Lucifer Luciferax

Lucifer Luciferax Aborda temas relacionados à magia negra, luciferianismo, satanismo, goetia, etc.
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Lucifer Luciferax é uma revista obscura independente e aperiódica, voltada aos aspectos mais estranhos e heterodoxos do Caminho da Mão Esquerda e da Via Sinistra.

𝕴𝖓 𝖓𝖔𝖒𝖎𝖓𝖊 𝖉𝖊𝖎 𝖓𝖔𝖘𝖙𝖗𝖎 𝕾𝖆𝖙𝖆𝖓𝖆𝖘 𝕷𝖚𝖈𝖎𝖋𝖊𝖗𝖎 𝕰𝖝𝖈𝖊𝖑𝖈𝖎Hino a Satã, de Josué CarducciA Ti, imenso princípio do Ser, Matéria e     ...
12/02/2024

𝕴𝖓 𝖓𝖔𝖒𝖎𝖓𝖊 𝖉𝖊𝖎 𝖓𝖔𝖘𝖙𝖗𝖎 𝕾𝖆𝖙𝖆𝖓𝖆𝖘 𝕷𝖚𝖈𝖎𝖋𝖊𝖗𝖎 𝕰𝖝𝖈𝖊𝖑𝖈𝖎

Hino a Satã, de Josué Carducci

A Ti, imenso princípio do Ser, Matéria e
Espírito, Razão e Sentimento.
Quando cintila o vinho no copo como a
Alma brilha no fundo da pupila,
Quando correm a Terra e o Sol e trocam
palavras de Amor,
E corre o espasmo de um himeneu invisível
que chega aos Montes e fecunda a planície,
A Ti chegam meus cantos atrevidos.
Eu Te invoco, ó Satã! rei do festim.
Volta com teu hissopo, vil Sacerdote!
Volta com teus salmos! Satã retrocede.
Olha como a ferrugem rói a mística
espada de Miguel,
E o arcanjo, já sem p***s, se despenca
no vazio!
O raio gelou-se na mão do orgulhoso Jeová,
Como uma chuva de pálidos mistérios de
planetas apagados!
Os arcanjos vão caindo do alto do firmamento.
Na matéria que nunca pára, rei do
Fenômeno, rei da Forma, vive unicamente Satã.
No relampejar trêmulo de seu negro olhar está
seu império que aos que desviam atrai.
É ele que brilha com o sangue alegre dos
enforcados para que a breve alegria não esmoreça.
É ele quem restaura a vida breve, que
prorroga a Dor e o Amor reanima.
Tu inspiras, ó Satã! o meu verso desafiando,
Deus dos pontífices cruéis e reis homicidas.
Por Ti vivem Agramancio, Adonis e Astartéa,
que animam os mármores dos escultores,
as telas dos pintores, a lira dos poetas.
E o canto das serenas brisas de Jonia deu
a Vênus Andrômeda.
Por Ti estremecem-se as palmeiras do Líbano
ao ressuscitar o amante da doce Chypre.
Por Ti agitam-se as danças e as cores.
Por Ti as virgens desfalecem de amor ante
as odoríferas palmeiras da Iduméa, onde
branqueiam as espumas chyprianas.
Que importa que o bárbaro furor dos
orgiáticos ágapes do ato obsceno tenha
incendiado teus templos com a sagrada
luz e demolido as estátuas de Argus?
A plebe vem a Ti, agradecida, entre suas
divindades e, vencida de amor, a pálida
bruxa com eterna angústia vem remediar
a natureza enferma.
Foste Tu que do olhar penetrante do
Alquimista e às pupilas do Mago indomável
revelaste mais para além do sonolento
claustro os resplendores de novos céus.
Esquivando-Te até nos compromissos, o triste monge
ocultou-se no fundo da Tebaida.
Ó alma extraviada de teu caminho,
Satã é bom e não Te abandona!
Por isso, quando passas, ele Te bendiz. Eis aqui
a Eloísa.
Em vão te atormentas sob o áspero
burel, mísero monge.
Os versos de Horácio e de Virgílio soaram
em teus ouvidos misturados às queixas
dos salmos de Davi.
E as formas délficas surgiram voluptuosas
a teu lado, tingindo de rosa a horrenda
companhia das dobadeiras Lycoria e Glyceria.
De outras visões de um tempo mais belo
povoam-se as celas insones.
Por Ti as páginas vivas de Tito Livio
despertam fogosos tribunos, cônsules e
ardente multidão.
E, repleto de itálico orgulho, dirige-Te,
ó monge! ao Capitólio.
As poderosas fogueiras não podem destruir
as fatídicas vozes de Wicleff e João Huss.
No espaço ressoa o grito de alerta e o
século se renova. O prazo extinguiu-se.
Tremem os símbolos poderosos; caem as
mitras e as coroas; do claustro mesmo,
surge ameaçadora a rebelião, debaixo dos
hábitos de frei Jeronimo Savonarola.
Joga o escapulário Martim Luthero e rompe
as cadeias do pensamento humano.
E, esplêndida, fulgurante, sobre as chamas
ergue-se a Matéria. Satã venceu!
Um monstro belo e terrível desencadeia-se,
percorre o Oceano, percorre a Terra,
vomitando chamas e, fumegante como
um vulcão, cai sobre os montes.
Devora planícies, está sobre os abismos,
oculta-se nos antros profundos e
surge novamente.
E eis que passa triunfante, ó povo!
Satã, o Grande.
Passa semeando o Bem por toda parte,
montado sobre seu carro de fogo, que
nenhum obstáculo detém.
Louvor a Ti, ó Satã! Ó Rebelião!
Ó Força vingadora da Razão humana!
Que subam a Ti, consagrados, nosso
incenso e nossos votos!
Venceste ao Jeová dos Sacerdotes!
Glória a Satã!

Lucifer Luciferax
Editora Via Sestra



Ilustração: Satã representado como o Anjo Caído, por Sir Thomas Lawrence (1769-1830)

10/02/2024

Salve amigos!
Em alguns dias estará disponível o documentário """Mávra - The Beginning""", e estaremos contando a história de dedicação e superação da banda através das lentes do grande TiTo, que captou entrevistas e nossa apresentação na Necropole Hall ao lado do Poeticus Severus.
As gravações do debut album está no processo final, e em breve teremos mais novidades!

