15/11/2022
— Se você chegou por agora, você pode começar por aqui. — Existiam três versões de mim: quem sou, quem eu não queria mais ser e quem eu queria voltar a ser. Foi muito difícil lidar com a ideia de que eu nunca mais vou ser a minha versão de 2016. Mais ainda quando eu lidava com a versão de 2020. Mas todas elas eu olho com muito carinho e respeito porque nenhuma delas simboliza tanto quem eu sou quanto a de agora. Eu vivi fantasmas que me aterrorizaram por um bom tempo. Eu comecei a lidar com cada versão de mim de uma forma insensível e mesquinha: só a minha antiga versão era a que merecia ser amada. Porque era assim que a sociedade me fazia acreditar no amor, no amor dos filmes, no amor das novelas, no amor dos livros. Mas essa era a versão que menos se amou, porque essa versão só se importou com o que os outros pensavam e falavam. A versão de 2020 se anulou e quis ser invisível, porque não aceitava que a versão de 2016 já não estava mais lá e não queria lidar com a comparação. A versão de 2020 fugia dos espelhos, mas ainda assim teve a coragem de se expor e pedir socorro pra não se deixar pra lá. A minha versão atual é a minha favorita porque é a versão que eu mais amo, é a versão que eu mais tenho carinho porque ela é sobre mim, sobre meu autoconhecimento, sobre quem e o que eu quero ser.