14/02/2024
A VIRGEM DA SERRA:
MONUMENTO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA DA SERRA DO ARARIPE
O ano era 1967. Na ocasião em que se completavam meio século das aparições de Nossa Senhora de Fátima em Portugal, a cidade do Crato se preparava para prestar mais uma homenagem à referida santa em função desta efeméride. Foi ofertado ao município e aos seus católicos locais, por parte do artista jardinense José Rangel (1895 - 1969), um monumento alusivo a Nossa Senhora de Fátima, que seria erguido na praça do então aeroporto de mesmo nome, com o intuito de brindar a cidade com mais um símbolo desta devoção, iniciada no ano de 1942, conforme nos diz o historiador e médico cratense Irineu Pinheiro, na obra, O Cariri, (1950, pg.272).
Em matéria do antigo Jornal A Ação de 10 de Junho de 1967, se noticiava a ocasião da homenagem, com a manchete que se intitulava “Aeroporto terá belo monumento”.
O monumento, todavia, só teve a sua construção iniciada em 11 de maio de 1968, após os devidos alinhamentos feitos entre o então prefeito municipal Dr. Humberto Macário de Brito (1967 - 1970), o pároco da Sé Catedral Monsenhor Rubens Gondim Lóssio e o artista jardinense José Rangel, doador da escultura religiosa ao aeroporto. Vale ressaltar que a referida data em que se iniciou a construção do monumento (11 de Maio), alude ao mês das primeiras aparições de Nossa Senhora de Fátima em Portugal.
Uma semana antes da inauguração do monumento religioso, em 15 de Junho de 1968, o então jornal A Ação, trazia manchete especial na qual abordava as realizações que ocorreriam na semana do Município, e dentre elas, destacava as informações em torno da referida imagem do Aeroporto de Fátima:
“13:30 – Início da grande romaria ao aeroporto da Serra do Araripe, conduzindo a imagem de NS de Fátima [...] 14:20 – Inauguração e benção do monumento à NS de Fátima construído pelo escultor José Rangel e doado pelo mesmo ao município do Crato.”
A IC Revista do ano de 1968, veio também abordar a ocasião da edificação do referido monumento religioso, sendo bastante expressiva ao destacar:
“Aquele recanto é agora dos passeios mais belos dos arredores de Crato. Ergue-se ali pracinha, com passeios, bancos e arborização natural da mata virgem [...] a bonita e artística estátua da Excelsa patrona daquele campo está em seu pedestal serrano a derramar suas bênçãos pela vastidão do Araripe, que se estende lá embaixo.”
O Aeroporto de Fátima teria vida efêmera durando, no máximo, duas décadas. Mesmo com o monumento à virgem de Fátima recém-construído e tendo sido empreendidos vários melhoramentos no seu espaço na gestão Humberto Macário de Brito (1967-1970), em meados dos anos 70, o mesmo seria desativado.
Apesar disso, o monumento edificado naquele espaço, continuou a fazer parte das histórias de vida de muitas pessoas, as quais ainda hoje, sentem-se intimamente ligadas a aquele ambiente, sejam por lastros de pertencimento, ou por práticas devocionais, regidas pelo símbolo de uma memória afetiva. Assim sendo, conforme nos diz o historiador Pierre Nora, “a memória é vivida no interior, mais ela tem necessidades de suportes exteriores e de referências tangíveis de uma existência que só vive através delas” (NORA, 1993, p.14).
Fontes:
• Jornal A Ação (1967 - 1974)
• IC Revista (1968)