⸸𖤐🜏 - Hail The Black Arts - ⸸𖤐🜏

⛧ 𝕮𝖍𝖆𝖛𝖆𝖏𝖔𝖙𝖍, 𝖔 𝕯𝖗𝖆𝖌𝖆̃𝖔 𝕹𝖊𝖌𝖗𝖔 𝕻𝖗𝖎𝖒𝖔𝖗𝖉𝖎𝖆𝖑 ⛧𝔓𝔬𝔯 𝔓𝔥𝔞𝔯𝔷𝔥𝔲𝔭𝔥, 𝔱𝔢𝔵𝔱𝔬 𝔭𝔲𝔟𝔩𝔦𝔠𝔞𝔡𝔬 𝔫𝔞 𝔏𝔲𝔠𝔦𝔣𝔢𝔯 𝔏𝔲𝔠𝔦𝔣𝔢𝔯𝔞𝔵 𝔛ℑChavajoth הוהי é essencia...
05/02/2024

⛧ 𝕮𝖍𝖆𝖛𝖆𝖏𝖔𝖙𝖍, 𝖔 𝕯𝖗𝖆𝖌𝖆̃𝖔 𝕹𝖊𝖌𝖗𝖔 𝕻𝖗𝖎𝖒𝖔𝖗𝖉𝖎𝖆𝖑 ⛧
𝔓𝔬𝔯 𝔓𝔥𝔞𝔯𝔷𝔥𝔲𝔭𝔥, 𝔱𝔢𝔵𝔱𝔬 𝔭𝔲𝔟𝔩𝔦𝔠𝔞𝔡𝔬 𝔫𝔞 𝔏𝔲𝔠𝔦𝔣𝔢𝔯 𝔏𝔲𝔠𝔦𝔣𝔢𝔯𝔞𝔵 𝔛ℑ

Chavajoth הוהי é essencialmente incognoscível ao homem, mas é possível compreendê-lo minimamente através de suas emanações.
Ausência de luz Ele não é, tampouco sombra gerada a partir de outra fonte. Ele não possui gênero, ao homem e à mulher Ele não se assemelha, embora em seu nome estejam engendrados. Forma não há que o descreva. Chavajoth é a luz negra densa original, onde nenhuma outra luz pode existir, transpor ou adentrar. Eterno é e não criado, o Dragão Negro Primordial.
Adar Agam אגם ארד, o glorioso lago sombrio e agitado representa um de seus muitos mistérios. Em Beyth Azmaveth עזמות בית, na habitação da força da Morte, se ocultaram parte de seus segredos.
O nome inalterável de Chavajoth é escrito com três letras, pois a letra He se repete uma vez. Seu nome é o tetragrama sinistro, tetragrammaton, composto pelas letras He-Vau-He-Yod. He inicial é Adão Belial, a divindade sinistra encarnada sobre a terra, o cinco fendido. Vau é semelhante ao equilíbrio que resulta da combinação dos contrários, é Azoth אזות e a vontade eterna que se manifesta sucessivamente através da abstração do ponto em todas as direções, expansivo ao ar. He segundo é semelhante ao mercúrio, associado à água, sem forma, cujo princípio ígneo pode moldar; o cteis de Heva-Serpente חוא, consorte de Adão Belial e o útero de Isheth Zenunim אשת זנונים. Yod é semelhante ao enxofre, associado ao fogo e à semente ígnea masculina e feminina, refere-se à essência não fragmentada e ainda densa que precede à existência de Adão Belial, é a base do triângulo mágicko de Chavajoth. O Yod é também a representação do poder gerador que irradia de Chavajoth. He é ainda o hálito miasmático que emana, a janela e a visão da luz negra; o Vau é receptivo que ouve e o Yod, o falo, o que penetra as regiões úmidas de Agam em Beyth Azmaveth. Yod é o princípio pelo fim, mistério engendrado pela sombra da morte, Tsalmaveth צלמות.
Chavajoth é o duplo verbo em Ser e Existir, em Hayah, היה, é a calamidade e a destruição da antítese que o nega eternamente sem poder subtraí-lo da trama universal concebida como existência pelo indivíduo comum. É Hovah הוה e Havah הוה, a degradação, a destruição, o abismo, a ruína e o aniquilamento que abarcam a hoste adversária dos temerosos filhos da falsa luz.
Chavajoth cria através de emanações de sua própria substância que irradia sucessivamente pelos quatro mundos desde as densas regiões essenciais até o mundo no qual habitamos e além. Os quatro mundos se relacionam com as dez qliphoth e com as divisões que constituem o corpo de Adão Belial בליאל אדם - a divindade sinistra encarnada sobre a terra. As dez qliphoth por sua vez conectam-se umas às outras numa complexa rede de vinte e dois caminhos ou túneis . Os três mundos superiores irradiam de maneira tríplice e o mundo físico recebe as emanações das esferas superiores. Cada mundo se relaciona a uma letra do tetragrama sinistro de Chavajoth e às ideias nelas contidas.

Lucifer Luciferax
Editora Via Sestra

⛧ 𝙊 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝙉𝙚𝙜𝙧𝙤 𝙙𝙚 𝙎𝙖𝙩𝙖̃ ⛧𝗦𝗮𝘁𝗮𝗻𝗶𝘀𝗺𝗼 𝗧𝗿𝗮𝗱𝗶𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹“— Nós, os nobres, nos alegramos que você tenha vindo para nos agraciar c...
03/02/2024

⛧ 𝙊 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝙉𝙚𝙜𝙧𝙤 𝙙𝙚 𝙎𝙖𝙩𝙖̃ ⛧
𝗦𝗮𝘁𝗮𝗻𝗶𝘀𝗺𝗼 𝗧𝗿𝗮𝗱𝗶𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹

“— Nós, os nobres, nos alegramos que você tenha vindo para nos agraciar com seu sangue e presentes. Nós, família do Caos, te acolhemos, agora sem nome. Você é o enigma e eu sou a resposta que inicia sua busca. Nós, os amaldiçoados, te saudamos, você, que ao estar aqui entre nós ousou desafiar. No começo houve sacrifício, mas agora temos palavras que podem te ligar através de todos os tempos a nós. Em seus começos - nós estivemos. Em sua busca - nós estamos. Antes de você - nós existíamos. Depois de você – ainda estaremos. Antes de nós - Aqueles que nunca são nomeados. Depois de nós - Eles esperarão. E, através deste Rito, você será nosso e assim deles que nunca são nomeados. Nós, os justos, que nos vestimos de negro, por meio deles, possuímos este mundo que chamamos de Terra.”

