigo açude que abastecia Jardim do Seridó-RN.
Quando a visitamos em março deste ano, ela estava bem, alegre por receber antigos moradores, ex-vizinhos a reavivar histórias. Contou como minha mãe Buíta estava com receio ao engravidar de mim, sua última filha. Elas sempre se viam. Minha mãe viveu alguns anos neste sítio. E ia visitar Roseni quase todos os dias. Eram companheiras de luta e de vida rural. Pena não ter dado tempo de uma visita entre as duas na atualidade.
Roseni criava galinhas, além dos porcos e das vacas leiteiras. Não se adaptava na cidade, embora os filhos tenham saído logo de casa para tentar a vida por Jardim. Seu filho caçula, Josetildo Azevedo, é o amigo que convive conosco desde criança, e abdicou da vida da cidade para deixá-la confortável no sítio, onde ela mais amava viver. Nos últimos anos, ele se dedicava a ela a maior parte do dia, quase todos os dias da semana.
Para ela que vivia onde queria, acordando todas as manhãs sentindo o cheiro de água do seu querido Poço Doce, deve ter sido boa a vida. Foi uma longa caminhada desta flor do Zangarelhas, a perfumar a vida da sua família com o amor e a entrega que coube a ela doar. Espero que ela esteja guardada ao lado das suas crenças e que seus sentimentos sejam também envolucrados dentro daqueles que a amavam e que construíram memórias afetivas com ela.
Xau, Roseni! Até um dia nos encontrarmos na linha do horizonte da lâmina do Poço Doce!