02/01/2024
Jovens de Minas que morreram em
Camboriú corriam atrás de um sonho
As presenças em Santa Catarina de Gustavo Pereira Silveiras Elias, de 24 anos; Karla Aparecida dos Santos, 19; Nicolas Oliveira Kovalrski, 16; e Tiago de Lima Ribeiro, 21; tinham um motivo: realizar um sonho. Três deles eram da Paracatú e um de Patos de MInas.
Os quatro jovens que morreram, na manhã desta segunda-feira, no estacionamento da rodoviária de Balneário Camboriú, buscavam trabalho no estado do sul do país.
A ideia partiu de Gustavo, que era influencer e empreendedor no Instagram. Ele tinha como atividade, a realização de rifas digitais e tinha muitos seguidores.
Profissional da área de vendas, ele sondou mercados onde poderia fazer um investimento e detectou que o lugar ideal seria Florianópolis, que era para onde seguiram, ainda ontem.
Karla, Nicolas e Tiago foram para Santa Catarina, junto com o amigo Gustavo, para trabalhar na empresa que estava sendo montada. A única sobrevivente, a mulher que chegou na noite de 31 de dezembro a Balneário Camboriú, era a namorada de Gustavo e se juntaria ao grupo na empreitada.
O carro em que estavam – o BMW, placa RTK2B24, de Paracatu, ano 2022 – tinha sido comprado por Gustavo de uma amiga, mas ainda não tinha sido transferido para seu nome.Familiares das quatro vítimas se juntaram nesta segunda-feira e decidiram ir a Florianópolis, onde estão os corpos, no Instituto Médico Legal (IML). Devem viajar, no mais tardar, nesta terça-feira.
Depoimento
Mais detalhes do depoimento da namorada de Gustavo, a sobrevivente, foram revelados pelo delegado Bruno Effori.
Ela disse que Gustavo chegou a ter uma melhora e foi até o banheiro da rodoviária. Ao retornar, disse à namorada que estava se sentindo melhor, e que iria descansar no carro.
Era ainda de madrugada, estava escuro. Por diversas vezes, segundo ela, que ficou do lado de fora do BMW, foi até o veículo para verificar como o namorado estava. Numa dessas vezes, por volta de 7h30, percebeu que Gustavo não respirava e sangrava pela boca. Olhou em volta e percebeu que os outros três amigos também tinham o mesmo tipo de sangramento, quando decidiu pedir ajuda, chamando o Samu e o Corpo de Bombeiros.
Ela confirmou que o namorado morava em Balneário Camboriú, mas que já havia decidido se mudar para Florianópolis.
Um outro detalhe do depoimento também passa a ser investigado, pois segundo a mulher, o namorado e os três amigos tinham consumido cachorro-quente na praia. Karla, segundo ela, estaria em pior situação que os demais.
Customização em BMW pode ser causa das mortes
Uma customização no cano de escape da BMW onde estavam os quatro jovens mortos, pode ter levado as vítimas a serem intoxicadas por monóxido de carbono. Essa é a principal suspeita da Polícia Civil de Santa Catarina.
O delegado Bruno Effori, responsável pela investigação
, disse que o carro foi customizado recentemente, com uma alteração no cano de descarga, e que a perícia vai determinar se isso ocasionou a intoxicação.
“Segundo os familiares, houve uma customização do veículo no cano de escape. Vamos tentar fazer esse vínculo para apurar se a causa da morte é porventura da customização do veículo ocorrida dias atrás. O IML já descartou possibilidade de violência”, explicou.
Em seu depoimento, a mulher sobrevivente contou que foi de Paracatu a Balneário Camboriú, de ônibus, para encontrar com os amigos e o namorado. O grupo de estudantes havia se mudado para Florianópolis em dezembro.
Eles combinaram de passar o Réveillon juntos, encontrando-se em Balneário Camboriú. Ela desembarcou cerca de duas horas antes e aguardou pelos amigos. Quando chegaram de carro, o grupo reclamou que estavam com ânsia de vômito e tontura. Eles ficaram por cerca de quatro horas dentro do veículo e com o ar condicionado ligado. (EM).