𝔇𝔦𝔢𝔰 𝔦𝔯𝔞𝔢, 𝔡𝔦𝔢𝔰 𝔦𝔩𝔩𝔞
𝔖𝔬𝔩𝔳𝔢𝔱 𝔖𝔞𝔢𝔠𝔩𝔲𝔪 𝔦𝔫 𝔣𝔞𝔳𝔦𝔩𝔩𝔞
𝔗𝔢𝔰𝔱𝔢 𝔖𝔞𝔱𝔞𝔫 𝔠𝔲𝔪 𝔰𝔦𝔟𝔶𝔩𝔩𝔞.

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⛧ 𝖁𝖊𝖓𝖎, 𝖔𝖒𝖓𝖎𝖕𝖔𝖙𝖊𝖓𝖘 𝖆𝖊𝖙𝖊𝖗𝖓𝖆𝖊 𝖉𝖎𝖆𝖇𝖔𝖑𝖚𝖘!

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⛧ 𝗢𝘀 𝗟𝗶𝘃𝗿𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗚𝗼𝗲𝘁𝗶𝗮 𝗱𝗮 𝗘𝗱𝗶𝘁𝗼𝗿𝗮 𝗩𝗶𝗮 𝗦𝗲𝘀𝘁𝗿𝗮 ⛧Três perspectivas distintas da 𝗚𝗼𝗲𝘁𝗶𝗮 apresentadas nas obras:- 𝗔 𝗚𝗼𝗲𝘁𝗶𝗮 𝗱𝗼 ...
29/01/2024

⛧ 𝗢𝘀 𝗟𝗶𝘃𝗿𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗚𝗼𝗲𝘁𝗶𝗮 𝗱𝗮 𝗘𝗱𝗶𝘁𝗼𝗿𝗮 𝗩𝗶𝗮 𝗦𝗲𝘀𝘁𝗿𝗮 ⛧
Três perspectivas distintas da 𝗚𝗼𝗲𝘁𝗶𝗮 apresentadas nas obras:

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𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮 𝗔𝗻𝗮𝘁𝗼𝗺𝗶𝗮 𝗢𝗰𝘂𝗹𝘁𝗮 𝗱𝗼 𝗛𝗼𝗺𝗲𝗺por Manly Palmer HallDe acordo com a Sabedoria Antiga, o homem permanece no mundo físico...
29/01/2024

𝗦𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮 𝗔𝗻𝗮𝘁𝗼𝗺𝗶𝗮 𝗢𝗰𝘂𝗹𝘁𝗮 𝗱𝗼 𝗛𝗼𝗺𝗲𝗺
por Manly Palmer Hall

De acordo com a Sabedoria Antiga, o homem permanece no mundo físico por aproximadamente oitocentas vidas terrestres, durante as quais passa por uma infinita diversidade de formas humanas e ambientes, e aprende a dominar as diversas qualidades orgânicas das quais são compostos os veículos físicos densos. Sua tarefa mais importante durante esse lapso é dominar o elemento terra, e incorporar gradualmente em seus corpos de água, fogo e ar as qualidades e essências extraídas de suas experiências na matéria densa.
O homem possui também três corpos superiores, os quais, ainda que invisíveis, são onipotentes. (...) Na atualidade, os corpos de água, fogo e ar se manifestam somente através do organismo físico (terrestre) e no qual o elemento ar outorga o poder do pensamento, o elemento fogo o poder do movimento e emoção, e o elemento água o poder de reprodução e crescimento. Pelo que dissemos observa-se, embora não se perceba, que há manifestações e funções que demonstram o poder da porção invisível da constituição do homem.
Os ocultistas chamam o elemento de ar obscuro de corpo mental, o corpo astral de elemento de fogo flamígero; o corpo vital de elemento de umidade aquosa e o corpo físico de elemento químico denso. Estes corpos, um dentro do outro, ou melhor, interpenetrando-se um dentro do outro, integram o que a mente humana reconhece como seu veículo de consciência. Através do corpo mental o homem consegue a faculdade de pensamento e reflexão que o torna superior ao animal; com o corpo astral, a faculdade de movimento e emoção – sensação, cor e sentimentos, entre outras qualidades – cuja expressão torna superior o animal com relação ao vegetal; através do corpo etérico ou vital, ganha o poder de reprodução de sua espécie e também as funções de assimilação e excreção, nesse aspecto o vegetal é superior ao animal.

HALL, Manly Palmer. Magia: Un Tratado Sobre Ocultismo Natural. 7. ed. Buenos Aires: Kier, 1995.

Lucifer Luciferax

𝗥𝗲𝘃𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗡𝗼𝘅 𝗔𝗿𝗰𝗮𝗻𝗮, 𝗩𝗼𝗹. 𝟲, 𝗷𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟰Nova edição da Revista Nox Arcana, iniciativa da Lilith Ashtart com participa...
23/01/2024

𝗥𝗲𝘃𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗡𝗼𝘅 𝗔𝗿𝗰𝗮𝗻𝗮, 𝗩𝗼𝗹. 𝟲, 𝗷𝗮𝗻𝗲𝗶𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟰

Nova edição da Revista Nox Arcana, iniciativa da Lilith Ashtart com participação da Gilmara Ígnea!
Download de todas as edições no link:

https://drive.google.com/drive/folders/1pFj4xYogcZKhwCd7cUMKmQGLvHkgxTtQ

E você não paga nada por isso!

𝗢𝘀 𝗙𝗶𝗹𝗵𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝗙𝗮𝗹𝘀𝗮 𝗘𝘀𝗰𝘂𝗿𝗶𝗱𝗮̃𝗼por Manly P. HallHá muito tempo o homem comete o erro de chamar a perversão do poder oculto...
22/01/2024

𝗢𝘀 𝗙𝗶𝗹𝗵𝗼𝘀 𝗱𝗮 𝗙𝗮𝗹𝘀𝗮 𝗘𝘀𝗰𝘂𝗿𝗶𝗱𝗮̃𝗼
por Manly P. Hall

Há muito tempo o homem comete o erro de chamar a perversão do poder oculto de Magia Negra. Esta concepção/aceitação da palavra NEGRA é inadequada, pois negro não significa necessariamente perverso. O negro é o fundamento incolor das coisas; é a fonte de todo ser e representa o corpo da Inteligência Absoluta. Toda consciência e toda luz surgiram da obscuridade do caos, e a Noite Cósmica – com seu tenebroso Pralaya – é o Pai-Mãe da Criação. As trevas negras encobrem o trabalho do Infinito e mesmo toda luz que pode existir na alma humana estará sempre rodeada pela obscuridade, pelas fervilhantes substâncias do caos. Toda manifestação é uma concreção da escuridão e uma imensurável possibilidade.
Os FILHOS DE ORIGEM OBSCURA que trabalham na escuridão desta substância, moldando-a em miríades de formas invisíveis e incalculáveis, não são perversos. São os filhos de Saturno (Satã), o Pai Negro que devorará a sua própria obra, como a negrura própria do caos, e, ao fazê-lo, a devolve à vida subtraindo-a dessa morte que os homens concebem como criação. Todos procedemos desse negro abismo e não temos o direito de considerá-lo mau; é o pai de deuses e de homens, sempre envolto nos mantos inescrutáveis de seu próprio mistério. O homem deve extrair a pedra de sua própria alma dessa negrura abismal – cofre insondável dos tesouros da Natureza – do mesmo modo que o mineiro arranca o diamante do interior do negro carvão que o envolve.
Os obscuros SENHORES DE SATURNO são os construtores da aurora da primeira luz após a escuridão, da atrição de seus esforços surgiram as primeiras centelhas cintilantes da consciência embrionária. São os Nascidos da Mente e são os Brâmanes de nossa cadeia de Globos, surgidos do cérebro e da boca de Brahma. Seu tronco é feito de substâncias e elementos químicos de matéria sólida.
São as emanações satânicas, os espíritos da fria escuridão.
HALL, Manly Palmer. Magia: Un Tratado Sobre Ocultismo Natural. 7. ed. Buenos Aires: Kier, 1995. 83 p.

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𝕰𝖉𝖚𝖈𝖆𝖗𝖊 𝕬𝖑𝖎𝖖𝖚𝖊𝖒 𝕷𝖊𝖙𝖔Co***na, de Aleister CrowleyTexto publicado na revista 𝗟𝘂𝗰𝗶𝗳𝗲𝗿 𝗟𝘂𝗰𝗶𝗳𝗲𝗿𝗮𝘅, 5ª edição, 2009.Introdução...
19/01/2024

𝕰𝖉𝖚𝖈𝖆𝖗𝖊 𝕬𝖑𝖎𝖖𝖚𝖊𝖒 𝕷𝖊𝖙𝖔

Co***na, de Aleister Crowley

Texto publicado na revista 𝗟𝘂𝗰𝗶𝗳𝗲𝗿 𝗟𝘂𝗰𝗶𝗳𝗲𝗿𝗮𝘅, 5ª edição, 2009.
Introdução, por Pharzhuph

Num primeiro instante, o texto escrito por Aleister Crowley no início do século passado pode parecer com alguma espécie de apologia ao uso de dr**as. Tanto o autor quanto o assunto estão cobertos por insígnias nefastas: de um lado temos Crowley, 𝘱𝘦𝘳𝘴𝘰𝘯𝘢 𝘯𝘰𝘯 𝘨𝘳𝘢𝘵𝘢, agraciado por alguns tolos com a alcunha de pior homem do mundo; do outro lado temos um assunto que costuma ser varrido para debaixo de alguma pesada mobília, um assunto coberto de preconceitos, mas que está por detrás de pesadas engrenagens que movem muitos mecanismos morais, sociais, familiares, interiores, criminosos, políticos e financeiros: o uso de dr**as ilícitas.
Nos tempos em que o ensaio foi escrito, a co***na era uma droga prescrita por médicos à pacientes portadores de certas patologias. Era também a base de cosméticos e de outros medicamentos, desde loções pós-barba até os tônicos para corar a pele de jovens pálidas. O próprio Freud a prescreveria a seus pacientes.
É óbvio e certo que se trata de uma droga potente, destruidora e que faz o homem subir voluntariamente ao cadafalso, além disso, trata-se de uma substância que tecnicamente não deveria ser encontrada com tanta facilidade, haja vista que é definitivamente proibida. No entanto, qualquer pessoa pode comprá-la sem muita dificuldade.
No ensaio que apresentamos, Crowley divaga entre extremos poéticos que vão da beleza onírica ao mais profundo inferno da dependência e da prostração. No emaranhado de ideias, o autor sinaliza os pontos cruciais que poderiam guiar as pessoas para longe das margens dessa morte autoinfligida: a educação ao invés da proibição e do cárcere. Ele diz: “O remédio está em dar para as pessoas algo sobre o que possam pensar, em desenvolver suas mentes, em preenchê-las de ambições mais além dos dólares, em instaurar uma pauta de logro que fosse medida em termo de realidades eternas. Em uma palavra, em educá-las”. Naturalmente, Crowley não defende as políticas de proibição e diz claramente que todo homem tem o direito de destruir a própria vida como queira.
A proposta da publicação desse ensaio é somente trazer ao leitor de nossa língua as ideias que Aleister Crowley publicou um século atrás. Não fazemos apologia ao uso de qualquer substância ilegal e não incentivamos nenhuma espécie de contravenção às leis vigentes. Em nossa opinião, cada indivíduo deveria dizer o que quisesse às dr**as, desde que fosse capaz de arcar com todas as responsabilidades e consequências diretas e indiretas que elas causam para si, ao seu redor e aos outros indivíduos.
Vemos muitos de nossos conhecidos usando co***na com certo controle, mas vemos também alguns indivíduos sendo controlados pelo amontoado de cristais alvos.
A sociedade e seus hipócritas olhos morais os apontam e os condenam. Por outro lado, essa mesma sociedade decadente, exalta Ritalinas, Valiuns e Prozacs e promove sua própria fuga artificial de tarja negra. Ovaciona as ciências modernas da mente com suas pílulas e comprimidos que não promovem outra coisa além de um outro vício, um outro paraíso artificial.
𝘾𝙤𝙘𝙖𝙞́𝙣𝙖, 𝙥𝙤𝙧 𝘼𝙡𝙚𝙞𝙨𝙩𝙚𝙧 𝘾𝙧𝙤𝙬𝙡𝙚𝙮
I
De todas as Graças que crescem sobre o trono de Vênus, a mais tímida e ardilosa é essa donzela que os mortais chamam Felicidade. Nenhuma é tão avidamente procurada; nenhuma é tão difícil de conseguir. De fato, somente os santos e os mártires, normalmente desconhecidos pela humanidade, a encontraram; alcançaram-na fundindo neles mesmos o sentido do Ego com o aço incandescente da meditação, dissolvendo-se naquele divino oceano de Percepção cuja espuma é calma e de perfeita felicidade.
Para os outros, a Felicidade surge somente de forma casual; quando menos é procurada, talvez apareça. Buscareis sem encontrá-la; perguntareis, e não obtereis resposta; golpeareis, e não se abrirá diante de vós. A Felicidade é sempre um acidente divino. Não é uma qualidade definida; é a plenitude das circunstâncias. É inútil mesclar seus ingredientes; na vida, os experimentos que a produziram no passado podem se repetir indefinidamente, com destreza e variedade infinitas, em vão.
Que uma entidade tão metafísica possa se produzir em um momento, e não por meio da sabedoria ou de uma fórmula mágica, mas por uma simples erva, parece algo mais do que um conto de fadas. O mais sábio dos homens não pode aumentar a felicidade de outros, ainda que lhes conceda juventude, beleza, abundância, saúde, juízo e amor; o mais baixo vilão, tremendo em farrapos, destituído, doente, velho, covarde, estúpido, um mero brejo de cobiça, pode tirá-la rapidamente como um sopro. A coisa é tão paradoxal quanto a vida e tão mística quanto a morte.
Olha esse reluzente montinho de cristais! Eles são Cloridrato de Co***na. Para o geólogo parecerá mica; para mim, o alpinista, elas são como flocos de neve, alados e resplandecentes, que florescem especialmente ali onde as rochas sobressaem do gelo das fendas das geleiras e há aqueles que o vento e o sol beijaram e se converteram em espectros. Para aqueles que não conhecem as grandes montanhas, eles podem sugerir a neve que centelha entre as árvores em casulos de luz e brilho. O reino das fadas possui tais joias. Para aquele que as prove em seu nariz – seus acólitos e escravos – devem parecer como o orvalho do alento congelado na barba de algum grande demônio da Imensidão pelo frio.
Nunca houve um elixir mágico tão instantâneo quanto a co***na. Dê isso, não importa a quem, escolha o último fracassado da terra; deixa que ele sofra todas as torturas da enfermidade; arrebata dele toda a esperança, fé e amor. Então olha, observa o dorso da mão cansada, a pele descolorida e enrugada, talvez inchada por algum eczema agonizante, talvez putrefata por alguma chaga maligna. Que coloque sobre ela essa neve reluzente, só uns poucos grãos, um montinho de pó estrelado. O braço consumido se levanta lentamente até a cabeça, que é pouco mais que uma caveira; a respiração débil absorve esse pó radiante. Agora devemos esperar. Um minuto, talvez cinco.
Então sucede o milagre dos milagres, tão certo quanto a morte, mas tão imperioso como a vida; algo ainda mais milagroso, por ser tão súbito, tão distante do curso normal da evolução. Natura non facit saltum – a natureza nunca dá um salto. Certo, e, por conseguinte, este milagre parece contra a natureza.
A melancolia desaparece; os olhos brilham; a boca triste sorri. Quase retorna o vigor viril, ou parece retornar. Quanto menos acodem a fé, a esperança e o amor para a dança; tudo o que foi perdido é encontrado.
O homem é feliz.
Para um indivíduo a droga pode trazer vivacidade, para outro, languidez; a outro, força criativa, a outro energia, incansável, a outro encanto e a outro mais concupiscência. Mas cada um é feliz a sua maneira. Pensa nisso! – tão simples e tão transcendental! O homem é feliz!
Viajei por cada canto do mundo; vi tais maravilhas na Natureza que minha pena ainda crepita quando tento retratá-las; vi muitos milagres que surgiram do gênio do homem; mas nunca vi uma maravilha como essa.
II
Não há uma escola de filósofos, fria e cínica, que considera Deus um enganador? Que pensa que Ele se satisfaz no desprezo da insignificância de suas criaturas? Deveriam basear suas teses na co***na! Aqui jaz uma amargura, uma ironia e uma crueldade inefáveis. Este presente da felicidade repentina e segura é dado para atormentar na tentação. A história de Job não contém nenhum traço tão azedo. O que seria mais friamente odioso, uma cena de espírito mais desalmado, que oferecer tal dádiva e dizer “Não deveis usar”? Não poderiam nos deixar afrontar as misérias da vida, más como são, sem esta angústia primordial de conhecer o gozo perfeito ao nosso alcance, e o preço dessa alegria multiplicado por dez de nossa angústia?
A felicidade da co***na não é passiva ou serena como a das bestas; é consciente de si mesma. Diz ao homem o que ele é, e o que poderia chegar a ser; oferece ao homem a semelhança da divindade, ainda que ele saiba que é um verme. Desperta um descontente tão agudo que nunca voltará a dormir. Cria fome. Dá a co***na para um homem já sábio, instruído no mundo e de força moral, a um homem com inteligência e autodomínio. Se realmente é dono de si mesmo, não lhe fará nenhum dano. Saberá que é uma armadilha; ele terá cuidado em repetir tais experimentos como poderia fazer; e possivelmente o vislumbre de seu objetivo pode inclusive lhe incentivar em seu logro por aqueles meios que Deus designou para Seus santos.
Mas dá isso ao estúpido, ao homem indulgente consigo mesmo, ao que está entediado – para o homem comum, em uma palavra – e ele está perdido. Ele dirá, com lógica perfeita: “Isto é o que Eu quero”. Ele não sabe nada, nem poderia saber, sobre o caminho verdadeiro; e o caminho falso é o único que ele vê. Necessita de co***na, e toma outra vez e outra vez. O contraste entre sua vida de larva e sua vida de borboleta é demasiado amargo para que sua alma pouco filosófica suporte; ele se recusa em tomar o enxofre com o melaço.
E dessa maneira ele já não pode tolerar os momentos de infelicidade, ou seja, da vida normal, porque é assim como agora ele a considera. Os intervalos entre seus prazeres diminuem.
E ai! O poder da droga diminui a passos aterradores. As doses aumentam; os prazeres diminuem. Os efeitos secundários, invisíveis no princípio, se apresentam; são como diabos com tridentes flamejantes em suas mãos.
Usar um pouco da droga não traz reações perceptíveis em um homem saudável. Ele vai para a cama quando der a hora, dorme bem e acorda descansado. Os índios sul-americanos mascam essa droga em sua forma primitiva durante sua marcha a pé e conseguem prodígios desafiando a fome, a sede e o cansaço. Mas a utilizam somente como último recurso; afinal, um descanso prolongado e comida abundante permitem que o corpo se recupere. Também ocorre que os selvagens, diferentes da maioria dos habitantes das cidades, possuem mais força e senso moral.
Pode-se dizer o mesmo de chineses e hindus sobre o uso do ópio. Todos o utilizam, e só em raros casos seu uso se converte em vício. Para eles é como o nosso tabaco.
Mas quem abusa da co***na por prazer, logo ouve a voz da natureza; e se não a escuta os nervos se cansam do estímulo constante, necessitam de descanso e de alimento. Existe um ponto no qual o cavalo esgotado não responde a nenhum chicote e a nenhum estímulo. Tropeça, cai e arqueja seu último suspiro.
Assim perece o escravo da co***na. Com cada nervo clamando, tudo o que pode fazer é renovar o golpe do veneno. O efeito farmacêutico acabou; mas o efeito tóxico se acumula. Os nervos enlouquecem. A vítima começa a ter alucinações. “Olha! Há um gato cinza naquela cadeira. Não havia dito nada, mas esteve aí o tempo todo.”
Ou então aparecem ratos. “Encanta-me vê-los subindo pelas cortinas. Ah, sim! Já sei que não são ratos de verdade. Ainda que esse aí no chão seja real. Uma vez quase o matei. Esse é o que vi primeiro; é um rato de verdade. No princípio o vi no peitoril da janela numa noite.”
Tal é a mania dele. E o prazer passa logo, seguido por seu contrário, como Eros por Anteros.
“Oh, não! Nunca se aproximaram tanto”. Passam alguns dias e já se arrastam sobre a pele, roendo intoleravelmente, sem parar, repugnantes e inexoráveis.
É desnecessário descrever o final, prolongado como este pode ser, porque apesar da desconcertante destreza desenvolvida pelo desejo da droga, o estado demente paralisa o paciente. Sua abstinência durante uma temporada, muitas vezes forçada, está longe de apaziguar os sintomas físicos e mentais. Então ele procura uma nova provisão da droga, e com zelo decuplicado o maníaco, tomando o bocado entre os dentes, galopa pela margem negra da morte.
Todos os tormentos da condenação vêm antes que essa morte chegue. O sentido do tempo está destruído, de modo que uma hora de abstinência pode reservar mais horrores que um século de dor ligado ao tempo e ao espaço.
Os psicólogos pouco entendem de como o ciclo fisiológico da vida e a normalidade do cérebro tornam a existência insignificante tanto para o bom como para o mau. Para compreender isso priva-se um dia ou dois; vê como a vida arrasta uma dor subconsciente constante. Com fome de droga este efeito se multiplica por mil. O tempo mesmo é abolido. O verdadeiro inferno eterno metafísico está realmente presente na consciência que perdeu seus limites sem encontrar Aquele que não tem limite.
III
Grande parte disso já é bem sabida; o senso dramático me força a enfatizar o que já se conhece comumente, a causa da dimensão da tragédia – ou da comédia, se tivéssemos essa capacidade de nos distanciarmos do humano que atribuímos somente aos homens grandiosos, aos Aristófanes, os Shakespeares, os Balzacs, os Rabelais, os Voltaires, os Byrons, esse poder que faz os poetas ora compassivos das aflições dos homens, ora alegremente depreciativos de seu desconcerto.
Mas deveria destacar mais sabiamente o fato de que os melhores homens podem utilizar essa droga – e muitas outras – com benefícios para si mesmos e para a humanidade. Somente a usariam para realizar grandes trabalhos que não poderiam fazer sem ela, como os índios de quem falava acima. Cito Herbert Spencer como exemplo, que tomava morfina, nunca excedendo certa dose prescrita. Wilkie Collins também superou a agonia de sua gota reumática com láudano e nos deu obras mestras não superadas.
Alguns foram demasiadamente longe. Baudelaire se crucificou, em corpo e mente, em seu amor pela humanidade; Verlaine se converteu no final em escravo, quando havia sido tanto tempo o amo. Francis Thompson se matou com ópio, da mesma forma que Edgar Allan Poe. James Thomson fez o mesmo com o álcool. Os casos de Quincey e H.G. Ludlow são menores, mas similares, usando respectivamente láudano e haxixe. O grande Paracelso, que descobriu o hidrogênio, o zinco e o ópio, empregou deliberadamente o álcool como excitante, compensando-o com exercícios físicos violentos, para fazer aflorar as energias de sua mente.
Coleridge deu o melhor de si sob influência dos efeitos do ópio e devemos a perda do final de Kubla Khan à interrupção de um “importuno homem de Porlock”, ma***to seja para sempre na história da raça humana!
IV
Considerada a dívida da humanidade para com o ópio. Estaria ele absolvido pela morte de alguns perdidos devido ao seu abuso?
A importância deste ensaio firma-se na discussão da pergunta prática: As dr**as deveriam ser acessíveis ao público?
Aqui me detenho brevemente para pedir a indulgência do povo americano. Vejo-me obrigado a defender um ponto de vista surpreendente e impopular. Sou compelido em proferir certas verdades terríveis. Estou na posição pouco invejável de quem pede para que os outros fechem os olhos ao particular para que assim possam visualizar o geral.
Creio que em matéria de legislação, a América está procedendo em geral sobre uma teoria inteiramente falsa. Creio que a moralidade construtiva é melhor que a repressão. Creio que a democracia, mais do que qualquer outra forma de governo, deve confiar nas pessoas, como especificamente finge fazer.
Agora me parece oportuno usar táticas melhores e mais convincentes para atacar a teoria contrária em seu ponto mais forte.
Para isto deveria ser mostrado que nem mesmo no caso mais discutível está um governo justificado em restringir o uso, como se essa fosse a causa do abuso; ou, admitindo esta justificação, discutamos sobre sua utilidade.
Assim à questão: as dr**as “que produzem hábito” deveriam ser acessíveis ao público?
A questão é de interesse imediato, porque o admitido fracasso da lei Harrison deu origem a uma nova proposição: uma que faz pior.
Não argumentarei aqui sobre a magnífica tese da liberdade. Os homens livres decidiram há muito tempo. Quem manterá que o voluntário sacrifício da vida de Cristo foi imoral porque privou o estado de um útil contribuinte?
Não; a vida de um homem pertence a ele mesmo, e ele tem direito de destruí-la como queira, a menos que ele se intrometa ostensivamente nos privilégios de seus vizinhos.
Mas justamente essa é a questão. Nos tempos modernos a comunidade inteira é nossa vizinha e não devemos prejudicá-la. Muito bem; então há prós e contras e um equilíbrio a determinar.
Na América a ideia da proibição de todas as coisas é transmitida majoritariamente por periódicos histéricos, até um extremo fanático, “sensação a qualquer custo até domingo” é o equivalente na maioria das salas editoriais da alegada ordem alemã para capturar Calais. Consequentemente os perigos de todas e cada uma das coisas são celebradas ditirambicamente pelos Coribantes da imprensa, sendo a proibição o único remédio. O Sr. “A” dispara um revólver contra o Sr. “B”; remédio: a lei de Sullivan. Na prática isto funciona bem, porque a lei não se faz cumprir contra o chefe de família que tem um revólver para se proteger, mas é uma arma prática contra o gangster e economiza o trabalho da polícia em provar a intenção criminosa.
Mas essa é a ideia incorreta. Recentemente um homem disparou um rifle equipado com silenciador Maxim contra sua família e contra si mesmo. O remédio: uma lei para proibir os silenciadores Maxim! Sem perceber que se o homem não tivesse arma alguma ele teria estrangulado sua família com as próprias mãos.
Os reformadores americanos parecem não ter ideia de que, em qualquer época ou com respeito a qualquer coisa, que o único remédio para o errado é o certo; que a educação moral, o autodomínio, os bons modos, salvarão o mundo; e que a legislação não é simplesmente uma coisa inútil, e sim um v***r sufocante. Além disso, um excesso de legislação ocasiona a derrota de seus próprios fins. Criminaliza a população inteira e converte todos em policiais e delatores. A saúde moral do povo assim está arruinada para sempre; somente a revolução pode salva-lo.
Agora, na América, a lei de Harrison faz teoricamente impossível para o leigo, difícil inclusive para o médico, obter “dr**as narcóticas”. Mas quase cada lavanderia chinesa é um centro de distribuição de co***na, morfina e he***na. Negros e vendedores andarilhos também fazem um comércio ambulante. Alguns calculam que uma a cada cinco pessoas em Manhattan é viciada em uma ou outra dessas dr**as. Ap***s posso crer nesta estimativa, apesar de que a busca por distração é maníaca entre essas pessoas que tem tão pouco apreço pela arte, pela literatura ou pela música, pessoas que não têm nenhum dos recursos que os povos de outras nações possuem em suas mentes cultivadas.
V
Era uma pessoa muito cansada, nessa tarde calorosa de verão de 1909, a que perambulava pelo Logroño. Até o rio parecia preguiçoso demais para fluir, e se estancava em piscinas com a língua para fora. O ar vislumbrava suavemente; nas cidades os terraços dos cafés estavam cheios de gente. Não tinham nada para fazer e estavam seriamente determinados a isso. Sorviam o vinho áspero dos Pirineus ou um Riojo do sul bem aguado, ou brincavam com taças de cerveja pálida. Se algum deles tivesse lido o discurso do General O’Ryan ao soldado americano, pensariam que sua mente estava afetada.
“O álcool, seja cerveja, vinho, uísque, ou qualquer outro, engendra ineficácia. Enquanto afeta de distintas formas aos homens, seus resultados são iguais por deixar os homens fora de seu estado normal por algum tempo. Alguns se tornam descuidados, outros briguentos. Alguns se alvoroçam, outros se indispõem, alguns adormecem, outros têm suas paixões estimuladas em grandes proporções”.
No que diz respeito a nós, estávamos em marcha para Madrid. Obrigaram-nos a nos apressar. Uma semana, ou um mês, ou um ano no máximo, e nós temos que deixar Logroño em obediência ao chamado do trompete de dever.
De qualquer modo, decidimos esquecê-lo por hora. Sentamo-nos, trocamos pontos de vista e experiências com os provincianos. Diante do fato de que nos apressávamos, nos tomaram por anarquistas e lhes aliviou nossa explicação de que éramos “ingleses loucos”. E estávamos todos felizes juntos; e eu ainda estou me chutando como um louco por ter ido até Madrid.
Se alguém está em um jantar em Londres ou em Nova York, se funde num abismo de aborrecimento. Não há tema de interesse geral, não há engenho; é como esperar um trem. Em Londres um indivíduo se sobrepõe ao ambiente bebendo uma garrafa de champanhe o mais rapidamente possível; em Nova York exageram nos coquetéis. Os vinhos ligeiros e as cervejas da Europa, tomados com moderação, não servem de nada; não há tempo de ser feliz, assim devem se excitar. Jantando só ou com amigos, em contraste com o ambiente de uma festa, alguém pode estar inteiramente à vontade com Burgundy ou Bordeaux. Tem-se toda a noite adiante para ser feliz e não é necessário se apressar. Mas o nova-iorquino normal não tem tempo nem sequer para uma ceia! Quase lamenta a ora em que seu escritório fecha. Seu cérebro, contudo está ocupado com seus planos. Quando deseja “prazer”, calcula que pode se permitir por meia hora somente. Tem que despejar garganta abaixo os mais fortes licores em velocidade máxima.
Agora imagine esse homem – ou essa mulher – com um leve impedimento: seu tempo disponível é diminuído. Já não desperdiça nem dez minutos na obtenção de “prazer”, ou talvez não se atreva a beber abertamente na frente de outras pessoas. Pois bem, seu remédio é simples; pode conseguir a ação imediata da co***na. Não há odor, e pode ser tão discreto como qualquer ancião eclesiástico poderia desejar.
O mal da civilização é a vida intensa, que exige estimulação intensa. A natureza humana requer prazer; os prazeres saudáveis requerem ócio; devemos escolher entre a intoxicação e a sesta. Não há viciados em co***na em Logroño.
Por outro lado, na ausência de uma atmosfera, a vida exige uma conversação; devemos escolher entre a intoxicação e o cultivo da mente. Não há viciados entre as pessoas preocupadas em primeiro lugar com a ciência, a filosofia, a arte e a literatura.
VI
Todavia, concedamos as reivindicações dos proibidores. Admitamos o argumento sustentado pela polícia de que a co***na e outras dr**as são usadas por criminosos que de outra forma não teriam sangue frio para agir. Também se afirma que os efeitos da droga são tão mortais que os ladrões mais astutos rapidamente perdem suas habilidades. Por todos os céus, então que montem armazéns onde se possa conseguir co***na grátis!
Você não pode curar um viciado; você não pode fazer dele um cidadão útil. Ele nunca foi um bom cidadão, se o fosse não cairia na escravidão do vício. Se o reforma temporariamente, com grande custo, risco e problemas, todo o trabalho desaparecerá como uma bruma matinal quando ele encarar a próxima tentação. O remédio apropriado é deixar que siga seu caminho e que vá para o diabo. Em vez de menores quantidades da droga, dá a ele mais droga e acaba com ele. Seu destino será uma advertência para seus vizinhos e em um ano ou dois as pessoas que o conheceram terão um pouco mais de senso para evitar o perigo. Os que não o tenham, deixe que morram também e salva o estado. Os débeis morais são um perigo para a sociedade, seja qual for a linha que sigam suas faltas. Se eles são tão amáveis enquanto se matam seria um crime interferir.
Direis que enquanto estas pessoas vão se matando elas vão também causando desordem. Talvez, mas elas já estão fazendo isso agora.
A proibição criou um tráfico criminoso subterrâneo, como sempre acontece; e os males que advém disso são imensuráveis. Milhares de cidadãos estão associados para derrotar a lei, e verdadeiramente a própria lei os suborna para fazerem isso, pois os lucros do comércio ilícito são enormes e quanto mais restrita é a proibição, mais irracionalmente grandes são esses lucros. Fazer isso pode erradicar o uso de lenços de seda e as pessoas dirão: “pois muito bem, usaremos o linho”. Mas o cocainômano deseja co***na e não podereis dissuadi-lo com sais de Epsom. Por outro lado, sua mente perdeu toda proporção; pagará qualquer coisa por sua droga; ele nunca dirá “não posso pagar isso”; e se o preço é alto ele furtará, roubará e matará para consegui-la. Volto a dizer: não se pode curar um viciado; tudo o que for feito para evitar que consigam a droga resultará em uma classe de criminosos astutos e perigosos, mesmo que os prendam todos, algum deles terá melhorado?
Enquanto tenham lucros tão grandes (de mil a dois mil por cento) ao alcance dos distribuidores secretos, será de interesse deles criar novas vítimas. E os benefícios na atualidade valeriam minha ida e volta de primeira classe para Londres para contrabandear não mais co***na do que aquela que cabe no forro do meu sobretudo! Com todos os gastos pagos e com uma bela quantia em dinheiro no banco ao final da viagem! E ainda com toda a lei, espiões e outros, eu poderia vender meu material no subúrbio com um risco mínimo em uma só noite.
Outro ponto é este. A proibição não pode ser levada ao extremo. É impossível, em última instância, tirar as dr**as dos médicos. Agora os médicos, mais que qualquer outra classe, são viciados; e também há muitos que traficarão dr**as motivados pelo dinheiro ou pelo poder. Se você possui uma provisão da droga, você é capaz de ser o amo do corpo e da alma de qualquer pessoa que necessite dela.
As pessoas não entendem que uma droga, para seu escravo, é mais valiosa que o ouro ou os diamantes; uma mulher virtuosa pode estar por cima dos rubis, mas a experiência médica nos diz que não há mulher virtuosa necessitada de droga que não se prostitua para um maltrapilho em troca de uma cheirada.
E se for verdade que um quinto da população dessa pequena e incorreta ilha usa alguma droga, então teremos uns tempos muito vivos.
O disparate do argumento proibicionista é demonstrado pela experiência de Londres e de outras cidades europeias. Em Londres qualquer pai de família, ou pessoa de aspecto respeitável, pode comprar droga tão facilmente como se fosse queijo; e Londres não está cheia de maníacos delirantes, cheirando co***na pelas esquinas, nos intervalos produzidos entre arrombamentos, violações, incêndios provocados, assassinatos, estelionatos e crimes de alta traição, como nos asseguram que deve ser o caso quando se permite amavelmente que um povo livre exercite um pouco de sua liberdade.
Ou, se o argumento proibicionista não é absurdo, então é um comentário sobre o nível moral do povo dos Estados Unidos que teria ofendido justamente aos diabos de Gadara após terem entrado nos porcos.
Não estou aqui para protestar em seu nome; observando a justiça da observação, continuo dizendo que a proibição não é nenhum remédio. O remédio está em dar para as pessoas algo sobre o que possam pensar, em desenvolver suas mentes, em preenchê-las de ambições mais além dos dólares, em instaurar uma pauta de logro que fosse medida em termo de realidades eternas. Em uma palavra, em educá-las.
Se isto parece impossível, felicitações; é outro argumento para encorajá-los a tomarem co***na.

Lucifer Luciferax
Editora Via Sestra

***ne

Imagem: “Co***ne: la splendide pièce en 5 tableaux de Louis le Gouriadec” (1925-26), color lithograph on paper, L*D Library Poster Collection (MS Am 3135) (courtesy Houghton Library, Harvard University). Localizada em: https://collections.nlm.nih.gov/catalog/nlm:nlmuid-101449722-img

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